Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 35
35: O mal que habita em mim


Notas iniciais do capítulo

Diga "adeus" numa noite como esta
Nem que seja a última coisa que façamos na vida
Você nunca pareceu tão perdida assim
Às vezes nem mesmo parece você
Fica escuro, fica mais escuro ainda, por favor fique
Mas eu vejo você como se eu fosse feito de pedra enquanto você vai embora


*The Cure



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Magda nada mais era que um monte de cinzas aos meus pés. Suspirei, enquanto passava minhas mãos pelos olhos lacrimejantes, era sempre assim, oráculos tinham um destino cruel. Eles vivem para ajudar, quando enfim suas obrigações chegam ao fim, eles se tornam cinzas.

E pelo jeito, ela havia terminado seu trabalho.

Agradeço mentalmente, enquanto saia em silêncio, deixando que suas cinzas fossem levadas pelo vento. Me sentia fadigada, o dia nem bem havia começando e meu corpo todo pedia para se deitar, minhas energias fora definitivamente sugadas.

Andava pela floresta, agora sabendo da existência de seres dentuços que se rastejavam pelas moitas, mas não tinha medo, pois sabia que eles não podiam me ferir....

Ou era nisso que eu acreditava.

Um vento fraco mas suspeito, fez as folhas da árvore mais próximas farfalharem lentamente, enquanto o céu azul celeste se enchia de nuvens escuras. Olhei para as copa das árvores, estranhando a mudança repentina. Até mesmo as aves, levantaram voo como se pressentindo algo no ar.

Engoli em seco, enquanto segurava meu amuleto e apressava os passos para a torre, o lugar onde eu me sentia mais segura.

“Lilith”

Parei rapidamente, olhando ao redor a procura da voz delicada e firme, que pronunciava meu nome com suavidade. Pisquei algumas vezes, enquanto o vento lançava terra em meus olhos, tudo que eu via era sombras e barulho do trovão.

- Quem está ai? -fiquei feliz em ouvir minha voz firme. Uma risada ecoou por entre as árvores, fazendo meus cabelos se arrepiarem enquanto o amuleto queimava as pontas do meu dedo, gritando para ser usado.

“Você não pode me ver ou ouvir, mas pode sentir...”

Senti minhas sobrancelhas se juntarem e gelei, enquanto se parecia que unhas arranhavam meus braços e rosto. Tropecei para trás, e segurando em uma árvore enquanto suas raízes se levantavam ao meu redor, e contorcendo a minha volta e me apertando. Cerrei meus dentes, enquanto tentava alcançar o amuleto.

Mas quando minhas mãos tocara a superfície plana, ela queimou meus dedos, arranquei a amuleto, jogando para longe enquanto uma estranha e doentia luz vermelha saia dele o transformando em pequenos cristais.

Mas o que estava havendo!?

Novamente a risada e agora sentia o medo tomar caminho por meu corpo.

“Sou o mal que habita seu interior, pronto para finalmente acordar”

Gritei alto, enquanto as raízes que me prendiam me largaram  ao chão. Tentei me levantar, mas alguma coisa segurava meus pés, não olhei para trás, apenas sabia que era um tentáculo verde, cheio de espinhos que entravam em minha pele, fazendo as lagrimas picarem meus olhos.

Era uma criatura, estranha e gosmenta de olhos vazios e dentes cheios de presas que exalavam um odor pútrido, enquanto se aproximava cada vez mais do meu rosto.

- Você...é...você...o mestre....Christabel...ele...ele a quer -a criatura não falava, sibilava soltando uma espuma negra que queimava minha pele - E eu...eu...fazer...o trabalho....de leva lá...leva lá....

Tentei me desgrudar de suas garras pegajosas, mas já era tarde...tarde demais. Gritei enquanto seus dentes foram  última coisa que vi.

Então, a paz da escuridão eterna.


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