Cozinhando

— Nossa! Estou tão cansada! — Lucy reclamou, tirando os saltos antes de subir as escadas que davam no seu apartamento. — Quero tomar um banho.

Continuou subindo as escadas enquanto segurava os sapatos altos com uma mão. Suspirou antes de tirar a chave pra abrir a porta, assim que girou a maçaneta sentiu o cheiro de algo queimando. Assustada, correu para dentro do apartamento, indo direto para a cozinha; ao chegar se deparou com um Natsu todo sujo e o cômodo pior ainda.

— O que você está fazendo? — o tom cético era claramente perceptível em sua voz.

— Cozinhando? — respondeu como se fosse óbvio.

Lucy comprimiu os lábios e encarou Natsu como se não acreditasse em sua resposta tão cara de pau.

— Cozinhando ou emporcalhando minha cozinha? Eu realmente espero que você limpe tudo isso!

O rapaz fez um biquinho, fazendo-o parecer uma criança — o que de fato meio que era mesmo —, ela o olhou por debaixo dos cílios espessos de forma desconfiada, os braços cruzados sobre o peito de maneira estoica.

— Você é má, Luce — choramingou e largou a espátula na frigideira que parecia ter um peixe, parecia. — Eu estava aqui, cozinhando pra você, esperando você chegar e é assim que você me trata?

— Sério? — Apertou os olhos. — Sério que você vai fazer esse drama todo? Não vai funcionar dessa vez! Eu te conheço! Isso não faz eu me sentir culpada!

Lágrimas de crocodilo brotaram nos olhos dele e a loira teve que se conter para não revirar os olhos. Quando ainda assim as lágrimas dele não cessaram, ela ficou realmente preocupada, pensando que talvez, tinha sido rude demais.

— Ah, desculpe! — Andou até ele rápido, soltando os saltos no chão e envolvendo seu pescoço carinhosamente. — Mas sabe, você poderia ser mais cuidadoso, olha só a bagunça que você fez na cozinha!

— Ah Luceeee, não briga mais comigo, eu estou com fome e sujo.

— Eu vou cozinhar para você, mas antes, vamos limpar essa bagunça — rendeu-se, soltando um suspiro cansado.

Natsu assentiu feliz, indo buscar os produtos de limpeza — que já sabia muito bem onde ficava por sinal, já que vivia fazendo bagunça e era obrigado a limpar e arrumar tudinho —, enquanto Lucy amarrava o cabelo no topo da cabeça e vestia o avental para não se sujar ainda mais.

Eles limparam tudo juntos, eventualmente Lucy dava uns cascudos em Natsu quando ele se dispersava e a deixava fazendo o trabalho inteiro sozinha. Depois de alguns minutos, a loira começou a fazer uma comida simples e obrigou o companheiro a ajudá-la, para ver se aprendia a fazer alguma coisa e se virar sozinho.

O dragon slayer sugeriu que o ensinasse a fazer uma sobremesa, ela o encarou desconfiada.

— Sobremesa? Desde quando você se interessa por isso, o que está aprontando, Natsu Dragneel?

— Nada — respondeu inocentemente, soando falso demais.

Ah! Com certeza ele iria aprontar alguma coisa, afinal, era de Natsu que estava falando. Com os olhos apertados de desconfiança, Lucy assentiu e se abaixou para pegar a forma que estava em uma das portas do armário, junto com alguns ingredientes para um simples bolo de chocolate.

Ela teve que ter paciência, na verdade, para tudo que se tratava de Natsu, ela precisava ter paciência, senão enlouqueceria. Depois de uma hora inteira, o bolo estava finalmente pronto.

— Está ai, pela primeira na sua vida você fez um bolo, Natsu! — Ela bateu na mão dele quando ele ameaçou a comer tudo de uma vez. — Está quente, seu idiota! Espere esfriar antes de sair comendo tudo desse jeito.

— Mas eu gosto dele quente! — retrucou com um bico, que logo se desfez. — Estou brincando, amor. Na verdade... Parabéns! Nosso primeiro ano de namoro.

A expressão de surpresa invadiu o rosto de Lucy. Ela abriu e fechou a boca várias vezes, contando os meses mentalmente para ter certeza. Como logo ela tinha esquecido disso? Melhor...

— Você lembrou disso? — perguntou estupefata.

Natsu coçou a cabeça sem jeito e sorriu.

— Eu queria fazer algo especial para você, mas a única coisa que consegui foi emporcalhar sua cozinha inteira. Cê sabe, eu não sou muito bom com essas coisas de cozinha.

— Se eu não estivesse tão feliz por você ter lembrado disso — ela ocultou a parte que realmente não lembrara de nada — eu te bateria por ter me feito cozinhar.

— Tecnicamente fomos nós dois — pontuou antes de puxá-la pela cintura.

— Certo, vou deixar passar dessa vez. — Sorriu e apertou os dedos nos braços dele, sentindo todos os músculos tencionarem sob seu toque. — Você pode me beijar agora.

— Eu vou fazer isso.

Natsu se abaixou na direção dela e beijou-a demoradamente. E foi intenso, como todas as outras vezes. Ela não queria se separar dele nunca, nunca mesmo.

— Obrigada, Natsu — disse bem baixinho quando se separou dele. A cabeça encostada em seu peito, ouvindo o som apressado do seu coração e a sua respiração agitada. — Por favor, nunca me deixe.

— Só se você prometer que nunca vai me deixar. Porque uma maga celestial nunca quebra suas promessas, certo?

Ela deu um risinho e levantou os olhos para encará-lo.

— Nunca vou te deixar.

— Também nunca vou te deixar. E promessas de dragões são pra sempre.

— É uma troca equivalente — murmurou já se inclinando para outro beijo. — Agora me beije de novo, porque você ficou muito bom nisso.

E diferente do habitual, Natsu Dragneel a obedeceu.