O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 75
Emboscada




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–Não tenho mais nada a perder, vou perder minha família, o Mike, meus amigos e minha vida, mas pelo menos salvarei a sua. Falei revirando os olhos.

–Para que eu continue matando pessoas?

Fiz que sim.

–Tem um jeito mais racional, pedir um pouco de energia para meus irmãos.

Pensei um pouco.

–Acha que vai funcionar?

Ele provavelmente concordou com a cabeça e depois de um tempo, depois de lembrar que eu estava de costas ele murmurou um sim.

–Vou atrás deles.

–Tem só um problema.

–Sim?

–Nenhum deles iria ajudar você sem querer sua alma em troca ou no caso da Mariana seus olhos.

Ri, mesmo sendo algo sério aquilo era completamente surreal.

–Todos menos... o João.

Engoli em seco.

–O João?!

–Sim... e tem mais, cuidado com as minhas irmãs, elas devem estar furiosas com você.

Revirei os olhos.

–Eu vou dar um jeito, não quero falar com o João.

–Pensava que havia o perdoado.

Sabe, acredito que a senhora não realmente se importe em como me sinto, sou mais uma entre tantas almas que carregam um pequeno fardo que em suas mentes parece algo incrivelmente grande, mas uma das coisas que menos gosto é de lembrar na hora que Felipe fala isso, afinal seria eu que tinha um amigo vilão ou ele que tinha uma amiga vilã? agora não sabia mais se deveria separar os seres entre bons e maus, mas o jeito que encaram o mundo.

–Sim, mas ainda assim não gosto de me aproximar dele.

Ele resmungou algo.

–Então quer dizer que uma hora você diz "Posso te ajudar?" e quando te digo para fazer algo você diz que não gosta de se aproximar dele? Ah, Julie, você consegue uma desculpa melhor.

Olhei pro chão.

–Tudo bem, eu vou falar com o João.

–Duvido, antes você vai tentar encontrar outra forma.

Dei de ombros.

–Volta logo.

Me levantei e corri para a porta.

Nada visível no corredor, mas isso não quer dizer que um dos irmãos dele não estão vagueando invisíveis por ai.

Mas e daí?

Corri até a escadaria.

Saí da cozinha sem chamar atenção, provavelmente as cozinheiras estão acostumadas com as inúmeras aparências que nem se enganam mais com o real.

–Mariana! Um irmão de Felipe gritou e logo notei que estava falando comigo.

Estava ela usando minha aparência?

–Está na hora do almoço.

Arregalei os olhos, como seria o almoço de uma família psicopata? ao levar em conta a cozinha provavelmente carne crua... sangue... ossos.

Um adorável prato de frango foi colocado na minha frente.

A mesa incrivelmente enorme acomodava todos os irmãos que talvez não comessem com o pai.

–Ups, errei, desculpe, Mariana. A cozinheira tirou o prato de minha frente e colocou o prato mais assustador da mesa (e o mais assustador que já vi) no lugar.

–Isso seria carne humana crua? Perguntei.

–Não, Mariana - A cozinheira revirou os olhos - Cozida.

Sorri fraco enquanto todos me encaravam.

Finalmente olhei para todas as carinhas de olhos cor de "sem alma".

–Como ficou com estes olhos verdes? Uma menina apontou quase enfiando o dedo nos meus olhos.

Senti o peso de seus olhares.

–Nunca ouviram falar de lente de contato?

–Onde arranjou lente de contato?

–Onde está o Felipe? Perguntei mudando de assunto.

Cochichos começaram ao redor da mesa.

–Deve estar com aquelas princesas, como sempre. Um menino falou revirando os olhos e voltando a comer.

Tentei entender as palavras soltas no ar.

–Ah sim... claro.

–Mariana, acaba logo com esta carne.

–Eu preciso buscar uma coisa. Falei apontando para todos os cantos.

A menina do meu lado me olhou curiosa, depois uma serie de cochichos e olhares foram detectados, logo uma serie de sorrisos famintos e olhares azuis se misturando com vermelho.

Fuja, Julie.

Foi isso que fiz, saí correndo.

Eles se separaram e me encurralaram.

–Ele vai ficar tão orgulhoso de nós.

–De mim, você quis dizer, afinal, fui eu que descobri.

–Parem! ouvi uma voz rouca dizer.

Ufa! Felipe.

–Vocês não podem mata-la.

Respirei agradecida.

–Eu vou.

Olhos vermelhos e risadas sádicas.

Felipe foi encolhendo até se transformar na menina mais tenebrosa que já conheci, Mariana.

–Afinal, ainda quero os olhos dela.

Pisquei repetidas vezes costumo fazer isso quando não acredito no que vejo.

–Mariana, você sempre se supera. A ruiva falou bagunçando os cabelos perfeitos da menina de 6 anos.

–Podemos fazer uma troca. Ela falou se aproximando de mim.

Este é o fim de Julie, a menina dos olhos verde esmeralda.

–Pode até ser, mas antes - O Destino-não-monstruoso-com-aparência-de-um-pai-perfeito se aproximou e me encarou - Vamos acabar com isso.

Todos começaram a se transformar e eu fechei os olhos para não ver a cena que mais sinto medo.

~~//~~

As correntes de ferro estavam totalmente apertadas e eu não conseguia me mexer.

–Ah, Mariana, não deixe de contar o que aconteceu com seu querido ex-irmão. O Destino falou depois de retornar a sua forma "humana".

Mariana riu.

Ex-irmão, não, espera um pouco...

–A gente matou. Ela falou piscando e sorrindo me fazendo pensar que sua cara meiga não pertencia ao seu comentário.

Disfarcei a cara preocupada.

–Duvido.

Ela me encarou surpresa, ou não?

–Duvida de mim?

Fiz que sim.

–Vocês são como uma parede de barco, se houver um furo a água entra e vocês todos morrem afogados.

Não sei o que fez Mariana começar a tremer e me encarar com medo.

Eu assustei o demônio que me assusta?

–Tem medo de alguma palavra? perguntei com real pena do estado que ela ficou.

Mas antes que ela respondesse sacudiu a cabeça de forma a mandar para longe pensamentos que a perturbam e tentou voltar aos olhos vermelhos, mas por estranho que pareça não conseguia.

O Destino me olhou com um olhar severo.


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