Eu odeio esse lugar. Odeio esse lugar com todas as minhas forças e o destruiria se pudesse. São tantos testes e testes. Quero esmagar todos aqueles malditos aparelhos. Sei o que eles dizem. Sei que estão me dando uma nova chance. Sei que estão dispostos a me ajudar para que eu possa me conhecer melhor. Sei que pensam que estão me prestando um favor. Sei o que pensam. Mas não considero o fato de terem me prendido em uma fortaleza sem janelas no meio do nada como favor. 

Nesse momento estou caminhando para receber a gosma que aqui eles chamam de café da manhã. Já consegui alguns amigos desde que cheguei e já me acostumei com o fato de que minha vida recomeça aqui. Também já me acostumei com o fato das pessoas da minha antiga vida acharem que estou morta. Posso ter gritado e esperneado um pouco, mas já superei isso. É isso aí, eu sou forte. Na verdade não, mas eu tento.

Eu tenho o que eles chamam de "poder especial". Na verdade todos aqui tem um. Melanie, minha colega de quarto, tem a capacidade de eletrocutar qualquer coisa viva ao seu alcançe. Mack, um garoto que conheci há duas semanas, pode expandir seus ossos até saírem do corpo, formando uma armadura sobre si. 

Eles ainda não sabem direito tudo que sou capaz, mas acho que só pelo motivo de eu estar aqui eles devem ter uma noção.

Basicamente, eu posso mudar de corpo. Minha alma tem uma espécie de ejetor automático que a faz pular de corpo em corpo. Os comandantes desse lugar já estavam pesquisando sobre mim antes do acidente. 

É claro que não faço ideia de como controlar meu "poder especial".  Só fui capaz de usá-lo uma vez e só sei exatamente duas coisas sobre ele.

Primeira: Pra mudar para outro corpo eu necessito de toda a energia presente no meu atual, portanto eu praticamente me esgoto para isso. Traduzindo: Não é algo que eu possa fazer o tempo todo.

Segunda coisa: Quando chego em outro corpo eu sugo toda energia dele para me estabilizar, então eu esgoto - sem praticamentes dessa vez - a alma dentro dele. O problema?

Isso a destrói.