O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 67
Uma explosão de realidade




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Sabe, conto-lhe essa história pessoalmente, sei que já ouviu várias e que deve até estar cansada de perder seu tempo, a morte dos outros não lhe deve ser novidade, mas acontece, cara amiga, que este depoimento que lhe faço tem muita importância para mim e o mais fascinante é que quando conto para você em especial sinto tudo que senti antes, e agora que sei o final da história vejo que tudo que fiz me dá um orgulho enorme só sinto um extremo arrepio ao pensar em quantas mortes foram necessárias para... eu e minha velha mania de apressar as coisas.

Entrei no castelo pensativa, já sabia o que tinha que fazer, mas como?

–Julie! Letícia falou assim que me viu.

–Lê!

–O que pretende fazer?

–Pretendo salvar pessoas.

–Como?

–É nisso que eu estava pensando.

–Quer ajuda?

Dei de ombros.

–Sim! - falei depois de poucos segundos - vou precisar da sua ajuda.

Ela sorriu.

–E eu... comecei.

–Não -ela fez um sinal para que eu parasse de falar- sei que está namorando o Mike, mas eu não gosto mais dele -ela sorriu e o que me assusta é que ela falava a verdade, como pode ela parar de gostar de alguém num só dia?- Como vou gostar de um mortal de bochechas rosadas se neste castelo tem um bando de lindos quase azuis?

Revirei os olhos e ri com ela.

–Vamos, precisamos chegar nos registros do Destino.

–Por quê?

–Antes de uma atitude eu preciso pesquisar.

Ela concordou.

Tive um estalo.

–Droga.

–Que foi?

–Eu não posso andar pelo corredor sozinha.

Ela pensou um pouco.

–Chama o - suspiro e eu revirando os olhos - Felipe.

–Ele está bravo comigo. Falei quase revirando os olhos.

–Então chama aquele irmão dele.

–Letícia, imagino o que a Lorraine vai achar disso. Brinquei.

Ela fez uma careta.

–Já sei! exclamei.

Ela abriu um sorriso esperançoso.

–Vamos no meio da noite quando estiver silencioso, assustador, suspeito e perigoso. Falei determinada.

Ela me encarou de queixo caído.

–Por quê imitar os filmes é tudo. Falei piscando.

Ela riu.

–Sério, quando vamos?

–A noite. Respondi séria.

Ela desconfiou por um instante.

–E eu pensava que era mais louca que você.

–Tem só mais uma coisa.

Ela me encarou com atenção.

–Ninguém pode saber.

–Ninguém?

–Ninguém.

Ela mordeu os lábios e depois concordou de leve.

–Vamos voltar para a cela? ela perguntou querendo que a resposta fosse não.

–Não podemos, quero que ele continue pensando que estou em outra dimensão. respondi olhando as celas ao meu redor.

Ela concordou de leve.

–Vamos ficar... ali. Falei apontando para uma porta que ficava próxima das escadas sendo que assim poderíamos subi-las rapidamente sem passar pelo corredor.

Entramos e sentamos.

–Estou tão cansada. Letícia falou espreguiçando-se.

–Sinto que essa é a última vez que venho para o castelo.

–Por que? você irá destrui-lo ou ele lhe destruirá? ela perguntou.

–Uma das duas opções.

Passou-se um tempo de silêncio até que me virei e vi Letícia dormindo tranquilamente.

Ajeitei-me para ficar mais nas sombras.

Ouvi passos pelo corredor.

Eles estavam se aproximando...

Letícia começou a tremer.

A respiração baixa do transitante do corredor já era ouvida.

Não sabia para quê olhar, a porta ou Letícia.

–Letícia? Perguntei me aproximando dela.

Ela começou a gritar.

–Não, não. Falei procurando algo que a acalmasse.

O que encontraria em uma cela deserta?

–Acorda, Lê. Falei sacudindo-a.

Ela abriu os olhos desesperada.

Fiz um sinal para que ela ficasse quieta, mas era tarde demais, provavelmente ela fora ouvida.

Nos aproximamos de um canto mais profundo de sombras.

Mesmo de noite a pequena janela com grades deixava a luz da lua iluminando o resto da cela.

–Julie... Letícia falou ofegante.

A encarei apreensiva.

–Eu estou com medo. ela falou baixo.

A abracei, mas acredito que não serviu de nada, eu também estava com medo.

Os passos se aproximavam lentamente.

Uma porta se abriu, provavelmente a porta vizinha.

A cada ruído no arrastávamos mais para perto da parede.

–Calma. ouvi algo da janela.

Laura estava do lado de fora espiando pela janela, sua luz invadia a cela igual à luz da lua.

Ela fez um sinal para que ficássemos quietas e sumiu.

Ouvimos abrirem a porta vizinha da nossa.

Segurei o fôlego e fechei os olhos, nada vinha à mente.

Silêncio.

nenhum ruído.

Melhor, se prestar atenção, passos distantes.

Comemorei na mente enquanto Letícia continuava agarrada ao meu braço, gelada.

Gelada, pessoas geladas.

Igual a Laura.

Um súbito pânico.

Mas Letícia respirava novamente e isso já me acalmou.

–Por favor, Letícia, o que aconteceu? perguntei acariciando seus cabelos.

–Julie, vamos voltar. Ela falou entre uma respiração pesada e outra.

–O que aconteceu? Perguntei.

Ela não respondeu, ficou somente encarando a parede tremendo.

Agarrei seu braço.

–Letícia! o que aconteceu? perguntei preocupada.

–Uma explosão! ela gritou.

–Aonde? perguntei a ponto de chacoalhar Letícia.

Revirei os olhos diante de seu silêncio.

–Letícia, por favor, por favor, responde. Insisti.

–Nossa casa. Ela respondeu devagar.

–Como? não sabia o que falar.

–Nossa casa... nossa família...

–Tem certeza? perguntei segurando sua mão com força.

Ela concordou hesitante com a cabeça.

–Eu não posso voltar, o Destino vai me seguir. Falei olhando pro teto.

–Precisamos voltar. Ela insistiu.

Pensei um pouco.

–Não está preocupada? Ela perguntou me encarando de queixo caído.

Não respondi, não posso responder enquanto penso.

–Não está me ouvindo! Você não se importa com a sua família! Ela gritou.

A encarei assustada.

–Cala a boca, Letícia, preciso pensar. Falei irritada.

Ela me encarou assustada.

–Não, desculpa, eu não... Falei tentando alcança-la enquanto ela se afastava de mim.

–Eu não sei você, mas mesmo com toda a liberdade que temos, eu prefiro estar com minha mãe.

–Não quis dizer isso, nem passou por minha cabeça. Falei tentando me aproximar dela.

–Eu quero voltar para a casa. Ela falou me encarando com raiva.

Revirei os olhos.

–Por favor, Letícia, acredite em mim.

–Me leve para casa!

Realmente não sabia mais controlar minha raiva.

–Letícia, me ouça, ouça bem, eu amo meu pai, eu amo todos que moram lá em casa, por este motivo não posso voltar. Falei segurando-me para não gritar.

Ela concordou de leve.

–Tudo bem, tudo bem -ela respirou fundo sua irritação ainda estava no seu tom de voz- mas me leve de volta.

Pensei um pouco.

–Acho melhor você e o Mike voltarem, você corre perigo e eu me distraio com o Mike - falei rindo.

Ela concordou.

–Eu vou falar com o Mike antes de irem. Falei sorrindo.

Ela fez uma careta.

–Então vamos. Ela falou tentando parecer empolgada, mas no fundo de seus olhos eram vistos puro pavor.


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