Crônicas Do Olimpo - O Mar De Monstros escrita por Laís Bohrer


Capítulo 18
Chupa Luke! Atacar! A Invasão dos Pôneis de Festa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390179/chapter/18

Lembram dos gêmeos brutamontes idiotas? Bom, estes surgiram dos lados e nos encurralaram, um deles segurava Hansel e Jake pela gola e o outro tentou agarrar Tyler, mas ele o afastou com um tapão que o derrubou em uma pilha de malas que ali estava.

Esse é o meu irmão!

– Aconselho que mande seu gigante se comportar, Megan. - disse Luke. - Ou mandarei Oreios esmagar as cabeças dos seus amigos uma contra a outra.

Oreios arreganhou um sorriso e ergueu Jake e Hansel do chão, os dois esperneando e gritando.

Luke arreganhou um sorriso que fez sua cicatriz ondular.

– O que vai ser? - perguntou.

– O que você quer, Luke? – rosnei.

Ele sorriu mais e fez um gesto em direção à extremidade do cais, e notei o que deveria ter sido óbvio. A maior embarcação no porto era o Princesa Andrômeda.

– Apenas oferecer minha hospitalidade. É claro... Tem alguém realmente ansioso para te ver.

Os gêmeos ursos nos empurraram para dentro do Princesa Andrômeda. Jogaram-nos no convés dianteiro, na frente de uma piscina com fontes borbulhantes que formavam um repuxo no ar. Uma dúzia dos variados capangas de Luke – homens-cobra, lestrigões, semi-deuses de armadura de batalha – tinha se reunido para nos ver receber um pouco de "hospitalidade".

– Olá, Megan... - essa voz, estremeci.

Tive vontade de socar as paredes por um momento, mas eu não poderia fazer isso toda vez que me encontrasse com Silena de novo.

– Silena. - murmurei.

– E então, o Velocino, onde está? - perguntou ela.

Não respondi, estava ocupada demais olhando para a pessoa que um dia chamei de amiga, eu realmente acho que você lembra dessa história toda.

– Fizemos uma pergunta. - disse Luke. - Onde esta o...

– Não esta aqui. - falei simplesmente.

Ele nos examinou, espetando minha camisa com a ponta da espada, cutucando os jeans de Hansel.

– Ou! Ou! Tem uma pele de bode de verdade ai em baixo, sabia? - Disse o menino-jegue.

– Desculpe, amigo sátiro. – Luke sorriu. – Entregue o Velocino e deixarei você partir de volta à sua, ahn, pequena missão natural.

– Vá para o tártaro. - disse Hansel. - Talvez esteja lá...

Luke e Silena trocaram olhares, Silena se aproximou de mim com uma adaga e a colocou na minha garganta.

– Você... - disse ela despreocupada. - Acho melhor soltar sua linguá presa, Megan, eles não vão durar muito.

Ela apontou a cabeça para os meus amigos.

– Então vamos... - falei. - Me mate.

– Megan! - exclamou Jake.

Ignorei ele completamente, eu e Silena estávamos no meio de uma conversa de olhares.

– Onde... esta... O Velocino? - repetiu Silena.

Não esta comigo. - falei.

Provavelmente, eu não devia ter contado nada a eles, mas era uma boa sensação jogar-lhes a verdade na cara...

– Esta mentindo... - disse Silena apertando mais a adaga na minha garganta, senti a lâmina fria subir pelo meu rosto.

– Nos despachamos o velocino bem na nossa frente, você chegou atrasada, se deu mal... - falei.

Silena teve um ataque de raiva e me desferiu um golpe com a adaga, eu recuei, mesmo assim, a lâmina fez um corte na minha bochecha, não a ponto de ficar uma cicatriz, tipo Luke, mas... A ponto de sangrar e coisas assim...

Toquei meu rosto.

– Eu sei o seu ponto fraco, Megan. - disse ela.

Fiz força para não tremer, encarei ela, com sangue na mão.

– Pare de fingir. - disse ela. - Você pode ter superado um pouco sua hematofobia*, mas ainda tem ela, não é?

Não respondi.

– Eu não estou com o velocino. - repeti. - Acho que são vocês os surdos aqui.

Os olhos de Luke se estreitaram.

– Você não pode... - começou ele. - Clarisse?

Sorri e fiz que sim.

– Vocês... Você confiou...

– Isso ai, garoto esperto.

Por um instante ele pareceu querer cortar minha garganta.

– AGRIO! - rosnou Luke.

O gigante urso se encolheu.

– S-sim senhor?

– Vá para baixo e prepare o meu corcel! - exclamou Luke. - Traga-o para o convés. Preciso voar para o aeroporto de Miami, depressa!

– Mas...

– Faça isso ou você vira ração de Dragão! - disse Luke.

Agrio se encolheu.

– S-Sim senhor.

Luke ficou andando de um lado para o outro na frente da piscina, chingando em grego antigo, agarrado em sua espada com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. O restante da tripulação de Luke parecia inquieto. Talvez nunca tivessem visto o patrão tão estressado.

Comecei a pensar... Se eu pudesse usar a raiva de Luke, fazê-lo falar de todos os seus planos e joga-los no ar e fazer as pessoas ouvirem como estes eram insanos... Olhei para a piscina, para as fontes borrifando água no ar, criando um arco-íris ao pôr-do-sol. Tinha que dar certo...

– Você estava nos usando o tempo todo, não é? - comecei. - Queria que trouxéssemos o Velocino para você e o poupássemos do esforço de resgata-lo!

Luke olhou para mim.

– É Obvio, sua cretina, mas você tinha que estragar tudo!

Essa doeu... Jake parecia que ia fulminar Luke com o olhar que dava. Eu não duvidaria se fosse você...

– Seu Traidor miserável! - Tirei meu último dracma de ouro do bolso e o joguei em Luke. Como eu esperava, ele se esquivou facilmente. A moeda voou para dentro do repuxo de água com as cores do arco-íris.

Era agora.

Pensei de todo o coração: Ó deusa, aceite minha oferenda.

– Você enganou todo mundo! – gritei para Luke. – Até mesmo DIONISO NO ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE!

Atrás de Luke, a fonte começou a tremeluzir, mas eu precisava que a atenção de todos estivesse em mim, então destampei Anaklusmos, Luke apenas deu um sorriso sarcástico.

– Não é hora de bancar a heroína corajosa, Megan. - disse ele. - Largue sua espadinha insignificante ou vou mandar matá-la mais cedo do que eu planejava...

– Quem envenenou a árvore de Thalia?! Ah?

– Fui eu, dã! - rosnou ele. - Achei que tivesse deixado isso claro no nosso último encontro. Usei a peçonha da velha Píton, diretamente das profundezas do Tártaro.

– Quiron nada tem com isso?

– Você sabe melhor do que qualquer um que ele nunca faria isso. O velho cavalo idiota não teria coragem.

Luke ergueu a espada.

– Coragem? Trair seus amigos? Colocar o acampamento inteiro em perigo? CHAMA ISSO DE CORAGEM? - berrei.

Luke ergueu a espada.

– Você não entende nem a metade. Eu ia deixar você levar o Velocino... depois que eu tivesse terminado com ele.

Hesitei por um momento. Por que ele permitiria que eu levasse o Velocino? Devia estar mentindo. Mas eu não podia me permitir perder a atenção dele.

– Cronos... - falei. - Você ia curar Cronos.

– Sua mãe nunca te ensinou a ter cuidado com os nomes? - provocou ele. - Ah... Ela morreu antes de te ensinar o alfabeto inteiro...

Luke... Você esta brincando com fogo agora. Hesitei mais uma vez.

– O que quer dizer?– perguntei.

Luke sorriu.

– Então você não sabe ainda? - provocou. - Vou te dar um conselho Megan, não tenha esperanças de que sua família esteja vi...

Interrompi ele de falar desferindo-lhe um golpe.

– Então você envenenou a árvore, traiu Thalia e nos preparou uma armadilha... tudo para ajudar Cronos a destruir os deuses!

– Sim! A mágica do Velocino teria acelerado dez vezes o processo de recuperação dele. Mas você não vai nos deter, nem seus amiguinhos ai. Você só nos atrasou um pouco. Mas... Isso não vai mais acontecer...

– Thalia deu a vida por sua causa! - gritei. - Você traiu a todos nos!

– Se sabe disso, porque fica perguntando sua idiota!? - exclamou.

Abaixei a espada e coloquei a mão na cintura. Suspirei.

– Ah, isso? É que eu quero que o público escute bem cada palavra.

Que Público?

Sorri. Então seus olhos se estreitaram. Ele olhou para trás, e seus "súditos" fizeram o mesmo. Eles engasgaram e recuaram, cambaleando. Acima da piscina, tremeluzindo na névoa do arco-íris, estava uma visão em mensagem de íris de Dioniso, Tântalo e o acampamento inteiro no pavilhão-refeitório. Estavam sentados num silêncio perplexo nos assistindo.

– Oi galera! - cumprimentei.

– Bem – disse Dioniso ironicamente – um entretenimento inesperado no jantar.

– Você ouviu Sr. D. Muito bem. - falei. - Vocês todos ouviram Luke. O envenenamento da árvore não foi culpa de Quíron.

– Sua... - começou Luke.

O senhor D suspirou o ignorando.

– Acho que não.

– A mensagem de íris pode ser um truque – sugeriu Tântalo, mas sua atenção estava dirigida principalmente ao seu cheeseburger, que ele tentava encurralar com as duas mãos.

– Infelizmente, não pode. - disse Dioniso, olhando com nojo para Tântalo. - Acho mesmo que sinto falta do velho homem-cavalo, Parece que terei de reintegrar Quíron como diretor de atividades.

Tântalo agarrou o cheeseburger. Que não escapuliu para longe. Tântalo o ergueu do prato e olhou para aquilo estupefato, como se fosse o maior diamante do mundo.

– Consegui!

– Não precisamos mais dos seus serviços, Tântalo – anunciou o senhor D.

Tântalo pareceu perplexo.

– O quê? Mas...

– Isso ai, esta despedido. - disse Dioniso. – Você pode voltar ao Mundo Inferior... Agora.

– Não! Mas... Nããããããããããããão! Meu cheeseburgueeeee...

Enquanto se dissolvia em névoa, seus dedos apertaram o cheeseburger, tentando levá-lo à boca. Mas já era tarde.

Bye. Bye Tântalo.

Tântalo desapareceu e o cheeseburger caiu de volta no prato. Os campistas explodiram em vivas. Luke urrou de raiva. Golpeou a fonte com a espada e a mensagem de Íris se dissolveu, mas estava feito.

Eu estava me sentindo realmente o máximo, até que Luke se virou e me lançou um olhar sanguinário.

Me virei para ele com um sorriso sarcástico.

– Plano digno de Atena, não?– falei.

Cronos tinha razão, Megan. Você é uma arma pouco confiável. Precisa ser substituída.

– Como assim eu...

Não tive tempo para terminar de falar, Um de seus homens soprou um apito de bronze, e as portas do convés se abriram violentamente. Mais uma dúzia de guerreiros foi despejada, formando um círculo à nossa volta, as pontas de bronze das lanças na nossa direção. Luke sorriu para mim.

– Vivos vocês não saíram desse navio...

– Morto é que não dá, então acho que teremos que ficar por aqui... - provoquei.

– Você pensa no que diz!? - gritou Hansel de algum lugar por ai...

Continuei encarando Luke.

– O que esta esperando. - Ergui Anaklusmos. - Do que você tem medo Luke? Aliás, sou só uma garotinha filha dos três grandes.

– Deixe de ser exibida...

– Olha quem fala...

– Você não pode me atrair para uma luta. - enfatizou Luke. - Eu não sou Ares, Megan.

Os soldados que estavam prestes a nos matar hesitaram, aguardando as ordens dele. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Agrio, o homem-urso, irrompeu no convés levando um cavalo voador. Era o primeiro pégaso preto puro que eu já vira, com as asas de um corvo gigante. O pégaso empinou e relinchou. Pude entender seus pensamentos...

– Ah... - comecei. - Achei que deveria saber... Seu pégaso te chamou de "Filho de uma Hera", seja lá o que isso signifique.

– Senhor – bradou Agrio, esquivando-se dos cascos do pégaso. – Seu corcel está pronto!

Luke manteve os olhos fixos em mim.

– Cresça, Megan.

– Acorde, Luke. Você esta com medo agora? - perguntei. – Com medo de que seus guerreiros o vejam ser derrotado por uma garotinha?

Luke lançou um olhar para seus homens, e viu que eu o tinha pego numa armadilha. Se ele recuasse, pareceria fraco. Se me enfrentasse, perderia um tempo precioso em sua caçada a Clarisse. De minha parte, o melhor que podia esperar era distraí-lo, dando aos meus amigos oportunidade de escapar.

O Lado ruim disso tudo, é que eu sabia o quanto Luke era bom na esgrima.

– Vou matá-la... – decidiu. Mordecostas era meio metro mais longa que a minha espada. Sua lâmina brilhava com uma luz maligna cinza e ouro, onde o aço humano fora fundido com o bronze celestial. Eu quase pude sentir a lâmina lutando contra si mesma, como ímãs de polos opostos amarrados juntos. Não sabia como a lâmina tinha sido feita, mas senti algo trágico. Alguém morrera no processo...

Luke assobiou para um dos seus homens, que lhe jogou um escudo redondo de couro e bronze. Ele me lançou um sorriso maligno do tipo vilão da Disney...

Problema.

Lutar com as duas mãos segurando apenas uma espada nos dá mais força, mas lutar com uma das mãos e um escudo nos dá melhor defesa e versatilidade.

Há mais movimentos, mais opões, mais maneiras de matar... Lembrei de Quiron me dizendo para eu ficar no acampamento e treinar mais, agora eu pagaria por não ter lhe dado ouvidos.

Sua espada passou embaixo do meu braço, rasgando um pedaço da minha blusa e roçando minhas costelas. Pulei para trás, contra-ataquei com Anklusmos, mas Luke desviou com o escudo.

Ele sorriu para mim.

– Você realmente esta fora de forma, Megan.

Ele avançou de novo com um golpe na altura da minha cabeça. Eu me defendi e devolvi com uma estocada. Ele desviou facilmente para o lado. O corte nas minhas costelas doía estava mais ou menos um pouco acima da minha cintura. Meu coração estava disparado. Como sempre acontecia quando eu estava em uma luta emocionante como aquela.

Quando Luke investiu de novo, pulei para trás, para dentro da piscina, e senti uma explosão de força. Girei embaixo d'água, criando um turbilhão que emergiu da parte mais funda, explodindo diretamente na cara de Luke. A força da água o derrubou, o fez cuspir, sem enxergar. Mas, antes que eu pudesse atacar, ele rolou de lado e se pôs de pé novamente.

Ao meu redor, fitas de água giravam em torno de mim como serpentes, irradiando força.

Luke investiu contra mim de novo, senti que meu antebraço que eu segurava a espada ardia em fogo, isso era um problema também, desabei e as fitas de água também. Eu estava ferida. Não sabia com que gravidade. O lado esquerdo dos meus jeans estava cortado acima do tornozelo, Luke deu um golpe para baixo e eu rolei para trás de uma espreguiçadeira. Tentei me levantar, mas minha perna não suportava o peso.

– Mééééégan! - ouvi Hansel balir.

Rolei mais uma vez quando a espada de Luke partiu a espreguiçadeira ao meio, com os tubos de metal e tudo. Me arrastei em direção à piscina, tentando desesperadamente não desmaiar. Eu nunca conseguiria isso... Luke sabia disso. Ele avançou devagar, sorrindo vitorioso. O fio de sua espada estava tingido de vermelho. O meu sangue..

– Mas ainda tem uma coisa... Que eu quero que você veja antes de morrer, Megan. - disse ele.

Ele olhou para o homem-urso Oreios, que ainda estava segurando Hansel e Jake pelo pescoço.

– Você pode comer o seu jantar agora, Oreios. Bon appetit.

– He-he! He-he!

O homem-urso ergueu meus amigos e mostrou os dentes.

Eu ouvia apenas as batidas do meu coração, então foi ai que Hades inteiro foi libertado. Uma flecha com penas vermelhas brotou na boca de Oreios. Com uma expressão surpresa na cara peluda, ele desmoronou no convés em cinzas.

– Irmão! – gemeu Agrio.

Ele afrouxou as rédeas do pégaso apenas por tempo suficiente para o corcel negro escoiceá-lo na cabeça e escapar voando, livre, sobre a baía de Miami.

Liberdade! ouvi o pégaso exclamar.

Por uma fração de segundo os guardas de Luke ficaram atordoados demais para fazer qualquer coisa a não ser olhar para os corpos dos gêmeos ursos se dissolvendo em fumaça. Então se ouviu um coro selvagem de brados de guerra e um estrépito de cascos contra metal. E uma corneta... É, eu também não entendi essa parte.

– Pôneis! - exclamou Tyler.

Minha cabeça teve dificuldade de processar tudo o que vi. Tipo mortais com a névoa, porém... Tyler tinha razão. Uma dúzia de centauros irrompeu da escadaria principal. Quíron estava no meio da multidão, mas seus parentes não pareciam quase nada com ele.

Eram centauros com corpo de garanhões árabes, outros com pelo dourado de palomino, outros com manchas laranja e brancas como paint horses. Alguns usavam camisetas de cores vivas com letras fosforescentes que diziam PÔNEIS DE FESTA: DIVISÃO DO SUL DA FLORIDA.

Alguns estavam armados com arcos, alguns com bastões de beisebol, alguns com pistolas de paintball. Nunca vi uma cena mais bizarra... Um tinha a cara pintada como um guerreiro comanche e agitava uma enorme mão de isopor mostrando um grande Número 1. Outro estava de peito nu e inteiramente pintado de verde. Um terceiro usava óculos com olhos vesgos presos a molas, balançando para cima e para baixo, e um daqueles bonés de beisebol que têm latas de refrigerante com canudinhos penduradas dos dois lados.

Quiron... Sua família é demais!

Eles estouraram no convés com tamanha ferocidade e tanto colorido que por um momento até Luke ficou atordoado. Eu não sabia dizer se eles tinham chegado para comemorar ou atacar. Tudo levava a crer que as duas coisas. Mas eu estava Feliz por eles, mesmo que eu ainda estivesse dolorida.

Jake tirou o sabre do bolso e começou a transformar uns monstros em pó, Hansel parecia avoado e Luke parecia despertar de um transe.

nquanto Luke erguia sua espada para convocar as tropas, um centauro disparou uma flecha diferenciada, com uma luva de boxe na ponta. Ela atingiu Luke na cara e o mandou para dentro da piscina.

Eu ri com a cena.

Seus guerreiros se espalharam por todos os lados. Eu não podia culpá-los. Enfrentar os cascos de um garanhão empinado já é bastante assustador, mas sendo ele um centauro, armado com um arco e aos gritos, usando um chapéu com latas de refrigerante, até o mais bravo dos guerreiros bateria em retirada.

– VAMOS ROLAS UMAS CABEÇAS! - exclamou um dos Pôneis de festa.

Eles mandaram ver com suas pistolas de paintball. Uma onda de azul e amarelo explodiu contra os guerreiros de Luke, cegando-os e emporcalhando-os da cabeça aos pés. Eles tentaram correr, apenas para escorregar e cair.

Quiron galopou até Hansel e Jake, pegou-os com facilidade do convés e os colocou nas costas.

Tentei me levantar, mas minha perna ferida ainda parecia estar em fogo. Luke se arrastava para fora da piscina.

– Ataquem seus imbecis! Ataquem!

Em algum lugar sob o convés um grande sino bateu. Eu sabia que a qualquer segundo seríamos esmagados pelos reforços de Luke. Seus guerreiros já estavam se recuperando da surpresa, avançando para os centauros com espadas e lanças erguidas.

Tyler jogou meia dúzia de lado com um tabefe com sua mão enorme, derrubando-os por cima da amurada na baía de Miami. Porém mais guerreiros vinham subindo pelas escadas. Não poderíamos fazer isso para sempre... Quer dizer, alguns de nos sim, pois eram imortais...

– Retirar! Irmãos! - gritou Quiron.

– Você não vai escapar dessa impune, homem-cavalo! – berrou Luke.

Ele ergueu a espada, mas levou um murro na cara em outra flechada de luva de boxe, e caiu sentado numa espreguiçadeira. Um centauro palomino me içou para seu lombo.

– Cara, chame seu amigo grandão. - disse ele.

– Tyler! Vamos! - chamei.

Tyler largou os dois guerreiros que estava prestes a amarrar em um nó e correu atrás de nós. Ele pulou para o lombo do centauro. Este gemeu e quase desabou com o peso de Tyler.

– Cara... - disse o centauro. - As palavras "dieta de baixo carboidrato" significam alguma coisa para você?

– Ele é um ciclope. - esclareci.

– Tanto faz... Mesmo assim... Ciclopes não podem fazer dieta?

Os guerreiros de Luke estavam se organizando em uma falange. Mas quando estavam prontos para avançar os centauros já tinham galopado para a beirada do convés e pulado sem medo por cima da amurada, como se aquilo fosse uma corrida de obstáculos e não dez andares acima do chão.

Meus cálculos me diziam que morreríamos em três segundos. Despencamos para o cais, mas os centauros atingiram o asfalto praticamente sem um desvio e saíram galopando, bradando entusiasmados e gritando provocações para o Princesa Andrômeda enquanto galopávamos para as ruas do centro de Miami.

Aquilo definitivamente foi a coisa mais esquisita que me aconteceu... E olha que eu falo com cavalos. Não tenho ideia do que os moradores de Miami pensaram quando passamos galopando. Ruas e prédios se tornavam distantes a cada galope das nossas caronas aqui.

A cada passo de centauro nos levasse por quilômetros e quilômetros. Num piscar de olhos, deixamos a cidade para trás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hematofobia* : Medo de Sangue.

Quando eu era menor eu tinha hematofobia, isto é só um pedaço de mim que deixei na Megan. As pessoas implicavam comigo por causa disso, fingindo que iam cortar o dedo, só de imaginar eu ficava nervosa. Sempre ficava. Mas enfim, me livrei disso...

Enfim, oque acharam do capítulo?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas Do Olimpo - O Mar De Monstros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.