Ao descer as grandes escadas da casa , Lucius deu de cara com seu pai adotivo , que naquele instante trajava um lindo terno de risca de giz , e um enorme cartola. O nome do tal homem era Gabriel Unsust , sua face era fortemente pálida e seus olhos azuis e profundos , cabelos longos e negros , ele não era muito normal. Após dar uma severa encarada em Lucius , o tal homem se afastou sem dizer uma única palavra , assim dando acesso ao tal garoto até a cozinha. Ao chegar no tal comodo ele percebeu que a mulher já estava lá , segurando a tal carta , e no instante que o garoto ia se pronuncia a mesma lhe disse:
- Quer saber sobre sua verdadeira mãe certo...
-Sim..
- Bem , acho melhor se sentar , a conversa vai ser um tanto assustadora , digamos.
Lucius rapidamente se sentou na cadeira mais próxima , sem ao menos tirar os olhos da mulher , ela tinha cabelos castanhos e crespos , algumas pequenas marcas de expressão no rosto e lindos olhos verdes. Algumas vezes ele se perguntava o porque dele ser o único da familia a ter olhos pretos , bem , agora ele sabia. A mulher ao perceber que o garoto havia se sentado começou a falar:
- Bem , eu e sua mãe nos conheçemos faz cinco anos , era ótimas amigas , ótimas.. - ouve uma pequena pausa , logo após ela voltou a falar - Ela sempre me contou tudo sabe , e quando eu soube que ela estava grávida fiquei muito feliz , ao contrário dela é claro. - Os olhos dela naquele instante buscavam os de Lucius , que olhava fixamente para a parede , sem demonstrar alguma emoção , então após alguns segundos a mulher voltou a falar. - Ela chorou por diversos dias , me dizia que não podia ter a criança , que o rapaz havia lhe dito para... - A mulher hesitou , mas logo Lucius disse:
- Lhe disse para? Continue..
- .. Lhe disse para se matar. - Os olhos da mulher a sua frente se encheram de lágrimas , assim como os do garoto.
- Agora entendo o porquê de todos esses anos vocês não me falarem nada , minha mãe lhe pediu para que não contasse certo?
- Sim , de fato sim.
- Mas mesmo assim você resolveu me contar não é?
- É.
- Você traiu a confiança dela sabia?
- Sim... Mas você devia saber...
- E é por isso que lhe agradeço..
- Mas... o quê?... como assim?
- Você acabou de me dar motivos para continuar vivo , você me deu algo que eu nunca tive..
- O quê?
- Amor... Coisa que meus pais nunca me deram..
- Não foi bem assim querido , ei espere , volte !
Mas não adiantava mais , Lucius já havia saido correndo e subido as escadas , indo para seu quarto no 2º andar , não lhe restou vontade alguma de perguntar o nome dos seus pais biológicos . Ele havia entendido mal o que a mulher havia lhe dito , pois nem ao menos esperou que a mesma terminasse de contar o que aconteceu, talvez nem perguntasse novamente, pois naquele instante ele escutou um grande estrondo vindo da cozinha. Rapidamente ele desceu as escadas e encntrou a tal mulher com seu lindo avental molhado de sangue , um pequeno furo no peito e um cartão escrito a mão.  No mesmo dizia:

"... Lembranças de seu querido Pai , espero que esteja melhor sem essa pobre mulher para lhe atazanar as idéias..."

Naquele instante ele não pode acreditar no que lia , mas não fazia diferença , o que importava era que ele pudsse chorar mais um pouco debruçado ali , ao lado da mulher morta que por vários anos lhe concedeu amor.