Unnatural escrita por aLexo


Capítulo 5
(Leon) Não foi o melhor baile da minha vida...




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"Aqui", eu disse mostrando o celular que achamos para Megan. Ela já sabia de toda a história e parecia bem preocupada. No dia anterior, depois do ataque de monstro, eu e Nathan dormimos quase o dia todo, por isso não falamos com ela mais cedo - era interessante, dormimos muito bem depois de um ataque de monstro.

    Eu não havia notado antes, mas havia um pequeno X na lateral direita do iPhone. Ele estava sem bateria, então não conseguimos ligar - bem óbvio. O pai de Megan tinha um iPhone, mas o seu carregador não servia para aquele tipo - os carregadores de iPhones 4S para baixo não funcionam nos de iPhones 5 para cima.

    "O que faremos com isso? Entregamos para a polícia?", perguntou Megan. Ela não quis nem chegar perto do telefone. Ela não era muito fã mesmo, mas era como se ela tivesse medo que depois de pegá-lo, uma cobra gigante iria atacá-la.

    "E diríamos o que?", perguntou Nath, e depois começou com uma voz de idiota: "Oi, tiras. Por acaso, achamos esse celular na casa do meu amigo e não sabemos de quem é. Suspeitamos que é da cobra gigante que nos atacou na mesma noite".

    Eu estive pensando naquela cobra. Muito. Eu não dormi aquele dia "todo". Em alguma hora entre o meio dia e as quatro horas da tarde eu levantei e fui procurar algo na internet sobre aquilo e tomei uma conclusão: era um Basilísco.

    “Vocês ainda vão no baile hoje á noite?”, perguntou Megan me olhando. Era estranho, afinal, o par dela era o Nath. Mas ela é estranha normalmente. Num dia estava mais amigável comigo, outro dia com Nathan e assim as coisas iam.

    Antes de respondermos, um carro branco e luxuoso parou na nossa frente. Por um momento pensei em correr para dentro de casa, mas minhas pernas estavam totalmente travadas: alguém nos olhava de dentro do carro branco. Aparentemente uma mulher, mas os vidros estavam fechados. Nos observou por mais de dois minutos sem se mexer e depois saiu na mesma velocidade em que veio.

    Tentei ver a placa, mas era como se as letras voassem e eu não consegui formar nada - tenho quase certeza que a última letra era pi. Olhei para o chão e vi que o carro vasava óleo. Grandes gotas de óleo. De repente, sem sequer que meu cérebro processasse qualquer informação, eu saí correndo, seguindo as manchas deixadas pelo carro. Megan e Nathan me seguiram sem perguntar.

    “Não perderíamos por nada”, disse Nath depois de corrermos por algumas quadras, só depois de algum tempo eu fui perceber do que ele falava. E não era verdade. Ele só estava feliz por ter Megan como par. Eu sabia muito bem que ele gostava dela “secretamente”. Eu até iria responder mas as marcas haviam acabado.

    Normal. Seguimos as marcas de óleo deixadas por um carro que apareceu do nada com uma mulher que gosta de encarar estranhos, para as marcas sumirem no meio do nada, esquina com lugar nenhum. Procurei alguma garagem em que o carro poderia ter entrado, mas não havia nada ali perto. Foi então que pensei numa coisa interessante: “Alguém aí sabe qual é o caminho de volta?”

    Ninguém se manifestou. Havia um clima tenso no ar. Aquele não era o tipo de bairro em que pessoas como nós deveriam andar. Tipo... Não estávamos muito acostumados com ossos de cachorros espalhados pela rua...

    "Acho melhor tentarmos achar o caminho pelo menos...", disse Megan. Eu diria que nos perderíamos ainda mais se tentássemos encontrar o caminho sem nada como ponto de referência. Diria se não fosse o rosto dela. Estava inchado, como se ela tivesse comigo camarão ou algo assim, e sua pele estava mais avermelhada. Provavelmente foi a corrida. Decidimos entrar em um bar abandonado para ver se achávamos água - com um galho de árvore grande para cada um e algumas pedras no bolso.

    O bar estava bem acabado. Uma coisa que não havíamos notado do lado de fora era que não havia teto. Então tudo estava desgastado e com cheiro de madeira apodrecida. Achamos uma torneira com água aparentemente limpa e decidimos arriscar. Megan melhorou.

    Um barulho vindo dos fundos sacudiu o edifício inteiro. Com isso um antigo relógio caiu no chão e ele marcava 11:34 - ou seja, deveríamos ter corrido durante quase uma hora até chegar naquele lugar. Nos escondemos rapidamente o mais perto possível do local por onde entramos, caso tivéssemos que executar uma fuga, mas ninguém veio nos próximos sete minutos.

    Quando saímos, notamos a presença de cinco motos estacionadas de forma grosseira próximo ao bar. Eu tinha certeza de que elas não estavam ali alguns minutos atrás, então, novamente hidratados, decidimos correr mais uma vez - não acredito que não havia passado pela minha cabeça a idéia de seguir as marcas de óleo antes.

    "Aqui", disse Nathan entregando uma rosa vermelha para Megan. Estávamos todos vestidos para o baile - dois ternos, um vestido e três máscaras. Poucas horas antes, descobrimos que seria um baile de máscaras. Decidimos não falar mais sobre aquele assunto... Pelo menos não durante a noite. Deixamos o iPhone no jardim de Megan, embaixo de um sapo de argila, por “segurança”. "Por aqui...", disse ele conduzindo-a até o carro de sua mãe.

    Eu estava de vela. A mãe de Nath, Vera Colt, dirigia o carro com sua bolsa no banco do passageiro. A trás vinham eu, Nath e Meg, nesta ordem. Eles estavam rindo sobre algo que cochichavam um para o outro enquanto eu tinha uma daquelas conversas super legais com a senhora Colt sobre os tipos de animais encontrados na África. Papo super interessante...

    Quando saímos, estranhamos. O ginásio estava todo decorado como uma festa de Halloween dois meses adiantada, só faltavam as abóboras e morcegos, que haviam sido trocados por fitas coloridas em tons azulados. Em cima da mesa com o ponche, uma grande faixa com os dizeres "We Own The Night" era a única coisa clara em todo o salão.

    O local ainda estava vazio então decidimos sair para "o gramado". Às vezes, quando queríamos conversar à sós ou simplesmente nos afastarmos do resto, íamos para um grande lote gramado aos fundos do campo de futebol, onde ninguém além de nós se atrevia a ir.

    Ao chegarmos, vimos alguém lá dentro. Primeiro pensei que era uma professora que havia descoberto a nossa coleção de salgadinhos e latas de refrigerante jogados. Foi então que percebi que se tratava de uma estudante, mas não consegui identificar seu rosto.

    "Ei!", gritou Megan em direção a garota. Ela parecia bem irritada. "O que está fazendo aqui?". A garota se virou num pulo e seu cabelo ruivo, que antes estava amarrado, se soltou, foi então que a reconheci...

    "Megan, espere!", eu corri em direção à Gih. Megan parou de súbito. Giovanna não pareceu surpresa em me ver. Usava um vestido branco e bem chamativo. Me abraçou bem forte e eu senti que poderia abraçá-la a noite toda. Claro, se não fossem aqueles dois...

    "Então... Vocês estão namorando?", perguntou Megan e logo Gih me lançou fora. Ela estava muito vermelha. Eu olhei feio para Meg, mas pude ver um sorriso em seu rosto.

    "O que faz aqui?", perguntei, "Você está bem?". Aquela cena voltou à minha mente. Parecia ter sido a tanto tempo... Ela sacudiu a cabeça lentamente, como se quisesse afastar aquele pensamento.

    "Minha mãe decidiu vir para cá. Ela precisa de um amigo nesses momentos e seu pai é muito...", ela fez uma pausa, "legal". Eu a encarei. A que momentos ela estava se referindo? Ela estava me escondendo algo. Notando minha expressão, ela completou "Minha mãe vai ter que fazer uma cirurgia em breve..."

    Ela abaixou a cabeça e eu imaginei que ela não quisesse mais comentar sobre isso, então eu simplesmente a convidei para voltar ao salão. Pude ouvir um "Até que enfim!" vindo de Megan, mas decidi não comentar.

    O salão estava muito mais cheio. Das três ou quatro pessoas que estavam ali antes, o salão agora estava cheio de garotos e garotas dançando ou escorados nas paredes. O interessante era que eu não via nenhum adulto, professor ou empregado, em toda a pista.

    "Vamos dançar?", perguntou Nathan para Megan e logo os dois estavam na pista de dança. Nathan não se mexia muito, só tentava imitar os passos de Meg para não passar vergonha. Eu e Gih conversávamos, não sei sobre o que, mas conversávamos. Pensei em convidá-la para dançar, mas logo perdi a coragem.

    As músicas lentas começaram e Nath e Meg voltaram rapidamente. Ficamos num silêncio esquisito por alguns minutos até Gih me convidar para dançar. Isso mesmo. Ela levantou e me pediu. Gosto de garotas com iniciativa - porque eu não tenho!

    Nós demos as mãos e eu peguei em sua cintura, logo ela colocou a cabeça sobre meu ombro e nós estávamos dançando... Pena que não durou mais de trinta segundos...

    O DJ parou a música para anunciar a entrada de uma escultura gigante de um sapo segurando uma folha. Eu não sei como aquilo conseguiu passar pela porta, mas era perturbadoramente adorável... Eu podia ver que todas as garotas ficaram apaixonadas por aquela escultura.

    "OK. A hora da fofura acabou...", eu pude ouvir em minha mente uma voz fria e que cortava mas que ao mesmo tempo era aconchegante. Quando me recuperei, vi o sapo gigante indo em direção a uma mesa cheia de garotas. Ele apontou a parte de baixo da folha para a mesa e disparou uma nuvem roxa e logo todas as garotas na mesa caíram.

    Todos os que viram àquela cena saíram correndo para o lado de fora da escola, arrastando outro bando de adolescentes junto. Nós, como sempre, ficamos paralisados olhando. O sapo nos viu e bloqueou as saídas...

    "Os corredores!", eu gritei para que corresemos. Não precisei falar duas vezes.

    Nunca fui um fã de escolas, mas tenho que admitir que à noite é bem pior - talvez seja a sensação de ter um sapo a alguns metros de distância que dopa as pessoas. Eu via que Megan estava com dificuldade para correr, então ela parou e simplesmente rasgou a barra do vestido. Não queria dizer, mas isso fez ela parecer mais bonita ainda...

    "Diva...", comentou Nathan e todos rimos. Por um segundo esquecemos daquele sapo. Falando em sapo, ele explodiu a parede e apareceu bem no nosso corredor.

    Ele não parecia mais feito de cartolina e papel, agora ele era um sapo real bem grande que nos perseguia com uma folha gigante. Sua pele era azul da mesma cor dos Smurfs e ele tinha olhos amarelos realmente bem grandes.

    É interessante que a escola nunca é trancada, mas quando você está fugindo de um sapo tem até cadeados nas portas. Ao chegarmos ao corredor de artes, encontramos com o professor Aaron Guys, que nos escondeu numa sala até que o sapo gigante passasse.

    "O-o-obrigada...", disse Gih gaguejando. Ela estava bem vermelha e aparentava estar cansada de correr pela escola. "O que era aquilo?"

    "Aquilo ali se chama sapo... S-A-P-O...", disse Megan bem devagar, como se ela fosse uma criança ou algo assim. Com certeza ela não havia ido com a cara de Gih, mas eu estava com a garganta seca demais para defender.

    O professor de artes apenas nos observava cautelosamente.  Sr. Guys não era o tipo de professor que fala muito. Ele simplesmente se levantou, foi até a porta e disse "Podem ir, o local está limpo!"

    O pior era que era verdade. Tudo estava de fato "limpo". Ao atravessarmos a porta, estavamos num jardim perfeitamente plano e muito bem cuidado, cheio de árvores e flores, mas sem nenhum sinal de pessoas ou animais. Só havia um grande lago a alguns metros de distância, por isso eu conclui que não estávamos mais em Nova York.

    “Pessoal, a escola está diferente...”, disse Gih e ao nos virarmos, vimos que, ao invés do caminho de volta para a sala do professor Guys, estava um castelo gigantesco feito inteiramente de algo branco muito brilhante. Em cima da porta, havia uma bandeira que me era bem familiar. Se tratava de uma cruz branca em cima de um triângulo amarelo com o resto preenchido por azul.

    “Olá...”, um homem alto e musculoso, com cabelos castanhos e loiros espalhados pela cabeça e olhos azuis nos olhou aconchegantemente. “Meu nome é Drake”. Eu desmaiei instantaneamente após aquelas palavras...


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