A aposta. escrita por Holden


Capítulo 5
Presos na chuva.- O desespero de um motor.


Notas iniciais do capítulo

Heeeei o////// Quanto tempo, não?
Bem, estou com pouco reviews mesmo, então não me importo. Só irei demorar cada vez mais com a falta deles.
Que frio dos infernos, e pra minha sorte as aulas começam semana que vem. Viva -.-
Bom, ninguém se importa mesmo. Então, boa leitura.



Deixem reviews.



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P.O.V’s Jeremy


  Sabe quando você está com alguém totalmente cativante, que não vê à hora do dia seguinte chegar logo para finalmente correr até seus braços e poder abraçá-la como se não houvesse amanhã?


  Essa pessoa certamente não é a Jane.


  Em toda minha vida, nunca conheci uma pessoa tão grossa, arrogante, violenta, indomável, irônica, ranzinza, inconsequente e desagradável como essa garota. Ela simplesmente me faz a odiar pelo simples fato de respirar. Zomba da primeira coisa que me vem à cabeça e xinga-me sem qualquer razão.- ok, talvez nem tanto sem razão.


  Estou perdido! Não faço ideia de como fazê-la se apaixonar por mim. A garota realmente DETESTA os garotos do colégio e eu estou incluído no pacote. Nunca achei uma garota tão difícil de se lidar. Acho que nem se eu sequestrasse sua família toda ela cairia aos meus pés por ameaça.


  Estávamos em uma sorveteria barata perto do tal festival em que simplesmente quase nos afogamos em tinta. Talvez eu devesse ter escolhido um local mais romântico, onde, no mínimo ela teria me mandado pro inferno.


- Posso ajudar?- uma voz fanha e irritante ecoou ao lado despertando-me do meu ódio profundo pela garota.


- Bem, já que o idiota vai pagar...- Jane murmurou olhando o cardápio com desejo nos olhos.- Me vê um milk-shake de chocolate com muita cobertura.


- E você?- a ajudante mudou o tom de voz. Foi para uma coisa lânguida e sensual. Fala sério, será que é impossível ter um minuto de sossego aqui?


- Um sorvete de limão- respondi entediado enquanto brincava com uma moeda de dez centavos em cima da mesa cor marfim.


  A mulher saiu com o batuque do salto alto e irritante do local. Jane riu um pouco com o fato, enquanto eu estava mais preocupado em brincar com a moeda.


- Sabe, Leni está bem entusiasmada com o encontro.- indagou enquanto olhava para os dedos e os mexia conforme uma música que tocava no ambiente.- Espero que não a decepcione.- sua voz de indiferente mudou para uma completamente maníaca.


- Que eu saiba o encontro é meu e dela.- respondi um pouco irritado.


- Mas você está me obrigando a sair com você, idiota. E tenho total direito de saber, simples assim.- sorriu de forma cínica.- Além do mais, ela é minha única e melhor amiga.- resmungou.


- Quer dizer que não se considera minha amiga?- que merda foi essa?


- Exatamente.


  Ok. Mais uma tentativa falha de me aproximar da megera. Talvez o melhor seja desistir... Não! Não! Nenhuma garota nunca me rejeitou ou me humilhou em público. Nenhuma garota jamais me enfrentou dessa forma. Nenhuma garota em hipótese alguma, xingou ou tentou levantar a voz comigo... E não seria uma estranha que chegaria dessa forma na minha vida e sairia ilesa dela. Muito pelo contrário, Marie Jane Woods se arrependeria amargamente por ter me tratado daquela forma na frente de todos. É uma promessa.


  Nosso pedido chegou bem rápido. O local estava quase vazio, acho que pela mudança radical do tempo. Mais cedo estava um dia lindo. Com um céu límpido e um sol escaldante... E agora nuvens negras, e algumas ameaças de trovões rondavam o local. Pessoas teoricamente normais não gostariam de deixar a segurança de suas casas e a companhia de uma aconchegante coberta, por uma ida a sorveteria em dias chuvosos.


  E mais uma vez, Jane não estava incluída nesse grupo de pessoas, já que ela mesma havia insistido na nossa ida a sorveteria.


- Delicioso.


- Hã??- assustei-me.


- O Milk-shake, Jeremy. O Milk-shake.- disse com uma expressão um tanto confusa apontando para o copo que estava com o sorvete batido.


- Ah sim.- pigarreei um pouco e voltei ao meu sorvete de limão.


  Ficamos um tempo ali falando sobre coisas aleatórias e degustando os sorvetes que em minha opinião não estavam tão doces assim. Vi que o temporal não tardaria a chegar e paguei rapidamente a conta.


- Qualquer coisa me liga.- a atendente de momentos antes me barrou e tirou um cartãozinho que estava no meio de seus seios (grandes, confesso), entregando-me logo em seguida.


  Olhei o papel e dei de ombros o colocando no bolso de minha calça jeans surrada com desmarzelo.


- Vamos nessa.- falei esperando a menina se levantar.


  Ela demorou um pouco enquanto fitava um ponto qualquer do ambiente, tive a leve impressão de que não havia me ouvido, porém, quando fiz questão de repetir, Jane foi mais rápida e se levantou quase que imperceptivelmente.


- Você está bem?- perguntei um tanto entediado enquanto a seguia até o seu carro.


 -Faz um bom sucesso com as mulheres, não?


- Um tanto.- sorri com o canto da boca tirando um maço de cigarro do outro bolso e o acendendo.


  Marie Jane olhou-me um pouco assustada e soltou um sorriso debochado para o cigarro. Quase que em milésimos de segundos ela o tirou com força dos meus lábios e o jogou na lixeira mais próxima.


- Por que fez isso?- sussurrei com raiva segurando seu pulso firmemente, para que ela não saísse por aí correndo e as pessoas dali nos achassem malucos.


- Eu detesto essa merda, nunca tente fumar perto de mim. É patético.- murmurou no mesmo tom e arrancou minha mão de seu pulso com força.- Agora vamos logo, um minuto a mais com você corro o risco de me contaminar.


  A garota correu até o carro, mas antes de abrir a porta do banco carona, fecho-a com força fazendo a mesma arregalar os olhos acinzentados para perto de mim.


- Eu dirijo.- falei por fim e tirei as chaves de sua mão.


- Ficou maluco seu idiota?- berrou a mesma.


- Para de frescuras, é só por hoje. Entra logo aí.


  A branquela bufou e deu meia volta, sentando no banco ao lado. Entrei depois disso e logo dei partida na lata velha. Caramba, será que ela já ouviu falar em motor novo? 


  A chuva começou gradativamente e logo foi aumentando com o tempo, dirigir estava virando uma missão impossível. Os trovões estavam estrondosos e as ruas ensopadas, as gotas de chuva logo foram virando granizos e eu sentia que o motor ficava enfraquecido cada vez mais.


- Jeremy, seu babaca, você errou o caminho!- não sei se ela berrou de raiva ou pelo barulho que a chuva provocava.


- Errei? Mas você falou que sua casa ficava na próxima esquina.- gritei no mesmo tom.


- Você está blefando! Estamos do outro lado da cidade.


  Merda! O motor pifou completamente e tive que estacionar na primeira rua que vi. E pra piorar estava deserta. Não olhei pro lado, mas senti que a garota mutilava-me com o olhar. Estraguei o carro e ainda nos deixei presos nos quintos dos infernos. Menos um ponto pra você, Jeremy.


- E agora?- berrou batendo no meu ombro logo em seguida.


- Ei! Eu não tenho culpa.- acariciei o local do tapa que agora ardia.


- Não imagina. Se EU estivesse dirigindo nada disso teria acontecido.


- Estaríamos em uma situação pior ainda.


- Não me provoca! Já se considere um homem morto.


  Ficamos em silêncio total depois disso. A garota estava vermelha e parecia desesperada quando olhava pra chuva.


- Precisamos dar um jeito.- falou após breves momentos de silêncio.


- Que jeito? Parar a chuva?- perguntei em tom de deboche.


- Você é homem, desgraça! Desça e arrume o motor!


- O que? Está brincando não é? No mínimo irei pegar uma pneumonia. Desça você!


- Ótimo.


  Se eu contar que a garota desceu vocês não acreditariam não é mesmo?


  Mas dane-se. Ela desceu.


  No meio de uma chuva quase que derrubando o céu e um frio de se arrepiar, a menina vai lá e tem a brilhante de descer do carro. A chance de tomarmos um raio ali era grande.


  Bati no volante com força e raiva soltando um palavrão nada bonito de se ouvir e abri a porta com violência correndo até aquele ser lamentoso. Segurei seus pulsos com força a puxando para dentro do carro logo em seguida.


- Me solta seu babaca.- gritou enquanto se debatia com força de minhas mãos.


  Jane P.O.V’s


   Se alguém me dissesse há uma semana atrás, que depois de um torneio de paintball eu estaria debaixo de um temporal, presa em uma rua deserta com Jeremy Johnson e o mesmo agarrando meu pulso com força enquanto tentávamos arrumar uma solução para concertar meu carro eu provavelmente o chamaria de louco e mandaria o mesmo pro inferno com o meu dedo médio (o do meio).


  Mas esse não é o caso.


  A situação é real.


  E o mais importante: Quero triturar todos os ossos desse branquelo, metido de olhos azuis em uma máquina de misturar cimento e passar no primeiro asfalto que eu visse.


- Me solta, porra!- berrei mais alto tentando chutá-lo agora.


  Em frações de segundos, ele vira e pressiona seu corpo contra o meu na porta do carro colando sua testa na minha logo em seguida. Senti minhas costas no frio do metal do automóvel.


- Quem está no comando agora senhorita Woods?- murmurou baixinho me fitando de forma provocadora.


  Não vou dizer que ele não estava irresistível, porque estava. Seus cabelos castanhos claros bagunçados estavam grudados na testa dando mais visibilidade em sua pele de um contraste branco, porém lindo. E aos seus irresistíveis olhos azuis. Sua boca estava em um vermelho vivo, convidativo o suficiente para ter meus lábios colados ali. E seus músculos definidos e quentes se encontravam colados no meu corpo pequeno e desesperado.


  Qual é. Sou marrenta, mas ainda sim uma garota de dezesseis anos.


  Marie Jane! Está se ouvindo? Você quer beijar o mesmo garoto astuto o suficiente pra te enfrentar e com curso de superioridade em quesitos de idiotice!


  Ah meu deus. Alguém me mate.


  O garoto tira uma mecha do meu cabelo que estava tampando meu olho esquerdo e o coloca vagarosamente atrás de minha orelha. Segurando meu queixo depois disso. Estava com um sorriso sedutor nos lábios e eu recrutava a ideia de empurrá-lo dali matando-o logo em seguida.


  Após isso ele inclina sua cabeça encostando a ponta do seu nariz ao meu e sinto-o sorrindo também. Seu cheiro, apesar de tudo, era maravilhoso e eu já aproximava meus lábios dos seus.


  Ele poderia ter me beijado ali mesmo.


  Poderia.


  Mas um carro de polícia passou ali na frente buzinando para nós.


  Graças a Deus. O que eu estava prestes a fazer? Marie Jane recomponha-se.


- Ei mocinhos! O que estão fazendo debaixo dessa chuva?- um policial gordo gritou do vidro do carro diretamente para nós.


- Meu carro quebrou.- respondi sem pestanejar.


  Fomos mandados a subir no carro e prestar contas na delegacia. Foi difícil convencer o delegado de que não éramos jovens tarados prontos a se pegar no meio da rua deserta e que meu carro não era roubado,- por eu ter deixado os documentos em casa.


  Papai e os pais do garoto foram chamados para assinar nossa “passagem” e logo depois fomos liberados.


  O guincho foi requisitado e logo minha lata velha estava ao lado de casa. Claro que eu não a poderia usar até ganhar a aposta e poder comprar um motor novinho em folha.


  Olá busão.


  Novamente.


  Com certeza hoje foi um dia cansativo, e eu não estava em minha sã consciência.


  Pela primeira vez foi salva por um policial, não presa por ele.


***



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