Eu ainda estava pasma quando desci do carro, eu já estive aqui, tenho certeza disso, apenas não me lembro quando, nem com quem, mas posso garantir que esse lugar não me é estranho.

— E ai o que achou? — James pergunta esperançoso.

— Eu... Não tenho nem palavras.

— Isso é bom ou ruim?

— É bom James. — Respondo sorrindo. — Então... O que vamos fazer primeiro?

— Vamos almoçar? — Ele pergunta com a mão a barriga.

— Já esta com fome? Eu ouvi você mexendo na cozinha antes de sairmos. Pra onde vai toda essa comida? — Pergunto brincalhona e ele meio que cora. — Vamos lá.

Num impulso pego em sua mão e entrelaço nossos dedos, e apenas quando James fica encarando nossas mãos que percebo isso.

— Opa, me desculpe. — Solto sua mão envergonhada.

— Não, não tem problema. — Ele a pega de volta e entrelaça nossos dedos de novo. — Conheço um lugar onde podemos comer, vem.

Vamos caminhando lado a lado, sem conversar nem nada, acho que... apenas curtindo a companhia um do outro. Entramos em uma lanchonete que havia perto das outras lojas do parque, ele era decorado de forma diferente de outras lojas que havíamos passado em frente, era uma lanchonete meio retro, com uma decoração baseada nos anos 50. Havia uma Jukebox automática perto de um carro da época, onde na verdade era um caixa.

Todos os assentos eram vermelhos e as mesas brancas forradas com toalhas quadriculadas, a parede era de um azul bem suave. Vários vinis estavam grudados em alguns pontos das paredes assim como alguns pôsters de cantores populares da época como Elvis Presley e alguns retratos de atrizes da época também tal como Marilyn Monroe. A lanchonete estava meio cheia perto das portas então escolhemos uma mesa em um cantinho onde havia uma janela que dava com a vista para o mar.

— E então o que vão querer? — Diz a moça que se aproximou da mesa e nós dois nem havíamos percebido, ela nos estendeu dois cardápios. — Me chamo Lucy, assim que se decidirem é só me chamarem.

— Ta bem. — Respondemos juntos.

E então ela foi atender outras mesas.

— O que vai querer Lil’s? — James pergunta já com o cardápio aberto só faltando babar em cima. — É impressão minha ou a maioria são hambúrgeres de picanha?

Assim que abro meu cardápio confirmo o que ele diz, a maioria realmente são hamburgeres de picanha com nomes tipo Las Vegas, Era do Rock, Rock ‘n Roll...

— Acho que vou querer um Hollywood e um milk shake de negresco.

— Boa escolha Ruiva, vou querer o mesmo, só que meu milk shake vai ser de baunilha. E pra completar posso pedir um sorvete com granulado pra gente?

— Já pensando em sobremesa James? — Brinco. — Claro que pode.

James chama Lucy e fala nossos pedidos assim que ela se vai, James começa a olhar para a praia e sigo seu olhar.

— Algum problema Jay? — Pergunto nem reparando que o chamei pelo apelido algo que acho que nunca fiz.

— Só estou me lembrando de quando estive aqui uma vez... — Então ele sacode a cabeça e volta a olhar para mim como se seu devaneio não tivesse acontecido.

Por um momento cheguei a pensar que estive aqui com James, mas não isso não, por que eu não o vi mais depois do nosso encontro no cinema apenas quando esbarrei com ele no corredor de Hogwarts sem nem desconfiar que era ele.

— O que aconteceu? — Pergunto na esperança que ele me conte.

— Nada com que tenha que se preocupar Ruiva... É sério. — Ele responde. — Então, o que quer fazer assim que sairmos daqui? — Ele pergunta rapidamente mudando de assunto.

— Não sei e se fossemos no parque?

— Como desejar, vamos ao parque.

Lucy voltou com nossos pedidos e quando olhamos para a bandeja nos surpreendemos ao ver que a bandeja era decorada com pequenos vinis coloridos de vermelho, azul e rosa.

— É... Não pedimos essa porção de batata. — Eu digo vendo que ela havia trago uma porção e eu não me lembrava de James ter pedido uma.

— Cortesia do restaurante. Aproveitem a comida! — Diz Lucy e então ela vai para perto do carro-caixa.

Quando fui olhar percebi que meu hambúrger era de picanha mas tinha um cheiro de bacon... Isso é curioso. O hambúrger vinha com queijo cheddar, maionese, tomate e uns pedaços de calabresa frita. Realmente, era muito gostoso.

Eu quase não aguentei comer o sorvete, enquanto James comeu seu hambúrger e aparentava que ainda havia espaço para mais um se quisesse.

Terminamos de comer e pagamos, na realidade, James pagou por que se negou completamente aceitar o meu dinheiro.

. . .

Antes de irmos para o parque nós fomos para um hotel que ficava bem ao lado dele e James foi lá conferir a reserva que havia feito há alguns dias, me pergunto há quanto tempo ele está planejando nossa pequena viagem.

Subimos para nosso quarto, já que como já dormimos no mesmo quarto diariamente, James só reservou um quarto mesmo. Enquanto James voltou ao carro para pegar nossas mochilas eu me sentei na cama e fiquei olhando para a janela que também dava com a vista para a praia, eu tenho quase certeza que já estive aqui... Mas com quem?

Como um lapso de memória acabei me lembrando quando fui ali e senti um grande aperto no coração.

Meu pai me trouxera nessa praia duas semanas antes de dizer que ele e minha mãe iriam se separar, foi meu melhor dia com ele, nós andamos na maioria dos brinquedos e ele ainda alugou um bote para podermos ir mais além do que a praia, e eu me lembro que havia uma parte um pouco distante, onde havia uma pequena ilha cheia de árvores, onde no meio dela havia um lago, foi um dia totalmente perfeito. Eu estava tão feliz que nem reparei que mamãe não havia ido com a gente, isso foi um mês depois que encontrei com James e já havia perdido quase todas as esperanças de que ele voltaria para me procurar.

Eu estava com lágrimas nos olhos e eu não queria chorar, eu sentia tanta falta de meu pai, eu não o via já faz quase dois anos, desde que ele começou a namorar aquela mulher eu não o vejo muito, é quase que raramente, e nosso último encontro foi a 2 anos quando ele apareceu lá em casa para meu aniversário.

James voltou para o quarto e eu esfreguei as mãos no rosto para limpar as lágrimas que haviam caído.

— Ei? Lily você estava chorando? — James me pergunta largando as mochilas em uma poltrona que havia no canto do quarto.

— Ahn? Eu? Não, não estava. — Digo tentando não vacilar ao falar.

— Seus olhos estão vermelhos. — Ele insiste em tom preocupado.

— Eu não estava chorando, ta? Não se preocupe. — Respondo jogando para ele um olhar confiante. — Vamos pro parque?

— Vamos lá criancinha. — Ele brinca.

— Ei! Eu não sou uma criancinha!

Descemos e assim que passamos pelos portões de ferro da entrada eu fico abobalhada pois não me lembrava de ter todos esses brinquedos, provavelmente por que vim aqui há alguns anos e devem ter construído brinquedos novos.

— Vamos na Montanha Russa? — Pergunto a James.

Ele apenas me encara surpreso.

— O que foi?

— Você quer ir na Montanha Russa? — Ele pergunta.

— Quero, por que?

— Essa eu pago para ver. Eu deixo você escolher todos os brinquedos em que a gente vai se você não gritar de medo. — Ele me desafia.

— Feito.

O parque estava mais ou menos movimentado então não demorou muito para chegar a nossa vez. Eu não tinha parado para notar mais ela era bem alta e só então que eu me lembrei que tenho medo de altura. Agora assim ferrou.

— Ér James... Você não quer ir em nenhum outro brinquedo antes não?

— Não. Com medo Ruivinha? — Ele pergunta erguendo a sobrancelha.

— Claro que não. — Minto descaradamente.

— Vou mudar o combinado, se você gritar, você vai me deixar escolher um lugar para irmos mais tarde fechado?

— Fechado.

Escolhemos o segundo acento do carrinho, eu e James fomos lado e lado e esperamos a montanha dar partida, assim que ela deu um solavanco dei um mini e silencioso grito mentalmente.

Até que era legal, assim como a maioria, eu só não podia olhar para baixo. Até agora não havia gritado e não pretendia, eu iria provar para James que eu não tinha medo — mesmo isso sendo mentira.

Só que no final da Montanha Russa ela travou do nada e deu mais um solavanco antes de continuar, foi nessa hora em que eu gritei sem perceber e me agarrei ao braço de James, quando olhei pro lado vi que ele estava sorrindo.

— Acho que eu ganhei.

James está com muitas surpresas pro meu lado ultimamente, onde será que ele quer me levar agora? Assim que saímos andamos nos outros brinquedos até que percebemos que o sol já estava baixando. James deu a ideia de irmos nos trocar antes de irmos para o tal lugar que ele queria me levar então subimos para o quarto e enquanto ele tomava banho fui escolher minha roupa e quando eu fui para o banheiro ele foi se trocar.

Assim que saí do banheiro James abriu os olhos, ele havia se deitado na cama e estava usando uma camisa social com um jeans preto, seu cabelo estava parcialmente seco mas estava bagunçado daquele mesmo jeito de sempre, ele sorriu assim que me viu.

— Wow você está linda. — Ele diz. — Não, você é linda, mas agora é provável que eu tenha que me agarrar em você pra ninguém tentar te raptar de mim.

— Para James. — Digo abaixando a cabeça com a certeza de que havia corado.

— Bem, como é surpresa, receio que você vai ter que colocar isso. — Ele diz mostrando uma venda da cor vinho enquanto levanta.

— Por que?

— Por que se você já tiver ido lá vai estragar a surpresa ué.

— Ta bem.

Ele colocou a venda em meus olhos pegou minha mão e começou a me guiar para fora do hotel.

. . .

Tudo que eu sabia é que estava perto dele e estávamos perto da praia, por que dava para ouvir o barulho do mar. Do nada ele me pegou no colo e me colocou sentada em algum banco que não consegui identificar do que era.

E quando “chegamos” no tal lugar por assim dizer, ele me pegou no colo e me colocou no chão de novo pegando novamente minha mão.

— Falta muito James? — Pergunto ansiosa pra tirar logo aquela venda.

— Não, só mais um pouquinho.

Andamos um pouco e senti meu braço roçando em folhas algumas vezes, se me pedissem um palpite eu diria que estávamos no meio de árvores.

— E... chegamos. — Ele finalmente diz e tira a venda de meus olhos.

Eu não consegui acreditar na hora mas... Era o mesmo lugar onde meu pai havia me levado, a ilha perto da praia, nós estávamos em frente ao lago que ficava entre as árvores, e eu não me lembrava de como ali era lindo.

— Gostou? — James pergunta.

— James... e-eu... não tenho nem palavras...

— Isso é bom ou ruim? — Ele pergunta.

Vou andando em direção ao lago e fico bem próxima a ele, olhando bem onde as árvores não cobrem os raios de sol.

— James por que você nunca voltou? — Crio coragem e pergunto.

— O que você quer dizer? — Ele diz e sinto ele caminhando em minha direção pois escuto seus pés pisando nas folhas.

— Por que depois daquele dia do cinema com a Lene você nunca voltou? Você disse que voltaria pra me ver, mas você não voltou.

— Eu voltei sim Lily. No dia que eu voltei você tinha vindo pra cá com seu pai, eu não tinha muito tempo pra ficar então sua mãe pediu me deu uma carona e me trouxe aqui...

O que? Como minha mãe dá uma carona para James Potter e em todo esse tempo NUNCA nem mencionou isso pra mim?

— Continue. — Peço.

— Ela me trouxe aqui e eu fui correndo pra praia, naquela hora, vi você e seu pai entrando no bote e vindo pra cá, eu ia te gritar eu juro que eu ia, mas você parecia tão feliz com ele que eu não quis atrapalhar vocês, então esperei até não conseguir mais te ver e voltei pro carro, falei com sua mãe que não havia encontrado vocês.

— E por que você não deixou um recado nem nada James? — Pergunto e sem conseguir evitar sinto as lágrimas queimando em meus olhos para poderem cair.

— Por que eu planejava voltar depois, mas quando eu voltei, e entrei na Hogwarts High e te vi naquele corredor, tudo o que eu queria era correr até você, te pegar nos meus braços e não te soltar nunca mais Ruiva, por que aquelas horas que ficamos conversando durante aquele dia, foram as melhores da minha vida e foram elas que me fizeram me apaixonar por você. Quanto mais longe eu ficava de você mais saudade eu sentia, na hora de nos despedirmos eu queria muito te beijar e ainda quero até hoje, por que eu te amo de modo que nunca amei nenhuma outra garota na minha vida. Eu sou apaixonado por você desde meus 14 anos e eu sempre “impliquei” com você por que queria chamar a sua atenção e eu não namoro a Emmeline, nunca namorei só fazia parte de um acordo pra ela fazer ciúmes no ex namorado dela. Lil’s por favor acredita em mim e me dá uma chance, eu sei que você me acha um babaca e que talvez pensa que eu só vou te usar e jogar fora mas pensa bem Lily, eu nunca faria isso com você, você é importante de mais pra mim para eu perder você desse jeito.

Eu já nem sabia mais o que falar, ou o que fazer, tudo o que eu sabia era que não seguraria minhas lágrimas por muito tempo e então deixei elas rolarem.

— James eu me apaixonei por você desde os meus 14 anos e todo esse tempo esse sentimento ficou guardado na esperança de cicatrizar uma ferida aberta, por que por muito tempo eu pensei em milhares de motivos pra você não ter dado notícias e decidi esquecer, por que iria doer menos do que me martirizar todo dia esperando você voltar quando você poderia estar com outra garota e eu fazendo papel de idiota, quando te vi na Hogwarts High, não te assimilei ao James que conheci no cinema, eu só fui perceber isso mais cedo no carro quando me lembrei de tudo e a algum tempo, venho percebendo que de uma hora pra outra comecei a te olhar diferente e em algumas vezes tudo o que eu quero é te agarrar sem me preocupar com mais nada nesse mundo e percebi que havia me apaixonado por você de novo e lembrando disso mais cedo, os antigos sentimentos vieram como uma onda em cima de mim e agora eu percebi que mesmo querendo eu não vou conseguir ficar mais longe de você. — Finalmente solto tudo o que estava engasgado.

James ficou embasbacado com o que eu disse, ele apenas me puxa e quando me olha nos olhos, não é como se estivesse me olhando, é como se ele enxergasse minha alma.

Ele vem se aproximando e pela primeira vez, nem ao menos penso em recuar, por que o que eu mais quero agora é beijá-lo, e assim ele faz, ele me beija lentamente e eu correspondo ele, sem me preocupar com nada mais, sem me preocupar se vamos ficar juntos ou se depois de hoje ele vai se esquecer e fingir que não aconteceu, se vamos contar para os nossos amigos... Me desprendo de todos os meus pensamentos e me concentro apenas nele.

Ficamos nos beijando até nosso maldito fôlego acabar e quando nos separamos ele gruda sua testa na minha.

— Você não faz ideia de quanto tempo eu esperei por isso. — Ele sussurra, eu apenas sorrio e o beijo de novo.

Minhas mãos sobem pro pescoço dele e ele me abraça pela cintura, mas agora estávamos beijando com uma urgência que até me assustou, porém, eu estava nos braços do meu primeiro amor e ele era todo meu, havíamos acabado de nos declarar, estávamos felizes e caramba ele beija muito bem aproposito.

O que mais eu poderia querer agora?