– 'Cause Sirius was a bad kid

Lily Evans

Nós estávamos naquela droga de fila por mais de uma hora, com Sirius saltitando pra lá e pra cá mal podendo conter a própria animação, James dando uns trezentos facepalms em si mesmo a cada vez que alguém olhava para o Sirius com a cara estranha, Remus e eu recitando as melhores partes de Catching Fire, Dorcas fazendo a conhecida dança do "i need to go pee-pee" e Lene reclamando sobre como ela estava com fome e sobre o quanto Papai Noel aka Santa Claus parecia o presidente Snow.

Quando finalmente chegou a nossa vez, um pivete de uns seis anos ousou passar na nossa frente, e foi aí que a coisa ficou feia. Pra começar com o Sirius, que começou a berrar e chorar desesperadamente, enquanto James resolveu bancar o papel de bom pai e agarrou o pivete pela camisa, levantando ele do chão.

– Respeita a fila, moleque.

E aí o garoto começou a chorar.

–Papai! Papai! Papaaaaaai!

James rolou os olhos, ainda segurando o garoto.

– Ah, qual é, moleque? Pensa que vai adiantar alguma coisa chamar o seu papai mariquinhas que...

E ele e eu notamos ao mesmo tempo o porque de Lene, Dorcas, Sirius e Remus estarem segurando o riso.

Porque tinha um, literalmente, armário de dois metros de altura parado bem atrás do James, com os braços cruzados, e for God's sake, que braços.

James engoliu em seco.

– E que por sinal é grande e forte e tá parado bem atrás de mim, não tá?

Assenti levemente, ainda encarando o cara atrás dele.

James se virou lentamente, e o cara bufou na cara dele, um bufo mais que irritado.

Engolindo em seco de novo, James olhou para mim desesperado, e eu apenas dei um passo para trás, mostrando minha disposição para ajudá-lo.

James colocou o menino no chão, ajeitando as roupas e despenteando o cabelo dele antes de entregá-lo para o pai, sorrindo amarelo.

– B-bom garoto, o senhor tem aí. Um filho e tanto. Eu até achei ele meio...

– Grah. - O cara rosnou, levantando uma mão.

E foi aí que nenhum de nós conseguiu segurar a risada, porque James se jogou no chão em posição fetal e começou a murmurar um mantra para salvar a própria vida.

– Não me bate por favor, não me bate por favor, não me bate por favor, não me bate por favor, não me bate por favor.

Sirius se jogou no chão com a resposta do cara.

– Bater? Eu? Ai darling, eu me considero uma pessoa da paz. Pra quê violência quando a gente pode revidar com paz?

E considerando o tom gay da sua voz e a maneira como ele saiu fazendo o melhor jogo de cintura do século, James era o cara mais sortudo do mundo.

Sirius estava jogado no chão, o celular na mão, rindo desesperadamente enquanto James bufava e se levantava, indignado.

– Valeu pelo apoio, pessoal. Vocês são os melhores amigos que alguém pode ter.

Abri a boca pra responder, mas o Santa Claus resolveu falar primeiro.

– Próximo.

Sirius começou a saltitar novamente, um sorriso tão grande que eu achei que fosse rasgar a cara dele ao meio.

E quando ele sentou no colo do Santa Claus, mesmo que ele fosse o presidente Snow eu teria pena dele. Nem sei onde ele encontrou o fôlego pra perguntar:

– Qual é o seu nome, meu jovem?

– Sirius. Sirius Black. Seu maior fã.

– Ah Sirius, você não acha que é um pouco grandinho demais pra vir falar comigo?

Sirius bufou.

– Não sou grandinho demais. Só tenho dezessete anos e uma lista de presentes enorme pra pedir. - Ele tirou um pedaço de papel do bolso. - Primeiro, eu gostaria de pedir que o senhor pegasse o meu irmão Regulus e fizesse ele se ferrar. Segundo, gostaria que fizesse o mesmo com os meus pais. Terceiro, gostaria que fizesse a Lene parar de negar o amor e tesão dela por mim - Lene murmurou umas palavras bem feias nessa hora - que essa pequena aposta entre meus amigos James e Lily acabe em casamento - James piscou pra mim, enquanto eu me limitei a rolar os olhos - que o Moony ali se declare pra Dorcas - Remus e Dorcas enrubesceram - e eu quero ser um dos seus duendes.

Santa ficou encarando o Sirius por uns cinco minutos antes de dizer a frase que arruinou os sonhos dele:

– Você não foi um bom menino. Próximo!

E nós tivemos que arrastar um Sirius choroso o caminho todo até em casa.