O Último Relato De Dominique Weasley escrita por MahDants


Capítulo 5
Albus Severus Potter


Notas iniciais do capítulo

Lembrem-se de marcar a fic como lida ;)
Continuação da fic: http://fanfiction.com.br/historia/520583/As_Ultimas_Lembrancas_de_Dominique_Weasley/



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Fui até meu quarto e olhei uma última vez as minhas coisas. Então troquei a roupa, colocando um vestido rosa, com salto rosa. Pintei minhas unhas de rosa e coloquei uma tiara rosa. Com sombra rosa e batom... Não, o batom não era rosa.

Era vermelho como meu sangue.

Sorri para o espelho e peguei a pena e pergaminho que estão na minha mão agora. Coloquei-os dentro de uma bolsa, juntamente ao laço que prenderá o pergaminho, e o meu perfume. Ao descer as escadas, encontrei Louis no sofá. Ele olhou pra mim e vi seu rosto, estava vermelho e inchado. Olhei para o chão e saí do Salão Comunal.

Fui até a torre de astronomia e deixei a bolsa lá. Conferi se a faca estava na taboa solta. Estava. Então comecei a andar até a Sala Precisa. Esbarrei com James no caminho e ficamos alguns minutos em silêncio. Até que ele sorriu e me deixou passar. Continuei meu caminho.

Passei três vezes na frente da parede e a porta foi revelada. Era uma sala de balé. Em uma parede, espelho ocupava toda a extensão. Um daqueles tocadores de disco antigo estava do outro lado da sala e as luzes estavam apagadas. Tinha dois pufes rosa e um roxo ali. Sentei nele.

A porta se abriu e revelou Albus Severus Potter. Ele estava com o canto da boca sujo de chocolate e sorriu ao sentar-se no pufe rosa ao meu lado. Eu podia sentir o perfume masculino de Paris e gostava disso.

“Por que uma sala de balé?” ele perguntou.

“Sempre quis fazer balé” respondi, muito nervosa. Em algumas horas eu estaria colocando uma faca na minha barriga, mas estava nervosa com um menino. Ok.

“E por que você me chamou aqui?” ele quis saber.

“Porque eu queria... Eu... Bem, não sei” me atrapalhei com as palavras. "Vamos dançar?"

“Você e eu?” ele riu.

“É, Albus, eu e você!” falei e me levantei.

Coloquei um disco no tocador e começamos a dançar. Provavelmente, ele só não pisou no meu pé porque eu estava mais alta que ele, com os saltos. Quando a música terminou, eu olhei pra ele e comecei a rir.

Então meus olhos se encheram de lágrimas.

“O que foi, Nikki?” ele perguntou, preocupado. “Bem que a Rose disse... Você não está bem!”

“Eu tô ótima” respondi. “É só que... Entrou sombra no meu olho”

“Vou fingir que acredito” ele disse e eu me aproximei.

"Eu agradeceria" falei e olhei pros seus lábios. Estavam tão perto!

"A Roxy disse que você sentiu meu cheiro na aula de poções..."

"Você se importa com isso?"

"Por que você sentiu meu cheiro?" ele perguntou.

Senti um nó no estômago. Era meio desesperador, mas ao mesmo tempo bom, sentir aquilo. Engoli em seco e respirei fundo uma vez. Duas vezes. Eu precisava ter coragem pra contar aquilo.

"Talvez porque... Eu... Bem, talvez eu goste de você, tá legal?" falei. "É por isso que te chamei aqui hoje... Eu queria, precisava, contar isso"

Ele ficou quieto por alguns minutos, me olhando tenso. Eu não sabia decifrar olhares, mas com certeza ele parecia decepcionado ou algo parecido. Ele não podia dizer o mesmo ao meu respeito. Senti meus olhos queimarem; é claro que ele não gostava de mim daquele jeito. Então eu dei as costas e ia começar a andar, porém ele segurou meu pulso e me puxou em direção ao seu corpo.

Com o choque, senti as borboletas que já estavam no estômago se agitarem ainda mais. Sem mais nem menos, prólogo ou epílogo, o Potter me beijou. Minhas mãos estavam em seu peito e deslizaram até seu pescoço, enquanto ele segurava firmemente minha cintura.

Primos, sei que isso é estranho... Albus, sei que é constrangedor você ler isso, mas dane-se. Eu quero relembrar esse momento na Sala Precisa e... Quando estiver colocando a faca na minha barriga, eu vou estar pensando no seu sorriso, Albus. E lembrando desse beijo. Porque, por Merlin, que beijo!

Sim, teve língua. Foi mágico. Eu fiquei com muitos meninos, mas nenhum foi tão especial quanto Albus Severus Potter. Porque ele era meu sonserino. Ainda é e sempre vai ser.

Enfim... Quando nos separamos, eu comecei a chorar. Chorar porque aquele tinha sido o momento mais verdadeiro do meu dia. O que estava me deixando angustiada era justamente o fato de as pessoas esconderem seus sentimentos umas das outras e fingirem que as coisas eram normais.

Mas aquela era a verdade: eu estava apaixonada pelo meu primo e, talvez, ele por mim. Era normal? Não. Era incesto. Mas era a verdade. Não decidimos ignorar aquilo como se não tivesse acontecido, nós jogamos as cartas na mesa e expusemos a verdade.

“Dominique, por que raios você tá chorando?” ele perguntou e me aninhei ao seu peito, chorando mais.

“Fica aqui, Albus” pedi e ele me arrastou até os pufes.

Sentei em seu colo.

“Eu estou aqui” ele respondeu. “Para de chorar, por favor”

Depois de dez meninos eu parei. Olhei para seus olhos tão verdes quanto os do tio Harry e sorri. Eu estava mesmo ali com Albus! Desde o quarto ano apaixonada pelo meu primo lerdo e sonserino e finalmente eu estava ali! Se soubesse que teria sido tão fácil, já tinha falado sobre meus sentimentos bem antes.

Eu era hipócrita. Sempre odiei os outros por guardar sentimentos e pensamentos para si, mas ali estava algo que eu escondia por dois anos. Eu era detestável.

“Pronto” falei. “Parei”

“Ainda bem” ele disse e eu saí do seu colo.

“Al, o que esse beijo significou?” perguntei, mordendo os lábios.

“Significou que eu parei de mentir pra mim mesmo. Eu gosto de você, Nikki, sempre gostei. Só fingia que não porque precisava me convencer que não. Sabe, pelo fato de sermos primos. Isso é insano" ele explicou. “Mas... Por Merlin! Eu amo seu perfume"

Ele puxou meu pescoço e aninhou o nariz ali. Eu soltei uma risadinha.

“Eu gosto tanto de você..." falei.

“Isso é louco” ele disse “Eu sempre achei que você era afim do James”

“James?” perguntei rindo. “Claro que não! Que absurdo...”

“Então...” ele começou, pigarreando em seguida “Não seria absurdo te pedir em namoro agora, seria?”

Quando ele perguntou isso, meu primeiro impulso foi saltar no colo dele e responder sim. Foi beijar a sua boca e dizer o quanto esperei esse momento. Mas então eu parei e senti um nó se formando em minha garganta. Eu não podia dizer sim, simplesmente não podia. Imagina que belo primeiro dia de namoro seria eu morta.

Pensei em não me matar. O dia fora tão maravilhoso! Eu podia acreditar que aquilo era verdade. Podia acreditar que a Rose se importa muito comigo, que a Roxy gostava de me ter como prima e que o James e Louis sentiriam minha falta.

Tanto naquele momento quanto agora, analiso a possibilidade de desistir.

Ali na sala precisa, eu tentei sorrir, mas parecia impossível. Por que a presença do Albus machucava tanto? Eu precisava dar um jeito de fugir daquela pergunta.

Ou talvez ser sincera com ele.

“Albus, eu te amo” eu falei. "Mas..."

"Podemos ir em Hogsmead no sábado?" ele convidou.

"Não, não podemos" falei baixo.

"Por que não?" ele perguntou.

Antes que eu respondesse, o relógio badalou meia noite.

"Feliz aniversário, Nikki!" ele desejou.

"Você lembrou..." observei.

"Faz um pedido!"

"Não precisa, já tenho tudo que preciso" respondi. "Frase clichê, tô sabendo. Mas esse dia foi perfeito"

"Você disse que me ama?"

"Amo" respondi. "Muito"

"Isso não é nenhuma pegadinha, é?"

"Claro que não, Albus!" respondi revirando os olhos.

"Eu também te amo" ele disse. "Posso saber por que você tava chorando?"

"Porque... Eu preciso... Preciso fazer uma coisa hoje a noite, Albus"

"O que?"

"Amanhã eu não vou estar aqui"

"Você...? Como assim?"

"Se o Louis conseguiu entender, você também consegue, Al"

"Você..." ele começou depois de cinco minutos de silêncio constrangedor, eu apenas o observava. "Vai se mudar?"

"Droga! Porque sempre tão burrinho?"

"Assim você me ofende, loira" ele disse.

"Desculpa" falei sorrindo. "Albus... Este é meu último dia... Vivendo"

Ele passou dois minutos para digerir aquela ideia.

"Claro que não, Dominique"

"É sim" falei. "Mas você não precisa acreditar, só... Me beijar"

"Você está brincando, né?"

"Não, eu realmente quero que me beije"

"Estou falando de..."

"Estou falando de beijo, Albus. Agora. Eu preciso" e pulei em seu colo, sem deixar ele falar ou raciocinar.

Fizemos coisas que com certeza vocês não querem saber. Coisas que Lily Luna, por exemplo, não entenderia. Estão entendendo, certo? Então, quando minha respiração voltou a se normalizar, coloquei minha roupa, ajeitei minha tiara e retoquei minha maquiagem.

Albus estava dormindo em cima do pufe. Seu rosto sereno, os cabelos caindo nos olhos fechados. Ele ainda deve estar lá dormindo, e eu estou aqui, escrevendo algo maravilhoso que aconteceu alguns minutos atrás. Foi perfeito. O sacudi e ele abriu um pouco os olhos, ainda com muito sono.

Adeus” eu falei e beijei seu rosto.

Os meus passos eram leves, assim como os de uma bailarina. Mesmo assim, o salto fazia barulho nos corredores vazios de Hogwarts. Vim até a torre de astronomia e comecei essa carta.

Então... Acho que é a hora do adeus. Vou enrolar o pergaminho, amarrar com a fita rosa e colocar o meu perfume.

Eu queria pedir uma coisa... Só uma coisa. Rose, namore logo o Scorpius Malfoy, pelo amor de Merlin!

São três horas. Tenho cinco minutos para me matar. Desculpem-me a letra feia, mas estou com pressa escrevendo isso. Eu não sei mais o que escrever! Eu estou pensando em desistir.

Acabei de respirar fundo, só pra constar. Não irei desistir. Para que, afinal? Eu posso ter acreditado nesse dia, mas daqui a dois meses acreditarei? Não. E chegaremos ao mesmo lugar. Só estou adiantando o inevitável.

Então... Adeus.

Com amor,

Dominique Isabelle Weasley

James terminou de ler a carta para seus primos, na sala precisa. Ele se oferecera para ler, quando Albus ficou calado e parado, encarando o chão. Era impossível dizer se ele estava escutando alguma coisa. Ele chorava.

Todos choravam naquela sala.

– Ela tem razão – disse Louis, com a voz assustadoramente chorosa. – No fato de que temos muitos assuntos não resolvidos nessa família.

– Ela tinha razão, Louis – corrigiu James, na mesma situação. – E tinha mesmo.

– É culpa minha – Rose disse chorando. Depois de Albus, ela era quem mais estava abalada ali. Ou melhor, depois de Albus e Louis. A culpa a corroía. - A culpa é minha. Albus, me desculpe, Albus. Louis. É tudo culpa minha.

– Não, não é – falou James e fungou, seu rosto estava muito vermelho. – Ela pediu para que ninguém se culpasse.

– Isso não tira a culpa!

O silêncio preencheu o ambiente. Era difícil dizer quem realmente se importava, ou quem estava chorando por puro fingimento, assim como Dominique costumava dizer.

Albus. Talvez eles fosse o único que era plenamente verdadeiro com ela. O único que se tinha algo que o incomodava em Dominique, havia sido honesto e dito para ela. Louis e James também. Louis e James, em suas últimas oportunidades, foram tão sinceros quanto puderam.

Os outros? Os outros guardavam sua opinião com sete chaves.

– Qual as últimas frases que ela nos disse? – perguntou Molly, quebrando o silêncio.

– “Eu acho o Frank perfeito pra você”... Ela disse pra você – falou Hugo. – “Amei o seu colar”, “Muito obrigada, Fred”, “Vocês ainda vão namorar” pra Rose...

– Até aí temos “Eu amei muito vocês” – Molly disse e Rose soluçou.

– “E não esqueça de lavar as mãos! Você tocou em cobra morta, prima” pra Roxy e “Sinto muito” pro Louis – continuou Hugo. – Então “muito engraçado” pro James e “Por Merlin!” pra Lily. “Isso ia ser muito engraçado” pra mim...

– E “adeus” pro Albus – terminou Lucy. – “Eu amei muito vocês e sinto muito por isso. Adeus”.

– Ela era minha irmã! – gritou Louis de repente. – Façam ela voltar, façam ela voltar...

Ele ficou repetindo isso e abaixando o tom de voz, até que virou um sussurro e ele ficou chorando, se balançando. Rose ao seu lado, chorando.

Silenciosamente, Lily escorregou para o lado do irmão do meio. Ele estava acabado; com olheiras e rosto inchado.

– Como você está?

Naquele dia, Lily Potter não tinha vontade de tagarelar. Ele não respondeu, apenas enterrou a cabeça no colo dela, que o envolveu com seus finos bracinhos branquelos.

Os outros continuavam debatendo. Se culpavam, acusavam Dominique de drama, lamentavam...

– No fundo, era só drama - comentou Lucy. - Amanhã ela estará no Profeta Diário, como disse que estaria.

– Cala a boca, Lucy – gritou Albus e todos olharam pra ele. Sua voz continha mágoa, mas muita raiva. Seu rosto estava inchado e vermelho. - Você não se cansa de ser idiota?

– Al, se acalme – pediu James.

– E você: pare de lamentar a morte dela – ele vociferou.

Não aguentou por muito tempo e abaixou a cabeça derrotado. A morte dela. Aquelas palavras doíam. Respirou fundo, e, embora baixo, todos puderam ouvir o que ele disse em um murmuro:

– Assim ela queria que fosse. Assim aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se da continuação: http://fanfiction.com.br/historia/520583/As_Ultimas_Lembrancas_de_Dominique_Weasley/ !!