Bem ao Lado escrita por Alessa Petroski


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, dessa vez tenho uma ótima desculpa para justificar minha demora. Meu computador deu problema. Me desculpam?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/388868/chapter/50

Sebastian era um bom acompanhante para ir ao cinema. Ele não falava nada e melhor ainda: não tentou nenhuma investida. Eu sabia que ele não estava apaixonado por mim, mas isso nunca impediu nenhum garotinho de tentar algo com alguma garota em uma sala escura. Ele fora um perfeito cavalheiro e o filme que escolhera era sensacional. Estava recheado de efeitos especiais e a história era tão brutalmente real que eu me senti dentro do próprio filme.

Tínhamos comentado o filme inúmeras vezes enquanto estávamos em uma lanchonete, comendo algo que parecia hambúrguer. Mas para mim parecia borracha. E não era porque não estava bom. E sim porque eu me sentia culpada por ter saído com ele. E nada tinha haver com o Lucius. Sebastian era meu amigo e eu poderia ir aonde quisesse com ele. O problema é que eu sabia que ele nutria interesses que iam além da amizade por mim. Não era justo com ele.

Sebastian era bonito. Não havia como negar. Seus lábios não eram carnudos nem tão finos, e eram de um vermelho vívido. Os olhos quando estavam fitados em mim lembravam um gato que tive quando era pequena, Milo. E a pele levemente corada se esticava por um rosto muito bem traçado. E mesmo que eu não estivesse com Lucius, eu sentia que não me apaixonaria por ele. Algo me dizia - o meu histórico praticamente gritava -, que eu tinha afeição por canalhas. Vini fora um lobo disfarçado; Lucius era um cachorro convicto; e nesse tempo e depois dele, Sebastian continuaria um príncipe. Partir o coração de caras assim era algo próximo à vilania.

Meu amigo parou seu carro bem em frente à minha casa. E uma figura alta com capuz sob a cabeça estava recostado ao muro, forçadamente tranquila. Eu apostava meu colar das Relíquias da Morte que a mandíbula de Lucius estava contraída e com certeza não perderia. (Nunca apostaria aquele colar se tivesse chance de perder - Jamais)

– Vou com você até a porta - falou Sebastian.

– Não é necessário - falei abrindo a porta do carro.

– Aquele cara pode ser um assaltante. Um drogado. Ou coisa pior.

– Não é como se ele fosse um Lobo Mau e eu a Chapeuzinho Vermelho. Sério. Até mais - beijei a bochecha dele me odiando por isso.

Caminhei até Lucius e senti alguém puxar minha mão. Sebastian não iria desistir. E ele já havia percebido quem era o tal "possível drogado" e não parecia surpreso.

– O que faz aqui, Lucius? - ele perguntou.

Lucius ajeitou a postura e o capuz caiu de sua cabeça. Sua expressão parecia entediada. Só parecia.

– Vim ver minha namorada. É isso que os caras certos devem fazer - ele alfinetou.

Ele me puxou para um beijo e fiquei imóvel. Lucius deveria saber que eu não era objeto de manipulação machista. E eu também não o faria passar vergonha. Mas minha vontade era de empurrá-lo. E beijá-lo mais ainda.

– E-e-eu vou para casa - falou Sebastian.

– Espera. Eu posso explicar - falei indo atrás dele.

Ele se virou de repente e por pouco não invadi seu espaço. Seus olhos brilhavam e não eram por raiva. Era decepção. Aquilo foi pior.

– Eu entendi. Na verdade, já sabia. Eu... Só quis me enganar, achando que você já havia superado caras como ele e o seu ex. Mas acho que é igual a todas as outras garotas, correndo atrás daquele que, com total de certeza, a fará sofrer.

– Se...

– Eu continuo aqui - ele me interrompeu - Sou um idiota. Mas quando ele te trair e você precisar de alguém para desabafar... Sabe onde eu moro.

Ele saiu e desta vez não consegui dizer nada. O que ele dissera povoava a minha mente há muito tempo. A semelhança entre Lucius e Vini. Algo que jamais quis enxergar com clareza, mas havia visto inúmeras visões borradas daquilo. Não tive forças para negar. Lucius agira como se eu carregasse sua marca na testa, como um gado, e Vini muitas vezes fizera isso. E eu deixei em minha arrogância e fraqueza para elogios.

– Por que veio aqui, Lucius?

– Quis ver minha namorada - ele deu de ombros e pegou em minhas mãos.

Soltei minhas mãos da dele com força e me afastei.

– Devo marcar horário para te ver? - falou calmo.

– Para de mentir! Admita que não passou de um idiota egocêntrico e machista que me vê como uma propriedade?! - sibilei.

Ele riu sem humor.

– Machista? É assim que vê? Não posso te ver mais? Vir atrás de ti? Até na porta da sua casa devo fingir que não temos nada?!

– É assim que vejo, Lucius - falei mais alto do que gostaria - Não confunda as coisas. Você só apareceu aqui para provar sua posição de macho alfa? 'Huuu. Ela ser minha'.

– Eu estou com ciúmes, Ruby. Não entende que tem acabado comigo de mais formas do que jamais achei ser possível?! - ele perdeu a calma - Fingir não gostar de você piora tudo. Nunca fui muito bom em conter meus impulsos e agora o que mais faço é isso. E por você.

– Grande coisa, Lucius. Isso é normal. Mas não te dá o direito de agir como se eu não passasse de um objeto. E ainda mais na frente do Sebastian, caramba! Ajudou a machucar mais o garoto.

– Não se isente de culpa. Você sempre soube que ele era apaixonado por você e mesmo assim alimentou suas esperanças.

Foi a minha vez de rir sem humor.

– Você não é ninguém para falar isso - falei friamente - Você é rodeado por muitas garotas loucamente apaixonadas por você e jamais negou alguma. Até com a Tamara já deve ter ficado!

– E talvez com ela eu fique melhor - ele revelou.

Aquilo foi como um soco. Causou o mesmo efeito de me fazer calar. Eu queria socá-lo por isso. Mas seria errado. Porque ele estava certo. Nossos gênios nunca permitiriam que ficássemos juntos. Tamara era uma nojenta ingrata, mas ela não era eu. E havia o bilhete...

– Vá embora. Não o quero aqui - falei olhando para as pedras na calçada.

– Ruby - ele tocou em meu rosto - Olhe para mim.

– Não - falei com os olhos cheios de lágrimas.

– Ruby.

Eu me afastei dele e fui para casa.

– Perdão - ele falou.

Não respondi. Eu não conseguia. Um peso havia tomado conta da minha garganta e nem se eu quisesse, eu poderia falar. Eu estava mais do que magoada. Estava saturada. Deprimida e com ódio daquele cachorro imprestável, por quem eu ainda estava apaixonada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Povo, está na hora de começar a torcer por um final feliz. Tenho os últimos capítulos escritos e talvez, não gostem nenhum pouco deles. Então vou publicar um por dia para evitar que seja muito brutal e dar tempo para criarem esperança. E uma proposta para fazer a vocês no próximo capítulo. Até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bem ao Lado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.