Bound to You escrita por Kael


Capítulo 5
I've Opened Up - pt.2


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390970/chapter/5

— Bem eu só queria... sabe, acho que nós dois estamos evitando falar disso e dia inteiro e... AI MEU DEUS! Me desculpa Cato, e-eu... eu juro que não queria...

— Hey, fical calmo baixinho, é só água ok? – o loiro lançou lhe um sorriso reconfortante – até gostei, está bem quente hoje – brincou.

O menor relaxou um pouco ao ver que Cato não se zangara. O loiro trajava uma camisa branca com estampas de palmeiras cor-de-cinza nas costas, o tecido branco e molhado grudava em seu corpo destacando o abdome definido, fazendo com que Peeta se desconcentrasse do que estava dizendo.

O dia de ambos no parque estava sendo agradável... estavam passeando há horas, nem se dando conta do tempo. Havia crianças, idosos, pessoas pedalando bicicletas, todos aproveitando o domingo de sol. Peeta comprara sorvete, e os dois tomaram enquanto assistiam as crianças brincando no parquinho. Cato contava histórias de quando ele era criança e tinha medo de fazer coisas como: andar de bicicleta, patins e nadar, Peeta quase não acreditara no loiro. Quando finalmente cansaram de tanto dar voltas pelo parque, compraram uma garrafa d’água e sentaram em um banco embaixo de um carvalho, perto do lago.

— B-Bom, voltando ao que eu dizia e-eu... – a camisa marcava perfeitamente os gominhos na barriga do maior – e-eu...

Foi neste momento que Peeta entrou em choque. Seus braços e ombros relaxaram e uma onda de calor lhe envolveu por inteiro, diferente do calor do sol, esse calor era mais como se... como se viesse de dentro. Um formigamento envolveu a barriga do menor e suas coxas ficaram dormentes. A língua de Cato lutava contra a sua por espaço, ambos não respiravam, mas sentiam-se ligados demais para interromper o beijo, Peeta pegou a mão do mais velho e a apertou e com a outra mão acariciou o pescoço do maior, gesto que fez Cato estremecer. Foi então que Peeta se deu conta.

— Cato! Espera... t-tem pessoas aqui.

O parque estava cheio, porém pouquíssimas pessoas haviam reparado nos dois.

— Desculpa, e-eu...

— Por mim tudo bem, eu só quis avisar...

— Por mim... bom, eu ainda não sei. Desculpa Peeta, é que eu só... bom, desde ontem eu não paro de pensar no... no que aconteceu, sabe? Não dormi direito, acordei pensando nisso e passei o dia todo me segurando... Mas ao mesmo tempo eu to confuso, nunca fiz nada parecido antes.

— Eu sei, Katniss me contou que você ligou pra ela hoje mais cedo... E que eu fui o primeiro garoto que você... – soou mais como uma pergunta, do que como afirmação.

— Exatamente.

— Nossa... eu... eu não sabia.

Os dois ficaram ali, fitando o lago, sem que nada viesse à mente de ambos. Peeta queria conversar com Cato, pois sabia que era isso que o loiro precisava... O menor lembrava de quando estava se descobrindo, um sensação estranha de confusão invade sua mente.

Peeta tentou pensar em algo reconfortante para dizer ao loiro, mas tudo que conseguiu foi:

— Descobri por que a Katniss deu bolo na gente.

O rosto do loiro relaxou, dando lugar a uma expressão divertida.

— Sério? Por que?

— Foi armação... ela queria que a gente saísse a sós, acredita?

Cato se encontrava surpreso, não pelo fato de Katniss ter armado tudo aquilo, afinal ele mesmo já sabia, mas sim pelo fato de Peeta não saber que a amiga estava com Gale enquanto eles estavam no cinema.

— Sério? Ela disse isso? – perguntou o loiro dando a entender que não sabia de nada.

— Disse sim. De acordo com ela, a gente se olhava de um jeito diferente.

— Eu juro que...

— Eu sei.

— Bom... pelo menos algo bom veio disso tudo, certo? – deu uma cotovelada de leve no menor.

— Acho que sim... Cato, olha... eu acho que agora é melhor continuarmos apenas amigos. Eu gostei muito do... do beijo e tal, mas precisamos nos conhecer melhor, quer dizer, nos conhecemos só faz 2 dias, entende?

O loiro ficou um pouco aliviado, mas meio desapontado. Não sabia ao certo o que queria com aquele garoto, mas sabia que não queria se afastar do pequeno.

— Eu me referi ao beijo. Foi uma coisa boa, apesar de tudo. Você está certo, vamos com calma... eu... eu nem sei se sou mesmo gay.

— Exatamente. Olha, se quiser conversar eu estou aqui, ok? Digo, já passei por isso, sei como é horrível essa dúvida.

— Obrigado, realmente agradeço.

Mais uma vez o silêncio se instalou entre os dois, mas dessa vez era um silêncio impaciente, desconfortável, que permaneceu por alguns instantes até, por fim, o loiro dizer:

— Bom, já estamos aqui há quase 3 horas... é melhor eu te levar pra casa, certo?

— Certo – respondeu o menor sem muito ânimo.


“Você ligou para Katniss Everdeen, não posso atender no momento ou simplesmente não quero falar com você. Deixe seu recado após o sinal.”

“- Kat? Sou eu, me liga assim que puder ta bom? Acabei de chegar em casa, preciso de você.”

Peeta fitou o telefone por alguns instantes na esperança de que Katniss ligaria naquele instante. Decepcionado jogou o telefone na cama e foi até a janela. Sua casa, e a maior parte das casar do bairro, tinham dois andares, exceto a dos seus vizinhos da frente, os Sae, um casal de idosos bem simpáticos, que tinha apenas um andar, o que dava a Peeta uma vista boa da cidade, em especial do Parque Chappler. As lembranças recentes lhe vieram a mente. Fora extremamente agradável passar o dia com Cato. Ele é um cara legal sem dúvidas, o que dificulta as tentativas do menor de tirar o loiro da cabeça. Mas por que queria tirá-lo da cabeça, afinal? Medo? Receio? Ou simplesmente não estar preparado? As 3 opções pareciam razoáveis, porém o moreno sabia que nenhuma delas se encaixava.

Droga, onde está a Katniss quando preciso dela?” pensou. “Qual o meu problema? O dia foi tão agradável, Cato é o cara mais legal do mundo, como um dia tão... tão perfeito, foi me fazer ficar tão estranho assim?”

Toc toc.

— Peeta?

O moreno foi tirado de seu transe por sua mãe.

— Ah, oi mãe.

— Como foi o passeio?

— Foi legal – disse sem muita convicção.

— Katniss passou aqui enquanto você estava fora, ela e o Gale foram naquela pizarria que você gosta, aquela descendo a rua, sabe? Mas isso foi por volta do meio dia, e já são quase duas... ela já deve estar em casa.

— Ah eu acabei de ligar pra ela, deu na caixa postal... Não estou com fome mesmo, eu e Cato tomamos uns sorvetes.

— Seu irmão veio conversar comigo sobre esse tal de Cato.

— É tudo mentira!

— Entendo... – respondeu reprimindo um riso – sei que seu irmão está exagerando, mas preciso saber das coisas... por que não me conta como se conheceram?

O moreno respirou fundo e começou a contar tudo, desde o acidente na aula até o passeio no parque.

— Sim, entendi filho, mas qual está sendo o dilema? Digo, você está pra baixo. Deveria estar animado por ter conhecido um cara legal, certo?

— Certo, mas eu não estou.

— Isso eu posso ver, mas eu quero saber o motivo.

— Ah sei lá mãe, eu estou me sentindo desconfortável desde que nós dois... você sabe... nos beijamos. E agora que eu sei que eu fui o primeiro garoto que o Cato beijou, sei lá... Sinto que ele precisa de espaço.

— Em uma coisa você está certo, ele precisa de espaço. Cato está se descobrindo e isso não é fácil, pra você também não foi fácil, porém dar espaço não é o mesmo que se afastar, pelo o que você me contou ele não quer se afastar de você, você que deu a entender que quer se afastar, filho. Agora, eu acho que não faz sentido o modo como você está se sentindo. Isso tem a ver com o Finnick?

— Não mãe, não tem a ver com o Finnicik, faz quase dois anos que eu e ele terminamos, já esqueci isso... eu só não sei se estou pronto pra começar de novo.

— Mas filho, você nunca vai saber se não tentar! Pra que tanto medo?

“Tenho medo de acabar como você.” Pensou em dizer. Mas aquilo soara cruel demais, até em seus pensamentos. Uma lágrima ameaçou cair de seus olhos só de pensar em dizer aquilo.

— Peeta? – chamou, preocupada.

— Desculpa mãe, eu só... Vou pensar melhor, tomar um banho e quem sabe depois ligar pro Cato.

Peeta levantou da cama e foi em direção ao banheiro, mas parou subitamente ao ouvir as palavras:

— Sou eu o problema, não é?

Um arrepio lhe percorreu o corpo, seu olhar encontrou o de sua mãe. Ela sorria, de uma forma acolhedora, porém parecia decepcionada.

— Filho, eu temia que isso fosse acontecer com um de vocês... mas sinceramente sempre achei que seria o Pavel. Você sempre foi muito forte.

— Mãe olha...

— Você tem medo de sofrer assim como eu sofri, certo? Peeta, o amor é assim, nos faz sofrer, mas também nos dá os melhores momentos de nossas vidas, em alguns casos os melhores presentes, eu ganhei você e seus irmãos, sem falar que tive momentos com seu pai que jamais vou esquecer. Eu sei que foi difícil para todos nós quando ele foi embora... Eu já superei isso, mas a vida continua... E eu preciso de alguém para me ajudar a ter novas boas lembranças, eu ainda não morri, nem estou velha... não tenho mais 22 anos, mas não estou velha. Entende o que eu quero dizer?

— Sim, entendo mamãe.

— Não tive muita sorte, até agora, mas isso não vai fazer com que eu passe o resto da vida sozinha. Peter já não mora mais conosco, Pavel logo, logo vai pra faculdade, eu espero. E daqui alguns anos é você. Quando vocês partirem, como eu fico? Preciso de alguém que me ame Peeta e a única maneira de encontrar é procurando.

Peeta se encontrava sem palavras, suas pernas um pouco bambas. Tudo aquilo que acabara de ouvir era... verdade. Era tudo verdade. Era exatamente isso que sentia, parecia que um peso tinha sido tirado de seu peito e substituído por outro. Culpa. Como podia ter sido tão egoísta? Como pode não perceber que era difícil para sua mãe também?

— Bom, espero que eu tenha ajudado meu amor, vem cá – disse levantando e dando um abraço no filho – eu só quero que você seja feliz, está bem? E sinceramente? Acho que deveria ligar pra esse rapaz e chama-lo para jantar aqui em casa hoje à noite.

Os olhos do moreno se arregalaram, em surpresa.

— Vou fazer lasanha – falou depositando um beijo na testa de Peeta – às sete e meia está ótimo – disse Sra. Mellark saindo do quarto fechando a porta atrás de si.

Peeta secou as lagrimas que estavam prestes a cair de seus olhos, sentou-se na beirada da cama... apesar de toda a conversa ter acontecido tão rapidamente, o moreno não conseguiu reprimir um sorriso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero nem pensar nesse jantar, eu espero que Pavel seja, no mínimo, educado.......