– Que ceninha mais linda, merecedora de um prêmio de melhor atriz talvez. – Tanatos falou irônico batendo palmas. – Será que eu poderia ver novamente? Foi tão lindo. A donzela em perigo, ver o amor de sua vida morrer nas mãos de quem ela pensa ser seu melhor amigo. Titulo de um filme.

– O que você queria? Por que esta fazendo isso? Você disse que era meu amigo. – Perguntei chorando.

– E sou Mel, eu falei que não se devia confiar nele. – Tanatos respondeu apontando para Maicon. – Eu estava tentando te falar que um dia ele faria isso, mas você acreditou? Não, claro que não. Você é tão bobinha, fácil de enganar, fraca, não merece o que tem, então por isso, eu vou tirar, e assim eu posso usar melhor que você.

– O que você está falando?

– Você tem tanto poder, não imagina o quanto. Eu faria coisas bem melhores que você. – Continuou falando como se eu não estivesse ali.

– Poder, que poder? Eu sou apenas uma garota.

– Uma garota mortal indefesa, que acabou de perder seu namoradinho idiota e blábláblá. Você é muito boba. Como eu disse, não merece todo o poder que foi concedido quando você nasceu. Eu poderia fazer isso agora, já que só estou perdendo meu tempo. – Falou se aproximando de mim. - O que acha filho? – Perguntou a Maicon que nada respondeu, apenas continuou de cabeça baixa. – Será que ele conseguiu se apaixonar por ela? Olha só o que eu faço com ela. – Continuou, segurando meu queixo e apertando. – Isso é muito pouco para o que realmente quero fazer com você, quando eu conseguir fazer o que quero, você não será mais preciso, então vou poder te descartar. Sabe, foi um pouco difícil para você me deixar entrar na sua vida, mas valeu a pena. Você é muito burra, sabe que não se deve aceitar ajuda de estranhos, mamãe não te contou? Acho que sim, mas a filhinha dela não deu ouvidos, que pena. Já chega de conversa, estou perdendo meu tempo, e meu tempo já está quase acabando.

– O que você vai fazer? Já não basta ter matado Gabriel, e de que poder você está falando?

– Do que seu pai te deu ao nascer menina burra.

– Meu pai, não tem poder algum.

– Seu pai. – Repetiu rindo. – Aquele mortal não serve pra nada, mas eu não estou falando dele, ele não é seu pai. O seu pai, é o rei de todos, eu não aguento mais ser mandado por ele, por isso quero seus poderes, EU serei o novo rei, você vai morrer e ele vai cair aos meus pés, todos vão. – Começou a se aproximar de mim e então Flora apareceu.

– Você não vai ficar com nada. Desde o começo ela é minha, sempre foi. – Flora falou aparecendo na nossa frente e tirando a atenção de Tanatos de mim para ela imediatamente.

– Como você consegue fugir desse jeito, mulher maldita. Eu já falei, ela é minha, não tente medir forças comigo por que você vai perder. – Tanatos bradou irritado.

– Eu já falei, ela é minha. – Flora continuou tentando avançar em mim e sendo impedida por Tanatos na mesma hora.

– Se afaste dela agora se não quiser ir para um lugar pior que o inferno. – Se é que existia coisa pior ou ele estava falando aquilo só para assustar. – Você pode pegar qualquer um aqui, menos ela, eu já disse ela é minha.

De repente um clarão se fez no lugar onde estávamos, apenas o que eu consegui ver foram pessoas com asas enormes, eram anjos ou alucinações minhas? E então quando o lugar começou a perder aquela luz ofuscante e dando lugar a escuridão novamente consegui ver. Eram anjos, e Gabriele estava a frente deles com uma espada empunhada em mãos.

– Então quer dizer que você já mostrou as asinhas não é mesmo? Ou melhor, os chifres. Você não vai conseguir fazer o que quer, ela não será sua. – E começou a avançar para Tanatos e os dois começaram a lutar, e então depois disso vários dos espíritos que vagavam por aquele lugar começaram a aparecer e lutar com o restante dos anjos que ali tinham. Vendo que eles haviam esquecido completamente de mim, Flora avançou sobre meu corpo e após isso tudo se apagou.

Mel agora estava inconsciente, Flora finalmente havia tomado seu corpo, seus olhos ficaram vermelhos e então ela conseguiu se soltar e rindo falou.

– Eu consegui, muito obrigada, vocês me ajudaram muito. Eu falei que conseguiria. Agora vou conseguir me vingar de quem fez isso comigo. – Rosnou raivosa no corpo de Mel. Imediatamente Gabriele e Tanatos pararam a luta e olharam para ela surpresos. Flora continuava rindo maligna.

– Sua idiota, está vendo o que você fez? Você me distraiu e ela conseguiu. – Tanatos falou olhando para Gabriele que nada respondeu. – Saia imediatamente daí. – Ordenou à Flora.

– Nunca, nem você nem ninguém poderá fazer nada para que eu saia. – De repente um barulho estrondoso se fez no lugar.

– Todos vocês parem. – Uma voz como trovão retumbou no lugar, o restante dos anjos e demônios que ainda continuava lutando, pararam na hora ao ouvir aquele comando. – O que estão fazendo com minha filha? E vocês anjos, quem os autorizou a vir para meus domínios? – Perguntou a voz irritada. – Você mulher maldita, saia imediatamente dela se não quer eu afaça coisa pior do que te matar novamente.

– Ela é minha, não importa de quem seja filha, peguei primeiro. – Flora respondeu, correndo e tentando se esconder do homem que acabara de ameaçá-la.

– Senhor, eu estava tentando com que ela não fizesse isso... – Tanatos falou, tentando se desculpar.

– Você pensa que eu sou idiota Tanatos? Não sou cego, você tanto quanto essa aí queria o poder de minha filha. – Respondeu novamente a voz, o interrompendo. Olhando em direção a Flora que de repente começou a ir em direção à voz, se debatendo contra sua vontade. – E você mulher desprezível, saia imediatamente dai. – Continuou falando estridente e então com apenas um olhar dentro de seus olhos, Flora saiu do corpo de Mel. Ela estava fraca, e imediatamente não suportando o próprio peso, caiu no chão. Mel começou a despertar e finalmente viu o que realmente estava acontecendo, Flora caída no chão, Tanatos agarrado por Gabriele pelo pescoço, e um homem ao seu lado.

– O que está acontecendo aqui? Quem é você? – Perguntei confusa.

– Ele é Lúcifer... – Gabriele começou a responder, mas foi interrompida pelo homem.

– Seu pai.

– Não é possível, você não é meu pai. Meu pai é o Ricardo. – Falei tentando convencer a mim mesma do que eu estava falando.

– Ricardo? Aquele humano insignificante? Por favor Mel, não seja burra. – Respondeu o homem ao meu lado, ironicamente.

– Quem me garante que você é meu pai? Se fosse não esperaria tanto tempo para falar comigo. – Falei irritada.

– Eu não podia, era contra as regras, um demônio ter filhos com humanos, eu só poderia fazer algum contato com você quando estivesse com 14 anos, e bem, isso é hoje. Esses abutres sabiam disso e sabiam também que quando você tivesse essa idade seria forte, muito forte. Eu o coloquei para vigiar você, mas parece que não adiantou de muito até por que ele não conseguiu impedir você de vir parar aqui. – Falou apontando para Maicon. Tanatos conseguiu se soltar e se aproximou de nós.

– Você acha que um filho iria deixar o pai dele para te servir? Nunca. – Tanatos respondeu irritado.

– Ele veio contra sua própria vontade, obrigado por você.

– Você foi mandado por ele para me proteger? Então quer dizer que me conhecer naquele dia foi parte de um plano? – Maicon que estava quieto assentiu e abaixou a cabeça.

– Está vendo? Ele não era seu amigo, desde o inicio.

– Cale a boca. E você, você não é meu pai. – Gritei nervosa.

– Eu entendo que você não acredita agora, mas vai ver que sim. – Respondeu calmo.

– Por que você apareceu só agora? Por que deixou matarem Gabriel? – Perguntei chorando e batendo no seu peito varias vezes.

– Pare com isso menina, eu não pude impedir que isso acontecesse.

– Então o faça voltar à vida. – Exigi irritada.

– Tenho coisas mais importantes que isso para fazer, como cuidar desses dois. – Falou apontando para Flora e Tanatos. – E vocês anjos, saiam imediatamente daqui se não querem ficar, levem aquele. – Apontou para Gabriel. – E ela também, eu estou odiando ter que pedir isso a vocês, mas tirem Melanny daqui, e você. – Cantinuou, apontando para Maicon. – Tire-a daqui e a proteja. Depois me acerto com todos vocês.

– Espere, quem era Flora? Por que ela me queria? – Perguntei curiosa.

– Pergunte ao seu pai. – E então minha visão começou a ficar turva e quando abri os olhos novamente eu estava na casa de Maicon.

– O que eu estou fazendo na casa desse traidor? – Perguntei a Gabriele que estava ao meu lado.

– Ele não a traiu, ele estava te protegendo do próprio pai e foi obrigado a fazer aquilo. Acredite Mel, ele gosta muito de você e não faria nada para machuca-la. – Gabriele respondeu calma.

– Agora isso tudo pouco me importa, Gabriel, onde esta? – Perguntei olhando para todos os lados.

– Ele foi atingido no coração Mel.

– Não perguntei onde foi atingido, eu perguntei onde ele está. – Falei já sem paciência.

– Vamos. – Falou estendendo sua mão para que eu a pegasse. Segurei e ela foi me guiando até o lugar onde ele estava. Assim que eu o vi estendido no chão, corri para seu lado e comecei a chorar descontroladamente.

– Ele vai viver. – Falei, quando uma ideia começou a surgir em minha cabeça.

– Não tem como Mel. – Gabriele respondeu com pesar.

– Tem sim, você vai me ajudar. Só espero que dê certo. Por favor, tem que dar. – Falei essas ultimas palavras num sussurro. Coloquei minhas mãos sobre seu peito e as de Gabriele também. – Vamos lá. Reage, por favor, vai. – Falei quase perdendo minhas esperanças e olhando para Gabriele que me olhava com pena.

– Não adianta Mel, ele está morto.

– Ele não está, vamos. – Dei vários socos no seu peito até desistir e deixar meu corpo cair por cima dele chorando descontrolada.

– Mel? Tá fazendo o que? – Levantei minha cabeça imediatamente para olhar para Gabriel, surpresa. – Onde estamos? Que lugar era aquele? – Ignorei todas as suas perguntas e apenas o beijei e o abracei ainda não acreditando no que eu estava vendo. Nos separamos, eu estava chorando de felicidade. Olhei para Gabriele que estava boquiaberta e então falei.

– Eu falei que conseguiria, está vendo?!

– Estou, mas ainda não acredito. Bom eu vou deixar vocês dois conversarem. – E então saiu do quarto, nos deixando a sós.

XXX