A mansão da família Malfoy parecia um castelo medieval na cabeça da pequena garota que imaginava como seria bom crescer ali, como uma princesa.

–Você tá bem filha? –Lúcio ajoelhou-se.

–Estou papai, eu vou morar aqui pra sempre? –A pequena direcionou os olhos ao homem á sua frente.

–Não querida, logo eu vou arrumar um lugar pra nós dois. –Sorriu para a menina que retribuiu com um meio sorriso.

–Que pena, achei que eu ia ser a princesa desse castelo. –Sorriu sonhadora.

–Você é tão sonhadora quanto seu irmão. –Passou a mão no cabelo da loirinha e abriu a porta da casa. –Narcisa. –Surpreendeu-se ao ver a esposa.

–Olá. –Cumprimentou a menina e nem ao menos direcionou o olhar para Lúcio.

–Olá senhora Malfoy. –A menina sorriu educadamente.

–Me chame de Narcisa querida. –Narcisa sorriu de canto e a menina retribuiu.

–Tudo bem então senhora Narcisa. –A menina olhou em volta e caminhou até a sala e pegou um porta retrato com a foto de Draco. –Esse é o meu irmão? –Virou-se para o pai.

–Sim, o nome dele é Draco. –Lúcio caminhou até ela.

–Ele é muito bonito e a garota ao lado dele também. –Virou-se para Narcisa.

–Hermione, o nome dela é Hermione. –Narcisa respirou fundo tentando esconder a frustração. –Venha Manuela, você vai tomar um banho e eu arrumo uma roupa muito linda pra você. –Deu com a mão e a menina a seguiu até o quarto de hospedes.

A menina foi rápida, tomou um banho quente e saiu enrolada em uma toalha rosa com o desenho da gatinha Marie.

–Dona Narcisa eu espero que a senhora não se chateie, mas eu estou com bastante fome. –Corou.

–Ficar chateada por isso? Eu não sou tão chata assim. –Narcisa disse enquanto abotoava a blusa de frio da menina.

–Você e meu pai são casados não é? –Narcisa abaixou a cabeça.

–Isso é um ponto em questão querida, venha vamos comer e esqueça essa história de casamento. –Abriu a porta do quarto e a menina foi atrás.

As duas desceram as escadas e passaram por Lúcio que estava na sala assistindo a um filme de ação qualquer.

–Quer comer conosco papai? –A pequena virou-se para o pai.

–Você trás um sanduíche pra ele. –Narcisa cortou antes que Lúcio as acompanha-se.

–Eu estou bem filha, não estou com fome. –Lúcio virou-se de volta a televisão.

Narcisa pegou a mão da menina e conduziu-a até a cozinha, onde fizeram dois grandes sanduíches e se sentaram a mesa.

–Você não tem nenhuma alergia mesmo? –Narcisa perguntou curiosa.

–Nenhuma. –Afirmou. –Dona Narcisa se não for incomodo, eu posso fazer mais um pedido? -Mordeu o sanduíche e encarou a mulher a sua frente.

–Claro que pode querida. –Tomou um gole de suco de limão.

–Posso conhecer o meu irmão amanhã? –Os olhinhos brilharam. –É que eu não sei como é ter um irmão e agora que tenho um, queria conhecê-lo. –Sorriu esperançosa.

–Claro querida, só que ele não vai poder te responder por que ele está num sono muito profundo e ninguém sabe quando ele acordará. –Alertou-a.

–Ele está em coma não é?! –Narcisa assentiu.

–Como você... –Começou a falar, mas foi interrompida.

–Assisto muito a séries de médicos quando mamãe me deixa sozinha. –Sorriu triste e tomou um último gole de refrigerante.

–Você já terminou querida? –A pequena assentiu ainda triste por lembrar-se da mãe. –Vamos, eu vou te colocar pra dormir.

Lúcio estava dormindo no sofá, o que não era normal para um homem de negócios como ele. Narcisa estranhou, mas continuou andando. A pequena deitou-se na cama e Narcisa a cobriu e logo em seguida sentou-se ao lado da menina.

–Quer que eu conte uma história pra você. –Alisou a bochecha rosada da pequena que assentiu.

–Qualquer uma. –Manuela passou o pequeno braço ao redor do ursinho de pelúcia.

–Era uma vez uma pequena princesa chamada... –Olhou para a menina.

–Manuela. –Sugeriu sorrindo marota.

–Certo. –Tomou fôlego. –Era uma vez uma pequena princesa chamada Manuela que se aventurou no meio de uma floresta com seu grande amigo e escudeiro... –Incentivou.

–Ollie. –Levantou o ursinho.

–... Ollie, um ursinho de pelúcia gigante e rosa que era muito fiel a sua princesinha. Certo dia eles encontraram um velho homem... –Parou de falar ao reparar a respiração lenta e compensada da menina. –Durma bem pequena. –Beijou-lhe a testa, levantou-se, apagou a luz, deixou a porta meio entreaberta e saiu em direção ao quarto do casal.

–Você costumava contar histórias á Draco quando ele era criança. –Lúcio tentou puxar assunto, encostado a porta.

–Você costumava ser fiel nessa época. –Cortou a conversa.

–Sei que você está chateada por eu ter tido uma filha com a minha secretária, mas não foi uma coisa planejada. –Falou um pouco alto e Narcisa fez sinal para que abaixasse o tom da voz.

–Agora me escute, sei que as coisas entre nós não vão nada bem, mas ela é apenas uma criança e não tem que ficar te ouvindo dizer de segundo em segundo que a separação irá acontecer por culpa da mãe dela. – Narcisa caminhou até a porta. –Agora durma no outro quarto de hóspedes e me deixe dormir. –Fez sinal para que saísse.

–Você tem certeza de que vai leva-la até o hospital amanhã? -Recompôs-se.

–Agora deu pra ouvir a conversa alheia atrás da porta? –Cerrou os dentes. –Apenas vá para o outro quarto e me deixe em... –Narcisa parou de falar ao encarar a imagem da pessoa que menos precisava ouvir aquilo. –Oi pequena, o que aconteceu? –Narcisa sorriu para ela tentando amenizar a situação.

–Fiquei com medo. Posso dormir com vocês dois? -Narcisa olhou sem graça para a menina. Ela não queria a presença de Lúcio no quarto dela, na cama dela, ao lado dela, mas a pequenina garota a sua frente parecia assustada.

–Tudo bem. –Narcisa caminhou até a cama e fez sinal para que ela viesse.

Narcisa deitou-se na ponta esquerda, Lúcio na direita e Manuela ao meio dos dois agarrada ao seu ursinho.

No outro dia a menina amanheceu animada com a ideia de conhecer o irmão, Manuela não parava de falar nem por um segundo.

–Estou pronta. –Gritou do topo da escada, a menina exibia um vestido azul cheio de pequenas flores e com um laço apertado a cintura. –Vamos logo. –Agarrou a mão do pai e saiu o puxando para fora da casa, Narcisa ria daquilo.

Minutos depois Lúcio parou a BMW preta no estacionamento do hospital e Manuela parecia estar encantada em estar vivendo em família, nunca havia se sentido assim antes, sempre era ela sozinha.

–Dona Narcisa a senhora gosta de mim? -A loirinha agarrou a mão da mulher.

–Gosto minha querida, é claro que eu gosto. –Abaixou-se e olhou nos olhos da menina. –Você se parece muito com seu irmão, os mesmos olhos, o mesmo sorriso e o cabelo loiro e sedoso. –Os dedos correram por cima dos fios dourados fazendo com que a menina sorrisse.

–Vamos. –Lúcio parou ao lado das duas que o seguiram.

Hermione estava parada do lado de fora do quarto falando com Pansy e então Manuela correu até ela.

–Oi Hermione, eu sou Manuela e sou sua cunhada. –Abraçou as pernas de Hermione que sorriu e olhou para Narcisa que assentiu.

–Olá Manuela, você parece muito com Draco sabia?! –Hermione abaixou-se e ficou do tamanho da menina.

–Sabia sim, tia Narcisa me disse isso e papai também. –A menina olhou para dentro do quarto.

–Você quer falar com ele a sós? –Hermione perguntou e a menina assentiu animadamente e entrou saltitando.

–Oi Draco, como eu falei pra sua namorada eu sou sua irmã. –A menina colocou uma mechinha do cabelo atrás da orelha. –Não sei se quando você acordar você vai gostar de mim porque a culpa de seus pais quererem se separar é porque eu nasci. Minha mãe também não gosta de mim, ela disse que eu a deixei gorda. –Suspirou pesadamente. –Sua mãe gostou de mim, ela é um máximo. Queria que ela fosse minha mãe, ela é tão linda e tão boazinha. Você tem sorte de ter ela como mãe. –A menina subiu em cima da cadeira e ficou em pé. –Você precisa acordar pra me ajudar na Operação Cupido, precisamos juntar a tia Narcisa e o papai. Eles se amam muito e tem que ficar juntos que nem a Bela e a Fera e a Ariel e o Eric. –A loirinha subiu na cama e deu um beijo no rosto de Draco. –Acorda pra gente brincar, nunca tive amigos e nem irmão. Acorda por favor. –A menina deitou ao lado do irmão e colocou o braço por cima dele.

Um grunhido e loirinha sentou-se na cama.

–Quem é você? –Draco abriu e fechou os olhos que ficaram irritados com a luz.

–Sou Manuela e sou sua irmã. –Sorriu.

–Minha o que? -Draco perguntou confuso.

–Quando você ficar bom eu te conto tudo, mas nós precisamos colocar a Operação Cupido em ação. Vou chamar todo mundo. –Draco encarou a menina sem entender nada.

–Espera ai, operação o que? –O rapaz parecia perdido.

–Hermione, papai, tia Narcisa, o meu irmão acordou. –Gritou e em segundos o quarto encheu, Hermione e Narcisa abraçaram Draco.

–Isso foi quase um milagre. –Lena apareceu na porta.

–Dá pra alguém me explicar sobre a menina. –Draco perguntou um pouco irritado e Lúcio abaixou a cabeça. Nem precisa dizer nada, já entendi. –Fechou o rosto e depois olhou para a menina. –Seja bem vinda a família Manuela. –Forçou um sorriso.

–Você me odeia? –A menina escondeu metade do corpo atrás de Hermione.

–É claro que não, você é muito simpática. –Draco fez sinal para que ela chegasse mais perto dele e então bagunçou o cabelo dela. –Você parece comigo maninha e prepare-se eu sou muito chato. –Sorriu sincero e a menina retribuiu.

–Tá dentro da O.C? -Piscou pra ele que demorou de entender.

–Vai te fazer feliz? -Draco perguntou e a menina assentiu. –Tô sim pequena. –Sorriu mais uma vez e pegou na cabeça. –Tá doendo. –Balançou a cabeça.

–É normal. –Lena assegurou.

–O que é O.C? -Hermione perguntou.

–Segredo de irmãos. –Draco respondeu e piscou para a loirinha.

–Já estão nesse nível de cumplicidade? –Narcisa disse divertidamente.

–É, pois é. –Manuela deu de ombros.

–Vamos deixar Draco descansar porque amanhã ele tem uma bateria enorme de exames pra fazer. –Lena disse e saiu do quarto assim como os pais e a irmão do menino.

–Destruí sua formatura não é? –Pronunciou as palavras com tristeza em cada uma delas.

–Não fale isso jamais Draco, você me deu os melhores momentos da minha vida e continuará dando. –Acariciou-o.

–Sentiu a minha falta novatinha. –Deu ênfase ao primeiro apelido que ele a dera.

–Senti até demais. –Hermione beijou-o com toda a força da sua saudade. –Eu amo você tanto Draco. –Uma lágrima escapou.

–Bem que você disse que não me deixaria ir. –Sorriu de canto.

–Pois é, pedi tanto a Deus pra deixar você conosco e Ele deixou. –Hermione segurou a mão do namorado.

–Como foram as coisas enquanto eu estive dormindo? -Revirou os olhos.

–Seus pais estão meio... –Suspirou. –Pansy e Rony não estão brigando, Harry e Gina estão num amor só e pra surpreender Luna e Neville terminaram o namoro e ficaram dois dias sem se falar, mas ai a saudade bateu e estão juntos de novo. Sabe a doutora? Ela é a Lena que você conheceu quando criança e ela tem uma filha do homem que faleceu e o Blásio está apaixonado por ela e ele disse que só ligaria pra ela quando você acordasse. –Sorriu de canto.

–Ele sempre faz isso. –Bufou decepcionado. –Ela é bonita? É uma boa garota? –Perguntou encarando-a.

–Ela é linda, parece a Clove do Jogos Vorazes e eles ficam fofos juntos. –Disse empolgada.

–Hermione querida, amanhã você volta. –Lena apareceu na porta do quarto novamente.

–Amo você. –Beijou-o novamente.

–Também amo você. –Apertou a mão da namorada e então Hermione saiu.

–Olá Draco, acho que não se lembra mais de mim. –Lena sorriu pra ele.

–Lembro sim. –Sorriu de volta.

–Então vamos conversar sobre tudo, tanto do passado, quanto de agora e também do que você está e não está sentindo. –Lena puxou uma cadeira.