Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 34
O tão odiado "Novo"




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Eu poderia ter dito que eu não dormi a noite inteira pensando no que aconteceu. Que eu virava de um lado para o outro na cama me perguntando se aquilo foi realmente certo, ou pensando nas sensações que aquele beijo me trouxe. Isso provavelmente aconteceria...se eu não tivesse deitado em minha cama e simplesmente apagado. O cansaço tomou conta de mim a partir do momento em que eu encostei minha cabeça no travesseiro.
Eu teria muito tempo para pensar nisso depois que acordasse. E como teria.
Acho que eu nunca havia dormido tanto em minha vida. Acordei eram 14h. Na verdade fui acordada pela minha mãe que invadiu meu quarto achando que alguma coisa tinha acontecido comigo.
- Bryan comentou comigo que vocês estão planejando passar o recesso na fazenda dos pais de Ashley. – ela se sentou ao meu lado, e eu aproveitei para analisá-la melhor. Ela tinha olheiras fundas e estava mais pálida.
- Bom, sim. Mas Ashley disse que teria que confirmar com os pais dela primeiro. Ela disse que hoje mandaria a resposta. Caso tudo dê certo, nós vamos amanhã e voltamos no sábado. E, - eu comecei, me virando para ela – acho que você deveria aproveitar e passar alguns dias descansando também. Não se esqueça de que Patrick me contou que você quase desmaiou no trabalho. Acho que você está trabalhando de mais, mãe, descanse um pouco.
- Não posso largar Patrick sozinho, Alice. – ela respondeu.
- Mãe, o escritório é dele, e ele é seu marido. Você realmente acha que ele ligaria de te deixar em casa por alguns dias? – ela sorriu amarelo.
- Obrigada por se preocupar. – ela passou a mão pelo meu rosto e se levantou, sumindo pelo corredor que levava a seu quarto.
Eu quero ajudar e ela não deixa.
- Cinderela finalmente acordou. – ouvi uma voz atrás de mim – Achei que estivesse desmaiada ou alguma coisa do tipo.
- O que a Cinderela tem a ver com isso, Sebastian? – eu me virei.
- Porque é ela que dor...Opa. – ele sorriu.
- Bela Adormecida. – eu corrigi.
- Isso. – ele deu de ombros – São todas iguais. – revirei os olhos.
- Não são não.
- Eu não vou entrar em uma discussão com você sobre contos de fada, Alice. Tenho coisas melhores para fazer. – ele começou a andar em minha direção.
- Como o que? – levantei uma sobrancelha. Se uma coisa eu aprendi com Sebastian, era que os domingos eram sagrados. Você apenas saía de casa se fosse muito importante.
- Como passar o dia sentado vendo TV. – ele deu a volta no sofá em que eu estava sentada e se sentou ao lado, jogando as pernas em cima das minhas.
- Não sei se você está vendo, mas existem mais dois sofás inteiros para você. – eu comentei.
- Mas esse é meu preferido. – ele sorriu para mim. Revirei os olhos de novo. Perto de Sebastian isso era quase uma mania.
- Sebastian, por um acaso você pegou...Ah, Alice. Finalmente acordou. – Bryan surgiu descendo as escadas.
- Bom dia. – disse, me esforçando ao máximo para não ficar vermelha.
- Peguei o que? – Sebastian olhou para Bryan.
- Nada. Já lembrei onde eu deixei. – ele se sentou no outro sofá. – Ashley deu notícias? – ele perguntou para mim.
- Não, até agora... – então meu celular tocou. O peguei e vi o nome escrito no visor: Ashley. – Não morre mais. – Alô?
- Ally? – a voz de Ashley surgiu na outra linha. Ela tinha conseguido inventar um apelido para mim, e agora até Patrick me chamava de Ally de vez em quando.
- Sim?
- Eu falei com meus pais. A fazenda está liberada. Partimos amanhã cedo? – ela parecia ansiosa.
- Com toda certeza. – eu disse.
- Ótimo! Às 08h estarei aí. Até amanhã, Ally. – e então ela desligou.
- Tudo certo para amanhã. Ashley estará aqui às 08h. – eu disse e os dois sorriram mutuamente.
Passamos a tarde praticamente inteira conversando e fazendo planos para os próximos dias. Cada um deles queria me mostrar um lugar diferente da fazenda. A conversa cessou quando ouvimos a chamada do filme Taken 2 na TV. Aparentemente todos nós já tínhamos assistido, mas quando o filme é bom, vale a pena ver de novo.
Na metade do filme, Sebastian dormiu. Estava sozinha com Bryan na casa. Em algum momento da tarde minha mãe e Patrick apareceram dizendo que iriam passar o resto da tarde fora e que não tinham hora para voltar. Alguma coisa sobre um programa de casal.
Quando eu e Bryan percebemos que Sebastian estava adormecido, foi que o clima pesou. Nós percebemos que só havíamos nós na casa, e que em momento algum tínhamos tocado no assunto do beijo. Parecia que o ar gritava: Ei, vocês se beijaram ontem à noite! Hora de falar sobre isso!
Ele se levantou e lançou um olhar para mim antes de sair da sala, indo para o corredor que levava até a porta da saída. Presumi que era para eu segui-lo. Tirei as pernas de Sebastian de cima das minhas, tomando todo o cuidado para não acordá-lo. Saí da casa e olhei o quintal, Bryan não estava lá. E só havia um lugar onde ele possa ter ido.
Cheguei ao terreno ao lado, pulando na árvore, depois no muro, o percorrendo até pular para o telhado. E lá estava ele, olhando para o pôr do sol de Seattle.
Me juntei a ele e observei a vista. Ficamos um longo tempo em silêncio, lado a lado, observando o sol sumir no horizonte.
- Eu nunca tinha subido aqui a essa hora. Sempre que subi era noite. – eu disse. – É realmente lindo.
- Tudo daqui de cima ganha outra vista. – ele comentou. Me virei para ele, e ele me olhou de canto de olho. Segundos depois ele se virou também, abraçando minha cintura e deixando um longo beijo em minha testa. Então ele se inclinou e desceu em direção à minha boca, mas eu virei o rosto.
- Desculpe, Bryan. Mas é que...é que eu...eu não sei se isso é certo.
- Você veio até aqui. – ele sussurrou em meu ouvido – Você também quer isso, Alice.
- Eu... – eu respirei fundo, sem saber o que responder.
- Pare de pensar sobre o que é certo e errado e comece a prestar atenção no que você quer. – Sem saber o motivo, me lembrei de minha conversa com Théo quando nós estávamos no meu quarto. Quando ele disse algo sobre “Pare e olhe para si mesma”. Eu nunca entendi o que ele quis dizer com aquilo, mas também nunca pensei muito sobre o assunto.
Talvez seja a isso que ele estivesse se referindo. Digo, eu e Bryan. Talvez ele já imaginasse que alguma coisa estava para acontecer.
Algumas vezes eu me assusto com como ele pode me conhecer mais do que eu mesma.
Bryan ainda estava me abraçando, com a boca próxima ao meu ouvido, esperando uma resposta.
- Talvez você esteja certo. – eu respondi – Mas me dê algum tempo, Bryan. É tudo muito novo para mim...e bom, você sabe que eu tenho dificuldade de aceitar o novo.


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