The One I Love


Your hope is deeper than pain


Quando já não agüentava mais, o músico lançou um olhar desesperado para Teh, que imediatamente entendeu.
Ela apertou a mão de Yoshiki, e falando mais alto que Toshi, o interrompeu.

- Já chega, Toshi. - Disse a moça, friamente. - Vá embora daqui.
- A casa não é sua, você não tem direito nenhum de falar isso. - Respondeu, irritado.
- Você refere-se ao Yoshiki como um amigo, mas nem consegue notar quando ele não agüenta mais escutar as besteiras que você diz! A única pessoa que não tem direito a nada aqui é você.
- Como você se atreve a... - E foi interrompido pelo alto tom de voz da moça.
- Você não é ninguém aqui dentro! Você não tem direito á nada! O único motivo por você ter vindo aqui é a sua carreira, que está indo por água a baixo! Você veio até aqui para conseguir o perdão do Yoshiki, e talvez conseguir algum trabalho após isso! Mas só o que o que você conseguiu foi machucar quem você chama de amigo e, conseqüentemente, aumentar o desprezo que eu sinto por você! - Disse a moça, se levantando, cheia de raiva.

Toshi, tomado por ódio das palavras da moça, levantou-se e fez menção de dar um tapa no rosto dela.
Porém, Yoshiki foi mais rápido, e agarrou o pulso de Toshi no ar.
Os olhos do baterista estavam vermelhos, cheios de lágrimas, mas continham um ódio inimaginável.

- Onde você estava quando eu precisei? - Começou Yoshiki, em baixo tom voz, segurando o pulso de Toshi com força. - Onde estava aquele que se diz meu amigo quando eu estava sofrendo? Onde estava você, Toshi, quando eu precisava de apoio, quando eu precisava conversar sobre aquilo que me fazia sofrer? - Yoshiki agora apertava o pulso do cantor, de modo a fazê-lo ficar vermelho.
- Yoshiki, eu...
- Você nunca esteve aqui. - Interrompeu-o Yoshiki. - Nunca levante a mão contra a pessoa que substituiu o lugar que ficou em branco quando eu apaguei você da minha vida. - Yoshiki dizia, com notável ódio em sua voz. - E o mais importante: nunca tente agredir aquela que eu amo. - E empurrou-o em direção a porta com tamanha força que fez com que Toshi caísse.

- Saia daqui. - Disse Yoshiki, virando as costas para ele, deixando que as lágrimas corressem livremente por seu rosto.
Toshi saiu sem pronunciar palavra. Ao mesmo tempo em que sentia ódio, sentia-se inexplicavelmente triste.
- Yoshiki... - Teh mostrava-se espantada com a repentina reação do músico. E mais ainda por ter escutado as últimas palavras. "Aquela que eu amo". As palavras de Yoshiki ressoaram várias vezes na mente da moça, até que ela pudesse acreditar que realmente fora aquilo que ouvira.

Yoshiki apenas olhou para Teh com um sorriso, e sentou-se no sofá, chorando.
Teh sentou-se ao lado dele, e o abraçou forte, acariciando os seus cabelos gentilmente.
O homem retribuiu o abraço, e chorou, tendo suas lágrimas secas pelas mãos quentes da moça.

Não sei como você consegue me trazer tanto conforto... Ele pensou, enquanto chorava.
Eu vou estar sempre aqui para você, meu amor... A moça pensou simultaneamente, amparando a cabeça do pianista a se apoiar em seu ombro.

"Te amo..." Os dois pensaram ao mesmo tempo, enquanto seguravam as mãos um do outro.


I\'ll be your love
I\'ll be your light
I\'ll never make you feel
Feel alone
If yesterday blindfolds your eyes
I\'ll bring you tomorrow


Depois de alguns minutos, Teh fez com que Yoshiki se deitasse em seu colo, e continuou acariciando os cabelos do músico gentilmente.
Trocaram alguns olhares, poucos sorrisos e nenhuma palavra. Ficaram quase uma hora em silêncio.
Teh continuava a enxugar toda e qualquer lágrima que ainda escorresse dos olhos do homem.

- O que eu posso fazer pra te fazer parar de sofrer? - Perguntou a moça, em baixo tom de voz, enquanto suavemente acariciava o rosto do pianista.
Ele não disse nada, apenas ergueu seu braço e, gentilmente, passou sua mão na face da outra, com um sorriso nos lábios.
O músico sentou-se e puxou Teh para um carinhoso abraço.

*

Depois de alguns dias, Yoshiki parecia estar melhor.
Voltou a se divertir mais ao lado da ‘namorada\' sem, contudo, sair da casa.
Cada dia tentavam fazer algo diferente: um dia eram jogos; outro, eram filmes; no outro, faziam bagunça na cozinha.

*

- Tanjoubi omedetou, Yoshiki-san! - Disse a moça certo dia, ao chegar na casa do músico com uma torta de chocolate imensa.
- Arigatou, Teh-chan! - Respondeu ele, abraçando a moça, após tirar a torta das mãos dela.
- Parabéns, meu amor! - Disse ela ao ouvido do músico, apertando o abraço.

Os dois se separaram, e um olhou nos olhos do outro, sorrindo.
Beijaram-se profundamente, até que lhes faltasse ar. Era um beijo carinhoso, que expressava profundamente um amor recíproco.
Quando se separaram, Teh deitou sua cabeça no ombro dele do pianista e o abraçou forte.
Yoshiki envolveu a cintura da moça e a puxou para mais perto de si.

- Bem, vamos comer a torta? - Começou a moça alguns segundos depois.
- Hai! - Sorriu, pegando a mão da moça e levando-a para a cozinha.
- Yoshiki! A torta ficou na sala! - Riu, voltando para pegar o alimento esquecido, enfim levando-o para a cozinha.
- Meu Deus! Olha o tamanho disso! - Exclamou o músico, ao ver o tamanho da torta que a moça havia levado.
- Ah, sobra mais! - Respondeu Teh, rindo a reação exagerada do homem.
- Quem você acha que vai comer isso tudo? - Perguntou, irônico.
- Eu e... você?! - Brincou, enquanto cortava um pedaço e colocava em um prato. - Toma.
- Obrigada... - Ele agradeceu, com um sorriso.

Comeram e logo depois de guardarem o que sobrou -o que foi bastante coisa-, foram para a sala.
Sentaram no sofá, e conversaram cada um sobre o seu dia.
Teh contou como foram as coisas na gravadora, e como os funcionários sentiam a falta do músico.
Yoshiki disse que ficou o tempo todo intercalando entre a televisão e o computador, e que já não chorava mais ao editar aquela música na qual estava trabalhando já há algum tempo.

Secretamente, após dizer isso para a moça, fez uma decisão.
Que só iria informá-la no dia seguinte.