Back To August escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 1
Carta


Notas iniciais do capítulo

Sobre o título, quero comentar que segundo minha análise do livro Orgulho e Preconceito, me parece que o encontro entre Darcy e Elizabeth em Pemberly acontece em agosto, já que Lydia se casa em setembro e Lizzie já estava em casa por mais tempo que apenas uma semana.



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Pemberly, Derbyshire, 05 de setembro de 1812.

Cara Srta. Elizabeth Bennet

Minha motivação em lhe escrever essa carta é a de lhe explicar minha relação com os acontecimentos do último mês. Devo me desculpar por tudo que meu pedido de segredo causou a sua irmã mais nova, tomei que tornaria meu segredo e de Georgiana, com seu e nunca imaginei que essa pudesse ser uma consequência. Peço para que não tome como seu, meu erro também, guardaste segredo do que pedi.

Acredito que não havia solução para o problema de sua irmã, mas não desisti de encontrá-la, levando meu erro comigo. Parti de Derbyshire na manhã seguinte ao nosso último e fatídico encontro, em Londres procurei por pistas de Wickham e as consegui depois de encontrar a Sra. Young, a mesma que foi tutora de Georgiana a mais de um ano atrás.

Estava pronto para encontrar Lydia e trazê-la a Longbourn imediatamente, mas a encontrei sem qualquer intenção de deixar a hospedaria. Não acreditei, porém que este casamento pudesse ser a única opção, mas sua irmã parecia bastante decidida.

Nas negociações apoiei a jovem Srta. Bennet, e tornei as razoáveis ao Sr. Bennet, tendo sempre o consentimento de seu tio, Sr. Gardiner. Confio novamente em seu silêncio, por mais que o mesmo possa ter causado esta situação devastadora, agora que tratamos de somas monetárias, quero que saiba que não desejo qualquer quantia restituída e espero que entenda a urgência de que este relato não chegue em não do Sr. Bennet, tive em mente que esta minha intromissão possa ser qualificada como desrespeitosa pelo chefe de sua família, meu principal motivo para escrever a senhorita e não a qualquer outra pessoa.

Penso que lhe devo esta explicação, devo também contar que estive no casamento e servi de padrinho de Wickham para acompanhar de perto a assinatura dos contratos e os vi sair da abadia com Sr. George Wickham e Sra. Lydia Wickham.

Não desejo qualquer gratidão ou agradecimento, de qualquer parte, confio que não deixará que sua família saiba de minha participação, assim como não quero que considere minha atitude como maior que a necessária ou o peso de culpa que carrego  diferente do que cabe a mim, ou seja todo.

Minha motivação não tem relação qualquer com sua família, tudo o que fiz foi por reparação, mesmo que imperfeita, de meu erro e por você. Sim, acredite, passei todos os momentos em que estive envolvido com o caso pensando em sua causa, não desejo que nenhuma culpa recaia sobre você, ou que nenhuma acusação pública seja feita contra você e sua família pela leviandade de Lydia, se me permitir a expressão, receio que nunca a tenha pedido e que assim a ofendi brutal e indecorosamente em minha última escrita que recebeste.

Acredito que não devo escrever apenas seu nome como desejaria, nesta carta, por mais que esta possa me conceder essa liberdade, porque não há maior afronta que eu escrevê-la. Devo resistir ao meu impulso de escrever "querida" também, não porque é uma denominação incorreta, na verdade é correta a mais tempo que eu mesmo poderia acreditar, mas tenho certeza que a ofenderei novamente, e não o desejo.

Não crio esperanças que algo sobre os sentimentos que revelou sobre minha pessoa possam ter sido alterados, receio que a carta por mais esclarecedora, deve ter sido tratada por você como um exemplo de minha petulância e orgulho. Acredito que está correta, não sou capaz de tomar minhas decisões apenas pelo meu querer, se os faço, é de minha natureza buscar justificativas, mesmo nunca tendo sido questionado sobre eles antes do último mês de Abril.

Não lhe renovarei minha proposta feita na mesma data, não acredito que isso possa ser feito sem lhe causar qualquer dor, ou constrangimento. Porém renovo meus sentimentos pela senhorita, não houve um momento que eles tenham sido diferente de antes, receio que tenho em uma posse já não minha, mas sua, um coração maior que o que lhe garanti à cinco meses atrás.

Sobre minha antiga carta, acreditei estar escrevendo-a em perfeita paz de espírito e totalmente resignado, mas após uma análise mais profundo que fiz depois de tê-la entregado percebi minha fúria e meu orgulho ferido, por isso também acredito que de qualquer forma possa ter sua estima por mim aumentada, estou correto que com sua sagacidade, percebeu da futilidade dos sentimentos que me inundavam e pelos quais minhas palavras foram preenchidas.

 Tentei por dias escrever esta carta e poderia passar mais semanas a prepará-la, com explicações detalhadas e minhas desculpas perfeitamente esculpidas, mas nada seria o bastante. Porém postergar este momento é algo que me é temido, não sei o que exatamente posso escrever nesta folha, não quando sei que ela nunca chegará ao seu destinatário.

Eu a amo, amo como nunca pude amar outra pessoa, e por mais que meu orgulho tenha sido ferido pela sua personalidade e sinceridade, é um sentimento que me toma naturalmente, não me envergonho deles de qualquer forma, assim como jamais poderia esquecê-los.

Sua visita a Pemberly foi um deleite a minha alma, a vi no exato lugar que teria recebi qualquer convidado seu, a vi como dona de todos os cantos e ladrilhos, do arbusto mais a margem da propriedade, aos pinheiros mais distantes, do piso ao telhado. Espero que a casa a tenha agradado como a mim o fez vê-la lá. Sabe da surpresa que tive ao encontrar a senhorita e a senhora e o senhor Gardiner em um passeio pelas propriedades, não sento qualquer ressentimento pelo ocorrido, somente me envergonho de minha certeza, orgulho e como pude causar tanta dor a uma criatura filha da perfeição como a sua figura. Ofendê-la foi com certeza o pior de todos os meus atos e sei que pouco posso ter de redenção, mas desejo pedir-lhe.

Srta. Bennet, devo agradecer, estarrecido pela transformação que suas palavras causaram em mim, vejo agora claramente meus defeitos para com a sua pessoa. Sobre a minha petulância, meu orgulho, minha ganância, entrei naquela sala certo que estava esperando por minha proposta e ouvi limpidamente que eu seria o último homem do mundo com que a senhorita teria qualquer intenção de se casar, me ensinaste, e agora por amor a esta mesma pessoa, não a desejo mais junto a mim por qualquer instante que seja enquanto isso somente lhe causar dor. Se houvesse percebido isso antes, não a teria procurado na hospedaria, mas fui convencido novamente pelo meu orgulho para mostrar a você as mudanças que ocasionou em mim, gostaria de poder me regozijar mais dela, mas são movidas pelo mesmo orgulho terrível que me guio em Abril.

Do sempre seu, mesmo nestas chamas que consomem esse pequeno papel, relato de meus profundo sentimentos, impressões e ações.

Do ainda completamente seu;

Fitzwilliam Darcy.

E a folha queimou...


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Notas finais do capítulo

Precisei me desestressar, tive um bloqueio em About Love eu gosto de resolvê-los escrevendo dramas, o que acharam? Penso que não ficou tão bom quanto o sr. Darcy escreveria, mas levo em conta a confusão dele, o fato dele perceber que nunca conseguiria enviar aquelas páginas e a singela sinceridade expressa por ele, acredito que isso mais que se assemelha a uma página de diário...