A Lágrima Escarlate escrita por SorahKetsu


Capítulo 38
Martírio aos que ficam




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O medo que percorreu as veias de todos naquele momento foi exceção apenas à um dos presentes. Ela, já fraca, era a única não resignada. A única que não estava consolada em não ser culpada pela derrota comunitária. Não bastava estar presente no dia em que tantos sofreram e lutaram pela humanidade. Não era suficiente ser lembrada por ser uma das que deram a vida numa luta perdida. A vida é a coisa mais poderosa e rara que se possui. E ela estava preparada para dá-la. E só aceitaria em troca a vitória.
Sorah subiu a cratera levando Sabrina no colo, enquanto Dart a seguia com Mirian. Ninguém imaginava o que se passava na cabeça da lifing. Todos tremiam de medo e desesperança enquanto ela mantinha a face fria e intransponível.
A lifing entregou Sabrina aos cuidados de Mia e se virou na direção de Zigor, que havia dado alguns últimos momentos para se despedirem. Tão bondoso…
Deu um passo a frente. Dart chamou por ela, estranhando o que fazia.
- Me dá uma última oportunidade de derrotá-lo? – perguntou Sorah a Zigor em tom apático.
- Claro jovem Ketsu. Seus pais fariam o mesmo.
Sorah olhou para os companheiros novamente.
- É só prende-lo por algum tempo, não é?
Benfred fez que sim com a cabeça.
- Então… digo-vos adeus. E… - ela se virou na direção de Dart, com a mesma voz serena – Espero-te do outro lado. Não me esqueça, por favor.
Ele gritou para que não fosse. Ela ignorou. Desceu a cratera. Dart tentara ir atrás, mas ela fez crescer uma parede de gelo em seu caminho. Zigor descia junto. Logo estavam frente a frente.
- E então, como pretende me matar?
- Meus amigos disseram que cuidam de você. Só preciso te deixar quieto por alguns minutos. Benfred sabe como te matar.
- Benfred? – riu Zigor – Não conheço nenhum guerreiro com esse nome.
- Benfred Loire. – completou Sorah. – Não deve mesmo conhecer. Ele não é um guerreiro. Mas isso não tem importância, não é mesmo?
E com essas palavras prendeu Zigor num enorme bloco de gelo até o pescoço.
- Loire…? – murmurou Zigor como se nada estivesse acontecendo – Não pode ser… Loire… - seus olhos encheram-se de temor.
Ele ainda demorou a sair dali, quando agitou-se em desespero com esse nome. A lifing teria estranhado se não estivesse concentrada murmurando as palavras de uma magia recentemente utilizada.
Erguendo os braços, uma barreira esférica de um fino, porém forte gelo os prendeu juntos. O mesmo que usara contra Nely. Mas sabia perfeitamente que desta vez as coisas terminariam bem diferente.
Zigor se libertou do gelo que o prendia e se viu encurralado na prisão gelada de Sorah. Percebeu rapidamente que a temperatura em ritmo constante e rápido.
- Um belo truque, senhorita. Mas não vai funcionar comigo.
- E pode me dizer por quê? – desafiou Sorah.
- Acontece que para me congelar temo que precise de uma temperatura extremamente baixa. Muito mais baixa do que você mesma pode suportar.
- Estou ciente disso. Não pretendo sair daqui viva.
Zigor tremeu dos pés a cabeça com a declaração. Nunca vira alguém entregar a vida dessa forma, sendo que sequer iria derrotá-lo com aquilo. Então só podia ser verdade que Loire era mesmo…
- Escute lifing, posso fazer seus pais voltarem! Posso dar a vida a eles, e não só um corpo. Não gostaria de vê-los?
Sorah pareceu pensar alguns instantes. Estava tentada.
- Meus pais sentiriam nojo de mim se acaso descobrissem que desisti de uma luta por um simples capricho.
- Revê-los não é um simples capricho. É um sonho, tenho certeza.
- Não se preocupe. Eu os verei em breve, quando nos encontrarmos no mundo dos mortos.
- E quanto à Nicka? Não acha que ela mereça voltar?
- Era o destino dela, morrer sem desistir e lutando até o fim. Tenho certeza que não gostaria de voltar.
- E Dart!? – desesperou-se Zigor – Vai mesmo abandoná-lo aqui?
- Faço isso, acima de tudo, por ele. Pela vida dele. Sei que ele faria o mesmo por mim. Sou um sacrifício oferecido no lugar da vida de milhões.
A temperatura começara a se tornar insuportável. Sorah mantinha-se irredutível.
- Pare com isso, lifing! Pense bem! É a sua vida, tem todo um reino para governar!
- Se quer tanto que eu pare é por que sabe perfeitamente que irá morrer. O que me deixa ainda mais tranqüila em oferecer minha vida. Pois tenho certeza de que não será em vão. Não sei por que tanto temes a Benfred, mas me encoraja a servir de sacrifício.
Estava tudo muito próximo de um fim.
Os dois ajoelharam-se, sentindo o frio como milhões de agulhas penetrando em suas peles. Os lábios de Sorah tornaram-se roxos e ela tremia incessantemente abraçando a si própria num ato instintivo de conseguir calor. Sua pele estava azul. Como domina este ambiente, ela não congela, apenas tem os efeitos provenientes do frio. Ao contrário de Zigor que sentia cada gota de sangue petrificando. Os músculos se retraíam conforme a temperatura diminuía.
Sorah morria pouco a pouco.
Zigor perdeu completamente os sentidos.

Sorah fechou os olhos lentamente abraçando a paz e a escuridão.

De onde estava, Dart sentiu uma dor forte no peito. Olhou para a esfera de gelo, derretendo-se lentamente. Duas figuras estavam no chão, retraídas.
Benfred, ao confirmar a visão, voltou-se para Belthor novamente, ao mesmo tempo de que Dart descia em disparada ao centro da cratera.
- Dê-me a Lágrima.
- Já disse que não.
- Rápido, antes que ele retome os sentidos! – apressou Benfred.
Vencido, Belthor entregou as três caixas que continham as partes da Lágrima. Em seguida, virou-se para Íris.
- Minha doce Íris. Agora fica apenas em suas mãos.
Belthor irritara-se imediatamente.
- Se pensa que vai matá-la para tirar a alma dela, está muito enganado!
- Eu jamais moveria um dedo para machucá-la. – Defendeu-se Benfred, entre os dentes, como se o guerreiro tivesse o ofendido. – Será que não passou por suas cabeças que não é preciso tirar a alma de Íris? É muito mais fácil unir as outras três a ela.
- Quer dizer… - murmurou Mia – Fazer dela…
- Yume. – completou Benfred animado – Não vejo pessoa melhor para tornar-se a guardiã da harmonia na terra.
Todos olharam para Íris ainda estática com a possibilidade.
- Eu… - balbuciou com a voz tremula – acho que… não há outra opção, certo?
- Eu só precisava que Zigor estivesse imobilizado para que não interrompesse o pequeno rito. Ele sabe que isto pode matá-lo. Vamos, só preciso de sua autorização.
Belthor olhou pra ela. Não sabia se aquilo traria efeitos colaterais ou qualquer dano futuro.
- Aceito. – concordou Íris cheio de receio na voz. - Aceito me tornar uma mayle.

Alguns metros dali a dor corrompia as células do jovem rapaz. Ele tinha a tristeza, o amor, a morte nos braços. Não havia mais nada a se fazer. A face fria, os lábios roxos e a pele azulada tornavam o fato consumado. Seus gritos de dor ecoavam até os ouvidos dos guerreiros, confusos se deviam prestar atenção em Benfred ou chorar a morte da que foi responsável pela quase vitória.
Dart sabia perfeitamente qual escolher.
- SORAH! – berrava o lifing tomando-a em seus braços.
Não sentia seu coração, que antes batia acelerado quando Dart a abraçava. Não olhava em seus olhos, tão misteriosos e intrigantes… não ouvia sua voz, um consolo nos piores dias. Seu corpo estava ali, retraído e sem vida, com a expressão serena, calma e inconfundível da morte.
As lágrimas escorriam sem controle. Queria morrer para reencontrá-la. Precisava morrer! Já sofrera tanto apenas em não tê-la ao seu lado, mesmo sabendo que ela estava perto dali, com Kiev, e agora, sabendo que não a veria nunca mais… a dor lhe corrompia, como uma faca rasgando seu peito e dilacerando seus órgãos. E no momento, era exatamente o que desejava que acontecesse.
Naquele instante, uma verdade irrefutável chocou-se contra seu coração. Sorah estava morta. A rainha do reino da Noite padecera. Uma das maiores assassinas que já passou pela Ilha Eid morrera salvando milhões de vidas. Uma das criaturas mais poderosas que já pisaram na terra se foi. E levara consigo toda a vontade de viver de Dart.

Benfred retirou as três partes da Lágrima das caixas e as segurou, uma numa mão e duas em outra, bem separadas para que não ocorresse nenhum acidente. Começou a murmurar palavras sem nexo, de olhos fechados, concentrado. As partes da lágrima brilharam, seguidas de um forte brilho emanado de Íris.
Mia correu na direção de Sorah. Esperançosa em que ainda houvesse algo a ser feito.
Mas não havia.

As partes ergueram-se no ar. Belthor e Haji e Sabrina pareciam assustados, mas Benfred permaneceu de olhos fechados, recitando algum rito estranho.
Num único movimento, as partes voaram a velocidade de bala na direção de Íris. Acharam tê-la perfurado, mas elas entraram em seu corpo como se não fossem feitas de matéria sólida.

Mia olhou para o corpo congelado de Zigor no exato momento que uma forte luz preencheu o lugar. Ela teve de fechar os olhos. Quando tudo voltou ao normal, olhou para os guerreiros no topo da cratera. A luz vinha de Íris.
Voltou-se a Zigor novamente, tendo Dart chorando, lamentando, gritando ao seu lado, como se ignorasse sua presença. Por segundos o viu mover o olho. Em seguida, um dos dedos. Ele estava se descongelando.

No topo da cratera, Belthor sentiu-se sendo invadido por uma grande e conhecida energia. Era a força branca que emanava de Yume, porém muito mais poderosa. Esta vinha de Íris.

Zigor foi derretendo o gelo que havia parado sua circulação. Logo movia mãos e pés, livrando-se do que restara congelado.
Para não perder tempo, cortou a própria perna, a única parte sem movimentação. Logo outra nasceu no lugar.
Olhou para onde os guerreiros estavam. Dart não olhou pra ele um segundo. Permanecia abraçado ao corpo de Sorah. Mia duvidou que ele tivesse sequer reparado alguma coisa.
- Não! – gritou Zigor enchendo-se de ódio ao ver que Íris já era uma mayle, tão poderosa quanto ele.
Correu na direção do grupo no topo da cratera a uma velocidade impressionante. Mas antes que pudesse chegar lá, seu corpo foi arremessado até a outra margem da cratera.
Por Íris.

Ela deu um passo a frente, sentido o poder correr por suas veias.
- Acabe com ele o mais rápido possível. – aconselhou Benfred.

Zigor saltou. Íris também. Encontrar-se-iam no ar, como se o tempo tivesse parado para os dois. Estavam exatamente no centro da cratera, porém à sessenta metros de altura.
Cada um, como num jogo, teve tempo para um único golpe. O tudo ou nada. Um dos dois morreria naquele instante.

Zigor parou na extremidade da cratera de onde Íris saltara e vice-versa. Porem a mulher não conseguira pousar. Seu corpo caiu ao chão num choque seco. Belthor gritou seu nome. Benfred não se moveu.

Sabrina apontou Zigor. Belthor finalmente notou que um filete de sangue escuro escorria da têmpora do mayle. Ele caiu reto, direto ao chão, levantando a terra batida.
Sem vida.

Do outro lado, Íris se levantava lentamente. Olhou para o grupo na outra extremidade da cratera e sorriu. Todos desceram comemorando ao mesmo tempo. Mirian com seu fino traço de consciência, suficiente apenas para notar a vitória.
Porém, no centro da cratera, lembram-se de que nada seria possível se alguém não fosse sacrificado.
Dart ainda chorava inconsolavelmente. Belthor olhava o corpo frio e imóvel de Sorah com tristeza. A lifing que sempre repudiou dera a vida para salvá-los. Desejou que estivesse ali a tempo de pedir perdão.
Uma idéia passou pela cabeça de Haji. Entristecido pelos lamentos de todos, principalmente por Sabrina, que agora acompanhava Dart no choro, jogou a possibilidade:
- Se Zigor tem o poder de dar e tirar a vida, talvez Íris também possa.
- Sou uma mayle a menos de cinco minutos. – lamentou ela – Não sei nada sobre meus poderes.
Benfred deu um passo a frente.
- Você pode devolver a vida à ela. – Dart olhou pra ele imediatamente – Mas não pode restituir sua energia vital. Ela seria apenas um corpo vivo, mas respiraria com aparelhos. Não seria capaz de sequer abrir os olhos. A energia vital multiplica-se sozinha, mas é preciso que haja pelo menos uma pequena quantidade para que ela aumente. Quando a pessoa morre, a energia desaparece. Você poderia devolver a vida, mas não vejo como refazer sua energia vital.
- Não é possível passar um pouco da minha à ela? – desesperou-se Dart.
- Energia vital não pode ser passada. É como a alma, é própria da pessoa. Há como estimulá-la a produzi-la. Mas seria preciso muita força e aparelhos próprios.
- O laboratório do porão de minha casa – lembrou-se Mia – guardou e manteve quatro espadas elementais.
- Um lugar com essa energia poderia ser capaz de abrigá-la.
- Quanto tempo? – perguntou Dart entre soluços – Quanto demora pra ela voltar?
- Se tudo der certo… Muito certo… – corrigiu-se Benfred – De seis meses a dois anos. Os primeiros meses até que sua energia vital seja completamente refeita são até que rápidos. Depois disso é preciso passar energia comum, e isso poderia demorar mais. Em se tratando de Sorah, muito mais, devido à sua força total.
- Eu posso passar essa energia a ela! – implorou Dart.
- Suas energias são completamente diferentes. E mesmo assim, a energia toda dela estaria sendo refeito desde o início, desde o nada. Você morreria antes de acordá-la. Além do que, se toda força dela vier de você, ela terá exatamente os mesmos poderes seus. Ou seja, não seria mais a rainha do gelo.
Dart baixou os olhos.
- Mesmo assim… por favor… façam-na voltar! – implorou o garoto com os olhos vermelhos e as lágrimas escorrendo.
Íris deu um passo à frente e estendeu uma de suas mãos sobre a face inerte da lifing. Um forte brilho invadiu o local. Uma espécie de bola de luz foi criada e adentrou no peito de Sorah.
Seu coração batia novamente.
- Agora precisam levá-la a esse laboratório e começar o tratamento imediatamente. Antes que ela morra de novo.
Mia fez que sim com a cabeça, pegou o corpo da lifing no colo e partiu imediatamente pelo portal, sem se importar que Benfred a visse indo para aquele mundo. Ele também não pareceu muito impressionado.

- O que será de nós agora? – perguntou Sabrina.
- Acho que devíamos descansar e… comemorar. – sugeriu Belthor – Acho que essa batalha não durou só o dia de hoje.
- Tem razão. – concordou Íris. – Ela já dura mais de duzentos e cinqüenta anos. Agora ela finalmente acabou.
- Acho que eu estava errado sobre você, Benfred. – confessou Belthor. – Muito obrigado por nos ajudar.
- Vejam só! – admirou-se Sabrina – Belthor admitindo estar errado e agradecendo alguém! No mesmo dia!
- Eu devia ter admitido estar errado sobre Sorah quando podia. E ter pedido perdão também. – lamentou.
- Deixa disso. – consolou Íris. – Logo ela vai estar boa de novo e vocês brigando como sempre. Só queria saber quem vai contar sobre isso ao irmão dela…
- Irmão? – Estranhou Mirian, já acordada.
- Claro. Kiev é o irmão de Sorah. – afirmou Belthor.
- Irmão dela? Eu achei que… fossem noivos ou coisa parecida!

Haji, absorto em seus próprios pensamentos, aproveitou o momento em que estavam todos mais relaxados, comemorando a vitória.
- Sabrina… será que… eu podia falar com você?
A garota suspirou nervosa. Mas se levantou e foi alguns metros longe dos demais ao lado de Haji.
- Eu sei que… eu cometi um grande erro. Mas eu comecei a gostar mesmo de você quando já não tinha como voltar atrás. Será que tem como me perdoar?
- Mas você tem o dobro da minha idade. – estranhou Sabrina achando esquisito estar conversando desta forma com um adulto.
- Na verdade eu tinha vinte e dois anos quando morri.
- Tanto faz, você é muito velho pra gostar de garotinhas como eu.
- Você é muito mais madura que muita gente grande. E acho que eu também sou um pouco criança. Dê-me apenas uma chance… só uma…
- Eu não sei de nada agora. Minha cabeça está fervendo com tudo que aconteceu… a morte de Sorah… tudo isso ainda está girando ao meu redor.
- Tudo bem… eu espero o quanto for necessário.

Mirian chamou os dois, avisando que já iam partir. Sabrina correu pulando com grande felicidade. Haji disse que ficaria ali, onde era sua verdadeira casa.
Sabrina atravessou o portal, seguida por Mirian. Sobravam Belthor, Íris e Benfred.
A nova mayle ia ser a primeira dos três a partir, mas Benfred a parou, segurando-a pelo braço.
- Espere Yume. Fique um pouco mais. Posso lhe ensinar algumas coisas sobre os mayles. Quero dizer… minha família estudou muito sobre eles.
Belthor segurou o outro braço dela.
- Ela vai. – afirmou Belthor.
- Não foi você quem disse que confia em mim?
- Confio em você sozinho. Não confio perto dela.
- E em mim, não confia, Thor? – provocou Íris. – Não precisa se preocupar.
Belthor olhou para Benfred de cima, como se tentasse descobrir qualquer coisa. Mas virou-se, ainda desconfiado e partiu pelo portal. Haji já estava à alguns metros dali.
Estava tudo acabado.

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Notas finais do capítulo

Só mais um capítulo! Mas a história em si está terminada, o próximo é um gancho para o que seria o volume 2 =)



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