Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 52
Feliz Natal!




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Eu estava olhando pela grande parede de vidro do aeroporto enquanto observava os aviões indo e vindo, esperando dar o horário do meu embarque. Eu estava voltando para casa. Para a outra casa. Eu estava morrendo de saudade de Théo e de meu pai, então disse à minha mãe que queria passar o natal com eles. E ela deixou de muito bom gosto. Eu estava conversando com Ashley, e não pude deixar de notar as olhadas que ela dava a Bryan. Será que ele finalmente havia colocado em prática o que eu havia lhe dito uns dias atrás? Eu torcia cegamente para que sim.
Ele conversava com Sebastian atrás de nós, enquanto Patrick tentava dizer a minha mãe que não era preciso ela me lotar de recomendações. Eu já havia viajado sozinha uma vez, e meu pai estaria me esperando no aeroporto em São Paulo.
Depois do que pareceu uma eternidade, meu embarque finalmente liberado. Eu estava ansiosa, apesar de tudo. Chegando na fila, Ashley me deu um abraço apertado, e eu senti que havia alguma coisa a mais naquele abraço, um agradecimento, quem sabe.
– Eu preciso te contar algumas coisas. Quando sair do avião me mande uma mensagem. – ela disse em meu ouvido enquanto me abraçava. Eu sabia. Apenas assenti e olhei para ela, piscando com só um olho. Bryan veio logo em seguida, me dando um abraço tão gostoso que nós ficamos ali por um bom tempo. Ele levou as duas mãos até meu rosto e deixou um beijo no topo de minha cabeça.
– Boa viagem. – ele sorriu e eu vi naquele sorriso uma cumplicidade que antes eu só havia visto nos sorrisos que Théo dava para mim. Sorri de volta e foi a vez de Patrick me abraçar.
– Não esqueça de mandar notícias quando chegar, certo? – ele olhou para mim e sorriu, deixando um beijo em minha bochecha. Minha mãe veio em seguida, me dando um abraço com milhares de recomendações.
– Mãe! Eu estou indo para a casa de papai, não para a de um desconhecido! – ela sorriu e me deu um beijo na bochecha também. Então Sebastian veio. Colocando as duas mãos em meu pescoço, ele deixou um beijo demorado em minha testa. Fechei os olhos enquanto desfrutava daquele momento. Por fim, ele se afastou e me olhou, se inclinando e deixando um beijo leve em meus lábios. Sem dizer nada, ele colocou a mão em minhas costas e me acompanhou até a entrada. Me virei e dei com a mão para todos ali, enquanto eu me afastava, olhei para trás mais uma vez e lá estava ele apenas sorrindo para mim. Se uma eu aprendi com Sebastian, foi que ele prefere mil vezes se comunicar com gestos. Palavras não são seu forte. Ele nunca iria falar coisas bonitas para mim, aquelas serenatas de filmes românticos, mas sempre iria dar um jeito de mostrar seus sentimentos por pequenos gestos.

Desembarquei em São Paulo e de longe já pude avistar meu pai e Théo me esperando. Eu corri até meu pai e o abracei com toda força que eu podia. Deixei vários beijos em sua bochecha. - Como eu senti sua falta! – esse reencontro não foi como o primeiro, cheio de mágoas e uma saudade dolorosa. Foi um reencontro feliz, no qual eu apenas sentia alegria por estar ali. Me virei para Théo e o abracei com muita força também. Ao chegarmos, olhei para minha casa. Meu Deus. Fazia tanto tempo. Eu tinha saudade da decoração, dos móveis, de tudo! Corri até o meu quarto e vi que ele estava exatamente como eu havia deixado. Como eu tinha mudado desde a última vez em que eu estive aqui. Eu saí daqui uma pessoa, e voltei outra.
Eu estava sentada na beira da cama quando Théo entrou no quarto.
– Você não faz a mínima ideia de como eu senti sua falta. – ele disse baixo, me encarando. Me levantei e corri para abraçá-lo. Como era bom estar em casa novamente!
– Eu faço. Faço, pois senti muito sua falta também. – depois de um tempo nós nos desvencilhamos e eu me sentei na beira da cama, e ele se sentou ao meu lado.
– Sabe, Alice, todo esse tempo que você esteve fora eu imaginei que quando você voltasse...seria pra ficar. – ele me olhou. Eu balancei a cabeça.
– Eu também. Mas foi inútil, Théo.
– Inútil? O que foi inútil? – ele perguntou.
– Lutar. Foi inútil lutar. Eu sabia que nunca voltaria. E como eu já disse um milhão de vezes para eles lá, eu encontrei um motivo para ficar... – eu peguei sua mão – E antes que você fale qualquer coisa, não foi apenas Sebastian. Foram todas as pessoas maravilhosas que eu conheci lá, inclusive minha mãe. Para mim está sendo tudo muito novo, mas eu finalmente entendi que eu posso estar presente nos dois lugares, não tem problema nisso. E eu peço que você também entenda isso. Não me julgue, por favor. - Ele me encarou e passou a mão pelos cabelos.
– Eu nunca te julgaria, nunca mesmo. É que é um pouco difícil pra mim, assimilar tudo isso, sabe? Mas se você está feliz, isso é o que importa. – ele sorriu para mim e me abraçou.

Dia 24 de dezembro, véspera de natal. Estávamos reunidos na casa de Théo, com toda sua família e alguns amigos. Meu pai em um canto conversando com o pai dele enquanto eu chegava para cumprimentar sua mãe.
– Ah querida! Como é bom ter você de volta! – ela me deu um abraço apertado – Prometo fazer da sua estadia aqui por esses dias a melhor de todas! – eu ri.
– Eu acredito! – Théo já havia me falado que a mãe dele já havia preparado tudo. Eu iria ficar aqui até dia 29, e ela já havia programado passeios para todos os dias. Alguns minutos depois, meu pai me chamou. Ele estava conversando com uma mulher que eu nunca havia visto na vida.
– Alice, essa é Clara, uma amiga minha do escritório. – a mulher tinha cabelos loiros lisos e olhos azuis que até reluziam. Não tinha mais que trinta anos. Ela me deu um abraço rápido e quando nos separamos ela me disse:
– Seu pai fala muito bem de você, estava ansiosa para te conhecer. – ela tinha um sorriso lindo também. Então foi aí que eu entendi tudo. Não demoraria muito para meu pai me apresentá-la novamente, mas dessa vez, como sua nova namorada.
– Prazer em te conhecer, Clara. – eu sorri. Eu estava feliz por isso. Fiquei conversando com ela por mais algum tempo. Ela se mostrava realmente interessada na minha vida em Seattle, e em o que eu queria para minha vida. Em poucos minutos de conversa pude perceber que ela era uma mulher inteligente. Meu pai tem uma queda por mulheres inteligentes. Eu tinha gostado dela.
23:55h.
Eu estava abraçada com meu pai. Todos começaram a se reunir para os desejos de feliz natal.
00:00h.
Os abraços começaram. Théo me abraçou pela cintura e me girou. Aquilo não foi um desejo de feliz natal, foi mais uma oportunidade para nós demonstrarmos nossos sentimentos um pelo outro. Meu celular vibrou várias vezes.
Uma mensagem de Ashley.
Outra de Bryan.
Outra de minha mãe.
Outra de Patrick.
Uma de Sebastian.
E no final de todas, uma frase que me fez sorrir: “I miss you already”. Eu já sinto sua falta.


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