O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 61
Listas




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Você já tentou atravessar uma parede? pelo menos no estado físico que eu me encontrava não era possível, mas te garanto, eu tentei.

Encostei-me o quanto podia na parede, ele apoiou os dois braços encurralando-me entre eles.

Suspirei, aquilo não estava acontecendo, mas lembrei de minha promessa "Quando algo estranho começa temos que acreditar em tudo".

–Cara, eu meio que te salvei. Protestei.

Ele riu e aproximou-se mais de mim deixando apenas alguns centímetros de distância entre nós.

Tentei empurra-lo, impossível, talvez por que um de meus braços estavam inúteis ou porque ele é realmente uma pedra.

Já sentia seu hálito, frio, como de qualquer morto que tem hálito, mas o dele era completamente agonizante.

Pensa Julie, pensa.

E, rapidamente me abaixei por baixo de suas mãos, não foi um movimento rápido o suficiente então ele conseguiu segurar meu braço defeituoso.

Ele riu.

–Quase. Ele falou entre uma risada e outra.

Revirei os olhos.

–Imagino o quanto de respeito terei quando contar para o Felipe o que fiz com a nossa futura fonte de energia.

–Você é tão maduro que me enjoa.

–Vai ver, não é tão ruim assim.

Ele levantou meu braço fazendo-me ficar à sua altura

E por um momento eu criei minha lista de eterno ódio.

Uma pequena lista:

*Ódio de conhecer Felipe

*Ódio de salvar João

*Ódio de tentar enfrentar o Destino e os filhos problemáticos que eu ódio dele

*Ódio da editora que fabricou os livros

*Ódio das histórias

*Ódio de sacrificar e por a vida de meus amigos em risco

*Ódio de sentir ódio

Mas, depois que Felipe entrou e chutou João de um jeito que o fez bater na parede oposta eu deletei alguns itens da lista.

–Felipe! Falei feliz

–Hey Julie!

Suspirei aliviada.

–Agora eu sou o herói.

Revirei os olhos.

–Não exagera.

Ele olhou pro meu braço.

–Eu... sinto muito...

–Sua família é mesmo psicopata. - Falei rindo. –Por que voltou?

Ele riu.

–Por que ele não vai ser o primeiro. e minha familia pode ter problemas só com você.

Arregalei os olhos.

–Brincadeira.

Revirei os olhos e começo a pensar em como reviro os olhos o tempo inteiro.

–O que vai fazer com João? perguntei.

–Vou leva-lo de volta pro castelo. Ele respondeu olhando para um menino nocauteado na parede.

–Mike! quase gritei.

Felipe revirou os olhos.

–Eu preciso encontra-lo.

–Sabe, não acho que João tenha feito um mau trabalho.

–Felipe. Falei fazendo um gesto para que ele ficasse quieto.

Corri até a porta.

–Mike! gritei.

Nenhuma resposta.

A parte de internação já estava fechada.

Corri até outro corredor procurando-o.

Fui andando até ver aquelas cenas horríveis que nunca acreditamos que veremos.

–Mike? perguntei.

Ele estava em volta de uma pequena poça de sangue.

Seu corpo estava ferido e ele sangrava muito.

–Não, não! falei me ajoelhando do seu lado.

Ele abriu os olhos.

–Estou bem.

Revirei os olhos, sim, vou continuar fazendo isso.

–Não está, está totalmente ferido.

–Julie - ele fez um sinal para que eu parasse. - não precisa drama.

Suspirei.

–Vamos chamar um médico, vamos...

–Não, eu já disse que estou bem. Ele insistiu.

–Ok senhor estou bem, se não me deixar leva-lo até um médico vai morrer ai e eu não vou nem me importar.

–Sério mesmo? ele perguntou sorrindo.

Ri.

–Você sabe que se eu responder não será mais uma ameaça.

Ele me encarou e por uma metade de segundo pensei que ele falaria "Eu te falei", mas ele só continuou encostado na parede.

–Acho que você finalmente não tem palavras para falar.- Ele falou olhando pro teto. -Ele já conseguiu resgatar o Destino?

–Oh...- falei olhando pro chão - não sei.

Imagino que com o impacto ele quebrou o vidro que caiu em cima dele.

–Não estou sentindo dor - ele falou como se precisasse ler meus pensamentos para saber que estava preocupada - Mas... e o seu braço o que é isso?

–Não é nada. falei rapidamente escondendo o braço atrás das costas.

Ele voltou a encarar o teto e eu resolvi fazer o mesmo.

–Sabe o que é o engraçado de estar com você? ele perguntou.

Sorri.

–Eu estou sangrando em cacos de vidro, mas nem sinto dor. Ele falou rindo como se aquilo fosse ridículo.

–E eu acabo esquecendo que o Destino quer me matar.

Ele riu.

–E nos dois acabamos...

–Idiotas. interrompi rindo.

–É... idiotas. Ele sorriu.

–Nas melhores e piores horas.

–Com toda a certeza.

–E ai algo acontece e voltamos para a droga do mundo que vivemos.

–Ou. Mike apontou para Felipe parado no corredor.

–Então... casalzinho perfeito...

–Felipe não tem nada a ver.

Ele revirou os olhos.

–Eu te salvei, não tenho chances?

levantei-me.

–Felipe, você não precisaria me salvar se sua família não tivesse cheia de psicopatas e você soltou seu pai, como podemos fazer algo se alguém atrapalha o que fazemos?

–Vamos por sua teoria em prática, Ju, pra mim, o correto é salvar minha família, isso não parece uma coisa boa? pro meu lado é bom e você que aprisiona meu pai em outro universo, nos meu lado você é a vilã.

–Faz sentido. Falei dando de ombros.

–Mas, eu não o soltei.

–Não?

–Não.

–Oh...

–Julie, eu gosto de você, acha mesmo que eu iria soltar um cara que quer te matar?

Dei de ombros.

–Desculpe. Sussurrei.

–Tudo bem. ele falou provavelmente chateado.

–E depois fala de mim. Mike falou revirando os olhos.

Felipe fez uma careta.

Revirei os olhos.

–Falem antes que eu fique muito brava, qual o problema que vocês tem um com o outro?

Os dois olharam para o chão.

–Ok, er... Felipe, sobre o Destino...

–Ele já está solto. ele respondeu rapidamente.

–Mas quem...

–João desapareceu um pouco depois que você foi embora e depois de um tempo recebi a noticia.

Resmunguei algo que acho que não deve ser falado em civilização e meu pai não gostaria de saber que eu falei.

–Ju, posso leva-la para o castelo, eu tenho um plano Felipe falou empolgado.

–Certo... então - ajudei Mike a levantar - melhor levarmos Mike para o medico e...

–Nossa ele está sangrando muito, não foi só o impacto. Felipe respondeu.

–Gente. Mike falou.

–Pode chamar o medico?

–Mesmo que seja contra tudo o que jurei a mim mesmo eu vou ajudar o amigo da minha futura namorada - encarei ele com olhar de "nem sonha" e ele riu - Por que eu sei que ele faria isso por mim.

–"Ele", eu estou aqui, e não eu não faria isso por você. Mike respondeu revirando os olhos.

Felipe deu de ombros.

–Eu não preciso mesmo.

–E a Julie nunca vai ser sua namorada.

–Oie, eu estou aqui! falei sacudindo o braço de Mike.

–Eu vou chamar o medico, depois vamos para o castelo, ok?

Concordei.

–Eu não vou ficar aqui. Mike insistiu.

–Ah, você vai ficar aqui sim - falei puxando o braço dele e sussurrei - ou quer que chame sua mãe?

Ele arregalou os olhos.

–Tá bem, eu vou.

Felipe saiu correndo.

–Não queria deixar você com ele, eu não confio nele. Mike falou depois que Felipe já não estava mais à vista.

–O quão besta você é? -perguntei enquanto andávamos- não é como se eu gostasse dele e...

–E você quase ficou com ele... é.. isso mesmo! ele falou gesticulando como se aquilo fosse uma coisa super perturbadora e provavelmente era.

–Nossa você superou o ataque de ciúmes que teve da outra vez.

–É que você vai estar sozinha e...

Fiz um sinal para que ele ficasse quieto.

–1o eu não vou estar sozinha goste ou não Felipe vai estar lá 2o eu não sou uma princesinha que não sabe se defender - suspirei - não vou deixar que aconteça o mesmo que aconteceu com a Laura com você.

Ele me encarou.

–Não quero perder outro amigo.

Ele continuou me encarando.

–Amigo não, melhor amigo, lindo e perfeitinho. Ri enquanto bagunçava o cabelo dele.

–Boa descrição. Ele falou rindo.

–Obrigada. Falei enquanto ascendia a luz do quarto de João.

Ajudei-o a sentar na maca.

O medico entrou.

–Como entraram aqui? foi a primeira pergunta direcionada a nos.

–Viemos faz uma visita. Falei apoiando-me na maca.

–E como o menino está neste estado? o doutor perguntou.

–Er... ele teve um acidente.

–Isso dá para notar. O medico falou revirando os olhos.

–Cara, só salva a vida dele logo. Felipe falou revirando os olhos.

O medico resmungou um pouco e depois pediu para que saíssemos.

–Eu volto para te buscar. Falei me afastando.

–Hey!

Ri, corri de volta e o abracei.

–Toma cuidado.

Revirei os olhos.

Acho que deveria falar algo antes de Felipe me puxar para fora da sala, mas fiquei refletindo tanto nas palavras que se encaixavam que não falei mais nada.


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