Was Angel escrita por Gabbi Levesque


Capítulo 2
Capítulo II — Chantagem


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Então, só queria começar com um muitíssimo obrigada pelos reviews no capítulo anterior, pelos favoritos que recebi e pelo entusiasmo no twitter, muito obrigada!
Depois, esse capítulo não ficou o que eu esperava, não é o meu melhor, mas mesmo assim espero que vocês gostem. Já estou escrevendo o próximo capítulo, mas a postagem só depende de vocês e dos reviews, ok?
Boa leitura!



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O dr. Stryder era um homem alto e não deveria ter idade superior a quarenta anos. A luz solar que entrava pelas persianas brancas penduradas na janela grande e larga da sua sala só acentuava a sua calvície precoce em que só alguns fios de cabelos grisalhos cobriam o topo da sua cabeça.

Angel estava meio sentada, meio deitada confortavelmente no divã cinza de frente para ele e envolvia uma mecha dos cabelos escuros nos dedos tediosamente quando o doutor olhou para ela através dos óculos de grau.

– Como se sente hoje, Angel? – perguntou ele com a voz aveludada.

– Bem – Angel respondeu impassível.

– O que tem feito nesses últimos dias?

Angel suspirou. Ela sabia que tinha que ficar até as três horas ali porque o juiz sempre enviava alguma pessoa para vigiá-la pelo lado de fora do consultório psiquiátrico do Dr. Julian Stryder.

– Nada muito importante – ela disse, deixando a mecha do cabelo cair pelo ombro sem olhar para o doutor.

Ele suspirou.

– Você vai ter que me dizer mais do que isso se quiser ajuda, Angel.

– Eu não preciso de ajuda – ela rebateu fria e rapidamente, olhando para ele.

– Você acha que não precisa, mas claramente apenas...

Angel o interrompeu, inclinando o corpo para frente com as mãos apertando os braços do divã, sentindo o tecido macio do veludo entre os dedos. Ela o olhou nos olhos, uma tática que aprendera havia anos.

– Vamos direto ao ponto, Stryder. – Angel disse com a voz macia – Ambos sabemos o que acontece se eu sair daqui antes das três. Mas ambos também sabemos o que acontece à sua aliança se a sua amada esposa souber sobre ela.

Angel olhou da porta lustrada de madeira fechada para Stryder e ficou feliz em constatar que ele estava sem palavras. Angel deu o seu melhor sorriso diabólico.

Ela era a jovem secretária loura e com os seios fartos quase pulando para fora do decote exagerado da camisa que cuidava da administração do consultório. Ela costumava ficar do lado de fora da sala atendendo telefonemas e sempre dirigia um sorriso à Angel quando ela passava.

Angel tinha acabado de entrar na sala de espera refrigerada do consultório, esperando pela segunda consulta desnecessária com o psiquiatra. Contudo, a bela secretária que estava sentada ao balcão com as pernas cruzadas e os olhos na tela do computador na consulta anterior não estava lá. Não havia ninguém no banheiro também e o telefone tocava insistentemente.

Angel deu ombros e sentou-se na cadeira desconfortável da sala de espera quando ouviu um estalo alto e risadinhas vindas da porta da sala de consulta. Curiosa, ela se levantou e foi até a porta, ajoelhando-se diante dela e olhando pela fechadura larga de prata.

Cabelos louros da jovem secretária voavam enquanto ela subia e descia, entrando e saindo do seu campo de visão. Ela não pode ver o doutor, mas sabia que a mulher estava sentada sobre ele. As mãos dele agarravam seus seios descobertos. Ela não precisava ver mais daquela cena para saber do que se tratava. Angel franziu a boca em sinal de nojo quando percebeu o brilho dourado de um anel, uma aliança, na mão esquerda do doutor. Bingo!, ela pensou e desgrudou os olhos da fechadura, voltando à cadeira.

– P-por favor, Angie – disse Stryder, nervoso – Não precisa ser tão radical, eu...

– Meu nome é Angel, não Angie. – ela repreendeu rapidamente – E não irei contar sobre o seu caso doentio com a sua secretária, apenas cale a boca.

O dr. Stryder assentiu e Angel sorriu.

– Ótimo. – ela fechou os olhos e abriu-os em seguida – Agora dê-me a chave do seu carro.

Ele pareceu transtornado.

– Meu carro? De jeito nenhum!

Angel ergueu as sobrancelhas, voltando a encará-lo.

– Acho que me esqueci de mencionar que a sua esposa é a minha professora de inglês e...

Stryder balançou a cabeça e colocou a mão dentro do bolso do jaleco branco bordado, tirando as chaves do carro, jogando-as para Angel.

– Ok, ok. – ele disse nervoso – Só isso? Já são quase três horas, você já pode...

– Ir? – Angel cruzou os braços – Está me expulsando?

Ele balançou a cabeça violentamente.

– De maneira nenhuma, eu só...

– Esqueça, eu não tenho muito que fazer aqui mesmo. – ela se levantou do divã, ajeitando a jaqueta de couro e girando a chave do carro entre os dedos – É novo? – ele assentiu e Angel deu outro sorriso diabólico – Perfeito.

– Você irá trazê-lo de volta?

Angel deu uma gargalhada diabólica e em seguida, disse com a voz doce:

– Tenha um ótimo dia, dr. Stryder.

O sol lá fora estava de rachar quando Angel deixou o consultório. Ela saiu pelos fundos, desceu as escadas de serviço desniveladas e atravessou a pequena rampa até o estacionamento subterrâneo e escuro.

Não foi muito difícil localizar o carro. No molho de chaves, Angel percebeu, tinha alarme automático e as lanternas de um Corolla preto novinho piscaram quando ela o acionou. Os bancos eram confortabilíssimos e tudo tinha cheiro de carro novo. Ela passou a mão pelo volante com uma capa de couro e apertou a buzina. O som se propagou no vácuo do estacionamento vazio e ela riu. Não era engraçado.

Ela abriu o porta-luvas. Havia apenas alguns doces velhos, um lenço branco, dez dólares e um par de óculos de sol. Angel pegou o dinheiro e colocou os óculos no topo da cabeça, fechando a portinha com um estalo.

Dentro do bolso da calça jeans surrada havia apenas dois cigarros dentro do maço. Angel tirou um, girou-o entre os dedos e levou-o à boca, acendendo-o com um isqueiro antigo azul. Deu uma tragada longa e soltou a fumaça pela janela aberta do carro.

A fumaça quase incolor formou uma pequena nuvem e se dissipou no ar. Angel quase esperava que ela ficasse por mais tempo. Ela deu um longo suspiro. A jaqueta de couro estava começando a esquentar. Ela deu outra tragada, dessa vez prendendo a fumaça por mais tempo dentro dos pulmões antes de soltá-la.

O barulho da agitação da rua era quase inaudível dali de dentro do carro. A vida das pessoas era tão paralela em relação a ela que Angel não conseguia parar para pensar nelas. Para Angel eram quase descartáveis. Mundanos, tão... normais. Um a mais, um a menos, não faria falta. Se ela ao menos tivesse uma faca...

Com uma última tragada, Angel jogou o filtro do cigarro pela janela com um peteleco. Ligou o carro e deu a partida, deixando o estacionamento. Assim que saiu do local, já do lado de fora, ela viu o carro da polícia onde os homens que deveriam supervisionar sua visita estavam. Um deles cutucou o outro e apontou para o carro onde ela estava.

Ironicamente, Angel acenou para eles. Baixou os óculos da cabeça, ocultando a luz do sol e acelerou.


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha ficado confuso e tal. Bem, não é um capítulo introdutório para o próximo, mas do mesmo jeito, é importante para a trama toda. Enfim, espero que expressem suas opiniões nos reviews e deem uma passadinha lá no tumblr (http://was-angel.tumblr.com) e mandem uma ask, vamos conversar!
Beijo e até o próximo capítulo!