– Ei, Hana! - Essa voz. Olhei para trás e não acreditei...

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– Clara? O que você está fazendo aqui?
         – Resolvendo tudo.
         – O quê?
         – Em quanto tempo você embarca?
         – Pouco mais de meia hora, mas...
         – Vem comigo, rápido.
         – Mãe, pai, já volto.
         – Ok, filha. Não demore. - Fomos quase que correndo ao banheiro.

Entramos, não tinha ninguém e ela foi logo falando, sem me dar ao menos tempo para respirar:
 – Hana, eu não fui no centro pois não vi a mensagem a tempo...
 – Eu sei, logo antes de me chamar sua mensagem de desculpas finalmente chegou.
 – Então... me perdoa? Sinto muito mesmo, Hana, eu gosto muito de você. Não queria te ver longe de mim, muito menos tendo que me despedir assim, às pressas.
 – Lógico que te perdoo. Seu sentimento é recíproco...
 – Aquele dia, no banheiro do colégio. O que estava falando?
 – Me desculpe por aquilo, ainda não havia me acostumado com a ideia de amar uma garota.
 – Você disse "amar"? - Fiquei extremamente vermelha. Aquilo saiu automaticamente. - Ei, pequena, eu te amo.
Nessa hora eu fiz uma cara de felicidade e apenas a abracei.
 – Hana, mesmo com a distância e as dificuldades, quer ser minha namorada? - Clara disse isso me entregando um colar de coração com fotos nossas dentro. Aquela linda, sabe exatamente do que eu gosto.
 – Sim, Clara. Mesmo com a distância e dificuldades, eu quero ser sua namorada. - Assim que disse isso ela sorriu e me deu um beijo doce, romântico. Foi a melhor sensação do mundo.
 – E obrigada pelo colar. Queria poder te dar um também.
 – Comprei pra nós duas. - Disse puxando o pingente de dentro da camisa. - E você já me deu algo, seu "sim".
 – Você sabe mesmo me fazer feliz.
 – Como sua namorada, tenho esse dever. - Riu num tom de gozação sabendo que eu ficaria sem graça ouvindo aquilo.

E foi assim que o dia 19 de outubro se tornou uma data especial para duas garotas tão diferentes.
Ainda lembro do jeito dela se despedindo quando estávamos para embarcar "Olha, não saia sozinha, crianças não podem sair sozinhas principalmente em lugares novos.". Hump! Aquela idiota... Minha idiota, minha.
Assim que voltamos para onde meus pais estavam eles viram o colar e segurei as mãos de Clara, eles entenderam. Para minha sorte eles sempre foram compreensivos.
E como nós mantemos nosso relacionamento? Sempre estando online nas horas vagas, ligando sempre que possível, coisas assim.
Prometemos que tentaríamos ao máximo visitar a outra nas férias/feriados.
O Lucas? Continuo falando com ele, nos tornamos bons amigos. Não é friendzone ok?! Ele mesmo quis continuar sendo meu amigo e parabenizou eu e a Clara pelo namoro. Clara... Estou morrendo de saudade dela. Aqueles cabelos vermelhos perfeitamente caídos sobre seus ombros, aqueles olhos castanhos que possuem um brilho único, seus lábios macios, seu perfume, o calor do seu toque. Tão perfeita para mim.
Quem diria que eu me apaixonaria por uma garota. E que o fato de me mudar muito poderia ter alguma real vantagem.
Apesar de tudo, tivemos sorte. Não falta muito para as férias, e estou planejando encontrá-la. Realmente espero que tudo dê certo.

"Você tem uma nova mensagem."
 – Clara! - Sempre sorrio feito uma idiota quando recebo mensagens e/ou falo com ela.