Meu nome é Rachel Elizabeth Dare. Durante toda a minha vida, nunca imaginei que fosse chegar onde estou agora. Pelo que eu escrevo, parece até que realizei um grande sonho. Por partes, sim. Mas o que eu realmente quero dizer é que eu nunca teria imaginado que hoje, com dezesseis anos, eu estaria recitando profecias da Grécia Antiga e com um juramento de ser eternamente virgem.

Tudo começou dois anos atrás, quando Percy Jackson literalmente me atravessou com uma espada. Mas ao contrário do que muitos pensariam, aquilo não me matou. Apenas atravessou meu corpo, como se eu fosse um fantasma. Reprimi um grito:

– Você sempre mata as pessoas que assoam o nariz?

O garoto parecia confuso, encarando sua espada, e voltando seus olhos a mim. Ele era um pouco alto, com cabelos negros e olhos verdes. Vestia uma blusa laranja escrito “Acampamento Meio-Sangue” por baixo de uma pele de leão.

– Você é mortal...

– O que está dizendo? É claro que eu sou mortal! Como você passou essa espada pela segurança?

– Eu não... Espere. Você consegue ver que é uma espada?

Qual era o problema daquele garoto?

– Bem, ou é uma espada ou é o maior palito de dente do mundo. E por que você não me feriu? Quer dizer, não que eu esteja reclamando, mas... UAU, isso que você está vestindo é pele de leão?

Ele continuou encarando a mim e a espada.

– Você não vê uma espada. É apenas uma caneta esferográfica.

Tudo bem, eu já estava prestes a chamar o hospício para ele, mas tentei ter paciência.

– Hum... não. É uma espada, seu maluco.

– Quem é você?

– Rachel Elizabeth Dare. Agora vai responder minhas perguntas ou devo apelar pelos seguranças?

– Não. Quer dizer, eu não posso, estou meio que com pressa. Estou com uns probleminhas.

– Com problemas ou com pressa?

– Os dois.

Naquele momento, vi por cima de seu ombro algo estranho que nunca tinha visto na vida. Quer dizer, eu via coisas estranhas casualmente, como monstros, embora ninguém acreditasse em mim. Mas aquilo... não dava pra saber exatamente se eram esqueletos ou zumbis. Talvez os dois. Era realmente de dar medo. E devo ter demonstrado isso no meu rosto, pois ele perguntou o que havia acontecido, e, sem pensar, apenas gritei:

– Banheiro!

O quê? Que coisa mais normal de se dizer para alguém que você acaba de conhecer!

– O que você disse?

Mas agora eu não poderia voltar atrás.

– Banheiro, atrás de mim! Agora!

E então o puxei para o banheiro para que ele ficasse escondido, enquanto convencia os esqueletos-zumbis de que o “espadachim lunático” que tinha me atacado havia ido para o outro lado. Nem eu mesma sabia o que dizia. Muito menos o que estava acontecendo. E quem era aquele garoto? Eu não fazia a menor idéia. Mas senti que algo importante estava para acontecer na minha vida.

E hoje aqui estou eu. No Acampamento Meio-Sangue, prestes a fazer a maior escolha da minha vida: me tornar o novo Oráculo dos Delfos.