Diorama Of Shining Hearts escrita por Return To Zero


Capítulo 1
Melodia


Notas iniciais do capítulo

"Eu escondi teu corpo debaixo da terra
Embora sabendo que isso era um pecado
Por dez anos, dias e noites, te observei crescer
Até você nao poder mais se esconder."



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Meu Kuzuryuu Izuna é o meu nome, mas as pessoas me chamam de Ryuu-chan.

Eu tenho 15 anos e estou no 1º colegial, legal não é?

Até pouco tempo atrás eu era o que vocês chamam de “uma colegial normal” . Ainda não sei bem se isso é bom ou ruim, mas, no final das contas, eu estou me esforçando!

Alias, se vocês soubessem o que aconteceu comigo, com certeza iriam rir e pensar que eu tirei essa historia de algum manga. Eu mesma pensei isso no começo, haha.

Mas bem, agora eu não posso mais fugir disso...

Tudo isso começou há... Uma semana atrás, mais ou menos.

Eu estava correndo com todas as minhas forças para não chegar atrasada no colegio. Era começo de março e as cerejeiras estavam florescendo ainda. Qualquer um ficaria distraido com as petalas que bailavam pelo ar.

De repente, eu ouvi um barulho estranho. E quando o barulho estranho se tornou mais proximo, algo atingiu minha cabeça com uma grande força, me derrubando no chão.

- Ai! – eu exclamei, massageando a cabeça. – Essa doeu!

- Ah, me desculpe! – respondeu a vozinha.

- Afinal, quem é você? – eu perguntei, curiosa.

A dona da vozinha – parecia uma garota – era um tanto estranha. Era pequenina, tinha os cabelos louros amarrados numa maria-chiquinha e usava um vestido preto bem armadinho com sapatinhos brancos. E o mais estranho, ela tinha um par de asinhas douradas que não paravam de bater.

- Meu nome é Melo...

- Ah, eu não tenho tempo pra isso! – me levantei e voltei a correr. – Eu vou chegar atrasada se não me apressar!

No começo, eu não liguei muito para aquela criaturinha mas, depois do almoço, durante a aula de Educação Fisica, eu comecei a pensar naquilo.

Eu estava escondida perto das árvores da quadra, rezando para que ninguém me achasse. Eu odiava Educação Fisica.

Aquela estranha, porém fofa, figura não me saia da cabeça! Como eu desejava ter ficado mais e conversado com ela.

Eu nem sabia o nome dela. E ela era tão bonitinha... Acho que ela não tinha caido na minha cabeça por acaso.

 - Espera aí... Ela disse o nome dela, não disse? – ponderei sozinha. – Era Melo... Alguma coisa...

- É Melody.

- Melody? Parece um nome estrangeiro...

- É melodia em ingl—

- AAAAAAH! – eu gritei, cobrindo minha boca imediatamente. – O que está fazendo aqui?

- Conversando com você, oras! – ela voou até bem proximo do meu rosto e me olhou nos olhos. – Me diga, você é Kuzuryuu Izuna, não é? Diga que sim!

Assenti com a cabeça.

- Ah, que bom que te achei! – ela rodopiou no ar. Parecia contente.

- Por que?

- Ia ser bem embaraçoso se eu caisse na cabeça errada, não é? – ela voou até o chão e se sentou.

- Mas... Quem é você?

- Melody.

- Isso eu já sei! Então... O que é você?

- Uma fada.

- Uma fada?

- É, uma fada. – ela repetiu, parecendo irritada. – Não notou pelas asas?

- Pode ser mais especifica?

- Como assim?

- Ah, não sei... Você poderia dizer que veio da Lua e que está procurando sua princesa. Ou que quer fazer um contrato comigo...

Na situação absurda em que eu me encontrava, todas essas historias faziam sentido para mim. Talvez até seriam verdadeiras.

- Primeiro, eu não venho da Lua. Segundo, contrato... Não é bem isso o que eu quero.

- Por favor, seja especifica!

A pequena fadinha bufou, impaciente. Oras, eu também estava impaciente com essa fada confusa e nem por isso estava bufando!

- Meu nome é Melody, sou a fada da Melodia. – respondeu ela, depois de uma pausa. – Eu estive te procurando, Kuzuryuu Izuna.

A explicação dela tornou tudo mais confuso. Fada da Melodia? Como assim?

- Por favor, abra suas mãos assim – ela juntou as mãos como se esperasse uma oferta. Assim que eu repeti seus movimentos, ela se sentou em minha mão. – Você é uma das guerreiras escolhidas, Kuzuryuu Izuna.

- Sou? – perguntei, visivelmente confusa.

- Nós estamos correndo perigo, Kuzuryuu-san! Você precisa nos ajudar! – a fadinha parecia cada vez mais preocupada. – E você, sendo uma Kuzuryuu, é uma parte importante nessa historia!

- Desculpe, mas eu realmente não estou te entendendo...

- A segurança das pessoas desse planeta corre perigo. Você precisa protegê-las, Kuzuryuu-san! – ela se levantou e pôs-se a voar novamente. – Se você não fizer alguma coisa agora, seu planeta será devastado e Ryuugenchi estará em perigo também.

Parecia que Melody estava falando sério mas, era absurdo demais para acreditar. O que diabos era Ryuugenchi?

- Agora você vai me dar um acessorio que vai me transformar em uma bela guerreira, não é? – perguntei, sorrindo. Ela assentiu, envergonhada. – Meu Deus...

Por sorte – ou não – o sinal bateu. Seria nossa última aula.

- Então era aqui que você estava!

- Sakura-chan! Que susto!

- O que você estava fazendo esse tempo todo?

- Ah... Eu estava... – eu poderia dizer que estava conhecendo melhor uma fadinha chamada Melody mas ela já tinha sumido. - ...Matando aula mesmo! Você sabe como eu odeio Educação Fisica.

- Você não tem jeito mesmo! Vamos logo ou vamos ficar para fora de novo.

Kiyomura Sakura é minha melhor amiga. Estudamos juntas desde o fundamental.

A primeira vista, Sakura parece aquela tipica garota riquinha. Bom, não que ela não seja rica mas, se ela usasse um uniforme comum todos a confundiriam com uma... Pessoa comum.

Sim, ela usa um uniforme diferente. Geralmente, nosso uniforme é o tipico uniforme de uma escola publica  de Toquio. Sakura usava um uniforme com padrão de escola particular. O mesmo para os outros alunos que tinham um pouco mais de dinheiro que nós.

Assim que a última aula acabou e eu cheguei em casa, larguei minha maleta num canto qualquer e me joguei na cama. Meus pais ainda estavam trabalhando e eu estava sozinha.

Não tinha feito nada de especial mas eu me sentia muito cansada. Quero dizer, a conversa com a fada e aquela coisa toda cansaria qualquer um. E cansaço mental é pior que cansaço fisico.

Foi nesse momento que eu comecei a repassar tudo o que aquela tal Melody havia me dito. Sobre ela ser uma fada, e sobre melodia, e sobre a segurança das pessoas, sobre Ryuugenchi... O que era um Ryuugenchi afinal?

Eu pensei tanto que acabei caindo no sono. Era quarta-feira, e eu já estava muito cansada. Mas eu realmente não queria que ter meu sono interrompido.

Algo entrou pela janela e atingiu minhas costas com uma grande força, me jogando para fora da cama. Eu devia estar sonhando pois era aquela fadinha novamente.

- Será que você poderia controlar essas suas aterrissagens?

- Sabe, até que você está lidando muito bem com essa situação. – comentou ela, se endireitando na cama.

- Temos varios casos assim aqui em Toquio. É quase comum.

- Então... Quer dizer... Você conhece as outras fadas? – ela se sobressaltou um pouco.

- O quê? Não! Eu quis dizer que tem varias historias sobre garotas que se transformam em guerreiras, mascotes que falam e a paz mundial sendo ameaçada.

- Então você acredita em mim?! – ela pareceu bem mais animada.

- Não.

Ela cruzou os braços e olhou para o lado, chateada. Eu senti uma pequena dor no coração ao ver aquela linda criaturinha emburrada.

- E se... Eu disser que acredito? Só um pouquinho...

Ela alçou vôo e rodopiou no ar varias vezes soltando algumas exclamações de alegria. Assim que se aquietou, aproximou-se do meu rosto com algo em mãos.

- O que é isso?

- É um Melodyc Clock. – respondeu, sorrindo. – Pega!

Meio hesitante, peguei o tal Melodyc Clock. Um coração branco com um selo encravado. Parecia uma coroa com algumas notas musicais. Arrisquei abri-lo e, dentro, não passava de um relogio de bolso. A unica diferença era a doce melodia que o artefato emitia.

- E o que eu faço com isso?

- Quero que leve isso com você para onde você for. Sem isso, você não pode se transformar. Agora, vamos ver se ele te reconhece. Segure o Melodyc Clock e diga “Melody, make me up!”. Mas, com clareza, okay?

Eu achei aquilo tudo muito absurdo mas, tudo bem. Qual o problema em realizar os caprichos de uma fada desconhecida?

- Melody, make me up!

Inesperadamente, uma luz me envolveu. Mais luzes giravam ao meu redor como o efeito de uma droga psicodelica, enquanto eu continuava com movimentos involuntarios. Quando tudo acabou, me vi metida em uma roupa branca com detalhes pretos. Tudo muito exagerado. A blusa era justa e a manga se estendia até metade dos dedos. A saia era curta e armada e usava botas brancas até acima do joelho.

Ah é, o Melodyc Clock se tornou um broche, preso a um laço preto na blusa. Atrás, na saia, havia um laço também, só que maior. E a bota também tinha alguns corações pretos.

Sem falar que o meu cabelo se tornou louro, dá pra acreditar? Metade dele estava preso num rabo de cavalo bem no alto da cabeça e uma coroinha prateada apareceu por lá também.

- A primeira melodia que nasceu no mundo, Diorama Melody!

Peraí, o que eu disse?

- Que ótimo! É você mesmo, Diorama Melody! – a fadinha se aproximou de mim, parecia que queria me abraçar. – Que bom que é você mesmo!

- Mas... Isso é absurdo! Primeira melodia? Diorama?

- Eu sei. Parece absurdo no começo mas eu lhe rogo que aceite isso!

Eu não podia dizer não para ela. A não ser que algo me interrompesse.

- Ahn... O que é isso? – perguntei a ela, assim que ouvi uma melodia bem baixinha.

- Ah, então você ouviu! – claro que eu ouvi! Era uma melodia triste. Muito triste. – É o coração de alguém que está sendo atacado.

- Mas o quê?

- Escute com atenção. Sempre que você ouvir essa melodia, vai ter alguém correndo perigo. Você precisa localizar essa melodia e ir salvar essa pessoa!

- E como eu faço isso?

- Se concentra, Diorama! Feche os olhos e tente ouvir a melodia com mais clareza!

Parecia loucura mas eu fiz o que ela disse.

Fechei os olhos e me concentrei na melodia. Aquela triste melodia. Realmente parecia com a lamuria de algum sofredor. Eu me concentrei tanto que, a triste melodia, deu lugar a uma imensa gritaria.

- Melody... Faça isso parar... Por favor! – eu fui caindo no chão, com os ouvidos tapados. Mas a gritaria continuava lá, dentro da minha cabeça.

- Isso só vai parar quando você conseguir acalmar esse coração, Diorama! Agora, me siga. Vamos dar um jeito nisso.

A fadinha deu meia volta e saiu voando pela janela. Eu segui ela e pulei de uma boa altura sem nem me machucar, caindo perfeitamente no chão. Os olhos fechados, focando na melodia-gritaria.

Ah, eu sabia. Estava sonhando.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui! ♥



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