Welcome To The World Of Guertena escrita por Satsuki Ichi


Capítulo 7
Quadros Danificados


Notas iniciais do capítulo

Sei que a maioria das minhas fanfics acabaram flopando por causa do tempo que levo para postar os capítulos, mas não significa que vou parar de escrever



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Ib ficou feliz em ver que o quarto não era nada do que ela imaginou. Era pequeno, tinha apenas um quadro na parede branca e dois vasos cheios d’água, um azul na esquerda e um cinza escuro na direita. A frente havia três corredores e acima deles, preso na parede, tinha um aviso:

“Escolha com cuidado”

– Nada bom – Garry se voltou para as meninas – como vamos saber qual é o certo?

– Não tem certo, eu acho – falou Mayu se inclinando para olhar dentro do corredor do meio – teremos que nos separar.

– Mas Ib não pode ir sozinha – protestou o homem – e se...

– Está tudo bem, Garry – Ib deu um sorriso meio tímido – eu vou ficar bem!

– Não se preocupe – Mayu retirou a rosa roxa de dentro do casaco – se não conseguirmos nos encontrar, é só voltarmos para esta sala. Então nos encontraremos aqui e seguiremos por um corredor só.

– Se está tudo bem pra vocês... – ele colocou a mão dentro do casaco e puxou sua rosa azul, meio relutante – vamos colocar as rosas nos vasos só para garantir e então partimos.

As meninas assentiram e se dirigiram ao vaso cinza escuro enquanto Garry ia até o vaso azul. Ib nunca pensou que pudesse ser corajosa daquele jeito, mas não mentira quando disse a Garry que não precisava se preocupar. Já estava crescida, podia se virar muito bem sozinha se algo acontecesse, mas é claro que não deixaria aquilo tomar tanto a cabeça dela. Quando retiraram as rosas dos vasos se sentiam bem melhores, a dor de cabeça que Garry ganhara durante a desventura no quarto das bonecas se fora junto com a ardência de alguns dos cortes que ele havia feito quando se jogou contra a porta de vidro e Ib e Mayu, que estavam apenas um pouco cansadas e com alguns pequenos arranhões, retomaram as forças. Finalmente, Mayu ficou com o corredor da esquerda e Garry com o da direita, logo, Ib seguiu pelo corredor do meio. Garry estava realmente inseguro em deixar Ib e Mayu sozinhas, mas não havia outro jeito, segurou firmemente o isqueiro dentro do bolso de seu casaco e adentrou o corredor.

[Garry]

O corredor onde Garry estava parecia não ter fim e suas paredes roxas davam certo desconforto ao rapaz que já começava a considerar voltar e ir atrás das garotas pelos outros corredores, mas não podia, de qualquer forma. Concentrou-se em chegar ao final do corredor e apertou o passo, mas assim que o fez a luz começou a oscilar, fazendo-o parar por um momento. “ótimo” pensou ele “As coisas sempre podem piorar” respirou fundo e começou a andar, esperando encontrar qualquer coisa naquele corredor, um quadro assassino querendo roubar sua rosa, um manequim ou qualquer outra coisa que pudesse ser perigosa na galeria, mas não havia nada a não ser um grande corredor vazio. Apertou novamente o passo para chegar mais rápido ao final do corredor ignorando a luz que oscilava. Finalmente chegou, mas teve que segurar na parede para não cair, pois se desse mais dois passos para dentro da sala cairia dentro de um enorme buraco em forma de quadrado no chão.

– Por pouco – disse baixinho.

Garry nem teve tempo de se virar para tomar outro caminho pela sala, sentiu algo encostara em suas costas e não teve onde, nem forças para se segurar, e com um grito caiu com tudo dentro do grande buraco batendo de costas no chão. Sua visão ficou turva por um momento e antes que se levantasse pôde ver a barra de um tecido roxo escuro com alguns detalhes negros, não podia ser...

– Mayu? – chamou ele com dificuldade – Mayu, é você?

Seja lá quem fosse a coisa emitiu uma pequena risada e se distanciou deixando Garry sozinho.

Mayu! Não brinque comigo – gritou ele – MAYU!

E novamente ela riu. Um sentimento horrível tomou o coração de Garry nesse momento, sentiu medo por Ib, sentiu raiva de Mayu e tinha certeza de que quem o havia empurrado naquele buraco foi ela.

“Não posso deixar que ela encontre Ib” ele se levantou e socou a parede “Preciso sair daqui bem rápido! Não acredito, por que isso tem que me atingir desse jeito? Droga!”

O homem começou a tatear as paredes em busca de alguma passagem secreta. Aquele lugar era cheio de segredos, deveria haver algo que ele pudesse usar para sair dalí. E se realmente houvesse, ele teria de encontrar bem rápido.

[Mayu]

O corredor de Mayu era bem curto e vazio. A garota ficou feliz em saber que nada ali a atacaria, então andou tranquilamente até a porta no final do corredor que, felizmente, estava destrancada. Ao entrar na sala, Mayu ficou espantada com o que viu.

– Espelhos?

Aquela sala, aquela maldita sala de novo. Mas a garota não tinha escolha, precisava achar a próxima porta e encontrar seus amigos do outro lado, foi para o meio da sala e examinou cada espelho, até que ouviu algo que a fez congelar instantaneamente. Um dos espelhos havia se quebrado, Mayu saltou para trás com o susto, mas logo se recompôs. O espelho quebrado abriu caminho para um corredor escuro, não dava para ver absolutamente nada, mas poderia ser a única saída daquela sala. Mayu se aproximou com cuidado, colocou a mão dentro do casaco e procurou por sua rosa, felizmente ela ainda estava lá, sã e salva.

Quando estava perto o suficiente, colocou as mãos para dentro do corredor escuro, ficou ali por alguns segundos imaginando o que poderia vir a encontrar lá dentro, mas nem teve a chance de ver por si mesma. De repente uma grande silhueta se formou dentro do corredor e avançou para cima de Mayu, que não teve reação. Quando a coisa finalmente saiu das sombras, a garota quase gritou. Lá estava ela novamente, aquela boneca enorme vestida com trapos e cheirando a mofo. Mayu nunca vira aquelas bonecas tão de perto quando estavam fora do espelho, mas agora...

Mayu cambaleou para trás, voltando para o meio da sala. Correu o mais rápido que pôde até a porta por onde havia entrado, mas quando tentou abri-la teve uma triste surpresa, ela agora se encontrava trancada. Para piorar sua situação, os outros espelhos na sala começaram a se quebrar, e de dentro dos vários corredores escuros, outras bonecas começaram a surgir, e não demorou muito para que começassem a cercar a garota.

Logo o último espelho finalmente se quebrou, revelando uma porta roxa no canto da sala, era a única chance que Mayu tinha para sair dali antes que ficasse louca. Correu para cima de uma das bonecas que a cercara e a empurrou para o lado, fazendo a mesma cair. Isso fez com que as outras bonecas se agitassem, olhavam Mayu como se quisessem arrancar sua pele, e ela não duvidava que fosse verdade. Correu para o canto da sala e tocou a maçaneta da porta, então tudo ficou escuro.

[Garry]

Garry estava certo, afinal, mas foi por puro acidente que ele encontrou a saída. Após tatear todas as paredes do lugar onde estava preso, o rapaz bateu com o pé esquerdo no chão, xingando mentalmente. Ao fazer isso, um pequeno buraco se abriu no chão onde ele pisava, e na parede atrás dele, uma passagem surgiu. O barulho da pedra rangendo o assustou, fazendo-o virar rapidamente para trás. Quem diria que um susto lhe traria uma boa notícia, não?

Apressou-se, não queria nem imaginar o que aconteceria a Ib se suas suspeitas estivessem certas, mas algo mais o deixara preocupado,triste, algo que ele simplesmente odiava estar sentindo, mas não tinha tempo e nem o direito de se preocupar com aquilo naquele momento. Ib poderia estar em perigo.

Correu até a passagem que se abrira na parede e não pensou duas vezes antes de entrar, esperando que ela o levasse até Ib.

[Ib]

Ib não teve problemas, como havia garantido aos amigos. Chegou ao final do corredor e abriu a porta indo parar numa grande sala, o chão era coberto por um carpete vermelho vivo e as paredes por uma tinta da mesma cor. Alguns quadros podiam ser vistos nas paredes ao longe, mas Ib não conseguia enxergá-los direito de onde estava. Havia mais duas portas no local, uma em cada canto da sala. Ib imaginou que seria por lá que Garry e Mayu deveriam sair, mas não entendia o porquê de estarem demorando tanto. A menina ajeitou a fita vermelha no cabelo, perguntou-se se estava perdendo todo o seu aniversário, ou se como da outra vez, o tempo naquele lugar estivesse congelado.

De repente Ib ouviu uma voz familiar, alguém parecia estar rindo como se não o fizesse a muito tempo. Estava na sala, disso ela tinha certeza, então se afastou da porta e começou a seguir a voz. Depois de um tempo Ib finalmente encontrou o que procurava, e momentaneamente ficou feliz por isso. Mayu estava sentada abraçando as pernas, continuava rindo como se não notasse a presença de Ib, mas então a menina entendeu. Ao lado da garota havia três bonecas de pano, como as que Garry via pela galeria. Aquilo era muito estranho, como elas foram parar ali? E o pior, por que Mayu estava com elas?

– Mayu? – Ib se aproximou e tocou o ombro da garota que agora dizia coisas sem sentido como “Oh sim, isso é hilário, você deveria dizer mais vezes!” – Mayu,você está bem?

A menina estava prestes a sacudir Mayu pelos ombros quando ouviu a voz de Garry.

IB! – gritou ele, do outro lado da sala – Saia de perto dela!

O rapaz parecia estar com muita raiva. Ib não conseguia entender o que estava acontecendo, mas fez o que ele disse, afastou-se de Mayu, que pareceu ter voltado a si assim que ouviu a voz alterada de Garry.

– Ib? – disse a garota, colocando as mãos na cabeça – o que está havendo?

Ib não teve tempo para responder, Garry a puxou para trás tirando-a da frente de Mayu.

– Eu deveria saber que não podia confiar em você – disse ele, encarando Mayu com um olhar decepcionado – Você é igual a ela, não é? Queria me deixar preso aqui, seguiu-me pelo corredor e me empurrou para dentro daquele buraco, não foi?

– Eu realmente não estou entendendo – Mayu se levantou – você caiu em um buraco? Aconteceu alguma coisa com a Ib também?

– Não, mas poderia ter acontecido se eu não chegasse a tempo. Para o seu próprio bem, é melhor que fique aqui e nos deixe avançar em paz!

– Mas o que eu fiz? Eu não me lembro de nada, só que atravessei o corredor e fui parar numa sala cheia de espelh... – nesse momento, ela se virou para trás e olhou para o chão, então se lembrou de tudo. Aquelas bonecas a haviam guiado para lá após a deixarem confusa, por isso estava com dor de cabeça e por isso se sentia tão estranha – foram as bonecas, Garry, as bonecas gigantes que eu via nos espelhos, uma delas deve tê-lo empurrado também.

– Eu vi a barra da saia de seu vestido, não tende disfarçar – Garry segurou a mão de Ib – E nunca vi essas bonecas de que você tanto fala. Se nos seguir, eu...

– Espere, Garry – Ib o fez soltar sua mão e correu, ficando na frente de Mayu – você passou pelo mesmo com as bonecas, e eu não podia vê-las até agora. Mayu estava fora de si quando eu a encontrei. Aliás, não acredito que ela possa ter te empurrado. O corredor por onde passei era curto demais, eu teria visto se Mayu o tivesse seguido, teria escutado seus passos.

– Eu não te empurrei Garry – disse Mayu – não tenho motivos para fazer isso. Acredite em mim, foram elas!

Garry hesitou, de fato passara grande sufoco por causa das bonecas, Ib estava certa. Uma parte de Garry queria que eles continuassem juntos, mas o rapaz não podia deixar de se preocupar, quase morrera da ultima vez que foi enganado, não queria deixar Ib sozinha, mas Mayu parecia tão verdadeira...

– Está bem – disse ele, finalmente – mas se tentar algo, Mayu, iremos deixá-la para trás.

A garota sentiu uma grande vontade de chorar, jamais poderia machucar os dois, não conseguiria. Aquilo a preocupou, se Garry descobrisse a verdade sobre ela, será que ele deixaria que ela os acompanhasse até o final? De qualquer forma, ela conhecia aquele lugar, e sabia o nome de cada quadro pendurado nas paredes da próxima sala, tinha certeza de que seu nome estava lá também.

Finalmente Garry começou a guiá-las pela sala que parecia infinita, conforme eles se aproximavam das paredes, os quadros ficavam mais visíveis. Andavam a uma distância considerável das pinturas, e alguns rostos conhecidos iam surgindo nas paredes.

Primeiro, a mulher de vestido azul. Garry sentiu um calafrio terrível ao passar por ela, o que o fez tomar mais distância ainda. Não ficaria surpreso se ela se desprendesse da parede e começasse a persegui-lo pela sala. Havia estantes cheias de livros ali também, sempre ao lado dos quadros. Sempre que passavam por uma, Garry e Ib paravam para olhá-los, como se esperassem encontrar alguma pista de como sair daquele lugar.

Finalmente chegaram ao fim da sala, a porta os esperava entreaberta, o que os fez hesitar um pouco antes de finalmente entrarem. Quando entraram Mayu não ficou nem um pouco surpresa com o que viu, a sala tinha paredes negras e alguns pedaços de giz de cera jogados pelo chão, havia algumas folhas espalhadas pela sala, que não era tão grande quanto à anterior, mas parecia ter muito mais quadros.

Foram examinando um a um, e a cada passo que davam, o coração de Mayu acelerava mais um pouco. Passaram pela Menina Sem Pernas, pelo Homem Torto, pelas Artes Mentirosas, e finalmente... Uma das primeiras criações de Guertena, Mayu.

A princípio, Garry e Ib não haviam lido o nome da pintura, concentraram-se apenas na sua imagem que estava faltando em meio a vários espinhos e rosas roxas. Garry passou a mão pela pintura, os espinhos pareciam ser de verdade. Enquanto isso, Mayu postou-se ao lado dele, segurou sua mão e levou-a até a placa de descrição da pintura, fazendo-o olhar.

– Aqui foi onde Guertena escondeu todos os seus quadros danificados – disse Mayu – pensei em deixá-los ir e ficar sem lhes dizer o porquê, mas...

Por que mentiu?

Garry a fez soltar sua mão, mas ao fazê-lo, acabou esbarrando de mau jeito em Mayu, fazendo-a desequilibrar e cair. A dor de cabeça da garota aumentou assim que ela colidiu com o chão, felizmente não havia se ferido, mas sua rosa desprendeu-se de seu casaco e acabou caindo também, perdendo uma das pétalas.

– Você... Não deve sentir dor, não é? – Garry recolheu a rosa da garota – ela é falsa também.

Mayu se sentou, já esperava uma reação parecida, não pareceu surpresa. – Ela faz parte do meu quadro – disse ela – eu fui a única obra de Guertena que guardou mais do que simples sentimentos, sou humana o suficiente para que o cair dessas pétalas me machuque, assim como machuca vocês.

Garry desviou o olhar, não podia acreditar no que vira, não sabia mais como reagir. Mayu era um quadro, assim como Mary? Não, ela foi tão boa com eles, não podia ser verdade. De repente Garry sentiu-se culpado. Mesmo sendo uma pintura, ele a havia machucado. Por culpa dele uma das pétalas da rosa de Mayu havia caído. Ib segurou a barra do casaco de Garry esperando por alguma reação do mesmo, que não conseguia parar de olhar para a rosa.

– Eu não vou fazer mal a vocês – disse Mayu – não sou como ela. Posso amar a companhia de vocês aqui, mas não os impedirei de voltar, eu juro!

– E ficará aqui sozinha? – perguntou Garry – não vai tentar nos passar para trás e tentar sair desse lugar? Ninguém gosta de ficar só, Mayu, mas não vou deixar que machuque alguém por causa disso.

– Se não terei a companhia de vocês, o que farei sozinha lá fora?

Ib puxou a barra do casaco de Garry mais uma vez, fazendo-o olhar para ela.

– Deixe-a vir, Garry – pediu a menina – ela não nos fará mal.

Ele se voltou para Mayu. – Não minta mais para nós, Mayu – disse ele, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar – venha.

Ela aceitou a ajuda, levantou-se e colocou as mãos na cabeça logo em seguida. Garry percebeu que ainda segurava a rosa da garota, então se apressou para devolver.

– Me desculpe, fiz com que uma das pétalas caísse.

Mayu não respondeu, apenas guardou a rosa de volta no casaco e esperou que continuassem o caminho. Não demorou muito, Ib começou a bocejar, Garry achou melhor pararem para descansar um pouco, pareciam estar andando a horas e não pararam nem uma vez para respirar.

Ib se recostou a parede, logo abaixo do quadro da Menina Sem Pernas, alguns segundos depois acabou caindo no sono. Garry, que estava sentado ao seu lado, tirou o casaco e cobriu a menina com cuidado para não acordá-la.

Mayu se sentou um pouco afastada, logo abaixo de seu quadro. Virou-se de lado evitando olhar para Garry, não gostava de pensar no que estava por vir, não queria ficar sozinha, e o pior... tinha medo de que Garry e Ib deixassem aquele mundo odiando-a. Não deveria ter deixado o meu quadro, pensou ela, mas de qualquer forma poderia me arrepender disso depois.

Do outro lado Garry imaginava a mesma coisa, e se Mayu não tivesse saído do quadro para vê-los? E se eles a tivessem deixado para trás? Por mais que pudesse ser perigosa, ela os havia ajudado muito, Garry sentia que não conseguiria se despedir tão facilmente dela. Levantou-se e foi até a garota, sentou-se ao lado dela e pensou rapidamente no que dizer.

– C-como... Como é ser uma pintura?

Mayu ficou surpresa, virou-se e endireitou a postura. – Costumava ser agradável – disse ela – antes de Guertena partir.

– E por que ele a jogou neste lugar? Ele não gostou do resultado quando criou você?

– Pelo contrário, Guertena me amava – Mayu sorriu – ele costumava me chamar de “A Felicidade”, criou-me para ser parte de tudo o que amava Recebi tantos sentimentos bons que as outras pinturas começaram a me odiar e... Quando Guertena ficou triste, acabei perdendo o meu brilho, então ele me escondeu aqui.

– E por que... Por que você é tão parecida comigo?

Mayu desviou o olhar, não queria dizer aquilo, já causara problemas demais. Mas não tinha outra resposta, respirou fundo e disse: - Eu tomo a forma das coisas que amo, funciono como um espelho.

Garry sentiu o rosto queimar, não esperava uma resposta daquelas. Na verdade não esperava NADA daquele tipo vindo de Mayu, principalmente sobre ele. Não pôde negar a si mesmo que gostava da garota, esse era um dos motivos pelo qual ele ficara com raiva ao descobrir que ela era uma pintura, não queria deixá-la, e se ela fosse perigosa, não suportaria ter de machucá-la. Mesmo assim, aquela não era a verdadeira forma dela, como ele poderia saber como ela realmente era?

– Como você era antes de vir parar aqui? – perguntou tímido.

Mayu se animou, procurou rapidamente por algo que pudesse usar para desenhar, era uma das coisas que ela adorava fazer quando estava entediada. Avistou uma folha em branco no chão e um pedaço de giz de cera preto, levantou-se, recolheu-os e voltou para ver Garry. Enquanto falava, ela desenhava.

– Eu tinha cabelos negros e compridos, meus olhos eram verdes... E o meu vestido era azul, mas não azul como nos quadros da mulher de azul, era mais brilhante. Não havia espinhos no meu quadro, apenas rosas azuis assim como o meu vestido, e eu sorria quase o tempo todo.

Ao terminar o desenho, Mayu o entregou para Garry.

– Você era... Você é linda, Mayu. – disse ele, enquanto examinava o desenho – linda.

De repente o sorriso no rosto da garota desapareceu, e Garry pareceu ter percebido. Deus, o que ele estava pensando? Aquilo só a deixaria mais triste, e quanto a ele? O que aconteceria depois? Não podia fazer aquilo, mas algo lhe dizia o contrário. Garry hesitou em chegar mais perto, mas decidiu que não sairia daquele lugar sem uma lembrança dela, mesmo que algo ruim pudesse acontecer depois. Aproximou-se da garota e deu-lhe um rápido e inocente beijo nos lábios, e aquilo foi o suficiente para deixá-lo arrasado.

– Uma última pergunta, Mayu – disse ele, então acariciou o rosto da garota – como você disse que Guertena a chamava?

– Felicidade – respondeu, forçando um pequeno sorriso – meu nome era felicidade.

E com isso, Garry lhe deu outro beijo, tão rápido quanto o anterior, como se tivesse medo de que se a beijasse por mais tempo, ela pudesse sumir.


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Notas finais do capítulo

Review?



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