Prólogo

E eu pensei naquele momento que tudo estava acabado para mim.

Toda a minha esperança de uma nova vida, longe de Mystic Falls, estava mergulhada no fundo daquele mar, sendo consumida pela fome que eu sentia. Eu estava com raiva, minha raiva me corroia e corroia todas as chances que eu tinha de sair daquele lugar.

Sim, naquele momento pensei que tudo havia acabado... Até ela me encontrar...

Capítulo Um

Querido diário, não sei exatamente se estou aqui apenas há uma semana, há um mês, ou se já completei um ano dentro desse maldito cofre.

Tudo tem se organizado em um borrão sem fim. Eu não consigo me mexer, não consigo abrir os olhos e não consigo sentir meu corpo. Está tudo adormecido, assim como as minhas chances e esperanças de sair daqui.

Embora quase morto, consigo me lembrar da minha última conversa com meu irmão. Não queria fazê-lo se sentir mal por eu não ter sido o cara cujo olhares de Elena estão voltados.

Droga! Eu não consigo organizar meus pensamentos, e mesmo sendo incapaz de me mover, não sou incapaz de ainda sentir a dor de não ter sido escolhido.

Era isso. Tudo o que passava em minha mente naquele momento era no quanto eu me sentia ferido.

Silas havia feito algo do qual eu nunca conseguiria me safar sozinho, ou seja, ninguém nunca saberia que eu estava preso no fundo do mar onde havíamos planejado jogá-lo petrificado.

Além da dor de estar sentimentalmente ferido, eu sentia a dor da perda. Apesar de alguns momentos sendo odiado por ela, Bonnie e eu éramos amigos, e agora eu sabia que ela estava morta. Não havia mais ninguém que pudesse deter Silas.

Pensando sobre Silas, talvez fosse melhor ficar realmente aprisionado dentro desse cofre, preso no fundo do mar, com dores que com o passar dos anos seriam curadas, mas as pessoas precisavam saber tudo o que estava acontecendo.

Damon, Elena, Jeremy, Tyler, Matt, até mesmo meu Original menos preferido Klaus merecia saber que Silas finalmente estava à solta.

Meus pensamentos causavam um zumbido em meus ouvidos. Eu precisava sair dali.

- Stefan! – Ouvi um grito.

Eu precisava responder, mas minha boca não se movia, eu não conseguia fazer som algum. Não havia nada que eu pudesse fazer além de ficar ali, deitado, torcendo para que seja lá quem fosse a pessoa que estava gritando me encontrasse.

O barulho de alguém se jogando na cachoeira foi alto, e eu conseguia ouvir as braçadas sobre as água na direção de meu cativeiro.

Fiz um esforço, mas tudo o que consegui mover foi um dedo. Aquilo não seria suficiente para ser encontrado e conforme eu me movia, meu corpo inteiro se enchia de dor. Eu calculei então que havia muito tempo que eu estava ali dentro, havia muito tempo que eu não me movia.

- Stefan! – Ouvi o grito novamente e então reconheci a voz. Estava perto. Se aproximava com velocidade e aos poucos me encontrava.

Caroline parecia assustada enquanto nadava à minha procura e essa sensação apenas foi confirmada no momento em que ela abriu o cofre.

- Graças a Deus você está ai! – Ela falou me tocando – Eu sei que pode me ouvir... Eu vou tirar você daqui. Vai ficar tudo bem.

Eu sentia as mãos delicadas de Caroline em meus braços. Queria poder responder, deixá-la mais tranquila, ou ajudá-la me arrastar penhasco acima, mas não havia realmente nada que eu pudesse fazer.

Depois de me arrastar para o topo do penhasco, eu a ouvi suspirar cansada. Logo em seguida, senti uma gota tocar meus lábios. Um liquido frio, com um sabor inconfundível... Sangue.

Aos poucos fui sentindo meu corpo menos pesado, recuperando minhas forças. A primeira e única bolsa de sangue foi suficiente para que eu pudesse abrir os olhos e me sentar.

– Você está se sentindo melhor? – Os olhos aflitos de Caroline se voltaram para mim.

– Como você me encontrou?

– Isso não é importante... Nós temos que voltar para Mystic Falls!

– Eu não posso voltar Caroline... Não posso quebrar a promessa que fiz à Damon. Eu vou para Portland.

– Acredite... Damon não vai sequer lembrar da sua promessa depois de tanto tempo.

Por um segundo entrei em pânico, mas logo me acalmei e perguntei:

– Por quanto tempo fiquei preso lá embaixo?

– Nove meses...

– E o Sil...

– Silas? Você vai precisar ver com seus próprios olhos!