Ao acordar no dia seguinte, eu não queria fazer nada. Estava completamente sem vontade. Ao terminar de arrumar minha cama, uma mensagem chegou.

“Bom dia. Espero não ter te acordado. Espero também que esteja bem. Até daqui a pouco”.

Era do Gustavo. Como ele era amigo. Aquilo me animou. Ao chegar à escola, vejo que ele está sentado.

– Bom dia.

– Bom dia senhorita. Tá melhor?

– To sim. Obrigada.

– Não gostei de te ver chorando, ainda mais por um idiota.

– Vamos mudar de assunto? Senão eu vou ser obrigada a te bater.

– Nossa! Você é tão agressiva?

– Não costumo. Mas quando precisa...

– Tudo bem, tudo bem. Sem violência. Somos todos da paz. Vamos descer?

– Vamos sim.

Como de costume, ele me acompanhou até a sala. Durante as aulas, tentei ao máximo, mas era impossível não lembrar do que aconteceu.

Flashback on

– Não da pra acreditar numa palavra.

– Mas é verdade. Bruna, você se tornou tão especial na minha vida. Eu fui um idiota, fui um fraco. Você não merece isso.

Flashback off

Uma vontade de chorar me veio. De repente, Débora se aproximou de mim.

– Ei, quer fazer o trabalho comigo? É de trio.

– Que trabalho?

– O que a professora acabou de falar. Voçê não ouviu?

– Não. Mas faço sim. Só falta mais uma pessoa não é?

– Sim. Isabella quer fazer o trabalho com a gente?

– Claro – Isabella disse.

– Ok Então. Tá tudo bem com você Bruna?

– Tá sim. Só to um pouco distraída.

– Tá ne... Vou voltar pro meu lugar.

Depois de quatro horários, chegou a hora do almoço. Como costume, Gustavo almoçava comigo. Estar com ele era muito divertido. Ele conseguia me alegrar e me fazer esquecer qualquer problema. Ficava comigo até o horário de almoço acabar, mesmo quando tinha trabalho.

Quando faltava meia hora para o horário de almoço acabar, a surpresa. Eu estava com Gustavo na área de convivência quando Marcelo apareceu e vinha em nossa direção. Eu olhei para Gustavo em um sinal de desespero, avisando que era ele o cara que havia me feito sofrer. Ele pareceu entender o recado.

– Deixa. Ele não vai conseguir mais nada.

Eu apenas segurei no braço de Gustavo.

– Bruna, eu poderia falar com você?

– Ela não quer falar nada cara.

– Eu to conversando com ela tá bom.

– Ela não quer. Acho que você já fez estrago o bastante.

– Bruna dá pra gente conversar?

– Eu to avisando. - ele se levantou e ficou cara a cara com Marcelo- Não sou fã de brigas, mas se precisar. To falando na boa, dá o fora. Se você ainda tem alguma coisa dentro do seu coração, você vai ver que é melhor não querer conversa. Ela já sofreu o bastante. Não merece isso. Sai cara. Deixa ela em paz, segue tua vida, que ela quer seguir a dela.

Ele olhou pra mim com um olhar triste e saiu. Aquilo me deixou quebrada. Tentei ao máximo segurar as lágrimas. Apenas algumas caíram.

– Não começa de novo, por favor. Ele não merece suas lágrimas.

– Tá tudo bem. Obrigada.

– Tem gente que é incrível mesmo. Uma cara de pau.

– Verdade. Mas tá tudo bem. Tá de horário vago agora?

– Sim. Você tá?

– To. O professor faltou.

– Que bom. Vamos jogar algo?

– Claro.

A tarde foi calma, mas triste. Mas como prometi, não deixaria mais isso acontecer.

Nos dias que se seguiram, Marcelo não me procurou mais.

3 semanas depois...

– Há!! Falei que você ia perder.

– Não!! Você trapaceou. Não vou ser vencido por uma garota.

– Gustavo como você é machista!!

– Não. Sou orgulhoso. Não admito perder, ainda mais pra uma garota.

– hahaha, engraçadinho. Mas perdeu. Quer de novo?

– É claro!!

Jogamos mais uma partida e novamente ele perdeu.

– Não. Quero o seu controle. - eu ri muito.

– Não vai adiantar. Admite que sou melhor que você.

– Não.

– Admite!!

– Não! – eu sabia seu ponto fraco. Comecei a fazer cócegas nele.

– Admi... te hahaha

– Tá bom, tá bom. Você venceu.

– Até que enfim.

– Golpe baixo sabia?

– Hahaha.

– Mas confesso. Você é boa. - eu sorri para ele.

– Esse momento nosso me lembrou uma vez que eu joguei com Marcelo. Aconteceu do mesmo jeito. Ele não aceitou perder pra mim.

– Você ainda pensa nesse cara?

– Ah, foi um momento legal tá bom? Foi como esse. Me fez lembrar que todos os homens são machistas.

– Ah é?- ele me empurrou e caímos no chão. Gustavo caiu sobre mim.

– To mentindo? Dizer que não admite perder pra uma garota. Isso é ser bem machista.

– Mas não admito mesmo. - ele começou a fazer cócegas em mim.

Quando ele parou, ele começou a me olhar. Eu estava imóvel. De repente meu celular toca. Levanto-me.

– Oi Lívia. Sua casa? Agora? Tá, tá. To indo já. Vou demorar um pouquinho tá bom? Tá. Tchau. É minha amiga. Eu preciso ir.

– Tudo bem. Quer que eu te leve?

– Não, não. O ponto de ônibus tá logo ali.

– Ah, para. Peço a minha tia pra te levar. Tá de boa.

– Sério?

– Claro.

– Mesmo depois da bagunça que acabamos de fazer na casa dela?

– Ah, só uma partida de videogame. Tá de boa.

– Tá ne.

Ao chegarmos à casa da Lívia, me despedi de Gustavo.

– Obrigada pela tarde. Outro dia jogamos, pra você perder de novo. Isso se sua tia não incomodar.

– Ela tá de boa. Tchau.

– Tchau. - dei um beijo em sua bochecha.

– Até mais. - eu apenas sorri e toquei a campainha.

Quando ele foi embora, Lívia abriu a porta.

– Pensei que tinha saído.

– haha, eu te chamei pra vir aqui em casa e vou sair?

– Sei lá... Entra.

– Vou buscar água. Aceita?

– Sim.

Enquanto ela foi buscar água, eu fiquei pensando no dia com Gustavo. Foi tão simples e divertido. Relembrei-me também dos dias com Marcelo. Rapidamente lembrei-me do dia em que descobria a posta. Mas logo Gustavo me veio à mente novamente.

– Ei! – ela estalou os dedos na minha frente. - tá voando aonde? No galinheiro?

– Boba.

– Tá pensando em que?

– Nada de mais.

– Hum sei. Ta melhor em relação ao Marcelo?

– Nem lembrava que ele existia.

– Que isso hein? To gostando de ver. É assim mesmo.

Passei o resto da tarde na casa de Lívia e depois fui para casa. Feliz com o dia.