Prometi a mim mesma que não iria chorar. Nem quando estivesse sozinha. Eu não podia me permitir ser fraca, nem que isso possa parecer natural a muitos. Eu tinha que ser forte corajosa e somente isso. Sem distrações.

Tentava pôr isso em minha mente enquanto andava direto para o dormitório depois da tarde de aulas.

Não queria companhia, mas ela agora parecia inevitável, em cada canto um novo "amigo" me abordava e me tirava cada vez mais do sério.

Quando cheguei na sala de lazer que antecedia o meu dormitório e me vi rodeada de gente, não me contive. Meu gênio simplesmente explodiu novamente quando todos os presentes passaram a tentar de algum modo atrair minha atenção.

– Chega! - finalmente me descontrolei. Fora um dia muito estressante e eu não tinha paciência para tudo isso agora. Falsas amizades não me comoviam. - Eu só quero ir dormir, então será que podem, por favor, parar com as falsidades? - lancei um olhar que julgava ser firme o bastante para afastar todos de mim. Pelo menos por hoje.

Santaro estava no canto da sala, conversando em voz baixa com "eles". Então obviamente também era por esse motivo todo o meu mau-humor. Senti que meu irmão queria ter aquela conversa prometida agora, mas o ignorei e subi para o dormitório das garotas. Não suportaria nem mais um minuto desse dia acordada.

Tentei dormir. Realmente tentei. Assim que cheguei ao dormitório, fui tomar um banho relaxante (ou eu esperava que fosse) no banheiro anexo, botei meu pijama de seda, dado por minha mãe há cerca de um ano atrás, como um presente de início de ano letivo.

Era um luxo desnecessário, mas eu gostava dele. Era preto, simples e me caía bem. Além de ser confortável. Era tudo o que eu precisava para hoje.

Deitei-me, então, na minha cama, exausta, porém agitada. Não conseguia dormir. Fiquei me revirando. Parecia não conseguir encontrar uma boa posição para dormir.

Depois de mais ou menos uma hora disso, ouço alguém entrando no quarto.

– Soph? Você está dormindo?

Lola!, suspiro aliviada.

– Não, não estou conseguindo - sussurro, não sei bem o porquê, já que não há mais ninguém no quarto.

– Ah, ouvi dizer que seu dia foi difícil - seu tom de voz também baixou para um sussurro.

– Quem disse? - pergunto, exasperada. Claro que as fofocas já teriam começado.

– Santaro e outras pessoas, estavam todos muito confusos com seu mau-humor.

Bufo. A raiva volta com força total, mas agora não envolve somente meu irmão. Envolve a todos.

– É, mas eu não quero falar disso hoje - tento me controlar para não ser grossa, porém falo rápido, enfatizando que quero encerrar logo a conversa.

– Ah, tudo bem então, vou te deixar descansar. Boa noite, Soph - diz ela numa voz gentil. O bom de Lola é que ela sempre me entende.

– Boa noite, Lo.

Viro-me para o outro lado e, finalmente, adormeço, ainda com as imagens do meio-dia adentrando em meus pensamentos e fazendo com que me sentisse deprimida.

Batidas na janela. Acordo de um salto e vejo que o dormitório se povoou e estava totalmente adormecido. Não sei que horas são e não me interesso em saber, pois no momento uma coruja branca e preta está batendo com o bico contra a janela perto da minha cama.

Silenciosamente, levanto-me e abro a janela, permitindo que ela adentre o recinto. Passo a mão carinhosamente por suas penas, ela é linda. Vejo que tem uma carta amarrada a uma de suas pernas. Desamarro-a e a pego gentilmente.

A coruja sai voando pelo lugar de onde entrou.

Volto então a atenção para a carta em minha mão. Na verdade é somente um bilhete curto, mas o seu conteúdo envia-me uma onda elétrica pelo meu corpo.

"Encontre-me nos jardins. Assim que receber essa carta.

Estarei esperando.

Seu,

D. "