Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 53
Rotina




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Ashley POV ON.

Noite de natal. Eu conversava com Elizabeth em algum canto da casa, enquanto sentia o peso do par de olhos que não se desviaram de mim a noite toda. E eu estava com medo pelo fato de estar adorando aquilo.
Nos últimos dias, ele tinha demonstrado carinhos que qualquer mulher perceberia segundas intenções. Principalmente quando aqueles gestos vinham de uma pessoa que você conhecia melhor que você mesma. Seu melhor amigo.
Eu sempre mantive um certo sentimento trancafiado dentro de mim, por saber que não era correspondida. E na verdade, eu já havia me acostumado com isso. Nem chegava a sofrer mais como no início, mas no fundo eu sabia que ele nunca havia sumido dali.
Mas agora...as coisas mudaram um pouco. Eu estou cedendo a ele.
– Lizzy? Posso roubar Ash rapidinho? – Bryan chegou, passando a mão pela minha cintura e sorrindo para Elizabeth.
– Claro, eu preciso fazer a sala para os outros convidados também. – ela sorriu e se virou.
– Que falta de educação. – eu balancei a cabeça para ele, fingindo estar brava. Ele revirou os olhos para mim e sorriu.
– Prometo que você não vai se arrepender.
Ele me puxou em direção à saída da casa. Ao parar em frente a arvore que ficava ao lado do portão, eu já sabia onde ele estava me levando. Subi com ele sem hesitar.
Como Seattle era linda dali de cima. As luzes deixavam tudo mais bonito.
– Eu só trouxe duas pessoas aqui em cima. – ele disse, olhando para a cidade abaixo de nós.
– Duas? – perguntei.
– Sim. Você e Alice.
Não respondi, apenas me virei para onde ele estava olhando.
– Sabe, Ash, ela me disse uma coisa que ficou martelando na minha cabeça por vários dias.
– O que? – perguntei.
– Que eu poderia encontrar uma pessoa que me amasse de verdade, se eu começasse a procurar por alguém que estivesse comigo desde o começo.
Meu coração gelou.
– Porque você está me dizendo isso, Bry? – eu perguntei, baixo.
– Porque.... – ele respirou fundo – Porque eu acho que eu encontrei essa pessoa. – me virei para ele, e ele se virou para mim. Ele deu alguns passos na minha direção, acabando com o espaço que havia entre nós. Eu conseguia sentir sua respiração bater no meu rosto.
– Bryan... – eu evitava olhar em seus olhos – Eu não sei se...você é meu melhor amigo.
Ele não disse nada, apenas ficou parado na mesma posição que estava. De repente, senti suas mãos envolvendo minha cintura. Fechei os olhos. Eu o queria mais que tudo na vida. Ainda sem olhar para ele, eu disse – Eu não quero que você confunda as coisas.
– Eu não estou confundindo nada. – ele sussurrou contra meu ouvido, me fazendo me arrepiar inteira – Eu sei muito bem o que eu estou fazendo. – ele apertou minha cintura e me puxou mais contra ele – Me dá uma chance. Uma só.
Fui levantando minha cabeça devagar, até finalmente encontrar seus olhos. Ele se inclinou, roçando nossos lábios. Subi minhas mãos e apertei seus braços, e então ele colocou nossos lábios.
Coloquei para fora anos de um amor trancado a sete chaves.
Eu queria que aquilo durasse para sempre.
00:00h.
Os fogos de artifício inundavam o céu de Seattle enquanto nos beijávamos.
Eu sonhei com esse momento uma boa parte da minha vida. Eu queria me entregar por completo.
Foi o que eu fiz.

Alice POV

Passar esses dias no Brasil foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Eu me reaproximei do meu pai, de Théo, e de todos que eu conhecia. As pessoas perceberam minha mudança. Eu não era mais aquela menina mimada que só andava com a cara fechada. Eu conversava com as pessoas, eu ria e sorria com elas.
Tenho que admitir que é muito melhor ser assim.
Na noite do dia 26, meu pai me mandou para a casa do Théo, para passar a noite lá, pois ele iria sair para jantar. Com a Clara.
Não que eu não pudesse passar a noite sozinha em casa, mas eu aceitei a oferta de muito bom gosto.
Voltando para o jantar do meu pai, eu adorei.
Adorei que ele estivesse finalmente seguindo em frente, como eu fiz. Conhecendo novas pessoas e se abrindo para novas oportunidades. Eu havia gostado daquela Clara, parecia ser uma boa pessoa.
Eram mais ou menos 21h quando eu cheguei na casa de Théo, meu pai me deixou lá e logo foi buscar a mulher na casa dela.
Logo que entrei, o pai do Théo já começou:
– Seu pai está mesmo interessado na moça.
Eu assenti com um sorriso.
– Meu pai merece uma folga.
As horas passaram mais rápidas do que eu imaginei. Fiquei assistindo filmes com Théo na sala até a madrugada. Quando finalmente fomos deitar, eu me ajeitei na cama embutida que havia junto com a dele. Apagamos a luz e ficamos conversando no breu.
– Então é ele? É o Sebastian? – ele perguntou.
– É, é ele. – eu respondi.
– Estou feliz por você. Só tenho medo do que ele possa fazer.
– Como assim?
– Se ele não souber lidar com você. Com a situação.
– Ele sabe. Do jeito dele, mas sabe.
Um silêncio se instalou no quarto por um momento.
– Sabe de uma coisa, Théo?
– O que?
– Eu o amo.
Outra onda de silêncio.
– Mais que a mim?
– Não seja bobo. São dois amores diferentes.
– Eu sei que são. Só estava brincando. – ouvi sua risada – E Bryan?
– Bryan está bem.
– Você entendeu o que eu quis dizer.
– Entendi. E eu repito: ele está bem.
– Não achei que ele fosse reagir bem a tudo isso.
– Nem eu. Mas eu não podia hesitar. – eu suspirei – E, além disso, eu tenho certeza que ele já está com a cabeça ocupada.
– Como assim?
– Ashley.
– Mas ela não é a melhor amiga?
– É. Mas isso não quer dizer que eles não possam se amar de outra forma.
Silêncio.
– Mas você é minha melhor amiga.
– Cala a boca.
Nós rimos juntos.
– Eu senti falta disso. – eu disse.
– Do que?
– De nós. De passar noites em claro conversando com você. Das suas piadas e seus ataques de ciúme.
– Não dei nenhum ataque de ciúme. – ele fez uma pausa – Ainda.
– E nem vai dar.
– Deixa aquele gringo fazer qualquer coisa com você. Eu vou até Seattle e dou meu ataque por lá mesmo.
– Théo! – o repreendi.
– Eu estou brincando! Estou vendo que foi para o estrangeiro e voltou sem senso de humor.
– Eu nunca tive senso de humor.
– Verdade. – ele suspirou – Suas piadas são péssimas.
– Como se as suas fossem muito boas.
– Mas você sentiu falta delas.
– Verdade.
Dessa vez, o silêncio durou mais tempo. Théo rolou na cama, ficando bem na beirada, com o braço pendurado para poder segurar minha mão.
– Tem uma coisa que eu não te contei. – eu comecei.
– O que foi?
– Eu e Sebastian. Nós dormimos juntos.
Eu achei que o silêncio seria eterno.
– Se protegeram?
– Sim.
– Que bom.
– Nenhum ataque?
– Eu posso voltar e desfazer o que vocês fizeram?
– Não.
– Então não tem porque eu dar ataques.
– É por isso que eu te amo.
– Eu também te amo.
Afaguei sua mão e me virei para dormir.


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