Bound to You escrita por Kael


Capítulo 2
Sweet love, sweet love




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Toc toc.

— Já vou! – gritou Sra. Mellark indo em direção à porta – Ah, bom dia Katniss.

— Bom dia Sra. Mellark – disse Katniss com um sorriso amistoso – o Peeta está?

— Hum, sim, ele está lá em cima se aprontando, venha entre – fez um movimento com as mãos para que Katniss entrasse na casa. – estou fazendo panquecas, está com fome querida?

A Sra. Mellark estava diferente, estava com um sorriso de orelha a orelha, ouvindo uma música animada dos anos 80 enquanto cozinhava. Aquilo só podia significar uma coisa e Catnip... Oops! Katniss sabia o que era.

— Ah não, muito obrigada eu já comi, posso ir lá em cima chamar o Peeta?

— Sim claro, pode subir. –respondeu.

Ainda estranhando a animação matinal da Sra. Mellark, Katniss subiu as escadas indo em direção ao quarto de seu amigo. Chegando lá o encontrou saindo do banheiro com suas roupas de costume. Calças jeans não muito justas, camisa azul que realçava seus olhos e um casaco de moletom preto. Como ainda estava com os cabelos molhados, Katniss deduziu que acabara de sair do banho.

— Bom dia Pee.

— Bom dia Kat.

— E então... Quem vai ser o sortudo dessa vez? – perguntou lançando um olhar acusador para o moreno.

— Como assim? – retrucou sem entender o que a amiga queria dizer.

— Sua mãe, ela está lá em baixo dançando Elvis Presley e fazendo panquecas, sem falar que estava com o sorriso tão grande que chega a dar medo, então no mínimo ela tem um encontro hoje. – explicou rindo.

— Uau. Estou impressionado – disse Peeta rindo junto com a amiga – sim ela tem um encontro. Parece que é com um advogado chamado Matt.

— Hum que sexy, adoro homens de terno. – falou mordendo de leve os lábios.

— Cala a boca Kat. Vamos logo que eu não quero me atrasar.

Juntos eles desceram as escadas e flagraram Sra. Mellark dançando Patti LaBelle enquanto espremia laranjas ficando paralisados na porta da cozinha vendo a cena.

— Gitchi Gitchi ya ya da d... Ai meu Deus crianças! – gritou ao perceber que Peeta e Katniss estavam assistindo sua performance de Lady Marmalade— querem me matar do coração é?

— Olha só, eu concordo em esquecer que essa cena ok? – disse Peeta apertando a ponte do nariz – vamos comer umas panquecas e fingir que está tudo normal por aqui – falou olhando para Katniss que estava vermelha de tanto prender o riso.

— Uma mulher não pode se divertir um pouco fazendo o café da manhã? – retrucou Sra. Mellark com um sorriso divertido.

— Pois é Pee, deixa a sua mãe aproveitar esse lindo dia. – disse Katniss entre risos.

— Que seja... – retrucou o moreno revirando os olhos – tudo isso por causa de um advogado que usa terno ai ai. – sussurrou.

— O que disse Peeta? – perguntou Sra. Mellark

— Ér... Nada não mãe, hum... esse suco parece delicioso, pode me dar um copo, por favor?

Depois de comer algumas panquecas e beber o delicioso suco de laranja os dois amigos seguiram andando para a CHS. Capital High School é um prédio grande e antigo aonde praticamente todos os adolescentes da cidade estudam. Katniss é vizinha de Peeta, então os dois sempre vão juntos ao colégio.



Faltavam poucos metros para chegarem ao gramado do colégio, mas mesmo antes de chegarem, Katniss já avistara Gale sentado embaixo de uma árvore lendo um livro qualquer.

— Olha o Gale ali. – disse Katniss apontando para o amigo embaixo da árvore. – vamos lá.

Os dois foram em direção a Gale que de tão concentrado no livro que lia não reparou na chegada dos amigos até Katniss sentar ao seu lado e dizer um animado:

— Bom dia Gale.

— Bom dia Catnip. – retrucou abraçando a amiga. – bom dia Pee – levantou e abraçou o amigo. – E aí qual a boa?

— A mãe do Peeta estava dançando Lady Marmalade enquanto fazia panquecas hoje de manhã. – lançou Katniss enquanto ria lembrando da cena.

— Haha sério? – retrucou Gale em meio a risos. – Deixa eu advinhar... ela está de encontro marcado? – soou mais como uma afirmação do que como pergunta.

— Exatamente – respondeu Peeta sem demonstrar animação.

— E será que dessa vez vai dar certo?

— Sei lá Gale, a mamãe não é boa com relacionamentos, não sei o que esperar desse tal de Matt, O advogado.

— Pee, tenta pensar positivo... – disse Katniss tentando animar o amigo.

— Não quero pensar positivo, nem negativo, nem de jeito nenhum, nem falar sobre isso Kat, - retrucou o moreno passando a mão nos cabelos – só sei que não quero nem pensar em me apaixonar por alguém, é muito complicado e a gente acaba se magoando.

— Também não é assim amigão, às vezes pessoas se magoam – disse Gale colocando a mão no ombro de Peeta. – mas nem sempre acontece.

— Exatamente, não há garantia de que o amor preste. Sem falar que eu nunca tive bons exemplos.

Um silêncio incômodo se instalou entre os três por alguns minutos sendo aliviado pelo som do sinal vindo do colégio.

— Vamos Gale, temos aula de cálculo agora e eu não quero me atrasar – falou Katniss tentando mudar de assunto. – você sabe como aquele professor é um chato, se chegarmos 2 minutos atrasados estamos fritos.

Os três adentraram o colégio e foram pegar seus livros no armário.

— Vai ter aula de que agora Peeta? – perguntou Katniss.

— Geometria, álgebra e depois educação física – murmurou desanimado, Peeta odeia esportes – eu não estou nem um pouco a fim de ter que me exercitar hoje...

— Só hoje? – diz Gale bagunçando os cabelos do menor. – te vejo no almoço baixinho.

Katniss e Gale seguiram para a classe. Infelizmente Peeta não havia ficado na mesma classe que os amigos.

As aulas de geometria e álgebra foram tediosas. Peeta se esforçou para entender o que a professora dizia e fez alguns exercícios, mas logo foi vencido pelo cansaço e acabou tirando um cochilo, sendo acordado somente pelo sinal que indicava o fim da aula de álgebra e início de seu pior pesadelo... Educação física.

Logo que chegou ao vestiário, Peeta reparou que quase todos os garotos de sua classe já estavam prontos, então rapidamente colocou seu uniforme de ginástica e foi para o campo.

— ANDEM LOGO SEUS MARICAS – gritou o treinador Carter – VÃO ME FAZER ESPERAR O DIA INTEIRO?

Peeta correu para o campo junto com o restante dos alunos. Após algumas broncas e gritos do técnico sobre eles precisarem ser mais rápidos para se trocar, começaram alguns alongamentos e aquecimentos que iam desde tentar tocar os pés a dar inúmeras voltas no campo. Como sempre, Peeta evitava ao máximo chamar atenção, sempre tinha um desempenho razoável nos treinos, pois não queria virar o mais novo “bichinho de estimação” do treinador como alguns alunos de sua classe.

Marvel, Cato, Tresh e Jason são os que mais se destacam nos treinos, porém Jason não é tão popular quanto os outros três e nem anda muito com eles... O que mais se destaca é Cato. Presidente do grêmio estudantil, capitão do time de basquete, destaque nas aulas de matemática e desejado por todas as garotas do colégio, dono de uma beleza confiante e natural, sempre anda com seu grupo de amigos, mas parece sempre estar com Marvel por perto.

Depois da longa série de alongamentos e aquecimentos, Peeta já estava destruído, mas como ainda restavam 15 minutos de aula, teria que aguentar. O treinador resolveu que os alunos teriam que disputar uma partida de futebol americano durante esse tempo.

— Só mais 15 minutos Peeta – murmurou para si.

Depois que os times foram escolhidos, Peeta foi para seu lugar e esperou o apito do treinador dar início ao jogo.

Os minutos foram passando, Peeta corria acompanhando os outros garotos e de vez em quando recebia a bola, mas jogo a jogava para outro colega do mesmo time. Nos últimos minutos de jogo, o placar estava empatado e todos os jogadores eufóricos, pois queriam vencer, Cato e Tresh estavam no mesmo time – time adversário – disputando contra Marvel e Jason. Peeta estava exausto, não queria mais correr, mas continuou.

Faltava apenas 1 minuto para o fim do jogo, Marvel corria com a bola em direção a endzone inimiga onde Tresh e um garoto ruivo estavam. Vendo que não teria jeito de passar pelos dois, Marvel olhou para os lados tentando encontrar alguém livre para receber a bola. À sua esquerda e viu Jason imobilizado por Cato, e à sua direita havia somente Peeta, parado com as mãos nos joelhos e com a respiração ofegante, porém não muito distante. O garoto ruivo, vendo que Marvel estava parado avançou em sua direção com rapidez planejando derrubá-lo.

— Hey, garoto! – gritou Marvel em direção ao pequeno. – Pega!

A bola saiu das mãos de Marvel e rapidamente avançou na direção de Peeta, que conseguiu recebe-la. Perplexo, Peeta fitou o objeto em suas mãos, depois Marvel sendo derrubado pelo garoto ruivo. Um arrepio percorreu sua espinha ao ver Tresh olhando para ele. O moreno estava apavorado, olhou para trás e viu Jason gritando para que ele corresse e fizesse o touchdown enquanto tentava se livrar de Cato.

Peeta avançou correndo o mais rápido que pode, indo em direção ao endzone inimigo, mas percebeu que não conseguiria fazer um touchdown já que Tresh vinha furiosamente em sua direção. Parou subitamente, olhou para a bola e depois para as traves verticais amarelas. A única chance que tinha era chutar a bola e rezar para que ela passasse pelo meio das traves, assim seu time ganharia o jogo.

Faltavam 10 segundos para o fim do jogo. Marvel conseguira se livrar do garoto ruivo e corria para tentar ajudar Peeta, porém Tresh estava apenas há alguns passos de distancia, então o pequeno jogou a bola no ar e antes que a mesma aterrissasse no chão, chutou-a com todas as forças que conseguiu reunir naquele momento.

Peeta não conseguiu ver se a bola atravessara as traves, a última coisa que se lembra era de sentir seu peito em brasa, sua cabeça latejar e tudo ficar escuro.

O apito do técnico soou, fim de jogo.

======

— Hey cara?! Você está bem?

Peeta abriu os olhos devagar, sentindo a luz das lâmpadas irritarem sua visão e algo gelado em sua testa, levou a mão à cabeça e percebeu que havia um saco de gelo em sua cabeça. Estava deitado no banco do vestiário, Tresh encarava-o com uma expressão, que misturava preocupação e tristeza, no rosto.

— Aí cara, fala alguma coisa. Você ta bem? – perguntou Tresh.

— E-Eu.. Eu to legal. – respondeu o menor esfregando as têmporas.

— Foi mal por ter te derrubado, eu só... sabe, eu... você estava com a bola, e o jogo... ah cara, foi mal mesmo.

Peeta percebeu que Tresh realmente estava se sentindo mal, então mesmo estando tonto e com o corpo dolorido respondeu:

— Não se preocupe, eu estou bem, só um pouco tonto, mas a culpa não foi sua. – tentou forçar um sorriso, mas este saiu desajeitado – era o jogo eu entendo.

O rosto do grandalhão se alegrou ao ouvir isso.

— Então está bem... eu tenho que ir agora, você vai ficar bem?

— Vou sim, pode ir – retrucou forçando um sorriso tentando convencê-lo.

Dando-lhe um tapinha no ombro, Tresh saiu do vestiário e logo após ouvir o barulho da porta se fechando, Peeta relaxou com a cabeça no banco, tentando colocar os pensamentos em ordem.

“O que aconteceu lá no campo?”.

Com esforço, conseguiu se sentar. Retirou o saco de gelo da cabeça e colocou de lado. Respirou fundo com dificuldade, uma dorzinha chata lhe atacava o peito, tentou mexer os braços e as pernas analisando os danos, virou o pescoço algumas vezes devagar e esticou as costas.

— Pelo menos eu não quebrei nenhum osso. – murmurou para si.

Depois de alguns minutos esperando com que a sensação de ter sido pisoteado passasse, Peeta tentou ficar de pé e caminhar até seu armário, no começo conseguiu, mas não demorou muito para o mundo começar a girar novamente, ele perder o equilíbrio e cair.

— Opa! Vai com calma baixinho – disse Cato segurando Peeta nos braços – desculpa, eu deveria ter ficado aqui de olho em você, mas parecia que você nem ia acordar tão cedo, então achei que não ia ter problema tomar um banho – falou ajudando o menor a se sentar novamente. – e aí, ta melhor?

— Acho que sim – disse Peeta ainda meio atordoado, olhou para o maior que estava com os cabelos molhados com alguns frios grudados no rosto, peito desnudo com algumas gotas d’água escorrendo com apenas uma toalha lhe cobrindo, sua respiração acelerou ao perceber que somente uma toalha o vestia. Reparou no corpo bem definido do loiro, os braços fortes que a pouco lhe impediram de cair, o peito bem trabalhado, o abdome definido... corou imediatamente ao perceber que seu olhar estava percorrendo o corpo do maior descendo pelo umbigo e indo em direção a onde estava a toalha. Sacudiu levemente a cabeça tentando recuperar a postura. – o que aconteceu?

— Não se lembra? – o menor negou com a cabeça e então o maior explicou. – Bem, depois que você chutou a bola, Tresh acabou te derrubando, o ombro dele se chocou forte contra seu peito, daí você caiu para trás e bateu muito forte com a cabeça, desmaiou na hora. Marvel ajudou Tresh a te trazer para cá enquanto o técnico foi chamar a enfermeira. Ela disse que você ia ficar bem e que era melhor te deixar descansar, a gente queria levar você pra enfermaria, mas o Tresh não deixou, acho que ele pensou que não ia ser bom te carregar até lá, ele ficou muito mal por ter te machucado... Ele é grandalhão, mete um pouco de medo, mas é muito sentimental e estava preocupado, só que ele precisava ir pra aula, então eu disse que ia ficar de olho em você. Aliás, foi um belo chute.

— Obrigado – disse entre um sorriso tímido, dessa vez sem precisar forçar – então quer dizer que eu marquei o ponto?

— Claro que sim, você não lembra? Como pode não lembrar de um chute daqueles? Nunca vi nada parecido, foi o Field Goal mais bonito que eu já vi – respondeu o loiro tentando animar o moreno com um sorriso.

— Nossa... – murmurou Peeta sem acreditar no que havia feito. – eu nunca tinha ganhado um jogo antes... mas de qualquer modo, eu não ligo porque quando o jogo começa eu só consigo pensar em quando ele vai terminar.

— É, eu sei. Você tenta não chamar atenção... faz um tempo que eu reparei em você... sempre quieto, é inteligente e sempre responde certo as perguntas dos professores, mas não se exibe, e não tem um físico ruim para esportes, mas pelo visto não gosta né?

O menor estava surpreso, pois achava que pessoas populares como Cato apenas ignoravam os nerds.

— Exato... e-eu odeio esportes, e não gosto de chamar atenção porque sou tímido – explicou se encolhendo entre os ombros – não tenho vontade de ser como você.

— Como eu? Como assim? – perguntou perplexo.

— Ah, você sabe... popular, querido dos professores e tal.

— Hahaha eu não sou assim – retrucou o loiro em meio à risadas – as pessoas que me veem assim... eu só sou eu mesmo, os outros é que me dão títulos.

— Entendi... a propósito, meu nome é Peeta, Peeta Mellark. – disse o menor estendendo a mão para Cato, se apresentando.

— Haha eu sei cara – falou empurrando a mão de Peeta, demonstrando que não era necessário se apresentar – quer dizer, já sabia seu nome, agora sei o sobrenome.

— Como sabia? – perguntou Peeta meio confuso. Como Cato sabia seu nome?

— Ué, somos da mesma classe lembra? Já ouvi os professores falarem seu nome na chamada.

— Ah sim. – mesmo assim Peeta achava impressionante o fato de Cato saber seu nome.

— Hey, você está bem mesmo baixinho?

— Estou melhor – respondeu o moreno – e eu não sou baixinho!

— Você é pelo menos 15cm mais baixo que eu, o que te classifica, oficialmente, como baixinho.

Peeta começou a ficar vermelho e com raiva por estar sendo chamado de baixinho. Mas Cato achou aquilo hilário e muito fofo, pois Peeta aborrecido era como se alguém estivesse dando pequenas garfadas num ratinho.

— Você que é alto demais, eu não sou baixinho coisa nenhuma! – disse o menor ficando mais vermelho ainda, Cato sentia o calor emanando das bochechas do pequeno e sorriu achando aquilo adoravelmente engraçado.

— Haha eu to só brincando baixinho calma. – retrucou Cato socando amigavelmente o braço do menor.

— Não sou baixinho! Urrgh!

— Hahaha você parece até uma criança com raiva sabia? Ficou até fofinho.

— Ai para com isso! – falou o menor ficando mais vermelho ainda, mas dessa vez de vergonha. – q-quer saber, e-eu vou tomar um banho – disse levantando do banco.

— Hey me desculpa, eu tava só brincando ok? – ao perceber que o menor se afastava segurou seu braço – não fica bravo ta bom?

— Tudo bem, eu... ta tudo bem. Mas vou tomar um banho mesmo assim... – disse o menor passando a mão nos cabelos com uma expressão cansada no rosto. – estou muito cansado, sujo e meio tonto. Um banho morno vai ser bom pra mim.

— Sim, sim claro! Eu vou te esperar aqui ok?

— Obrigado Cato, mas não precisa mesmo... eu não quero te atrapalhar.

— Precisa sim, você não está totalmente bem, eu vou ficar aqui e esperar. – o moreno balançou a cabeça concordando com o loiro, afinal ele mesmo não queria ficar sozinho, mesmo sentindo que a presença de Cato o deixava meio desconfortável.

Peeta foi para os chuveiros, aonde deixou a água morna percorrer seu corpo, relaxando seus músculos doloridos. Parou para refletir sobre o fato de um cara como Cato já ter reparado nele, sobre Cato lhe achar fofo, sobre Cato se importar, o jeito como Cato lhe segurou, o corpo definido de Cato...

“Pare com isso Peeta Mellark!” - ordenou a si mesmo balançando a cabeça para afastar os pensamentos.

Saiu do chuveiro e voltou para o vestiário, aonde Cato lhe esperava sentado no banco, usando uma calça jeans justa, uma camisa alaranjada de gola em V e um par de tênis cinza, o cabelo estava penteado de um jeito repicado e sexy, e havia um cheiro leve de perfume masculino no ar que fez com que o menor respirasse fundo para sentir. Cato fitou o moreno vestindo apenas uma toalha e percebeu que apesar de ser um nerd baixinho, Peeta tinha um corpo definido, não tanto quanto o seu, mas bem definido para um nerd que odeia esportes em geral. Sem perceber, Cato percorria o corpo do menor com os olhos, Peeta corou ao perceber que o maior lhe encarava. Tentou agir normalmente, abriu o armário e ficou se perguntando se Cato ficaria ali enquanto ele se trocava...

— C-Cato... você se importa de... – disse Peeta.

Cato levou um susto, pois estava distraído olhando o menor, levou alguns instantes para se recompor.

— Ah, não se preocupe eu não vou olhar – retrucou com um sorriso bobo – pode ficar à vontade baixinho. – o loiro virou de costas para o moreno. Aproveitou para amarrar os cadarços.

Peeta não se importou de ser chamado de baixinho desta vez, o que só acontece quando Gale o chama assim, apenas deu de ombros e tentou ignorar o fato do loiro estar ali.

Cato terminou de amarrar os cadarços e ficou imaginando o corpo de Peeta. Algumas vezes se perguntava do porquê de estar pensando nisso, mas o pensamento logo era superado pelo desejo de percorrer o corpo de Peeta não só com os olhos, mas com as mãos... queria tocá-lo. Não resistiu, o loiro virou o pescoço sutilmente a tempo de ver o moreno de boxers branco, reparou em como a peça desenhava bem as nádegas do menor, mas Peeta logo colocou sua calça jeans seguido da camisa azul, então Cato voltou a fitar seus tênis pensando na beleza de Peeta.

— Pronto, terminei – falou o menor enquanto colocava a mochila no ombro.

— Como está se sentindo? – perguntou o loiro.

— Estou melhor... O corpo ainda dói, mas aquela tontura passou.

— Que ótimo – disse o maior sorrindo, feliz pelo moreno estar se sentindo melhor – para onde você vai agora?

— Era para eu estar na aula de geografia, mas já perdi quase meia hora de aula então é melhor eu ir à enfermaria pegar um atestado ou sei lá...

— Eu vou com você, o Sr. Albernathy não vai me deixar entrar na sala mesmo. – falou dando ombros.

O professor Albernathy é um dos pouquíssimos que não gosta de Cato. Na verdade ele parece não gostar de ninguém, ele é um cara bem esquisito, com cara de alcoólatra e um senso de humor um tanto duvidoso.

— Tudo bem eu acho... então vamos.

Os dois foram até a enfermaria. Cato insistiu para que a enfermeira Trinket examinasse Peeta novamente, para ter certeza de que ele estava bem. Após a enfermeira lhes assegurar de que o moreno não tinha nada grave, ela lhes deu uma dispensa médica e os dois ficaram mais tranquilos, pois assim não teriam que ouvir queixas do Sr. Albernathy.

Como ainda faltavam 40 minutos para a hora do almoço, Cato convidou Peeta para dar uma volta com ele pelo colégio e conversar um pouco para passar o tempo, o moreno assentiu, pois não queria ter que esperar Katniss e Gale sozinho.

Após voltas e voltas pelo gramado os dois concordaram em sentarem um pouco, então ficaram embaixo de uma árvore – a mesma que Gale estava quando chegou – e continuaram a conversar por um bom tempo até que o sinal tocou, indicando que já era hora do almoço. Cato ficou de pé estendendo a mão para Peeta ajudando-o a se levantar.

O caminho de volta a escola foi repleto de risadas e brincadeiras. Cato é totalmente diferente do que Peeta imaginava. Ele é um cara normal, é engraçado, divertido e inteligente e não mimado e arrogante como pensara. Cato também se surpreendera com Peeta, apesar de parecer jovem, ingênuo e tímido, o moreno é esperto, divertido e não é tão inocente quanto pensara, pois o menor lhe contara histórias sobre ele e o amigo Gale saindo para beber e fazendo algumas besteiras por aí - escondido de Katniss, é claro, que os mataria se descobrisse que os dois andam bebendo.

Em poucos minutos os dois já estavam entrando no refeitório. Peeta avistara Katniss e Gale sentados juntos comendo, ele e Cato pegaram suas bandejas.

— Bom, eu vou me sentar com o Gale e a Katniss – disse percebendo que os amigos de Cato o encaravam.

Marvel, Tresh, Clove e Glimmer são os amigos de Cato. Os populares, amados e odiados por todos. Os alunos que Peeta sempre julgou serem fúteis e mimados, mas estava se sentindo culpado de pensar deste modo, pois percebera o quanto Cato pode ser um cara legal. De repente os amigos dele também são.

“Nunca julgue um livro pela capa Peeta”— pensou.

— Posso ir com você? – perguntou o loiro.

— Sério? Mas e os seus amigos? – disse fazendo um movimento com a cabeça em direção a mesa em que estavam os amigos do loiro – eles devem estar te esperando.

— Não se preocupe – disse Cato percebendo os olhares furtivos de Glimmer – eles não precisam de mim para comer, além do mais acabei de fazer um novo amigo e sinceramente, você é mais divertido. – lançou um sorriso amigável ao moreno.

Peeta sentiu suas bochechas queimarem com o comentário do loiro, que achou muito fofo a reação do menor ao que havia dito.

Tresh avistou Peeta e resolveu ir até o menor e perguntar como ele estava, então se levantou e caminhou em direção a ele.

— E aí baixinho – disse dando tapa amigável no ombro do moreno – como está se sentindo?

— Ah, estou bem melhor, nem me sinto mais tonto – respondeu sorrindo em direção ao grandalhão.

— Que ótimo! Eu estava meio mal por ter te machucado, eu devia ter ficado de olho em você lá no vestiário, mas eu tinha que ir pra aula.

— Está tudo bem, não se preocupe. – tentou tranquilizar Tresh.

— Ok, então ta... acho que eu vou voltar para a mesa. Você vem Cato? – disse ao loiro.

— Ah não, vou sentar com o Peeta hoje. Diz ao pessoal que vejo eles na aula depois ok? – respondeu Cato.

— Tudo bem, eu vou nessa então. Se cuida baixinho – disse o grandão enquanto se afastava.

Peeta foi para a mesa onde estavam seus amigos, seguido por Cato. Assim que chegaram Katniss levantou rapidamente e deu um abraço forte no amigo.

— Pee! Você está bem? Soube que você sofreu um acidente na aula, o que houve?

— Nossa! Como você soube? Aconteceu mal tem 2 horas!

— Estavam falando sobre um garoto que caiu e... Ah não importa, eu e o Gale fomos à sua sala, mas o Sr. Albernathy disse que você não apareceu daí Gale deu a ideia de ver se você estava na enfermaria. A Srta. Trinket disse que você apareceu lá e que estava bem, mas tinha saído com um garoto loiro fortão. – explicou Katniss e percebeu que Cato também estava ali – ah, oi Cato.

— Oi Katniss. Oi Gale – disse olhando em direção a Gale que estava concentrado numa coxa de galinha.

— Kat, vamos sentar daí eu explico o que aconteceu.

Enquanto os quatro comiam, Peeta explicou tudo o que acontecera desde o jogo de futebol até Cato ter lhe acompanhado até a enfermaria.

—... Aí depois que a enfermeira Trinket nos deu as despensas nós demos uma volta pelo colégio para passar o tempo.

Katniss deu uma boa olhada para Peeta depois para Cato sorriso malicioso surgiu em seus lábios.

— Então parece que não aconteceu nada grave. Que bom Pee, eu fiquei preocupada. Obrigada por cuidar dele Cato – disse Katniss sorrindo para o loiro – foi muito gentil da sua parte.

— Sem problemas – retrucou devolvendo o sorriso.

Os quatro conversavam e riam, Cato e Peeta pareciam que já se conheciam há muito tempo, aparentavam já serem amigos próximos. Em algumas ocasiões Peeta corava, fazendo os olhos de Cato brilharem, pois o loiro achava aquilo adorável.

— Eu tive uma ideia! – falou Katniss – Querem ir ao cinema hoje? – perguntou a todos – faz tanto tempo que não vou ao cinema, estou com saudades daquela pipoca gordurosa, além do mais é sexta-feira, a gente precisa comemorar o fato de que Peeta Mellark sobreviveu a um jogo de futebol e uma experiência de quase morte lá no campo – brincou. Todos da mesa riram com o comentário.

— Nossa Katniss nem é pra tanto – retrucou o menor brincando. – eu topo, acho que vai ser divertido. Gale?

— Também topo, não vou ter nada pra fazer hoje à noite. Você vem Cato?

— Claro, parece divertido. – respondeu o loiro sorrindo.

Gale estava deitado sobre a cama lendo um livro quando ouve o seu telefone tocar.



“- Alô?

— Alô Gale?

— Oi, e aí Catnip, tudo bem?

— Estou ótima. Liguei pra avisar que não é para você nem sonhar em aparecer naquele cinema hoje à noite, ouviu? – falou em um tom ameaçador.

— O que? Como assim? Você vai desmarcar? Mas Katniss, todo mundo ficou animado com a ideia, sem falar que você mesma sugeriu e...

— Gale, você não está entendendo. EU e VOCÊ não vamos ao cinema. Peeta e Cato sim.

— Kat eu não estou entendendo. Você está querendo dizer para eu e você não irmos ao cinema e sim para outro lugar não é? – perguntou esperançoso.

— O que? Não Gale, não é isso – respondeu meio confusa – é que eu quero que Peeta e Cato vão sozinhos ao cinema... Juntos. Entendeu?

— Ah... entendi – respondeu meio desapontado – mas por que?

— Meu Deus Gale! Vai me dizer que você não percebeu? – Gale fez silencio que Katniss entendeu como um “não” – o Cato está a fim do Pee! Está super óbvio!

— O que?! Acho que você pirou Catnip. Ele só estava sedo gentil com o Pee ué, afinal de contas ele se machucou, Cato não podia deixar ele sozinho. Eu teria feito o mesmo.

— Eu sei Gale, eu sei. Mas com você seria diferente... será que você não reparou no jeito como ele olhava pro Peeta?

— Tinha um jeito?

— Ai vocês homens são tão burros.

— Ta bom Katniss, eu já entendi – retrucou já de saco cheio – nós dois não vamos, eles dois vão. Saquei.

— Exatamente. Você vai ver que eu estou certa... E não conte pro Peeta nem pro Cato. E se algum deles ligar, minta está bem?

— Ta bom, entendi.

— Era só isso meu anjo. Vou desligar...

— Não!... Ér... Katniss, por acaso já que não vamos ao cinema... e-eu pensei que... sabe, você e eu... sei lá... sair pra jantar.

— Claro! Eu adoraria. Às sete pode ser?

— Sim, perfeito! Eu passo na sua casa ok?

— Ok combinado.

— Então, até mais tarde.

— Até mais tarde Gale.”

Um sorriso escapou dos lábios de Gale, um brilho esperançoso estava em seus olhos. Finalmente ele e Katniss teriam um encontro.

Katniss desabou na cama segurando o celular contra o peito, um sorriso alegre nos lábios.

Já estava na hora— sussurrou.


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Notas finais do capítulo

E então ? Gostaram ? Odiaram?
Não sei não ein, mas esse cinema promete! *-*