Meus olhos estavam arregalados, apenas olhando para aquela pessoa que nem parecia Sakura em uma maca. Olhei para Tsunade, interrogando apenas por um olhar o que acontecia. Tsunade caminhou até a cabeceira da maca e pegou um prontuário e logo depois me entregou. Li o papel inúmeras vezes com o olhar perplexo.

Olhei novamente para Tsunade e perguntei:

- Você pode explicar?

- Quando Sakura chegou aqui, tínhamos certeza que ela estava morta. Mas tínhamos de fazer exames para descobrir se a causa foi apenas o câncer e, para isso, levaríamos cerca de 24 horas, fora que ela era doadora e pediu para que doassem os órgãos dela depois de sua morte. – ela fez uma breve pausa e apontou uma poltrona ao lado da maca para que eu me sentasse e assim o fiz, sem tirar meus olhos de Tsunade. – Fizemos todos os tipos de exames, tínhamos certeza de duas coisas: que ela realmente estava morta e que a causa foi o câncer.

- Então, como ela está viva? – a interrompi.

- Não havia como ela estar viva, todos os exames apontavam isso. Mas, quando fomos retirar os órgãos dela, antes de começar o procedimento, precisava utilizar todas as máquinas, como uma cirurgia e, depois de ligarmos todos a ela, ela estava com batimentos cardíacos. Então, decidimos ver os pulmões dela. Nos exames em que descobri o câncer, estava claramente indicando que o pulmão direito tinha câncer e, dentre os exames que depois, estava esse mesmo exame, e ainda dizia que ela estava com o câncer. Mas depois decidimos ver os pulmões com nossos próprios olhos, mas não tinham nada, estavam em perfeita condição, não havia nenhuma seqüela. – ela explicou calmamente.

- E ela nunca acordou? – perguntei.

- Acordou muitas vezes. – Tsunade suspirou. – Sempre que ela acordava, gritava seu nome, ficava descontrolada. Desde então, usamos calmante para ela dormir. No primeiro ano, deixamos ela acordar uma vez por semana, para testar se ela poderia ficar sem o calmante, mas era sempre a mesma coisa. Agora, a acordamos a cada 1 mês, mas sempre é a mesma coisa.

Ao menos, fiquei feliz por saber que ela acordava me chamando, mas eu sabia que não deveria ficar assim, para mim era errado ficar assim em um momento desses, mas é tão difícil olhar para ela e não ficar feliz por ela estar viva, por querer ver seus olhos abrirem, ver ela dar um de seus sorrisos únicos, me abraçar, ouvir ela chamar Matsuri de filha, assim como ela a chamou de mãe, e principalmente, ouvir o “eu te amo”, que não ouvia há tanto tempo, e poder dizer o mesmo para ela, poder chorar junto com ela por alegria e por tristeza, poder casar com ela, a mulher que tanto amo, e agora sei que tudo isso é possível, por que ela está viva!

Imagino a surpresa de Matsuri ao ver sua “mãe” viva. Tenho certeza que ela irá pular de alegria, mas acho melhor esperar Sakura acordar, assim Matsuri não ficará com medo de perde-la, assim como estou nesse momento.

- Quando ela irá acordar? – perguntei.

- Já demos a doze de calmante para ela hoje, apenas amanhã ela poderá acordar, se você ficar aqui, claro. – Tsunade disse. – Seus amigos tentaram o trazer de volta, tentaram entrar em contato, mas nunca conseguimos. Precisamos de você para acorda-la.

- É claro que vou ficar. – disse o mais óbvio.

Olhei para Sakura: tão frágil, mas tão perfeita, sempre foi assim, sempre que a via, ela estava daquela forma e eu não queria que ela mudasse, nunca.

Tsunade olhou para mim e disse:

- Acho melhor deixa-los a sós. – e logo saiu.

Segurei a mão de Sakura e coloquei uma mecha de seu cabelo e colocando atrás de sua orelha. Seu cabelo não tinha o mesmo brilho de antes e estava mais cumprido, mas continuava bonita.

- Como senti sua falta.