Se passaram dois anos. Dois anos. Dois anos em que eu treinei uma menina de 18 anos. Uma menina de cabelos brancos. Uma menina abençoada pela Lua. Uma menina que criaram uma relação de amor e ódio com o Bart. Uma menina que seria a Tigresa. A mesma menina que que me deixou orgulhosa e prometeu-me de que me libertaria. Ela prometeu-me.

Miriah. A minha nova irmã, a minha irmã mais nova.

Eu a conheci na reconstrução do Templo. Uma grande sacerdotisa abençoada pelo Espírito da Lua, por isso os cabelos brancos. Os olhos transparentes pareciam ver além desse mundo e a pele parada, como a minha, por ser vietnamita, brilhava durante os rituais. Sim, ela seria melhor que eu.

O mais incrível era sua personalidade: abençoada com um humor negro e uma "maldade" adorável, quase fez o Bart desmaiar. Quando ele veio correndo uma vez, tropeçou e caiu em cima dela, ele acabou com uma faca de atirar com lâmina dupla em forma de meia-lua no pescoço. Eu adoro essa menina. E o Bart também.

Mas já estava na hora, Miriah estava pronta. E eu também, finalmente.

Tudo estava "organizado": o Tigre e o Leão estavam bem, sem brigar. Calmos. Embora as discussões fossem iminentes. (N/A: Tem que ver quando as brigas físicas começam. Muuuuuuito legal :D) Ela ocuparia o meu lugar no mundo, como Bart fez com o Wally.

Revivi toda a minha vida em alguns segundos de olhos fechados. E então a dor me invadiu. Era apenas a dor. Muita dor. Abri os olhos gritando, com lágrimas rolando. E então acabou, com uma sensação de falta. Parte de meu espírito foi arrancado de mim. Literalmente.

Eu cai de joelhos. Lágrimas rolando pelo meu rosto e deslizando até o chão. Antes de ir até o chão Bart me pegou e me deitou no chão, aconchegando minha cabeça no seu colo. Conseguia ver a Lua e as Estrelas e, meu espírito, largando de meu corpo.

Um sorriso. O meu sorriso. E liberdade.

– Sinto-me partindo. - Consegui pronunciar. - Sinto-me tonando eu novamente. Cuidem de tudo, vivam suas vidas e não se preocupem com a minha, eu a viverei na morte. Eu os amo.

Me perdi de olhos abertos. E então me ergui, dando dois passos, e me virei. Podia ver as lágrimas ainda caindo de meus olhos e a de meus amigos rolando ao chão. Podia ver meu sorriso mortificado em meu corpo não mais vivo. Todos em volta. Todos.

Fiquei imóvel.

– Paz. - Murmurei.

Assim um rosto se virou. Pele cor pêssego. Sardas no nariz. Lábios macios. Fios ruivos sobre olhos verdes.

E outro sorriso, em par com o meu. Aquele sorriso. O sorriso dele. E minhas lágrimas.

– Esperam que sejam de alegria. - Wally murmurou.

E então me tomou em seus braços.