Cinco dias depois do despertar de Draco...

O hospital estava bastante cheio naquela tarde, Lena andava com passos apressados e com alguns papéis nas mãos. Os resultados dos exames que Draco havia feito estavam impressos e nas mãos da médica.

Draco estava melhor, conseguia sentar e comer sem tremer demais. Naquela tarde estavam presentes ali todos os amigos, menos Blásio, estavam também Hermione e a família de Draco.

–Boa tarde. –Lena abriu a porta do quarto.

–Boa tarde. –Todos disseram num uníssono não muito perfeito.

–Os resultados dos exames chegaram e temo que não sejam exatamente espetaculares. Não são ruins, longe disso. –Respirou fundo. –A leucemia de Draco teve uma certa mudança, devo dizer que não sei explicar se essa mudança melhorou ou piorou a situação dele, mas posso dizer que agora nesse momento precisamos urgentemente de um doador de medula óssea que seja compatível com Draco. –Proferiu as palavras com preocupação no tom de voz.

–Doutora, eu sou o pai dele e isso quer dizer que eu posso ser o doador. –Lúcio encarou-a.

–O senhor pode até fazer os exames, mas pai e mãe nunca são compatíveis. –Draco engoliu a seco após ouvir as palavras da médica.

–Mas por quê? –Narcisa tinha um semblante cansado.

–O pai passa metade da herança genética e a mãe a outra metade, pai e mãe tem a metade da herança genética do filho. –Explicou calmamente.

–Temos que recorrer a aquelas longas filas de doadores? –Hermione pronunciou-se.

–Não enquanto nós tivermos um fio de esperança, pelo que sei Draco tem uma irmã e irmãos tem a probabilidade de vinte e cinco por cento de chances de serem doadores. –Lena disse esperançosa e todos sorriram menos Draco.

–Não vou fazer Manuela passar por uma coisa assim, ela não merece. –Draco recusou-se.

–Draco é disso que depende sua vida. –Hermione encarou-o de forma séria.

–Eu não me importo, prefiro morrer do que fazer uma criança passar por isso. Me recuso. –Cruzou os braços.

–Draco você querendo ou não eu vou ser a doadora. –Todos se assustaram com a presença da menina.

–Era pra você estar lanchando com a Taylor. –Lena exclamou virando-se para a menina.

–Eu sei, mas sabia que vocês tinham me expulsado daqui por algum motivo e voltei. –Colocou as mãos na cintura.

–Volte pra lanchonete Manu, não quero que você ouça essas coisas. –Draco tentou ajeitar a coluna, mas doía demais.

–Como é que você me pede pra ir pra lanchonete e deixar você ficar cheio de dores? -Manuela ruborizou as bochechas, era como se o sangue da menina estivesse todo naquela região.

–Não vou fazer você passar por uma coisa assim, não insista. –Draco fechou ainda mais o semblante.

–Vamos Manuela. –Pansy ofereceu a mão para a menina.

–Eu não vou a lugar nenhum, vou ficar aqui e doar isso que ele precisa e ele vai ficar bom. –Cruzou os braços.

–Deixa de ser teimosa garota. –Draco tentou demonstrar raiva, mas não conseguia ficar bravo com uma figura tão doce.

–Eu não que você morra. –Os olhos da menina marejaram.

–É uma escolha minha Manu. –Draco fez sinal para que ela encostasse-se a ele. –Não quero que você entre num centro cirúrgico tão pequena, me desculpe por eu ser assim, mas não vou deixar você fazer isso. –Beijou o topo da cabeça da menina.

–Mas você vai morrer. –Disse com lágrimas molhando seu rosto alvo.

–Não pense assim minha menina, pense que eu vou morar no céu ou algo assim. –Draco acariciou o rosto da menina que chorava compulsivamente.

–Me deixem falar. –Lena reclamou. –Mesmo que Draco quisesse, ela não poderia doar, é uma criança. Só uma pessoa acima dos dezoito anos pode doar. –Explicou. –Me passou pela cabeça de que ela era apenas uma criança, sempre acho que a senhorita Parkinson é irmã dele. –Explicou-se mais uma vez.

–Eu posso fazer o exame? –Harry ofereceu-se.

–Quantos anos você tem? –Lena virou-se para ele.

–Já completei dezoito. –Garantiu e mostrou o documento confirmando o que acabara de falar.

–Harry eu não quero que faça isso. –Draco tentou impedir.

–Sou maior de idade Malfoy, faço o que bem entendo e se eu quero doar medula óssea pra você... Eu vou doar. –Disse decidido.

–Me siga, faremos seu cadastro agora mesmo e faremos o teste e vou fazer de tudo pra apressar os resultados e se sair como eu espero, amanhã mesmo saberemos se você pode ser o doador. –Lena abriu a porta.

–Espera ai. –Rony chamou. –Eu ainda tenho dezessete, mas meus dois irmãos são maiores de idade e eles mandaram uma mensagem dizendo que estão vindo pra cá fazer o teste também. –Rony avisou.

Todos ficaram ali até a visita acabar, Lúcio dormiria com Draco e Harry e os irmãos Weasley cadastraram-se e fizeram os testes.

No outro dia logo á tarde...

A bels Doutora Smoak vinha com passos largos e trazia mais uma vez os resultados dos exames, dessa vez estavam lacrados, haviam saído do laboratório naquele momento.

–Olá, boa tarde. –Cumprimentou-os.

–E ai doutora? –Hermione tomou a frente de todos.

–Abrirei agora o resultado. –Lena pegou o primeiro envelope. –Friederich Weasley, sinto muito porque você não poderá ser o doador. –Pegou o outro envelope, abriu e examinou com um semblante sério. –Jorge Weasley também não poderá. –Só falta o nome de Harry e todos estavam apreensivos. –Vamos abrir o envelope de Harry Potter. –Ela abriu e examinou-o minuciosamente demorando ainda mais que os outros. –Ah Deus. –Exclamou angustiada. –Também não. –Colocou os envelopes numa mesinha e levou as mãos ao rosto deixando a apreensão tomar conta de si.

–Doutora Smoak a senhora esqueceu esse envelope. –Um enfermeiro entregou o envelope e saiu.

–Eu não sabia desse. –Lena pareceu bastante surpresa. –Neville Longbottom. –Todos se olharam.

–Você não me disse que tinha feito o teste. –Luna virou-se para o namorado.

–Eu não queria deixar vocês preocupados com mais um resultado. –Neville explicou-se.

–O último resultado. –Lena deixou um pequeno sorriso brotar no canto da boca. –Neville, você pode ser o doador. –Afirmou.

–Obrigada Neville. –Hermione abraçou o amigo.

Lúcio num movimento quase involuntário abraçou Narcisa que no começo deixou-se ser abraçada, mas depois de perceber quem a abraçara tomou distância.

–Tá vendo Draco, tudo está dando certo. –Hermione selou o namorado.

–Você tem certeza do que tá fazendo Neville? –Draco perguntou.

–Salvando a vida de um amigo. –Esticou a mão e Draco apertou.

–Meu namorado é um herói. –Luna apertou as bochechas do namorado.

–Vou ver como está os horários de cirurgias e vou agendar a de vocês. –Lena saiu do quarto.

Mais tarde Lena voltou para o quarto antes que a visita acabasse e já havia agendado a cirurgia.

–Tivemos sorte e a cirurgia já foi agendada. Vocês tem alguma pergunta? –Lena fixou o olhar em Neville que parecia nervoso.

–Vai doer? –Neville estava morrendo de medo.

–Pode sim haver algum desconforto. Algum desconforto pode ocorrer quando ele faz uso do estimulante para produzir mais células progenitoras. São sintomas semelhantes ao de uma gripe, um mal-estar que cede com qualquer analgésico. –Explicou.

–Quanto tempo vai durar o procedimento? –Hermione perguntou.

–Quatro horas. –Respondeu rapidamente.

–Ele corre algum risco? –Dessa vez foi Luna que manifestou-se.

–Não, ele não corre nenhum risco. –Garantiu.

–Quando tudo começa? –Narcisa desencostou-se da parede e endireitou a coluna.

–Bom, Draco vai se submeter a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula, ai então a medula que será doada por Neville será colocada no lugar. –Lena explicou rapidamente.

–E depois? -Foi a vez de Lúcio falar.

–Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente necessitará ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre são muito comuns. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário em alguns casos o comparecimento diário ao Hospital. –Lena parecia cansada de tanto falar.

–E quando começa o tratamento de Draco? –Hermione perguntou ainda mais preocupada.

–Amanhã mesmo. –Lena respondeu.

Todos saíram do quarto deixando Neville e Draco sozinhos.

–Neville eu quero que você tenha certeza mesmo do que está fazendo. –Draco respirou fundo.

–Eu tenho. –Garantiu e colocou a mão no ombro de Draco. –Não precisa ter medo, as coisas irão sair exatamente como o planejado. –Garantiu novamente.

–Nunca pensei que iria ser seu amigo. –Draco riu com a ideia.

–Nem eu. –Neville riu também. –Essa doença serviu pra muitas coisas, é como dizem... –Neville tentou lembrar-se da citação. –Antes de chegar ao pico da montanha, existe a escalada. –Sorriu novamente.

–Obrigado por tudo Neville. –Draco agradeceu.

–Não está sendo nada, estou ajudando um amigo e isso é bom. –Neville abraçou Draco, ainda era meio estanho para Draco sentir o quanto ele é importante pra tantas pessoas, até mesmo para pessoa que ele fez mal.