Angry Eyes escrita por Stifa Marchi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem C:



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A nossa família sempre teve posses o suficiente para se manter em um padrão de vida alto, tínhamos uma boa casa, com um próspero vinhedo, uma vinícola de renome, o meu restaurante, e algo mais peculiar ainda, um cemitério familiar na propriedade.

Desde que meus antepassados vieram da Itália eles sempre moraram na mesma terra, não na mesma casa, mas a terra sempre foi a mesma, portanto, desde lá, toda a minha família está enterrada nesse cemitério no alto do vinhedo, todo mundo, incluindo minha mãe.

A atual esposa do meu pai havia me criado desde os treze anos, tendo minha mãe falecido quando eu tinha onze anos, então, eu a chamava de mãe por hábito e por consideração por ela ter me guiado pelo caminho certo e ter tirado meu pai do poço de amargura que a morte precoce de minha mãe o tinha colocado.

Patrícia era sem dúvidas uma mulher muito boa com a minha família, ajudou meu pai, meus avós paternos e foi acolhida com carinho pelos meus avós maternos pela sua personalidade que era parecida com a da minha mãe.

Mas hoje Patrícia não poderia me ajudar, estava acompanhando meu pai que parecia estar se afundando em algo com A maiúsculo que eu ainda não sabia o que era. Decido então recorrer àquela que sempre me ajudaria, minha mãe biológica. Subo o vinhedo até o cemitério.

O túmulo da minha mãe era bonito, ela amava branco, então ele era todo de mármore branco, um elefante branco no meio do cinza envelhecido dos outros túmulos. Me sento no granito que cobre sua sepultura e fico encarando a foto, o cemitério tinha iluminação noturna então eu conseguia ver com clareza a foto da minha mãe, seus olhos verdes esmeralda, como os meus, o cabelo loiro caindo nos olhos e aquele sorriso sempre aberto para acolher as pessoas.

Fico ali por mais de horas e penso em tudo que Sofia me disse, é loucura, sério, ela devia estar brincando, mas aquele irmão dela não parecia ter senso de humor, e por favor, quem ela acha que é para chegar e dizer algo assim e sair andando, sem dar explicações?

Aos poucos a melancolia dá espaço à revolta, como ela pode jogar tanta informação na cara de alguém e sair como se não tivesse mais nada para dizer? Que ser humano maneiro que era ela, não?

Me levanto, olho para a foto da minha mãe e digo:

-Por Deus mãe, espero não estar fazendo besteira, mas essa menina está me deixando louco.

Desço o vinhedo, olho o horário: 22:30, havia tempo ainda para que eu fosse até a casa dela antes de meus pais voltarem da festa.

Sim, eu ia a casa dela, ia fazer ela me explicar esta situação, nem que tivesse de ser a força, pois ela havia agido de muita má fé comigo. Eu estava tão louco da vida que nem me cansei com a distância, eu praticamente corria, cheguei no começo da lomba da rua da ladeira, já conseguia avistar a casa dela, subi decidido, eu praticamente bufafa de raiva, se ela não deixasse meus pais órfãos como ela falou, com certeza os deixaria com um filho insano.

Eu chego na porta do casarão, ele parecia mais assustador de noite, ela está olhando pela janela de vidro e me vê, fica branca, eu grito para ela:

-A GENTE PRECISA CONVERSAR!

Ela sai da janela, espero alguns segundos supondo que ela esteja vindo abrir a porta, olho novamente para cima e o irmão dela está lá.

Digamos que o irmão dela já tinha dados sinais bem claros de que eu não estava na sua lista de favoritos, mas quando ele me viu ali, na porta da casa dele, pude notar uma tristeza quase fúnebre em seu olhar, ele balançou a cabeça e também saiu do meu campo de visão.

Ela abre a porta com força, me olha enfurecida e grita de volta:

-O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

-A GENTE PRECISA CONVERSAR!

-O QUÃO ESTÚPIDO VOCÊ PARA IGNORAR MEU AVISO?

-PELO JEITO, MUITO ESTÚPIDO, AGORA VOCÊ VAI ME DEIXAR ENTRAR OU VAMOS FICAR GRITANDO UM COM O OUTRO AQUI NO LADO DE FORA?

Ela me olha, ainda furiosa por eu ter ignorado o aviso dela e sai da frente da porta.

-Entre.

Eu entro e ela diz:

-Lá em cima, no meu quarto, meus pais não precisam passar por isso.

Eu subo atrás dela e ela avança pelo corredor, vai até o final onde uma escada em espiral leva para a torre do casarão.

O quarto dela era lindo, tinha uma cama com panos coloridos caindo como cortinas, era todo iluminado com luzes natalinas, nas paredes haviam pôsteres de filmes maneiros estrangeiros, na parede da cama havia um espiral a lá Tim Burton pintado, um quarto tão lindo e exótico quanto a garota que residia nele.

-E então? Veio na porta da minha casa gritar por alguma razão em especial?

-Sim! Você não pode jogar todas aquelas informações na minha cara e sair andando do jeito que saiu! Você tem que me dar uma explicação plausível!

-Simples, eu não quero que você morra, ponto e basta.

-NÃO BASTA PORRA!

-Hey, baixe o tom de voz! Você não está na sua casa.

-Desculpe, mas se ponha no meu lugar: Garoto conhece garota, garota é linda, divertida, misteriosa, tem os olhos mais lindos que eu já vi, quando garoto, que está encantado pela garota, acha que está fazendo algum avanço até o coração da garota, ela pega e diz “não se apaixone por mim ou você morre”, e sai andando como se na verdade não tivesse dito nada.

-Olha, não me julgue por te deixar às cegas, vai ser melhor para você.

-MAS NÃO BASTA SOFIA! NÃO BASTA! NÃO VÊ QUE NÃO POSSO CONVIVER COM ISSO?

Ela olha para mim, um misto de ironia e tristeza no olhar.

-Tenho certeza que pode conviver com isso.

-Você vai me enlouquecer Sofia, é sério.

-Entre louco e morto, prefiro você louco.

Eu passo a mão pelos cabelos, vou até ela e olho bem nos olhos dela, azul no verde, como tinha de ser.

-Não faça isso comigo.

-Já fiz, agora se não tiver mais nada para me falar, peço que por favor, saia da minha casa e não se aproxime mais da minha família.

Aquilo me magoa, mas é também um soco no estômago, eu soco a parede frustrado ando até o meio do quarto e olho novamente para ela.

-Essa é a sua palavra final?

-Sim.

-Uma pena, pois não é a minha.

Vou até ela decidido e a beijo, beijo com toda a raiva que estava sentindo da situação e até dela.

Meu coração acelera, acelera tanto que posso ouvi-lo, não deixo de notar que ela retribui o meu beijo, e meu coração continua a acelerar, até que parece parar e eu caio em uma escuridão.


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Notas finais do capítulo

Comentários são estimulantes contra bloqueios, além de me dar idéias de mudança, fica a dica, um beijo da tia.

C:



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