~ ~Peeta POV

— Aonde você estava Peeta?

Eita merda!

— Pelo amor de Deus Pavel! Qual o seu problema?! – gritei assustado.

— Desculpe maninho, não quis te assustar... – sei, sei.

— Não? Então por que está aí no escuro, com essa cara de maníaco parecendo O Poderoso Chefão sentado nessa poltrona? Cadê a taça de vinho? É só o que falta...

— Que seja... – respondeu revirando os olhos – quem era aquele loiro aguado que te trouxe em casa?

Ai. Meu. Deus.

— L-Loiro? Mas que... ah... o C-Cato...? É s-só um amigo – senti minhas bochechas pegando fogo e um nó se formando na minha garganta, que droga.

— Onde estavam? – ele mantinha o tom de voz neutro, o que não ajudou a me acalmar.

Sabe, é meio chato ser o irmão mais novo as vezes... por que todo mundo acha que não sei me cuidar e que sou ingênuo... não, espera. É só o Pavel que pensa assim...

— Fomos ao cinema... – respondi hesitante.

— Cinema? Vocês dois? Sozinhos? – o tom neutro foi dando espaço a raiva em sua voz. – parece mais um encontr...

— Pavel! Que droga, isso aqui é o que ein? Interrogatório? Estou prestes a ir pra cadeira elétrica ou o quê? – falei meio na defensiva, minha tentativa de demonstrar raiva não estava dando certo, então acrescentei – Katniss e Gale foram com a gente, ok? Amigos não podem sair juntos pra ver um filme e comer pipoca?

— Podem Peeta, mas amigos não enfiam a língua na boca uns dos outros!

Uau! Essa me atingiu como um soco no estômago. Droga. Pavel vai ficar no meu pé até cansar... Eu amo esse cara, mas ele é o irmão mais irritante, super protetor e possessivo do mundo e isso é muito chato na maior parte do tempo, acreditem ou não quando eu tinha 14 anos tinha mais liberdade do que hoje com 16... Graças ao Peter, porém desde que ele foi pra faculdade o Pavel se sentiu responsável por todos aqui, o “homem da casa” como gosta de dizer...

Acredite em mim, quando um garoto que acabou de fazer 18 anos, com a maturidade de um menino de 13 começa a achar que é o “homem da casa” sua vida vai ser um saco.

— Pav não começa ta? Eu já sou bem grandinho e o que eu faço ou deixo de fazer é problema meu.

Ele ia dizer algo, mas eu não lhe dei a oportunidade, subi as escadas e fui para o meu quarto. Ouvi passos apressados vindo da escada e então tranquei a porta, estava cansado demais pra brigar com ele, sem falar que ele viu Cato me beijando! Agora sim as coisas vão complicar.

Toc! Toc! Toc!

— Peeta, abre a porta! Quero falar com você.

Apenas ignorei o meu irmão e entrei no banheiro.

Lavei um pouco o rosto e vi meu reflexo no espelho. Meus lábios estavam mais avermelhados e um pouco inchados, não consegui conter um sorriso ao perceber isso. Mesmo sendo muito confuso, eu não posso negar que foi bom, o beijo quero dizer... Mas o que havia significado? Por que Cato havia feito aquilo? Simplesmente não entendo... Só sei que preciso dormir, amanhã decido o que fazer.

. . .

— Bom, e foi isso... eu já estava cansada de ver você sozinho, se relacionar com alguém de novo vai ser bom pra você Peeta, por isso eu fiz o que fiz.

— Entendo que você estava só preocupada Kat... é só que... ai to meio confuso.

— Peeta, já passamos dessa fase de confusão com orientação sexual, achei que...

— Kat! Não! Não é isso, eu já estou resolvido com essa coisa de orientação sexual desde os 14 anos, Deus! Eu to confuso... por causa do Cato.

— Ué, vocês saíram e ficaram, o que há de mais nisso? Claro, além do Pavel estar enchendo o saco... acredita que ele ficou me fazendo perguntas sobre o Cato e sobre vocês dois...

— Sério? O que ele perguntou, exatamente?

— Quantos anos ele tem, se vocês dois estão namorando, há quanto tempo estão juntos... aí eu ameacei chutar o saco dele e ficou tudo bem.

Não consegui prender o riso.

— Peeta, olha pra mim... não é o Cato o problema, é?

— Não Katniss, não é o Cato... o problema é... tudo isso! Essa sensação... não quero me apaixonar de novo entende?

— Peeta, você fala como se fosse super experiente em relacionamentos... Ah, fala sério, você só namorou uma vez, e cá entre nós eu concordo que o que você e o Finnick tiveram foi muito forte, um relacionamento de dois anos é muita coisa, mas você já superou... e o Finnick também se é que me entende...

— Eu sei, é claro que já superei... mas a questão é que o Finnick estava comigo na pior fase da minha vida... Lembra? Era um inferno a época que eu contei pra mamãe da minha opção sexual, ele estava comigo, estabelecemos uma relação de confiança e do nada ele jogou isso fora, eu tive que encarar tudo sozinho... tive sorte que o Peter estava de férias da faculdade e pode vir passar um tempo em casa pra ajudar, se não fosse ele eu teria explodido, mamãe não sabia como reagir, Pavel é um idiota... Se não fosse o Peter eu não teria tido paz um minuto seque aqui em casa. Eu sofri demais com tudo isso, mais ainda por causa do Finnick... Sem falar que eu mal conheço o Cato, vai que resolvo me jogar de cabeça e no final me ferro de novo?

— Então pronto! Essa é a solução, conheça ele melhor antes de se jogar, marque de sair de novo, ou simplesmente, liga pra ele Peeta.

— Pode ser... Talvez eu ligue mais tarde, mas antes, preciso de um café.

— Você precisa é tirar esse pijama de carrinho... Você já tem 16 anos Peeta.

— Hey! Deixa o meu pijama em paz – disse levantando da cama.

Sim talvez Katniss esteja certa, não pelo meu pijama, mas sim pelo fato de que já faz mais de um ano que eu não namoro nem fico com ninguém... Talvez eu deva pelo menos ligar pro Cato ou sei lá... Não custa nada.

— Peeta? Eu queria saber... e como você está com essa situação da sua mãe saindo de novo?

— Katniss, eu não acho que seja errado ela tentar conhecer alguém... é só que, o papai foi embora há 5 anos, demorou uns 3 anos até ela se sentir confiante pra ter um encontro de novo, desde então foi uma decepção amorosa atrás da outra. Ver ela mal sempre me deixou mal... Então sei lá, não sei o que esperar dessa vez

— Deve ser por isso que você tem essa dificuldade em deixar as pessoas se aproximarem, deve ser algum bloqueio emocional.

— Eu não tenho dificuldade, muito menos bloqueio...

— Peeta... você é fofo, bonito, gentil, tem um corpo bem gostoso sem falar no tamanho dessa bunda... acha mesmo que está sozinho por falta de pretendente?

— Katniss! Por Deus...!

— Só estou dizendo a verdade.

— Vamos pra cozinha, ainda preciso de um café.

=====

~~Cato

— Que explicação você tem pra isso?

— Ué, simplesmente você gosta de outro garoto.

— Você não acha nenhum pouco estranho? Eu beijei um garoto... de língua, de língua Tresh! Isso não é normal, mas eu não consegui controlar, eu nunca senti tanta vontade de beijar alguém como eu senti ontem. É possível eu ser gay? Mesmo sem saber? Não tenho nada contra gays, simplesmente não sei como...

Tresh estava deitado na cama de Cato mexendo numa bola de basquete, sem demonstrar surpresa pelo dilema de Cato.

— Escuta Cato, eu tenho um primo que só descobriu que era gay aos 21 anos. Às vezes você sempre foi, só nunca tinha parado pra perceber cara, ou nunca apareceu nenhum garoto que te despertou esse desejo em você... simples. Ou quem sabe você seja bissexual, sabe? Gosta dos dois sexos, isso acontece bastante.

— Talvez você esteja certo, mas o que eu faço agora? Tipo, eu beijei o Peeta, não posso simplesmente fingir que não aconteceu e muito menos ignorar a existência dele a partir de agora.

— Cara... Independente do que você decidir, ser gay, hétero ou sei lá, saiba que vou continuar sendo seu amigo, mas se quiser me dar uns pegas eu te arrebento - brincou dando um soco no braço do amigo - e olha só... a solução dos seus problemas é meio óbvia.

— Ah é? Qual é então Sr. Óbvio?

— Liga pra ele.

=====

~~Agora eu narrando

— Pavel, deixa o Peeta em paz, quantos anos você acha que ele tem?

— Fica fora disso Katniss. Peeta como se não fosse suficiente ele te agarrar aqui na frente de casa, você ainda fica chamando ele de Gato!

Na cozinha, Peeta estava tentando degustar uma xícara de café preto e conversar um pouco com Katniss, mas não demorou para Pavel ir até a cozinha tentar descobrir o que estava acontecendo entre seu irmãozinho e o “loiro”. Não demorou para uma discussão gigantesca começar.

— Não é Gato, Pavel... é Cato! C-A-T-O, com “C” de “Casa”, “C” de “Comida”, “C” de “Caramba! Meu irmão mais velho é um saco”.

— Escuta aqui seu...

— Crianças que gritaria é essa?!

— Ai meu Deus! Mãe, o que houve com o seu cabelo?

— Bom dia pra você também Peeta... o que foi? Ninguém acorda com o cabelo arrumado. – disse enquanto se dirigia até a cafeteira – Olá Katniss, bom dia, como está?

— Estou bem Sra. Mellark, só o Pavel que não está... Acho que ele andou tomando muito anabolizante e esteroides, por que...

— Eu não uso anabolizantes nem esteroides sua louca!

Sra. Mellark apertou a ponte do nariz, tomou um gole de café sem se preocupar em por açúcar e então sentou-se ao lado de Peeta.

— Filho o que houve?

Katniss e Pavel ainda brigavam de pé.

— Nada mãe é que... Ontem, o Cato me trouxe em casa... lembra? Aquele que veio me buscar para ir ao cinema, então, ele me trouxe em casa e nós... sabe, meio que...

— Ah, não precisa continuar eu já entendi. Bom, Pavel está dando um daqueles ataques de “homem da casa” de novo certo? – seguiu-se um pesado suspiro – como o Peter faz falta...

— Pois é... Mas tudo bem mãe... Como foi o jantar ontem?

— Ah, foi tudo bem filho, Matt é um cara legal e... PELO AMOR DE DEUS! Vocês dois podem parar se não for pedir muito?

— Desculpe Sra. Mellark...

— Foi mal mãe...

— Ótimo. Pavel você precisa parar de tratar seu irmão como criança... Na verdade você precisa parar de vigiar a vida do seu irmão, eu entendo que você se sente responsável por ele, e você é, mas ser superprotetor assim, não. Estamos entendidos?

— Sim mãe.

Assim o café da manhã seguiu-se com mais calma, e logo após todos estarem 5kg mais gordos com tantos waffles e bolos, Katniss e Peeta saíram para dar uma volta.

— Toma – disse Katniss, estendendo o celular para Peeta. – Liga pra ele.

— Katniss eu...

— Peeta, eu não comentei com você, mas Cato me ligou hoje... Pouco antes de eu chegar na sua casa e... bom, ele não está nume situação melhor do que a sua.

— Como assim?

— Ele me ligou pra saber se eu tinha armado aquilo tudo, ele ligou os pontos e tal. Ele está se sentindo confuso... Cato não é gay... nunca tinha ficado com nenhum garoto antes e...

— Tem certeza? Ele pareceu tão... seguro.

— Sim, ele me disse isso também, mas a ficha só caiu depois que ele chegou em casa... Peeta, ligue pra ele e chame-o pra sair... que tal? Isso tudo é novo pra ele, não precisa ser um jantar nem nada assim... Só chame ele para dar uma volta sei lá.

— Tudo bem... Vou ligar.

Katniss discou o número e passou o celular para Peeta, que o colocou próximo a orelha, com as mãos um pouco trêmulas.

“— Katniss?

— Não Cato, sou eu... Peeta, Peeta Mellark lembra?

— Haha, e aí baixinho... claro que lembro!

— Ér... Poisé... eu também lembro de v-você... Então, eu tava pensando... o dia está bem bonito então eu achei que... sei lá, quer dar uma volta?

— Ah... sim, sim, eu adoraria! Agora?

— A hora que você achar melhor. Pensei em irmos ao Parque que tal?

— Por mim tudo bem... Parque Chappler em 30min. Combinado?

— Combinado... Até mais

— Até.”

Um suspiro de alívio escapou dos lábios do moreno.

— Bom, não foi tão ruim...

— Haha foi sim Pee.

— Como assim?

— “Peeta, Peeta Mellark lembra de mim?”. É CLARO que ele lembra não é? Enfiou a língua na sua garganta e tudo ontem... como esquecer? – Katniss ria a ponto de explodir – não, não... a pior parte foi: “ah, eu também lembro de você”. Hahahaha ai Peeta.

— Cala a boca Katniss ai... eu tava nervoso ok? Acontece.

— PRECISO contar isso pro Gale.

— Vai contar nada! Vamos voltar logo, que horas são?

— Quase onze da manhã.

— Vamos logo, tenho menos de meia hora pra encontrar com o Cato.