Eu havia aparecido aqui, do nada, no lugar de um navio de guerra, o Argo II, era como chamavam, e não me lembrava de absolutamente nada antes disso. No início, eles não confiavam em mim, mas acho que ganhei a confiança de alguns, acho que da garota de olhos coloridos e de Leo. Leo. Desde o momento que eu o vi, senti uma coisa estranha em mim, uma sensação de contentamento quando estava junto dele. O cabelo enrolado, o cinto estranho, o sorriso, tudo nele, me fazia ficar com falta de ar. Àquela hora em que ele decidiu me chamar de Aria, e nossos olhares se encontraram, nós sorrimos... Nossa. Só de pensar nisso eu me sentia tonta.

       Comecei a achar que ele sentia o mesmo, mas havia aquela garota morena, a mais novinha, como era mesmo o nome? Hazel. Isso, esse era o nome dela. Eu vi o jeito que ela olhava para nós aquela hora que nós nos encaramos, quando ele me ajudou a levantar. Quase dava para ver o ciúme em volta dela. E então teve aquela hora que ela puxou Leo e eu consegui o ouvir cantando algo sobre ciúmes... Deuses, como ele era perfeito. 

       - Por favor, corram aqui! – Eu ouvi a voz da garota dos olhos coloridos – É... É o Jason. – Jason... Acho que era o loiro...

       Saí correndo em direção a voz da garota e encontrei ela segurando a cabeça de Jason, ele no chão, tentando formar uma frase completa, mas sem muito sucesso.

       - O que aconteceu, Piper? – Eu ouvi a voz de Leo, o que me fez sentir um calafrio  - O que...?

       Ele parou quando olhou para frente. Havia uma garota de cabelos loiros e olhos cinzentos, com mais ou menos a minha idade, uma expressão atordoada no rosto, e um garoto de cabelos pretos e olhos verdes, ao lado dela, segurando sua mão.

       - Anna...Beth – murmurou Jason – Per...cy.

       Deviam ser as pessoas paradas na frente do navio... Os outros chegaram atrás deles, olharam pra frente e ficaram com a mesma expressão de Leo, as bocas abertas, olhando para frente, atordoados.

       - Leo... – Eu disse – O que está acontecendo?

       Ele olhou para mim, respirou fundo e disse:

       - Esqueci que você é nova por aqui – Ele disse – Depois eu te levo para um Tour particular sobre o mundo horroroso dos semideuses com o Leo Valdez! – Ele brincou, pegando minha mão. Estremeci.

       Ficamos olhando para aquela direção, de mãos dadas, por um tempo, até que Frank, o garoto que não saía do lado de Hazel, quebrou o silêncio.

       - Hm... O que vamos fazer? – Ele começou – Percy e Annabeth estão ali, e estamos aqui... Fazendo nada. Leo, você vai buscar eles.

       - Por que eu? – Leo perguntou – Ah, já que não tem jeito... – Ele se convenceu.

       Leo foi em direção aos dois, Percy e Annabeth, mas, quando deu o primeiro passo para fora do navio, seu pé afundou então ele tentou passar o outro para frente, mas este também afundou. “Percy e Annabeth” se desfizeram em pó, o que provocou gritos de todo mundo.

       - Deve ser coisa de Gaia – Disse Hazel. O nome Gaia me dava arrepios, mesmo sem nunca ter ouvido esse nome antes – Leo! O que está acontecendo? – Ela gritou para ele.

       - Eu não sei! – Leo gritou de volta – Só tenho que sair daqui! – Nesse momento ele começou a afundar.

       Eu gritei e saí correndo em direção a ele. Ouvi muitos “Não, Aria” atrás de mim, mas não ligava, só tinha que tirar ele dali. Quando pisei para fora do navio, não afundei, mas não queria saber por quê. Peguei a mão dele e tentei puxá-lo. Tentei várias vezes até conseguir, e quando consegui, ele caiu em cima de mim e nós rolamos na grama por um tempo. Quando paramos, começamos a rir.

       - Você me salvou – Ele disse, e eu assenti com a cabeça. Ele me abraçou e eu senti como se nada mais fosse importante, retribui o abraço, e nós ficamos lá, abraçados, por um tempo, até que ouvi a voz daquele híbrido de homem e bode vindo do navio.

       - Muito bem, cupcakes – Ele começou – Quero explicações, e por que, pelos deuses, Leo está caído na grama com aquela garota?