Comprei a blusa de frio com capuz mais estranha do mundo. Na boa. Estava um sol de trinta graus, mas eu puxei o capuz pra cima da cabeça e antava fitando o chão. Não queria que ninguém me reconhecesse. 

Do lugar onde eu estava para a Torre Stark era um caminho não muito longo, queria pensar. Chegar em casa e parecer confiante para ela, Pepper. Ela esperava que eu fosse novamente o herói da situação, mas provavelmente seria ela que me acudiria.

Andei chutando algumas pedrinhas que encontrava pelo canto, provavelmente meu sapato  nada caro estava completamente arranhado e sujo, mas eu não ligava. Meus problemas eram grandes de mais... - Reprimi esse pensamento. - Um filho não seria o problema, certo?

Ao mesmo tempo que pensei, como se fosse combinado, um homem passou correndo gritando "Annie!" para uma bebêzinha que corria a sua frente. Ela tropeçou, caiu e começou a chorar... - "Ah..." pensei "Sim, seria um problema" - E em minha resposta o homem pegou a bebê no colo e começou a nina-la, dizendo que tudo estava bem, ela acalmou-se e parou de chorar.
Como ele fez aquilo?
Uma mulher apareceu com um menino no colo, da mesma idade que da Annie, ela sorriu para o homem, provavelmente eram marido e mulher. Pareciam felizes com os pivetes no colo, talvez não fosse de tudo má ideia.Ou uma coisa ruim.

Fitei o chão, percebendo o quanto eu estava sendo egoísta e agindo como uma criança.

Respirei fundo, eu era muito mais que um homem, tá. Clichê, mais ainda sim, o Homem de Ferro.

Andei apressadamente por entre os outros pedestres, alguns me chingavam sem saber de quem se tratava, só tentavam aproveitar o fim de semana com a família. Fitei uma loja de jóias caras, Pepper talvez gostasse de um presente, certo?

Entrei na loja, ainda com o capuz, as pessoas me fitaram, mas logo voltaram a fazer o que faziam há alguns segundos. Fitei alguns colares... Pepper não gostava de nada disso, muito grandes e extravagantes, se eu aparecesse com um desses em casa ela me espancaria, provavelmente. 
Fui na ala infantil, alguns pingentes pequenos, alguns de heróis outros de diamantes. Ah, talvez Pep não gostasse muito desses também. Fui andando em volta de prateleiras e mais prateleiras de jóias. Alguns ainda me fitavam, claro! Um homem de capuz dentro de uma loja de jóias chamaria a atenção de qualquer um. Passei o capuz para trás, a reação das pessoas foi como se o próprio Zeus estivesse ali, de pé na frente de todos. 

Olhei as atendentes, que possuíam olhos arregalados para mim. O que eu falaria? "Calma pessoal, sou só o Homem de Ferro, o lendário Tony Stark, nada mais"

 - É... - Limpei a garganta enquanto todos me fitavam. - Eu gostaria de... De... - Apontei para as jóias, e a atendente morena praguejou, saindo de sua transe. 

 - Sim senhor Stark - Ela falou docemente - O que deseja?

 - Eu gostaria de comprar... - Falei apontando para uma corrente, uma pulseira, sei lá que merda era aquela, era bonito, mas tinha algo que brilhava mais, perto de onde a balconista estava. Era um anel de ouro, não qualquer anel de ouro, um anel de casamento.

A atendente notou para onde eu olhava, meio boquiaberto. Ela sorriu.

 - Quer ajuda para escolher as alianças, Senhor Stark?

 Pensei por alguns segundos. Meu medo não era de pedia a Pepper em casamento, e sim que ela recusasse, mas eu tinha de tentar, o máximo que aconteceria seria ela dizer "não", e que caso acontecesse, eu a persuadiria a dizer que sim.

 - Por favor. - Dei um meio sorriso.

Passaram-se meia hora, eu já havia escolhido a aliança, nada de mais, como Pepper gostava - Uma aliança de ouro com desenhos de "cordas" se entrelaçando, e no meio alguns pequenos diamantes, mas eram pequenos de mais, talvez mentisse para Pepper, falando que eram falsos. - Eu havia tido uma ideia bem idiota, mas a senhora que me atendia disse que seria uma boa ideia. Mandei escrever "Para minha heroína, a Senhora de Ferro", uma frase bem bestinha, mas eu gostei. 
A minha aliança não tinha nada de mais, era um anel de ouro... Com as cores da Mark 42. e por dentro um "Senhor de Ferro" escrito em itálico. 

Meu Deus, eu era o homem mais estranho do mundo, ou era tudo da minha cabeça?

Peguei as coisas e as paguei, nem vi o preço, só digitei a senha do cartão prateado, por um milagre divino eu acertei de primeira.

Corri para a Torre Stark, sem me dar ao trabalho de colocar o capuz novamente á cabeça, alguns me fitavam assustados, outros nem percebiam. Empurrei a porta principal da Torre Stark com certa agressividade, esquecendo que não era necessário empurra-la, mas nada aconteceu. Ela abriu normalmente.

 - Bem vindo de volta, senhor - Disse a voz de JARVIS, alegre.

 - Sim, sim, JARVIS, sabe onde a Pep está? - Perguntei passando para o elevador.

 - Bem... A senhorita Potts não está se sentindo muito bem. Devo avisar que o senhor está de volta?

 - Faça isso. - Falei enquanto sentia um tipo de palpitação na garganta, "Não estava se sentindo bem", ah Deus...

 As portas se abriram e eu respirei fundo para sair do elevador. Escondi as sacolas e coloquei a caixinha do anel no bolso.

 - Pepper, amor. Cheguei - Gritei do hall para ela me escutar do nosso quarto, não tive nenhuma resposta. - Pepper? - Perguntei indo em direção da grande porta branca. Bati algumas vezes. - Amor?

 - Tudo bem Tony. - Gemeu ela de dentro do quarto, parecia estar chorando,

 - Ah, vamos lá! Eu tenho uma surpresa pra você - Cantarolei.

 - Bááh, eu também tenho uma pra você - Ela murmurou. - Sinto muito.

Algo foi até a minha garganta e voltou. Respirei fundo, mas minhas pernas ficaram bambas, sentei de costas para a porta, encostando-me nela. Eu tinha que falar algo! Se não ela pensaria que eu era um fraco, ou que eu não quisesse um filho. Limpei a garganta e disse em um tom claro e alto.

 - "Sinto muito"? - Eu dei um meio sorriso - Até onde eu sei, também tive participação nisso. - Pareceu não convence-la, o silêncio dominava. - Pepper Potts... Você é a mulher mais corajosa e carinhosa que eu já conheci na minha vida, sabe que eu te amo, não sabe? - Nem uma resposta. - Pep... Eu sei que eu venho sendo um idiota dês dos meus vinte anos de idade, sinto muito por isso... Se eu tivesse que mudar algo em meu passado, com certeza seria isso. Eu posso não ser nem um galã de novela mexicana, posso não ser tão sério quando o Capicolé, posso ser a pessoa menos indicada pra ser pai do filho da mulher mais perfeita do mundo, mas eu te amo Pepper. Desculpe por eu ser assim, mas eu não vou aguentar vê-la chorar... Eu te amo tanto. - Parei quando senti meus olhos arderem, não queria chorar.

Escutei passos vindos em direção á porta, não me mexi. Ela abriu-a fitando-me, tinha olhos vermelhos, de tanto chorar. Tudo aquilo era meio melodramático, mas no fundo eu estava contente por ter dado tudo certo.

Eu me ajoelhei, como os caras dos filmes faziam, deve ter caído uma ou duas lágrimas do meus olhos enquanto eu tirava o anel do bolso. 

- Virginia Pepper Potts... - Ela riu, eu estava mesmo fazendo aquilo? - Você aceita ser minha esposa? E não quero um não como resposta, srta. Potts.

 - Claro, senhor Stark - Sua voz falhou, quando dei conta de meus atos eu já a beijava de pé. Como não amar a pessoa mais perfeita do mundo?

Eu posso até não saber como seria o futuro, mas no meu presente eu estava feliz. Eu e Pepper passamos a noite abraçados no terraço da Torre Stark, buscando nomes para o bebê. As coisas estavam melhores do que bem, nada poderia atrapalhar minha felicidade, talvez eu não possa ser o melhor pai do mundo, mas eu tentaria.
Por mim. Pela Pepper. E pelo Pivete-Stark...