50 Tons De Amor escrita por Flávia Lemes
O clima, sem sombra de dúvidas, ficou tenso. A expressão de Cristian demonstrava o quanto ele estava surpreso por eu dizer que eu tinha sim sentimentos por ele, mas com certeza medo não estava entre eles. Seus olhos estavam grandes e dilatados.
— Pois você deveria. — sussurrou quase que para ele mesmo.
— Por que eu deveria ter medo de você? — perguntei indignada — Você é um assassino?
— Claro que não! — disse desesperado.
— Então por que eu deveria ter medo de você, Grey? — tossi — Sr. Grey.
— Não precisa me chamar assim. Cristian está bom.
Ele estava completamente atordoado e eu realmente queria saber o por que de tanta aflição.
— Cristian, me diga, por favor. — juntei minhas duas mãos como quando rezamos e coloquei em frente ao meu nariz.
Sim, eu estava suplicando por uma resposta, mas ele permaneceu com os olhos em seus próprios joelhos.
— Você não vai me dizer? — murmurei em tom baixo.
— Eu acho que nunca disse isso para nenhuma mulher, mas eu não estou pronto para te dar adeus.
Enquanto dizia cada palavra, seus olhos se mantinham fixos no mesmo lugar.
— Bom, nem eu. Me procure quando estiver pronto para confiar em mim.
Me levantei do sofá gigantesco e macio, dei a volta por ele e fui até a porta. Senti um toque em meu braço e era Cristian. Ele estava com um olhar assustado, as mãos geladas e a respiração ofegante.
— Anasta...
— Ana. — o interrompi.
— Ana, por favor, não vá embora. Eu quero e preciso te dizer, mas não sei por que, estou muito aflito. — sua expressão era indescritível.
— Diga logo, Cristian! Eu estou preparada para ouvir qualquer coisa, seja lá o que for. — e eu estava falando sério. Bem sério.
— Eu achei que estava preparado para contar, mas acho que não estou. — sussurrou abaixando a cabeça.
Ergui sua cabeça usando minhas mãos, o fitei nos olhos e tentei transmitir o máximo de confiança para aquela criança que estava amedrontada em minha frente.
— Cristian, não vou a lugar algum antes que você me diga o por que você apareceu na festa de seus pais e não ficou surpreso ao me ver. Eu não vou a lugar algum até que você me diga o que tanto quer me falar.
Ele está segurando meus pulsos com suas mãos, e permanece me olhando assustado. Ameaça dizer alguma coisa, mas não diz por algum motivo.
— Diga, Cristian, por favor. — franzo a sobrancelha e faço um olhar triste, mas de expectativa.
— Eu não vou conseguir, Ana, não vou.
Uma onda de orgulho bateu de frente contra mim e decidi deixar que ele permaneça com seus fantasmas até que um dia, quem sabe, ele consiga me contar.
— Ótimo. Nos vemos quando eu puder saber o que está acontecendo com você. — falei enquanto tirava as mãos de seu pescoço.
Me virei e abri a porta. Ao lado do carro preto estava o tal Taylor. Alto, forte, nem novo, nem velho. Vestia um terno preto e óculos. Me perguntei o por que, até porque não estava consideravelmente frio e nem tanto sol para que ele estive usando aquilo. Virei à esquerda, pois queria me afastar da casa, procurar uma cafeteria e depois chamar um táxi. Eu não queria encontrar Cristian naquele momento.
Encontrei um Starbucks há 4 quarteirões da casa de Cristian e entrei. Precisava de um café com uma certa urgência para poder processar melhor tudo o que estava acontecendo na minha vida desde que mudei para Cheshire. Fiz meu pedido e sentei na mesa ao lado da janela de vidro que dava para a rua. Olhava os carros passando pela rua molhada e fria, pessoas na correria de um sábado a tarde. Tudo o que eu pensava era no que Cristian queria me dizer. Ah, Cristian... Lembro de seu rosto triste e amedrontado. Por que tive que nascer tão orgulhosa?
Meu café chega e o tomo deliciosamente. Ainda olhando pela janela, estava pensando em Cristian e, confesso, estava com um fio de decepção por ele não ter vindo atrás de mim. O que?! Isso não faz sentindo, Steele, por favor. Um homem como ele se humilhando perante uma menina do subúrbio era algo fora de questão.
O TÁXI ME TROUXE até em casa e a única coisa que queria fazer é deitar na minha cabeça e dormir para esquecer tudo o que estava acontecendo. Abri a porta de casa e entrei. Quando vou em direção à cozinha para tomar uma água, vejo uma imagem na sala pelo canto dos olhos.
Puta que pariu.
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