"Clara, me desculpe. Caso ainda queira me encontrar para esclarecermos as coisas eu estarei na praça do centro amanhã as 15h."
Eu sabia que precisava fazer aquilo. Meu sentimento era recíproco... E eu precisava começar a aceita-lo.
"Mensagem enviada"

*******

Calma, Hana. Você nem sabe se ela vem ou não. E se ela não vier? Se ela nunca me perdoar? Eu não suportaria isso.
Nossa, como fui uma idiota.

Por que ela não chega? Será que ela realmente não vem?
Já se passou uma hora e nem me respondeu por mensagem... Ela não deve nem mais querer saber de mim.

Estava ficando com fome e decidi procurar alguma lanchonete e, para a minha sorte, havia uma por perto. Enquanto comia, ficava olhando pela janela esperando ver a Clara, nada.
Fiquei enrolando e já eram quase 17h, decidi ir embora. Acho que ela realmente não iria.

Por que ela fez isso? Não foi ela quem disse que se importa comigo? Percebe-se que sim.
Comecei a chorar, com a cabeça enfiada no travesseiro, não queria que ninguém escutasse.
E agora? Eu realmente precisava falar com ela. Falar algo importante...
Só de pensar nela já ficava triste, me sentia mal. Chorei tanto que acabei dormindo.

Domingo foi normal, tedioso. E já era segunda. Via ela de longe, ela me olhava e logo virava o rosto.
– Bom dia, Hana. - Lucas disse logo me abraçando.
– Bom dia... - O abracei de leve, meio distraída.
– Está tudo bem? - Percebeu minha distração e falta de vontade.
– Ãn? Sim, sim, está. - Ele não acreditou muito. - Só levantei do lado errado da cama hoje.
– Ah, entendo. Vai querer sair hoje?
– Não dá, essa semana vai ser corrida... Ontem meu pai me disse que ofereceram um emprego melhor em outro estado, vamos no fim de semana.
– Nossa, bem em cima mesmo...
– É...
– E como vai ser? Digo... Nós. Porque, Hana, realmente estou gostando de você e queria tornar isso um namoro de fato.
– Lucas, olha, melhor que não continuemos. Além disso, de me mudar logo, também tem outra coisa... Estou gostando de outra pessoa.
– Ah... - Abaixou a cabeça mas logo levantou, porém com uma expressão triste.- E vocês estão...?
– Não, essa pessoa nem sabe. Nem vou contar também, seria pior.
– Hum... E acha que volta algum dia? Mesmo que para visitar?
– Talvez, eu gostaria bastante. - Disse sorrindo para quebrar o clima tenso de antes. Lucas sorriu também.

E assim foi a semana, eu não falava com a Clara e ela também não tomava iniciativa.
Odiava o fato de que ela estava me ignorando tanto. Mas o que estava acontecendo? Ela que se declarou, ela que não foi me encontrar no centro, e agora ela está simplesmente ignorando que eu existo. Nem para se desculpar por não ter ido...

Sexta, o último dia. Meu último dia perto dela, ou talvez não tão perto assim. Ainda não nos falávamos.
Eu precisava ao menos me despedir. Mas como?
Ok Hana, respire fundo e vá.
Chegando perto... Isso, estou quase lá.
É, ela já me viu. E que cara é essa? Está com uma expressão surpresa.
– Clara, posso falar com você?
– Sim, claro. - Me sentei junto à ela.
– Queria falar com você para me despedir.
– Despedir? Como assim? - De repente ela "despertou". Vi em seus olhos como se ela não quisesse isso. Mas, ela nem foi me ver naquele dia...
– É, meu pai recebeu uma proposta melhor de emprego, vou amanhã
– Mas já? Por que? Por que logo?
– Na verdade ele recebeu essa proposta no começo da semana...
– O que? E você só me diz isso agora? - Clara parecia com raiva, muita raiva.
Bateu na mesa ao perguntar isso e seu olhar era forte, haviam lágrimas em seus olhos.
– Bom, estava aquele clima tenso entre nós e quando te olhava apenas virava o rosto. - Clara abaixou a cabeça e seus cabelos cobriram seu rosto. - Nem vinha falar comigo. Não queria falar com você com um clima desses entre nós, mas também não queria ir sem ao menos avisar.
– Sabe por que virava meu rosto? Por que não falava contigo? - Vi suas mãos fecharem com força. - Porque sabia que precisava tentar te esquecer, Hana! - Rapidamente levantou seu rosto. Estava chorando. - E não, eu não consegui!
Minha cara naquela hora foi de surpresa. Simplesmente não sabia o que fazer. Me acalmei, olhei para baixo fechando os olhos em seguida e calmamente prossegui:
– Então por que você não foi, Clara? Logo quando eu quis ajeitar tudo, quando quis esclarecer tudo. Você me deixou lá, esperando feito uma idiota.
– Espera, você não recebeu minha mensagem?
– Mensagem? Que mensagem? - Logo meu celular tocou, era meu pai dizendo para ir o quanto antes para casa (Como tivemos aula-extra, que eu pedi para ficar, já estava meio tarde.) e ajudar com as coisas. Sairíamos cedo de casa no dia seguinte. - Bom, melhor ir para casa o quanto antes, preciso ajudar na arrumação.
– Não, Hana, agora vai ficar até acertarmos tudo.
– Clara, eu tenho que ir. - Ela me puxou pelo braço, exatamente como já fizera antes. Eu gostava tanto daquilo.
– Hana, dessa vez não.
– Bom... Respondendo sua pergunta, não. Eu não recebi nenhuma mensagem.
– Hana, eu...
– Clara, eu preciso ir. Me desculpe.
– Que horas vai estar no aeroporto amanhã?
– 6:00h. - Respondi e já fui andando rápido. Se demorasse, meus pais não iriam gostar.

*******

– Hana, acorde! Vamos nos atrasar!
Não, eu não consegui acordar na hora. Passei boa parte da noite acordada pensando naquela conversa.
– Ok, vou só trocar de roupa e já estou indo.

Já no aeroporto, estava morrendo de sono, dormi muito mal.
Quando recebi uma mensagem... Mensagem?

"Hana, me desculpe. Eu acordei tarde e só li seu sms depois de acordar. Eu fui ao centro, mas você não estava mais lá. Espero que entenda e me perdoe."
Mas espera... A data. Será que é dessa mensagem que ela estava falando? Só foi chegar agora?

Já estava perto da hora de embarcar no avião, quando:
– Ei, Hana! - Essa voz. Olhei para trás e não acreditei...