Greco-romana: O Segundo Lado escrita por P3RC4B3TH


Capítulo 14
Não tenho mais nada a esconder




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-Que bom que vocês chegaram. - Falei para Lottie e Louis que participassem da conversa.

-Eles sabem do que você aprontou? - Tresh disse.

-Resumidamente? Sim. Romana deu uma canseira em nós dois. Nós ajudamos ela a fugir. - Louis disse.

Assim que sentamos respirei fundo para começar a contar. Eu estava com medo da reação dos meninos, principalmente da reação de Tresh. Ele sempre achou errado eu fazer o que eu fazia. Ele sempre me dava sermões sobre o que eu fazia em relação matar e torturar as pessoas. Eu fazia isso à maioria das vezes por precisar.

-Certo, prestem atenção. - Respirei fundo e comecei a abrir o jogo. - Depois da morte da minha mãe, depois de ter me vingado dos caras de Damon eu vim para cá. Lembram quando contei essa parte para vocês? - Tresh e Jay confirmaram. Brayan também, pois eu tinha contado toda a história a ele.

Brayan não ficou muito feliz em descobrir que a irmã dele conseguia matar pessoas por longa distância. 

-Assim que cheguei me instalei e conheci Lottie e Louis. No meu terceiro dia me mandaram subir ao Augúrio daqui, Octavian. Ele foi chato como de costume, mas ele logo começo a ler o que estava destinado em minha vida, segundo o que estava escrito naqueles Augúrios estúpidos. Octavian não quis de jeito nenhum contar o que ele tinha visto, acabei me estressando e sai do templo. Mas como Octavian foi extremamente chato mandou que alguns dos guardas me seguissem por ai. Dentro de um dia eu descobri que eles estavam me cercando. Naquela mesma noite subi no estábulo e um dos guardas me seguiu e ficou escondido. Foi quando eu o matei. Ele estava escondido atrás de uma das árvores, dei a volta e minha Adaga foi de encontro com o pescoço dele.

Eles estavam me olhando seriamente.

-E o que era que Octavian leu nos Augúrios? - Jay perguntou.

-Então, no dia seguinte, outros guardas me levaram a força para que Octavian falasse comigo. "Foi você responsável pela morte daquele guarda", Octavian disse. "Você foi realmente a responsável. Eu deveria ter mandado você ir embora". Mas claro que neguei que não tinha matado o cara. Eu e Octavian ficamos horas discutindo até que ele me disse sobre o que tinha lido nos Augúrios. "Você ia ser a responsável pela morte de quatro campistas e causaria uma grande desordem. Quero que suma desse acampamento."

-Ta, mas e aquelas imagens que eu vi de você na frente de outro campista com a Adaga? E aquela de você em cima de alguém? - Tresh perguntou.

-Eu ia chegar lá se você não me interrompe-se.

-Me desculpe.

-Eu disse que não iria sair daqui do acampamento e isso causou uma revolta em Octavian. Logo depois que sai de lá ele disse pra todo mundo que eu fui a responsável pela morte do guarda. Reyna no começo achou um absurdo o que ele tinha dito, mas claro que ela acreditou no cara que lê o que aconteceria no futuro. Para amenizar a situação ela não me mandou embora, mas pediu que eu ficasse como guarda, junto com o outro pessoal. A besta ambulante do Octavian não aceitou que eu ficasse, então mandou fazer uma sessão de tortura dentro do templo. Me amarraram e ele começou a dizer coisas do tipo, 'suma daqui, ou eu vou ser seu pesadelo'. Vocês acham que ele relou a mão em mim? Não, mas disse insultos bem fortes. Ele foi sujo o suficiente para mandar um dos caras me bater. Não foi uma surra, mas tomei uns tapas bem legais, no sentido figurado, claro. Essa é a parte do seu sonho Tresh. Eu pedi para o garoto me encontrar na frente do estábulo. Foi aquele jogo de 'nossa, sou masoquista, então, me bate mais'. Ele foi tonto o suficiente para acreditar. Matei ele, o segundo. Eu levantei a fúria de Octavian e dessa vez ele arruinou minha vida de uma vez. Ele falou novamente para o acampamento que eu fui à causa da morte de mais um campista. As provas contra mim eram evidentes, então todos os campistas quiseram me punir pessoalmente. Reyna não deixou que me batessem, sabe ela foi legal. Ela me julgou e disse que era para eu ficar longe de Octavian. Foi tarde para ela me defender, pois eu já tinha decidido que sairia daqui, mas eu daria um jeito em Octavian.

-Foi quando eles te ajudaram? - Jay perguntou.

-Sim. Combinei com eles para me ajudarem a arquitetar um plano de fuga. No começo foram contra, mas concordaram. Ficou combinado que na noite da fuga eu subiria no templo, me vingaria de Octavian por alguns minutos, e depois daqueles minutos de vingança eu sumiria daqui. Três noites depois e foi chegado à hora. Octavian sempre me olhava com desprezo, só faltava ele espumar pela boca. Na noite da minha fuga, depois do jantar fui para o templo, ele sempre ficava lá, nunca se socializava. Havia dois guardas com ele. Os dois últimos que matei para chegar até ele. E foi a segunda imagem de seu sonho, Tresh. Eu e Octavian saímos no braço. Uma luta até divertida se não tivesse disposta a matar ele.

-Eu não sei porque, mas quero detalhes de como socou a fuça dele. - Brayan disse.

-Claro. Eu o surpreendi com um soco e ele caiu feito um molenga. Comecei a chutar Octavian com toda as minhas forças. Ele conseguiu se levantar e apanhei um pouco. Mas depois que me reergui eu peguei minha Adaga, mas só consegui rasgar o lençol dele. Ele começou a gritar em forma de ajuda, mas eu logo o calei. Depois que rolamos pelo chão acabei em cima dele com meus joelhos em seu peito. Foi quando eu enchi a cara dele de soco. 

-Então, você estava socando a cara dele? - Tresh disse.

-É. -Falei. - Depois disso Lottie apareceu na porta dizendo que era hora deu sair, por sorte Octavin estava nocauteado para saber quem havia ido me chamar. Roubei um cavalo, fiquei na estrada com ele por uma noite. Depois o deixei em um lugar e foi quando dei inicio a jornada para o acampamento meio-sangue.

-E como desconfiaram de vocês? - Jay perguntou para Lottie e Louis.

-Bem, depois que Octavian se recuperou da surra...

-Que bem dada, diga-se de passagem. - Lottie cortou Louis.

-Voltando, Octavian disse que nós fomos os responsáveis por tudo, por termos ajudado Romana sempre, e por isso ela ficou maluca. Ele dizia isso sempre. Fomos julgados e eu e Lottie sempre combinávamos formas paras não sermos descobertos. 

-Foi difícil tirar eles dos nossos pés. Mas conseguimos. – Lottie disse. 

-Então você voltou para ser julgada? – Tresh disse.

-É. Eu acho que nunca mais ia voltar aqui se Lupa não tivesse me convocado. Mas é o destino, e é o que tem que ser feito.

-Mas Octavian vai querer sua cabeça! – Jay disse.

-Eu sei.

-Então temos que fazer algo, não podemos deixar que ele pegue sua cabeça. – Brayan disse.

-Ele tem que ser lembrado que a culpa de tudo foi dele mesmo. – Louis se referiu a Octavian.

-Vocês aceitam isso? Quero dizer, matei quatro pessoas aqui dentro...

-Já disse para você que morte não vai ser sempre a solução, e que não vai poder fugir de seus problemas matando as pessoas! - Tresh disse.

-Porque até agora deu certo? – Retruquei.

-Certo? O cara provavelmente quer sua cabeça por causa das mortes e você acha que deu certo? Não, agora você ta encrencada de novo. 

-A culpa não foi minha, Tresh.

-Sei que não! Mas morte não justifica. Quantas vezes eu disse para se controlar?

-Isso foi antes de você. E depois do enorme sofrimento que passei, Tresh!

-Acalmem-se os dois. – Lottie disse.

-Você está de qual lado? – Falei para Tresh. – Quer saber? Você nunca tentou entender meu lado, nunca. Não entenda dessa vez novamente.

-Ta querendo dizer o que? 

-Talvez para que você vá embora e me deixe enfrentar tudo. Afinal, sempre resolvi meu problemas.

-A é? Eu estive do seu lado, Romana. Porque nunca aceitou que sou a sua solução?

-Olha, eu quero conversar com minha irmã. – Brayan interrompeu. - Jay, leva Tresh daqui. Louis, Lottie, podem sair por uns minutos.

-Claro. – Lottie e Louis saíram e Tresh saiu junto com Jay.

Eu comecei a chorar.

-Eu estou do seu lado! – Brayan me abraçou. – Tudo bem, chore o quanto quiser, sou sua família, e o que decidir sobre sua vida eu aceitarei.

-Você tem o jeito da nossa mãe! – Eu o olhei nos olhos. – Eu não queria que fosse desse jeito. Talvez eu não seja feita para ter pessoas a minha volta.

-Não diga isso novamente. Você passou por grandes coisas e deu a volta em tudo. Nós demos. Temos os mesmo sangue, seja mortal ou dos deuses. Seu passado é passado. Tem amigos que estão com você, tem eu que sou sua família. E ainda tem um namorado...

-Que não me entende. Que não se toca que fiz tudo por sobrevivência!

-Que se preocupa! Lembra de tudo que ele te disse sobre paciência. Tenha isso com ele, certo?

-Não vou poder ter isso se ele não colaborar.

-Conhece Jay melhor que eu, sabe que ele está falando com Tresh nesse minuto. Esfria a cabeça e vai falar com Tresh, ta?

-Talvez.

-Você tem que ir, certo? Enquanto esfria a cabeça, estou aqui com você. – Brayan me abraçou e ficamos em silêncio por uns instantes.

Será que Tresh realmente não me entendia? Ele foi capaz de deixar de lado toda minha ficha criminal de assassinatos para ficar comigo. Será que fui injusta o acusando daquilo? Ele só estava raciocinando devagar. 

-Estou pronta para falar com ele. – Falei para Brayan.

-Mesmo?

-Sim.

-Não fala nenhuma bobagem. Se precisar de mim, me procure.

-Certo. Obrigada. Nossa mãe ficaria orgulhosa.

-Ela deve estar. – Dei um beijo em seu rosto e fui atrás de Jay e Tresh.

Não demorou eu achar eles. Andei um pouco acima da onde estávamos e lá estavam os dois sentados, um olhando para a cara do outro. Me aproximei e eles se levantaram.

-Quer conversar com quem primeiro? – Jay perguntou.

-Com quem está com mais vontade de me deixar para sempre.

-Então não pode fazer isso porque nenhum de nós vai te deixar sozinha. Embora você mereça. – Tresh disse. E aquele velho sarcasmo do gordo Tresh veio no Tresh bonitão.

-Sabia que não pedi para nenhum ficar? – Falei.

-Calem a boca, os dois! Tresh não esqueça o que eu te disse, e Romana, não seja tola o suficiente.

-Que?

-Sabe do que eu estou falando! Conversem, e depois quero falar com você, Romana.

Jay saiu e eu e Tresh ficamos um olhando para a cara do outro.

-Pode começar. – Falei.

-A fazer o que?

-A jogar na minha cara tudo que eu fiz, e dizer que matar é errado, e também dizer que vou acabar ficando sozinha por fazer essas coisas. A espera, você disse que eu nunca ficaria sozinha porque você nunca me deixaria. A quer saber, que se dane o que você disse! – Minhas lágrimas queriam cair, mas me mantive firme, como sempre fui.

-Para ta legal! Para de dizer que não te entendo! Para de dizer que eu sou diferente e que nunca vou entender! Para de dizer para eu ir me danar! Para também de achar que vou te largar!

-Eu achar isso? Você que tem medo, mas acha que eu sou tão fria a ponto de fazer isso.

-Você disse para eu ir embora!

-Que se dane o que eu disse!

-Ta fazendo de novo. Não pode resolver nada com um ‘que se dane!’ Já disse, para!

-Você disse que iria confiar em mim!

-E confio! – Tresh segurou firme em meus ombros e aqueles olhos castanhos me fuzilaram. Tresh me abraçou com toda a força possível. – Eu nunca vou te largar! – Ele estava chorando.

-Nem eu. Eu fui idiota, só me desculpe e por favor não desista de mim. – Agora eu também chorava.

-Nunca desisti. Desde quando me chamou para briga na primeira vez em que nos estranhamos. Eu fiquei nervoso. – Dói muito ver quem você gosta chorar. Principalmente se a pessoa for da delicadeza de Tresh. – Somos de mundos tão diferentes. Mas o que nos une é o amor. Sabe, minha mãe é a deusa do amor e isso pode ajudar, mas eu não vou te deixar. Olhe para mim.

-Não quero. Estou chorando. – Solucei.

-Eu também estou. – Ele segurou meu rosto na frente do dele, que estava vermelho e todo encharcado de lágrimas. – Estamos juntos nessa.

-Mesmo?

-Mesmo! – Ele encostou a testa na minha, nossos narizes também se tocaram. Mas uma leva de lágrimas saíram de seus olhos. – Sou um pateta chorando.

-Mas é um pateta especial. Tresh, obrigada por não me deixar.

-O mesmo. Obrigada por não me deixar.

E acreditem, é estranho se beijar quando duas pessoas estão aos prantos, se acabando em lágrimas. Nós estávamos tão desesperados pelos lábios um do outro. Toda zona de conforto se aproximou de mim novamente quando terminamos e Tresh me abraçou fortemente.

-Você é sim meu Skinny Love.

-Talvez eu seja frágil. Mas não mais que você.

-Somos dois lados da mesmo moeda. Que assim, vira uma.

-Isso foi profundo.

-Eu sei.

Já era quase a hora de dormir.

-Tenho que falar com Jay. – Falei para ele.

Ele estava com Louis, Lottie e Brayan.

-Achei mesmo que vocês iam fazer as pazes. – Jay disse quando viu - nos de mãos dada.

-Mesmo? Achei que eles iam se largar. – Lottie disse.

-Ta brincando? Esses dois? Mas eu duvido!

-Eu também, Jay. – Brayan disse.

-E então? – Falei. – O que vocês tem a dizer? – A pergunta foi para todos.

-Suas ações do passado são suas conseqüência no presente. – Jay disse. – Eu estou com você.

-Nós estamos. – Louis puxou Brayan para o lado dele e Lottie.

-Já sabe sobre mim. – Tresh ouviu.

-Sei que você pirou com isso. – Falei para ele.

-Ainda estou pirado com isso. Mas você é minha namorada e várias vezes você fez e vai fazer isso. Não tenho opção.


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