O Adeus De Willy Wonka escrita por dayane


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoas, a história finalmente chegou ao fim.Primeiro, necessito agradecer a todos que leram a fic. Independente de ter comentado ou não, o simples fato de ter permitido que eu roubasse um pouco de seu tempo me faz uma pessoa feliz. Depois, para todos que comentaram, agradeço do fundo de meu coração. A alegria de lê-los é indescritível. É como realizar uma parte de meu maior sonho.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/388354/chapter/7

Nem todo mundo consegue encarar a realidade. Na verdade, Wonka acreditava que pouco menos de mil pessoas, em todo o mundo, aguentava a verdadeira força da, real, vida.

O chocolateiro não conseguia aceitar que estava velho ao ponto de ter que colorir seus fios macios, nem mesmo aguentava juntar forças para ver o quão crescido e ágil estava seu pupilo.

Willy Wonka, assim como muitos, não aceitava a realidade.

Só eu sei o que senti e nem eu consigo expressar.

Naquele dia, o amanhecer era nublado. O céu estava fechado dando o parecer de que o frio tinha aumentado. Charlie acordou feliz, contente e até mesmo o dia fechado parecia belo para o jovem.

– Bom dia papai. – Sorriu para o senhor que lia o jornal do dia. O senhor Bucket olhou para o filho e sorriu, antes de dar o gostoso bom dia. Há muito aquela fábrica não via os olhinhos de Charlie brilhando daquela forma. - Viu Willy? – O garoto continuou.

– Está nos fundos.

– Ele já tomou café? Achei que ele comeria conosco.

– Chamei ele para vir, mas me disse que estava agitado demais para pensar em comida.

O senhor Bucket tinha tomado cuidado para escolher as palavras certas. Ele não queria mentir ao filho e muito menos esconder que o criador do mundo, em que seu filho vivia, não estava animado.

Charlie estranhou que Willy estivesse desanimado. A única vez que presenciou Wonka, desta forma, havia sido há muito tempo quando os problemas em encontrar um herdeiro e a saudade do pai o atormentavam. Charlie também estranhou a depressão momentânea de Willy, pois o fundador da fábrica, na noite anterior, havia cantarolado músicas de ninar que, além de serem esquisitas, o próprio Willy havia inventado.

Willy parecia ter ido dormir feliz, mas pelo visto havia enganado Charlie novamente. E saber que poderia ter sido enganado – mais uma vez – tanto entristeceu Charlie, quanto o irritou.

“ Deve ser gostoso ser um chocolateiro.” Um pequeno e entusiasmado Willy Wonka observava com carinho o dono da fábrica de doces desenhar em seus chocolates.

“Tudo é gostoso de se ser feito, você só precisa se entregar ao que faz.”

Mas o crescido Willy Wonka sentia que estava na hora de aposentar-se e por isso estava ficando deprimido. A fábrica era seu maior sonho e deixá-la nas mãos de outro era massacrante. Willy acreditava em Charlie, acreditava e amava o garoto como se ele fosse seu filho, mas a fábrica era seu tesouro, sua essência, sua alma.

Seu diamante que com muito suor viu deixar de ser um simples carvão para ser a mais bela joia que ele um dia chegara a ver. Chocolate era – e é – sua obsessão. Era mais forte do que qualquer amor que um ser humano poderia ter por qualquer coisa ou pessoa deste mundo.

Desejava seus chocolates como se fossem o álcool de um alcoólatra. Seus doces eram sua droga, seu vício. Enjoava deles e assim criava novos e poucos dias depois voltava a experimentar seu chocolate com arrependimento e vergonha, pois um chocolateiro nunca deveria enjoar de sua criação.

Willy devorava suas pequenas criaturas (seus chocolates), mas nunca em frente às pessoas. Ele sentia tanto prazer pelo gosto criado, que o ato de devorá-los lhe era algo reservado. Ninguém, nem mesmo Charlie, veria sua face mergulhada em prazer e luxuria. Apenas seus chocolates, que morreriam em seu estômago e correriam por suas veias.

Suspirou. Seus problemas haviam sumido assim que conheceu Charlie. Havia adquirido seu herdeiro e juntos engordaram a fama da fábrica. Agora Charlie estava crescido e um ótimo herdeiro, enquanto sua mente velha lhe pregava peças e não criava nada tão genial quanto o que Charlie tinha criado.

Usar o psicológico das pessoas é uma arma forte e que se usada com cuidado pode fazer mais do que imaginamos. Disso, Willy sempre soube.

Riu.

O riso era apenas para maquiar sua tristeza. Cantarolou receitas antigas em forma de cantiga de ninar para que Charlie adormecesse e não notasse que seus olhos estavam melancólicos.

Dormir foi algo que Willy não conseguiu fazer.

– O que está fazendo? – O susto acelerou o velho coração chocolateiro e impulsionou o corpo para cima. Willy gritou com o susto e sentiu que morreria de tão forte que o coração batia. – Desculpe. Papai me disse que está desanimado. – Willy voltou a antiga posição. Não queria falar sobre aquilo. – Willy, o que você tem?

O chocolateiro sentia vergonha, insegurança. Não conseguia ficar com os olhos nos olhos de Charlie. Não conseguia olhar para o garoto e relembrar das milhares de coisas que rondavam sua mente.

Não conseguia, como já declarado, aceitar a realidade.

– Estou na época de me aposentar. – Desabafou. Seu cérebro realmente estava velho, pois estava falando o que não queria. – Não queria que esta época chegasse, mas não tenho mais tanta criatividade quanto você. Estou velho! Passei muito tempo viajando, mas não criei nada! Nenhuma mísera ideia passou por minha cachola! – Willy demonstrava sua angústia enquanto chutava a neve. – Sabe o quanto isso é torturante para mim? Minha vida inteira foi de criações e mais criações! Todas as semanas algo novo explodia em minha mente! Durante toda a minha vida eu me dediquei a poli-las até que se tornassem doces perfeitos! – Willy parou de descontar sua raiva sobre a neve e observou suas luvas roxas – Eu era tão bom no que fazia...

A fala foi pausada e Charlie notou a dificuldade e a dor que Willy sentia.

– Eu criei a melhor de todas as barras de chocolate e eu digo chocolate puro. – Encarou seu pupilo com orgulho. - Nada de recheio! – Desviou os olhos com medo. Encarou suas mãos cobertas pela luva adorada e concluiu:

– É, eu criei a mais perfeitas das barras de chocolates que este mundo já viu.

Willy havia mergulhado em um sonho. Havia mergulhado no seu passado produtivo, mas sua viagem durou poucos segundos, pois logo ele estava sendo socado pela realidade.

– Willy...

– Você sabe o quanto é gostoso ser reconhecido por um sonho? Já imaginou o quão grandiosa é a sensação? Eu sonhei Charlie! Sonhei com esta fábrica e com o dia em que eu ia sair nos jornais como ‘o melhor chocolateiro do mundo’! Eu sonhei e realizei este sonho! E depois eu sonhei com mais e mais coisas relacionadas a esta fábrica! Céus! Eu não posso me aposentar!

Willy estava desesperado e Charlie sabia disso.

Os olhos castanhos de Wonka corriam atrás de alguma saída, alguma fuga. Ele queria mergulhar em sua fábrica, em seus Oompa Loompas e nunca mais sair de lá. Queria voltar aos meses de glória que viveu antes de reabrir sua fábrica. Queria que aquele primeiro e fino fio branco nunca tivesse surgido.

Charlie sorriu.

– Willy, não se aposente.

O dono da fábrica encarou o pupilo. A mente esvaziou apenas para entender o que se passava pela mente tão nova e criativa. Era impossível que o chocolateiro não se aposentasse, sua idade não permitia mais que continuasse com seu sonho.

Charlie não demorou para expor sua ideia:

– Crie um diário com tudo oque você viveu. Ao fazer isto pode rever todas as suas ideias e ter novas!

Willy sorriu.

Sorriu como no dia em que Charlie engraxava seus sapatos e se oferecia para ir visitar seu pai.

– Hey! Boa ideia! Não, excelente ideia!

As bochechas de Willy haviam adquirido um tom avermelhado de tanta euforia. O velho sentiu-se quente e logo retirou as luvas e o sobretudo que usava. Andou de um lado para o outro. Cada passo uma nova possibilidade, uma nova criação. Quando parou de caminhar olhou para Charlie, que ria com a cena da velha criança.

– Não ria estrelinha! Temos muito o que fazer, afinal vamos relançar algumas de minhas ideias mais geniais em um combo! Quem comprar o combo leva meu diário e minhas barras e ainda vamos reabrir a fábrica, onde você vai levar para o meu sonho cinco crianças!

– Podemos pôr os bilhetes dourados dentro dos combos e só avisar da existência deles quando as pessoas começarem a comentar.

– Perfeito! Adoro fazer negócios com você, estrelinha.

Willy sorriu com alegria. Aquele velho sorriso que Charlie conhecia muito bem. O sorriso que Willy deu ao jantar pela primeira vez na casa dos Buckets. Olhos e boca sorrindo com cumplicidade para Charlie que tinha a criatividade a banhar os olhos, hoje, maduros.

– Charlie... – O chocolateiro chamou o pupilo que havia mergulhado em uma velha lembrança.

– Diga.

– Eu estou com frio. – Charlie riu junto com Willy que recolocava o sobretudo, as luvas e corria para dentro da fábrica. Ao entrar prosseguiu:

– Sabe, eu não sei expressar o que senti quando atingi meus sonhos, mas posso dizer que estou orgulhoso de ter você para cuidar deles a partir de agora.

Charlie sorriu envergonhado.

– Willy. – Uma dúvida cruel e antiga banhou a mente de Charlie que olhou angustiado para o criador da fábrica. – Por que eu nunca vi você comendo nenhuma barra de chocolate?

– Oras estrelinha!– Berrou o mais velho – Eu não vivo bebendo chocolate?

– Beber é uma coisa, comer é outra!

– Oras! Isso é uma longa história estrelinha! – Willy parou de caminhar, olhou para o herdeiro e piscou divertido. - E acredite, cheia de segredos. Agora me prepare uma boa xícara de chocolate quente antes que eu morra congelado e não crie o meu diário em chocolate!

– Diário em chocolate? – Charlie estanhou enquanto retirava o casaco verde-musgo que usava.

– Alguma outra ideia para o meu livro?

O herdeiro sorriu. Willy sempre seria diferente de todas as pessoas que um dia poderiam passar nesta terra. O criador da maior fábrica do mundo sempre pensava com proporções que muitos julgariam exageradas, mas que apenas motivavam mais e mais o velho Wonka.

Ele pensava que teria a maior fábrica do mundo – e teve.

Ele pensava que teria o melhor chocolate do mundo – e isso é inegável.

Ele seria o mais excêntrico e misterioso de todos os chocolateiros – talvez era mais do que todos os cidadãos do mundo.

Agora ele teria o maior livro de receitas e aventuras que alguém um dia poderia ter. E se este era o desejo de Willy, ele, com certeza, realizaria.

Afinal, Willy Wonka sempre ensinou a Charlie que desistir não é algo que se deva fazer. Não é viável ou gratificante.

“Estrelinha! Estrelinha!” Acordou o garoto que teria aulas em poucos minutos. “Veja! Criei um caderno comestível! Menos a capa, a não ser que você queria colocá-lo em uma mesa suja e depois comer. Ah! E ainda criei um lápis comestível, assim, quando você sair da escola poderá comer todo o seu conhecimento!”

Era insano, mas o brilho que Willy carregava ao terminar uma criação era tão contagiante que Charlie pulou da cama e testou a mais nova criação.

Os olhos de Willy brilhavam ansiosos e o sorriso esquisito do Wonka permanecia a iluminar a face branca. Ele também tinha as bochechas avermelhadas pelo entusiasmo que aquela criação lhe proporcionava.

Charlie rabiscou a folha e depois a rasgou. Olhou para Willy como se perguntasse ‘é seguro mesmo?’ e o inventou apenas gesticulou diversas mordidas. Charlie enfiou a folha na boca e assim que a língua sentiu o gostoso gosto de chocolate, os olhos de Charlie brilharam. Com a boca ainda cheia o garoto exclamava como era maluca e deliciosa aquela sensação! A folha derretia lentamente na boca, assim ele podia mastigar ou apenas esperar que ela derretesse.

“Eu sei, eu sei, estrelinha! É incrível. É incrível como uma barra Wonka!”

E até mesmo os pais de Charlie Bucket já tinham desistido. Willy Wonka tinha contagiado seu filho com o prazer indescritível que criar guloseimas trazia para Willy Wonka, o dono da mais incrível – e maluca – Fábrica de Chocolates.

“Sabe estrelinha, muitas vezes as lágrimas vão escorrer, mas isso não quer dizer que na face não haverá um sorriso doce como o chocolate.”

W.W.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Basicamente eu quis retratar o quão fantástico é o mundo de Willy. Apesar de maluco, acredito que Wonka saiba muito bem onde está pisando e como deve agir. Também sei que, mesmo sendo doce, maluco, criativo e infantil, Willy Wonka tem um lado sádico, sombrio.Com a fic eu também quis passar que o chocolateiro nunca faria algo ruim à uma criança, ele apenas queria arrumar os defeitos delas. Com Charlie, as coisas fluíram diferentes. Não acredito que Charlie tenha sido perfeito, mas sim puro ou até mesmo ingênuo. Seja no livro, ou nos filmes, acredito que Charlie ganhar a fábrica tem o intuito de passar duas valiosas lições: 1º Quando buscamos apreciar algo, alguém, algum lugar, em vez de danificar ou tê-lo para nos sentirmos superiores, realmente merecemos ter. 2º Tratar as pessoas com dignidade (sem excluí-las, sem julgá-las, sem menosprezá-las) nos traz recompensas.Bom, encerrando, tenho A Fantástica Fábrica de Chocolates como uma história mágica e repleta de pequenas mensagens escondidas. Posso ser apenas mais uma pessoa louca que enxerga mais do que deve, mas não me importo com isso.Willy Wonka me ensinou que viver por meus sonhos é a única forma de viver feliz, pois o sucesso é consequência.Obrigada.Ryuuaka - Dayane Aragão



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Adeus De Willy Wonka" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.