Eu tive um sonho meio estranho, acordei todo assustado e estava suando frio. Não consegui lembrar muito bem do que se tratava. O que eu me lembro é que eu estava em um lugar escuro e estava frio e de repente, eu senti uma dor insuportável sobre as minhas costas. Só isso. Mais nada.

Primavera - Primeiro Ano

Já era 6:00 da manhã, quando meu despertador me acordou. Ou melhor, o meu cachorro, com seus latidos. Parecia que ele estava incomodado com algo do lado de fora da casa. Troquei de roupa e fui ver o que havia lá.

- Oh! Olá! Vejam só! - um cara de óculos escuros, com umas roupas largadas, (estilo anos 60?) me mostrou uma cesta - Se não é o novo proprietário da fazenda! Tenho aqui para lhe vender algu~

Quando percebi que era um vendedor ambulante, voltei para dentro de casa e fechei a porta na cara do homem.

- SEU GROSSO! MAL EDUCADO! OS HARVEST SPRITES NÃO VÃO GOSTAR NADA DISSO! - e não ouvi mais nada. Provavelmente havia ido embora.

Enchi a tigela do Mark e fui preparar um café da manhã para mim. Eu não sabia muito bem cozinhar, por isso fiz somente ovos mexidos, que era só o que eu tinha ali no estoque de alimentos. Apesar de ser pouca coisa deu para encher a barriga. Depois de terminar de comer, tomei um banho.

Era 6:30 da manhã de uma terça-feira, eu estava pronto para começar a trabalhar, e como supermercado só abria às 9 horas, aproveitei o tempo, enquanto eu ainda não poderia comprar sementes, para arar a terra. Peguei as ferramentas, e comecei o serviço. Fiz seis campos de sementes, todos 3x3. E como ainda tinha tempo de sobra, fui arrumar um pouco a área ali. Tirei as ervas daninhas, tirei alguns matinhos, organizei algumas pedras, retirei alguns tocos de madeira, e fiz uma cerca, envolvendo o espaço todo. Quando olhei no relógio, já eram 9:15, fui correndo para a vila.

No caminho encontrei Cliff, sentado em um banco perto do ferreiro, parecia esperar alguém. Mike estava saindo do bar, com algumas sacolas na mão, e logo atrás dele vinha Lorena, que abriu um sorriso quando viu Cliff. Não esperei para ver o que ia acontecer, apenas prossegui. Vi Mia entrando no hospital e Lis saindo de sua casa. Cheguei em frente ao supermercado e entrei.

Hayley não estava lá, mas seu pai sim. Fui em direção as sementes, peguei duas de nabo, duas de batata e duas de cebola.

- Bom dia sr. Billy - logo me cumprimentou quando me viu - precisa de algo?

- Bom dia, hm, acho que não, por enquanto vou precisar apenas dessas sementes, poderia registrar?

- Claro, ficam em 600 golds*.

- Aqui está. Obrigado! Erm... onde está Hayley?

- Ela foi dar um passeio não faz muito tempo. Daqui a pouco ela chega. Quer que eu avise que estava procurando ela?

- O senhor faria isso pra mim? Obrigado. Até mais!

E saí do mercado, mas quando abri a porta, esbarrei justamente com Hayley.

- É... acho que não vai ser preciso - Disse Rubens, se virando e voltando para atrás da caixa registradora.

- Ah, oi Bill - disse olhando para baixo, meio envergonhada - desculpe, foi falta de atenção minha.

- Não, eu deveria ter visto se vinha alguém, foi minha culpa. - também corado, disse gaguejando - Agora tenho que ir, até mais.

- Até!

Desci as escadas da varanda, quando ouvi alguém me chamar.

- Bill! Bill! Espere. - Hayley desceu as escadas desesperadamente que quase caiu

- Cuidado! Por que tanta pressa?

- É que eu queria pedir algo... Você se importaria de ir comigo ao Festival de Cavalos, dia 18?

- Festival? Claro que não! Vai ser até bom para eu poder conhecer melhor as coisas por aqui. Bem, até logo, preciso trabalhar.

E voltei para a fazenda. Peguei os saquinhos de sementes e fui colocando em cada buraquinho que havia feito mais cedo. Peguei o regador e molhei os mesmos lugares. Ainda era 2 horas, e me deu vontade de andar mais um pouco pela cidade.

Aproveitei e dei uma passada na Zen Farm e na Morty Farm, para olhar o preço dos animais. As vacas custam em torno de 5000G e as ovelhas de 3000G. E as galinhas 1,500G. quando voltava para minha fazenda me encontrei com Hayley. Ela andava devagar olhando pra baixo, como se estivesse sentindo falta de algo, ou apenas triste por algum motivo.

- Hayley? Você está bem? - disse,  me aproximando dela.

- Oh, Bill, estou sim, não é nada não.

- Eu sei que você não tá bem, vamos, me diga o que tem.

- É que... é coisa minha sabe, deixa pra lá.

- Ok, vou respeitar, mas já sei, tive uma ideia, que tal sairmos hoje à noite para levantarmos esse teu astral?

- Sair? Ãhn... acho que tudo bem, pode ser.

- Beleza! Então 6 horas eu passo no bar pra te pegar. Vamos dar uma volta pelas redondezas da vila.

- Tudo bem, até lá - disse tentando por um sorriso no rosto.

Como agora estava livre, cheguei em casa, passei uma água no corpo, e esperei até anoitecer.

                            *  *  *

18:55

- Vamos lá Mark, saia de cima, tenho que sair. Vou para um encontro - e começou a latir, como se estranhasse - Ué, teu dono aqui, agora não pode mais sair de casa? Ah, qualé!

E andei a caminho do bar, para encontrar Hayley.

Abri as portas do bar, e Hayley estava ali, sentada numa cadeira, provavelmente esperando eu chegar. Estava com uma blusa branca, com alguns desenhos nela, uma calça jeans e uma sapatilha. Havia amarrado o cabelo e feito um coque. Ela estava simplesmente, linda. Quando ela me viu, levantou rapidamente, e veio em minha direção.

- Então, vamos? - eu disse pegando em sua mão.

- Tchau pai! Prometo que não vou demorar - e saímos.

- Bem, tem alguma ideia de onde possamos ir? - disse olhando para ela.

- Hmm... tem um bosque atrás da vila, que tal darmos uma passada lá?

- Ótimo.

Era um bom lugar para se passar o tempo, havia bastante árvores ali, o ar do ambiente era gostoso.

- Ali naquela entrada tem um laguinho.

- Beleza.

Ali tinha alguns postes de luz, dava pra apreciar bem a paisagem. A vista do lago era linda. A água era cristalina, limpinha. Sentamos e nos aconchegamos na beirada do lago, com os pés dentro dele, ficamos conversando.

- Tem uma lenda de aqui nesse lugar, mora uma deusa, a Harvest Goddess, falam que se a gente lhe der alguma oferenda, tacando-a no lago, ela aparecerá - ela disse, parecendo se divertir em contar a história.

- Sério? Que legal! Podemos tentar?

- Ali, pegue aquele montinho de nozes no chão.

- Pronto. Aqui.

Ela se levantou, e deixou cair as nozes sobre o lago. Passaram-se alguns minutos nada aconteceu, achamos até que era tudo mentira. Mas então, a água começou a borbulhar, e uma luz começou a surgir lá de baixo, subindo para a margem do rio.

- Olá humanos! - Uma moça bonita de cabelos verdes e olhos verdes, com um longo vestido azul, emergiu das águas - agradeço por sua oferenda, em troca fiquem com isso - e voltou para dentro do lago.

Ela havia deixado ali um saco de gold, devia ter uns 5,000.

- Uou! Que legal cara!

- Eu não sabia que ela nos dava algo em troca! Que maneiro! - disse Hayley, com um lindo sorriso no rosto - acho que você pode ficar com isso aqui.

- O que? Não! Fique com você.

- Claro que não! Você precisa mais, aliás, meu pai já tem bastante dinheiro com o que ele adquire no mercado. Vai precisar mais do que a gente, pode ter certeza.

- Ah, sério? Obrigado!

Continuamos a conversar mais um pouco sobre os moradores da Vila do Ouro. Eu queria conhecer mais, cada um deles.

- Mas... Hayley, você não quer mesmo conversar sobre aquilo mais cedo? Você parecia muito mal.

- Ãhn... acho que eu preciso ir, meu pai já deve estar preocupado - e mais uma vez, eu havia estragado o momento!

- Espera, desculpa, não queria me intrometer.

- Mas intrometeu!

- Eu te levo pra casa, vamos.

Andamos o caminho inteiro calados, sem dizer nada.

- Então... nos encontramos de novo no festival?

- Sim, nos vemos lá.

Voltei para casa, preparei alguma coisinha para forrar o estômago e me joguei na cama.