Lembro quando eu era pequena, quando minha mãe estava comigo, quando meus problemas podiam ser resolvidos como nos livros, me pergunto se tomei as decisões certas, realmente me sinto perdida, totalmente. Enquanto Mike ficava falando (não me lembro do que ele estava falando) eu ficava pensando na minha mãe e quando eu era pequena, senti uma imensa saudade.

–Julie? Perguntou.

Novamente levantei a cabeça e o fitei.

–Você não está me ouvindo, está? Perguntou.

Balancei a cabeça negativamente.

–Você quer dar uma volta? Perguntou levantando.

Balancei positivamente a cabeça, uma volta me faria bem.

Levantei e fomos passear pela escola, era uma escola grande, tinham vários lugares diferentes para passear, quando eu era mais nova eu e o Mike sempre passeávamos, era legal por que esvaziava a mente por um tempo.

–Então? Começou o Mike.

–O quê? Perguntei.

–O que você fez com a Amanda? Perguntou curioso.

Eu comecei a rir.

–Eu a chutei. Falei rindo.

–Nada que ela não merecesse. Falou Mike rindo também.

Nós dois rimos bastante.

–Mas, foi um chute bom? Insistiu na pergunta.

–Não. Respondi enquanto observava as paisagens da escola.

Andamos pela escola até Laura nós encontrar e vir falar conosco.

–Oi gente, quando entrei vi a Amanda e as outras na secretaria, por quê? Perguntou Laura como se soubesse que era minha culpa.

–Bem... Comecei.

Não pude continuar, a secretária pediu para eu ir falar com ela.

–Me meti em encrenca. Resumi.

–Grande novidade. Laura cruzou os braços, revirou os olhos e riu.

–Quer que vamos com você? Perguntaram Mike e Laura.

–Não, eu consigo, consigo explicar que dei um chute na Amanda por causa de um livro. Falei cinicamente.

Andei para a secretaria um pouco assustada, nunca havia ido para lá a não ser se o motivo fosse para ir embora mais cedo.

–Entre. Falou a secretária me olhando com raiva.

Entrei em uma sala que havia várias cadeiras, para Amanda e as amiguinhas dela, me senti muito fraca perto de oito meninas e uma secretária me encarando.

–Então... Começou a Secretária.

Antes que ela acabasse a frase comecei a imaginar um tribunal, desses que vemos em filmes e lemos nos livros. Pensei como os personagens sabiam os argumentos e tentei ser um.

A secretária-juiz me acusava de ter dado um chute na princesa da bobolândia, eu não podia negar.

–Então, é verdade? Perguntou a secretária.

–Sim. Afirmei.

Vi Amanda com o livro do Destino.

–Mas, -continuei- eu a chutei por que ela estava me provocando e roubou meu livro ontem.

–Isso é verdade? Perguntou a Secretária-juiz.

–Não. Negou a princesa.

–Claro que é! Falei quase levantando-me, mas com o olhar da meritíssima voltei a sentar .

–Mesmo que fosse, Juliette, não lhe dá direito de dar um chute na princesa. Falou a meritíssima querendo que tudo fosse justo.

–Mas o livro é meu e eu tenho direito de recebê-lo de volta. Insisti.

–Mentira, o livro é meu. Insistiu a Princesa.

–De quem é o livro? Perguntou a Juiz.

–Meu. Gritamos juntas.

–Testemunhas? Perguntou a Juiz.

–Todos os que estão na sala. Falou a princesa olhando para os súditos que a aplaudiam.

–E você, Juliette? Alguma testemunha? Perguntou a Juiz.

–Meus dois amigos. Respondi.

–Neste caso, se uma não quer falar a verdade, nenhuma ficará com o livro. Falou a secretária pegando o livro das mãos da princesa e guardando em um cofre.

A princesa e Juliette lamentaram a derrota.

Fui embora do tribunal, a aula de matemática já havia começado. Fiquei mais aliviada por que, sem o livro Amanda não poderia escrever mais, só tinha que me preocupar com o que já estava escrito.

–Peguem seus livros de matemática e comecem, do exercício 2 até o 10. O professor falou sem ânimo.

Peguei meu livro (o livro do destino só havia enviado os outros livros para casa). Eu conseguia fazer os exercícios, mas algo me preocupava, sentia que o coração que Amanda tinha desenhado no livro estava próximo, como será que eu reagiria? Será que todos entenderiam? Será que Mike entenderia?