O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 47
Aquele foi o fim?




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Sussuros...

O Destino...

Como?

Pensava que já havia acabado com o Destino...

Não! Não é o Destino!...

será?

Como ele sobreviveu as outras dimensões?

Acordo atordoada, não fazia nem três dias que havíamos expulsado o Destino da terra. Era só um sonho? Não, não acredito que sonhos não tenham significados.

–Julie? Lorraine abre a porta do meu quarto preocupada.

–Foi só um pesadelo... estou bem... falei levantando-me.

–Posso falar com você por um instante? Ela perguntou.

“Posso falar com você” nenhuma frase pode causar tantas mudanças em nossas vidas.

Sentei-me novamente.

–Sei que não gosta de mim. Ela falou sentando-se. Evitei seus olhos. -Mas seu pai me pediu em casamento há alguns dias e eu aceitei e a partir de agora vou morar aqui com vocês. -Ela falou olhado em meus olhos tentando extrair algum segredo enquanto eu evitava olhar para qualquer coisa, depois esperou alguma resposta de minha parte, nenhuma.- Sei que é contra isso, mas acho que poderia parar com drama, não vou tentar substituir a sua mãe, mas acho que você não deveria sentir-se a única que passa por isso, sabe muito bem que existem milhões de crianças assim, só acho que... você tem que admitir os fatos... sua mãe está morta.

Levantei a cabeça e encarei com raiva Lorraine.

–Está certa, e está também poupando muito esforço, se ele quer ficar com você é problema dele, ele não me contou sobre isso, quer dizer que não quer que eu me intrometa, não vou, mas não se intrometa na minha vida, e mais uma coisa: você não sabe o que sinto e não pode tomar decisões por mim. Falei levantando-me e batendo a porta deixando-a sozinha.

A campainha tocou.

Resmunguei e corri até a porta abrindo-a e dando de cara com uma menina e um menino de 15, provavelmente gêmeos mesmo não parecendo nada um com o outro além dos olhos incrivelmente azuis que me causavam enjoo. Revirei os olhos.

–Podemos entrar? Perguntou a menina. Olhei desconfiada.

–Somos os filhos da Lorraine. Ela falou causando-me ódio.

Encostei-me na porta parando de bloquear a passagem e eles entraram correndo.

Fechei a porta com o máximo de barulho possível para que Lorraine soubesse que eles haviam chegado e saísse correndo para abraça-los.

–Julie, estes são meus filhos, Letícia e Henrique.

Quis responder um “Bom para você”, mas meu pai desceu as escadas silenciosamente e me encarou.

–É um enorme prazer conhecer-lhes. Falei entre dentes.

–O prazer é nosso. Eles falaram com naturalidade.

–Mas agora preciso me aprontar para ir a escola. Falei subindo e ignorando meu pai.

Troquei de roupa o mais rápido que pude, lavei o rosto, arrumei meu material e peguei uma barrinha de cereal. Saí correndo de casa, não estava atrasada, mas o último lugar que queria estar agora era em casa.

Entrei na escola do jeito menos chamativo possível (como de costume) andando pelos corredores mais desertos. Quando finalmente cheguei à minha sala me deparei com a diretora da escola.

–Olá, Julie. Ela falou olhando com pena para mim. Olhei para cima e encontrei seus olhos, ainda estava com raiva dela por nos culpar de matar Laura, virei-me sem responder e entrei na sala.

Tenho um problema, sempre que estou em um lugar cheio de pessoas minha visão embaça e não vejo nada além de borrões. Andei apressada para minha carteira.

–Bom dia! Falou a Diretora entrando na sala e olhando para Mike e eu, já que sentamos perto enquanto Felipe senta do outro lado da sala. Os alunos responderam algo parecido com “oi” e fizeram um silêncio melancólico.

–Eu vim aqui para duas coisas. - A diretora começou – Queria pedir desculpas a Julie e Mike. – Ela nos olhou sorrindo enquanto nos a encarávamos sem o mínimo interesse. – Aquele corpo não era verdadeiro e eu realmente vou me sentir mal até vocês me desculparem. –Assentimos com a cabeça enquanto nossos colegas nos observavam – O funeral será as 18 horas, amanhã. Suspirei. -Obrigada, tenham uma boa aula. Ela falou indo em direção a porta e novamente com um olhar triste nos encarou.

–Você vai ao funeral? Mike perguntou.

Assenti. Depois de duas aulas cansativas chegou o intervalo.

–Então não vai contar por que está assim? Perguntou Felipe.

–É que soube hoje que meu pai está noivo. Falei chutando uma pedra.

–Qual o problema disso? Minha madrasta é muito legal. Falou Felipe.

–É que ele não me contou que iria se casar. Falei ainda olhando para o chão.

Sabrina, uma amiga de classe, veio correndo em minha direção.

–Julie, vem comigo. Ela falou puxando meu braço.

Saímos correndo em direção à biblioteca.

–O que foi? Perguntei enquanto ela abria a porta.

Não foi necessário nenhuma resposta...

“Você acha que acabou, Julie?” escrito em letras verdes e amedrontadoras no teto.

Uma gotinha da tinta caiu sobre meu nariz.

–Tinta fresca. Murmurei.

–Sabe quem foi? Sabrina perguntou curiosa.

–Não faço ideia. Falei olhando para a tinta pegajosa que agora escorria.

Menti, não por que não confiasse na Sabrina, talvez só não quisesse aceitar, eu tenho total certeza: Eu mandei o Destino para outra dimensão.

Tentei imaginar como descobriria quem fez aquilo, quem é o enviado do Destino, ou pelo menos saber, ter alguma pista do Destino, se ele está “vivo” ou não.

–Obrigada. Falei indo embora.

–Er... Julie... eu podia lanchar com você hoje? Ela perguntou.

A encarei um pouco, nunca pensei que alguém sairia de perto da Amanda para lanchar comigo, não que todos tivessem uma visão ruim de mim, mas “Andar com a Amanda é tão legal!”.

–Claro, mas... resolvi não perguntar quando vi um olhar triste em seu rosto.

Andamos até a cantina e sentamos na mesa em que Mike e Felipe estavam esperando por nos.


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