Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 35
Sedro-Woolley




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Segunda feira, 08h horas da manhã. Eu estava jogando minhas malas no porta-malas do carro de Sebastian. Ficou resolvido que eu iria com Sebastian e Ashley com Bryan, já que, apesar de eu ter conseguido aproximar os dois, Ashley ainda preferia não correr o risco de ficar duas horas dentro de um carro ao lado de Sebastian.
- Por favor não cometam nenhuma imprudência. Vocês sabem que os carros de vocês ainda estão no meu nome. – Patrick olhou feio para Sebastian e Bryan, que assentiram. – Quero notícias todos os dias. Não aceito mensagens, apenas ligações, e nelas quero ouvir a voz de todos. Em hipótese alguma saiam da fazenda. Lá tem coisas suficientes para manter vocês ocupados por uma semana.
- Pai, nós já entendemos. Nós não vamos sumir no mundo. – Bryan disse.
- Se fossem só vocês dois, eu até daria menos avisos. Mas vocês estão acompanhados de duas moças, e mesmo que elas sejam mais ajuizadas que vocês, eu ainda sinto que vocês precisam tomar conta delas.
Ashley riu.
- Mais fácil nós tomarmos conta deles, Patrick. Mas fique sossegado. O caseiro estará lá conosco, na casa ao lado. A fazenda é totalmente segura. Estaremos em boas mãos, ou quase isso. – ela olhou para os meninos que reviraram os olhos para ela.
- Ótimo. Vamos indo antes que eu desista e prefira ficar em casa. – Sebastian disse, dando um abraço em minha mãe e em Patrick. Todos nós seguimos seu exemplo.
Todos entramos no carro e Bryan partiu na frente, pois Ashley daria algumas coordenadas.
Estávamos indo em direção à Sedro-Woolley, uma cidadezinha de dez mil habitantes que não havia exatamente nada. Parecia aquelas cidadezinhas de seriados em que alguma coisa sobrenatural acontece.
Logo quando partimos, apoiei a cabeça no vidro do carro.
- Vai dormir? – Sebastian perguntou.
- Se não for problema. – eu olhei para ele suplicante.
- É claro que não. – ele olhou pra mim sorrindo e desligou o rádio. Apaguei na mesma hora.
Pelas minhas contas, dormi por uma eternidade. Acordei com um pequeno tranco do carro, provavelmente porque tinha passado em um buraco.
- Desculpe. – ouvi a voz de Sebastian ao meu lado. – Não consegui desviar.
- Tudo bem. – eu disse enquanto tentava recuperar o foco de minha visão. – Quanto tempo eu dormi?
- Uma hora e pouco. – ele respondeu.
- Pareceu que foi um dia inteiro. – eu me espreguicei. O observei de canto de olho e vi que ele bocejou.
- Você quer que eu assuma? – eu perguntei sem pensar.
- O que? – ele perguntou.
- O volante. – eu disse – Você também merece um descanso.
Com todas essas coisas que vinham acontecendo comigo, eu me esqueci de comentar. Eu estava com a carteira de motorista em mãos. Ás vezes era bom você ser enteada de um cara que é influência na cidade inteira.
- Tem certeza? – ele perguntou.
- Bom, eu tive um professor meio ruim, mas eu acho que eu posso dar meu jeito. – eu sorri para ele. Ele arqueou uma sobrancelha e então buzinou algumas vezes, até que Bryan olhasse pelo retrovisor. Sebastian fez um gesto, dizendo que iria parar o carro. Logo Bryan estacionou e abriu a porta do carro.
- Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou enquanto nós saíamos.
- Não. Alice só queria dirigir. – Sebastian respondeu e trocou de lugar comigo. Bryan arqueou uma sobrancelha e sem dizer nada voltou para seu carro. Antes de dar a partida novamente, eu encontrei seu olhar pelo retrovisor, e o que ele passava, me fez querer desviar meu olhar. Não era aqueles olhares que você gostaria de sustentar, transmitia algo que...não era bom.
Alguns minutos depois, Sebastian adormeceu. E eu segui o caminho normalmente. A estrada era calma e já havíamos saído de Seattle. Estávamos em uma cidade mediana onde se via só se via casas pequenas e algumas fazendas. Mas ainda não era o lugar certo.
Dirigir me deu tempo de pensar na semana que viria e no que já tinha acontecido.
Aquela conversa que tive com Bryan no telhado...aquilo mexeu comigo mais do que deveria.
Eu queria aquilo? Eu não conseguia mais separar o certo do errado. Era como se tudo se misturasse e apontasse para um caminho...o que levava diretamente a ele.
Que droga! Eu odeio perder o controle da situação!
Eu estava começando a me arrepender de ter concordado com essa viagem. Tenho o pressentimento de que eu vou voltar mais confusa do que eu estou agora.
 

Depois de passar praticamente o tempo todo pensando nisso, minha cabeça parecia que estava prestes a explodir. E aquilo estava me deixando nervosa, muito nervosa.
Percebi que Bryan tinha diminuído a velocidade, e deduzi que estávamos chegando.
Após alguns metros, pude avistar a placa: “Welcome to Sedro-Woolley”, bem chamativa em roxo e branco.
Não demoramos muito até entrarmos em uma estrada de terra, e depois de três fazendas, Bryan parou em frente a de Ashley.
A entrada não era muito grande, era uma portão de garagem marrom, com outro de entrada pequeno ao lado. Bryan desceu do carro e empurrou até que ele estivesse totalmente aberto. Então Ashley assumiu o volante e entrou com o carro, e eu entrei logo em seguida, trocando olhares com Bryan até estar totalmente dentro da fazenda. Ashley me guiou até onde os carros ficavam, e nós estacionamos. Foi então que eu percebi que Sebastian ainda dormia.
- Sebastian. – eu chamei. Ele nem se mexeu. – Sebastian! – falei um pouco mais alto. E ele só mexeu o canto da boca. Coloquei a mão em seu braço e balancei devagar. Ele abriu os olhos e olhou para mim, perdido. – Chegamos. – eu sorri.
- O que? Já? – ele perguntou olhando em volta. – Acho que eu dormi um pouco de mais. – ele coçou os olhos e se espreguiçou. Ashley passou e bateu a mão na janela de Sebastian do lado de fora, o que o fez dar um pulo no assento.
- Vai à merda, Ashley. – ele disse, mostrando o dedo médio para ela. Ela gargalhou alto e deu a volta no carro, parando do meu lado.
- Vamos. Bryan já está na porta esperando por nós.
Saímos do carro e atravessamos um caminho de grama, passando por um campinho de futebol e uma quadra de basquete. De frente para o campo e a quadra, estava uma piscina. O caminho de grama ficava no meio e levava diretamente à frente da casa. Lá na frente, Bryan nos esperava com as chaves na mão.
Uma escada pequena com três degraus nos levava a uma entrada coberta com dois bancos de dois lugares em cada extremidade. A porta ficava bem no meio e Bryan estava encostado nela. Ele esticou as chaves para Ashley.
- Faça as honras. – ele sorriu. Ela pegou a chave das mãos dele e revirou os olhos. Abriu e porta e deixou que todos nós passássemos.


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