Acordei de manhã com medo do que iria escutar quando Cristian chegasse. Eu sabia que nada pararia no meu estômago se eu comesse, de tanta ansiedade. As horas pareciam não passar, e, na medida que os ponteiros iam se aproximando do horário, me dava mais desespero. Calma, Anastacia Steele! Eu estava um turbilhão de sentimentos confusos.

A campainha tocou e era Cristian. Nos cumprimentamos e entrei no carro preto. Eu e ele atrás e um homem alto e sério dirigindo.

— Vamos chegar rápido. — disse Cristian.

Até chegarmos ao destino o caminho foi repleto de puro silêncio. Ninguém disse uma sequer palavra. Cristian desceu do carro, abriu a minha porta e me deu a mão para levantar-me. Entramos no hall da mansão absurda que ele tinha. Fomos até a sala e ele me fez sentar.

— Vou te explicar tudo.

— Preciso mesmo de explicações. Estou confusa, Cristian.

Ele me fitava sério, como quem observava cada piscada que eu dava. Eu estava com medo do que iria escutar. Tinha certeza que me decepcionaria.

— Você merece um cara muito melhor do que eu, Anastacia. Eu deveria deixá-la ir, mas algo me impede. Eu preciso que você seja minha. — disse calmamente, ainda sério.

— O que de tão grave você precisa me mostrar, Cristian? — especulei — O que eu preciso assinar?

— Eu tenho vontades que não são fáceis de matar. Minha infância foi muito difícil e adquiri alguns hábitos. Apesar de achar que você não mereça isso, eu preciso tentar. — seus olhos estavam tristes.

— Quais hábitos? Diga logo! — eu não aguentava mais tanta enrolação.

— Eu nunca tive namorada, só submissas. Elas mantem relação comigo em segredo e em troca disso eu dou tudo o que elas querem.

— Submissas, Cristian? Como assim?

— Eu pratico sexo de uma maneira diferente. Eu gosto de vê-las sentir prazer com dor. — disse sério — Por isso acho que você não merece isso. Algo me faz pensar que você é diferente de todas as que eu já tive.

Precisava de um tempo para processar tudo o que ele tinha acabado de me contar.

— Você pode ir embora a qualquer momento. Taylor está a disposição.

— Taylor?! Quem é esse?

— O motorista. — disse — Se você não quiser mais me ver eu irei entender, Anastacia. Pode ir embora quando quiser.

— Quem disse que quero ir embora, Cristian? — provoquei.

Ele abriu um sorriso gigante que me fez sorrir também. Aquele sorriso de criança feliz. 

— Não posso mais ir embora. — disse.

— Pode. No momento em que quiser.

Mal ele sabia que realmente não dava mais. Como iria viver com o vazio de não tê-lo em minha vida? Não conseguiria sobreviver sem estar com ele.

— Como ir embora sendo que preciso de você? — fiz cara triste  — Eu não posso mais. Não posso!

— Ahh, Anastacia... Faltam parafusos na sua cabecinha. — disse em tom baixo.

— Eu quero tentar.

Cristian arregalou os olhos como quem pensasse "você é louca". Mas não me importo. Ele se levantou e entrou dentro de um cômodo. Ao voltar de lá de dentro, trouxe um envelope grosso com vários papéis dentro.

— Quando estiver em casa quero que leia com muita atenção cada pedacinho deste contrato. —  disse sério — É importante tanto para a sua segurança quanto para a minha.

— Não preciso ler! Onde eu assino? 

— Você costuma assinar as coisas sem ler, Anastacia? — ele estava indignado.

— Não vejo necessidade. — fui sincera.

— Qualquer coisa que você for assinar precisa ser lido com bastante atenção antes. Qual o seu problema?

Fiquei imóvel. Era isso mesmo? Ele estava me dando um sermão?

— Se você já tivesse assinado esse contrato, já teria te dado um trato!

Ele estava exasperado! Mesmo usando a frase "já teria te dado um trato", não fiquei com medo de Cristian. Eu sabia que ele era inofensivo e um homem de bom coração. Aliás, homem não sei, mas um rapaz sim. Apesar de ter apenas dezenove anos, continuava tendo cara de criança. Eu gostava disso.

— Você está tentando me assustar?

— Não. Isto foi um aviso. — disse seco.

— Pois eu não tenho medo.