At Last escrita por Sparkles


Capítulo 2
Sorvete


Notas iniciais do capítulo

Olha que legal, consegui escrever dois dias seguidos.
Aqui vai mais um capítulo.



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- Por que essa obsessão repentina por sorvete? - eu perguntei, enquanto a garçonete servia todas as toneladas de banana split que o Doctor havia pedido.

- Não é uma obsessão, é mais por necessidade. Ah, e é tudo para você.

- Rá, acha mesmo que eu vou arriscar todos esses meses de dieta com todo esse açúcar?

- Dieta? Mas você é maravilhosa do jeito que é! Você tem que continuar assim, sabe, espalhafatosa! É o seu jeito.

- Espalhafatosa? Você acabou de me chamar de gorda? - levantei-me para afrontá-lo. Ele se afundou no banco da sorveteria o máximo que conseguiu, fazendo força para não rir. Você não tem ideia do quanto essa expressão de prender o riso que ele tem me faz rir, então voltei para o banco, tentando me manter brava.

- O sorvete! - ele voltou a falar - Então, você precisa dele para estabilizar um possível choque de depressão que você possa vir a ter. Não é muito fácil aceitar que algumas lembranças suas vão ser apagadas, mas até que você está lidando bem com isso. Por via das dúvidas, é melhor ter sorvete por perto.

Era verdade. Eu não estava dando muita importância para o fato de que tudo aquilo era passageiro. Não sei, eu estava tão focada no quanto aquilo tudo estava me parecendo tão divertido, que esqueci o quão triste seria daqui a pouco. E meus olhos começaram a se encher de água por isso.

- Ah não, por favor, para com isso, Donna. Aqui, toma o sorvete. - comecei a comer uma taça, desesperadamente - Garçonete, pegue por favor uma daquelas caixas de isopor, vamos levar pra viagem.

Saímos dali com um isopor cheio de sorvetes a tiracolo (ridículo). Realmente, eu estava me sentindo um pouco melhor. Voltou a mim aquela vontade absurda de aproveitar o dia. Paramos em um banquinho de praça, até que eu resolvesse o que fazer.

É estranho como tudo parece mais bonito quando você sabe que aquilo não é para sempre. O parque parecia radiante como nunca. Sempre passei por lá com pressa, sem prestar atenção direito. 

Aconteceu uma coisa engraçada. Um grupo de crianças que brincavam lá, viu o Doctor carregando aquele enorme isopor de sorvete e começou a cutucá-lo com moedas e pedidos. Ele fez o que sabia melhor: correu para longe, e as crianças o seguindo. Comecei a gargalhar.

O jeito como ele corria era engraçado. Na verdade, por mais perigoso que tenha sido, todo esse tempo com o Doctor foi muito divertido. Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas talvez ele tenha sido a melhor e mais estranha coisa que me aconteceu.

Foi nessa hora que um sujeito se sentou ao meu lado e começou a conversar comigo.

- Donna! Oi, chuchu, o que você tá fazendo aqui? - e tentou me beijar.

- Ai socorro, quem é você. - disse, tentando afastá-lo - Doctor! DOCTOOOR!

- Ok, eu deveria ter previsto isso. - ele gritou - Corre, Donna! Rápido!

E corremos. O tal homem nem tentou nos alcançar e parecia tão confuso quanto eu. Quando estávamos bem longe do parque, paramos em um beco. Recuperei o fôlego e perguntei.

- O que foi isso?

- Bem, aquele é seu noivo.

- Noivo? Oi? Quando isso aconteceu?

- Um tempo depois de eu ter apagado a sua memória. Vocês vão se casar em breve.

Ao ouvir isso, peguei o maldito isopor da mão dele, arranquei a tampa de um dos potes de sorvete e comi, agressivamente. Eu sei que não era minha culpa, mas como eu pude me esquecer disso? Provavelmente eu amava aquele homem do parque e estava tudo bem, até esse marciano aparecer e me fazer lembrar de tudo de novo.

O sorvete não estava adiantando. Voltei a chorar. Doctor me abraçou.

- Sai de cima de mim! Por que você me fez lembrar de tudo, hein? Você sabia que eu ia me casar! Seu maldito, você sabia!

- Desculpa, Donna. É que...

- Desembucha logo. Qual seu plano? Você precisava de mim de repente assim por quê?

- Porque eu senti sua falta. Foi uma despedida horrível. Você nem olhou na minha cara direito. - ele suspirou - e também...

- Também?

- Eu recebi esse aviso de que meu tempo está chegando ao fim. 

- Mas você não regenera e sei lá o que?

- Não vai ser a mesma coisa. Nunca é. E eu queria poder estar ao seu lado mais uma vez. Eu sei, foi egoísmo meu. Nem me importei com o que você queria. Desculpa, por favor.

Eu estava sem palavras, e olha que eu nunca fico sem palavras. Fomos andando em silêncio até a minha casa. Por um lado eu estava dando graças à Deus porque eu iria me esquecer daquele dia e por outro, era doloroso saber que eu nunca veria o Doctor de novo.

Paramos na porta.

- Pronto, você está entregue. Agora vá dormir e espere o dia acabar de uma vez. Vai ser melhor assim. - ele deu um tchauzinho, se virou e foi andando

- Não, Doctor, espere! - corri até lá. - Não posso te deixar ir sem um abraço. Desculpa por ter sido fria na primeira vez que você tentou se despedir.

- Nada disso, não foi sua culpa. Desculpa pelo dia de hoje.

Ficamos um tempo abraçados ali, mas não durou muito. Logo voltei para casa e ele para a Tardis, onde quer que ela estivesse.

Faz uma hora já que ele saiu e agora eu estou aqui escrevendo tudo isso. Achei que essa era uma forma de eu não me esquecer do dia de hoje. Eu até tentei dormir, como ele tinha dito, mas por favor, são só três da tarde. Ninguém dorme a essa hora.

Fui pegar outro pote de sorvete no congelador, quando alguém bateu na porta.


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Notas finais do capítulo

Uhh, suspense. Será o Doctor? O noivo da Donna? Nenhum dos dois?
Nem creio, tem pessoas lendo! Obrigada mesmo.
Vou postar o próximo assim que der.
Comentem, eu amo ler reviews.
Enfim, beijos!