O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 86
Eu sinto muito




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Em um segundo fogo, em outro escuridão.

Mas... não... ao invés disso senti algo me empurrar.

Caí perto da árvore de casa.

–Vêm. Felipe estendeu a mão e eu me vi em cima da árvore.

–O quê?!

Felipe abraçou a árvore com uma mão e coma outra me abraçou.

–Explosão terena!!! Ele gritou tapando meus olhos.

–Ei!

Senti tudo tremer.

–Não seria menos perigoso se não estivermos numa árvore? perguntei.

Ele riu.

–Meu pai nunca destruiria a natureza, somente os seres humanos.

Revirei os olhos mesmo que não visse nada e o abracei.

Ele riu.

–Pode abrir os olhos. Ele falou tirando as mãos da frente dos meus olhos

após alguns minutos.

–Cadê... cadê a minha casa?

–Bum! Ele gritou e depois riu.

Olhei para a cena indignada... parecia um enorme jardim, somente com as árvores plantadas e o riacho... o resto desaparecerá.

Felipe pulou e aguardou que eu pulasse também, mas eu só fiquei abraçada com a árvore tremendo.

Ele escalou a árvore novamente e se sentou.

–Disse que a bola de fogo ia atingir alguém...

Ele engoliu em seco.

–Seja direto: quem?

Nenhuma resposta.

–Felipe!

–Não o joguei lá, ok?

–Jogou quem?

–Ele quis te salvar...

Grunhi.

–Quem!?

Ele olhou para outro canto.

–Seu pai?

Soltei a árvore, mas antes que caísse no chão Felipe me segurou.

–Olha ele te empurrou e...

Desci e andei em direção ao lugar que ficava minha casa.

Nada, nenhum vestígio de existência... mas as coisas são assim, de repente tudo desaparece.

–Meu pai?

Felipe arregalou os olhos e me puxou para outro lado.

–Vamos embora.

–Quero vê-lo.

–Para quê? para se sentir culpada? por quê gosta tanto disso? de ver as coisas e se sentir mal, é masoquismo sabia?

–Eu tenho o direito de vê-lo. Falei seca.

–Julie, isso nós vemos depois.

–Agora!

Ele revirou os olhos.

Soltei meu braço.

Corri pelo enorme campo, nada, mas eu sabia que estava lá, eu sentia.

Lorriane correu ao meu encontro.

–Vamos, Julie.

–Eu vou ver o meu pai.

Ela me puxou, mas mesmo eu não querendo ser indelicada eu lhe dei uma rasteira e continuei correndo.

Mesmo não tendo ideia onde a única coisa que vinha a minha mente:

Corra, Julie, e não importa o quê aconteça continue correndo, mesmo que a morte lhe pareça a única saída, a paz, continue correndo.

E o pior era o fato de que eu não conseguia chorar, eu não acreditava, mas nunca acreditava.

–Julie, por favor, vamos embora. Felipe apareceu na minha frente e me empurrou.

–Eu não vou embora antes de encontra-lo, eu não vou morar com a Lorraine.

Ele não sabia o que falar.

Me esquivei dele e procurei em volta novamente.

Felipe apontou para o lago.

Me aproximei devagar.

Ele estava encostado na árvore.

–Por favor não chacoalhe este corpo. Felipe revirou os olhos.

–Mas ele nem se machucou. Examinei seu terno extremamente limpo.

Felipe deu de ombros.

–Morreu limpo.

–Minha casa virou uma praça. Revirei os olhos.

–Você podia morar comigo. Ele me puxou para perto de si.

–Er... não, obrigada. Revirei os olhos.

Ele riu.

–Ele vai acordar. Me ajoelhei do lado do meu pai.

–Podemos ver se a Laura o encontrou.

–Mas ele não se matou?

–Não exatamente, afinal foi por você.

Abri a boca para falar algo.

–Se você falar que foi por sua culpa eu vou ficar muito irritado. Ele quase gritou.

Foi tudo minha culpa. Pensei.

–Pai? papai?

Suspirei.

–Vamos. Felipe falou se aproximou de mim.

–Espere um instante...

Ele arregalou os olhos.

–São três explosões! eu preciso impedir as outras duas.

–Julie, não, vamos embora.

–Só se me deixar derrotar seu pai e...

–Ele está forte agora... Ele apontou sem jeito pro meu pai.

Suspirei.

–Eu não quero mais esperar, eu penso e nada da certo, talvez na hora eu encontre uma resposta...

–Uou, espera aí - Felipe me puxou - Ouviu isso? "Talvez".

Olhei pro chão.

–Vamos, seu pai está bem... sabe que aqui era mesmo uma praça?

–Sério?

Ele fez que sim.

–Seu pai e sua mãe se encontravam aqui.- Ele apontou para a árvore - Quando ela aceitou casar com ele, ele comprou a praça e construiu a casa.

Arregalei os olhos.

–Verdade?

–Sim, veja só, ele acabou onde a história começou.

Suspirei.

Abracei o corpo frio dele.

–Obrigada.

–Vamos agora?

–Antes as outras explosões.

Felipe riu.

–Não agora, cara Julie, meu pai espera belos eventos acontecerem para atacar, pense assim: qual é o próximo grande evento que tem ou terá relação com você?

–Não sei...

–Pense um pouco...

Senti finalmente as lágrimas chegarem, com o amargo gosto de pânico e dor.

–Afinal... ele nunca iria ser completo com a Lorraine. Felipe deu de ombros.

–Não deveria ter deixado... mesmo assim.

–Eu sinto muito... mas você iria morrer também... era uma brincadeira da Mariana, observe. Felipe olhou para meu dedo que não havia nem marca de um furo, mas aos poucos voltou a se abrir.

Observei.

–Eu sinto muito mesmo. Ele me abraçou.


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